domingo, 6 de agosto de 2023

CAFÉ COM LETRAS - TEMPO: UMA PERGUNTA

TEMPO: UMA PERGUNTA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Meu pai: o que é o mundo?

Eu lá sei! Pergunta para a sua mãe?

Oh mãe o que é o mundo?

É isto meu filho.

Isto o quê?

O chão que pisamos.

E aquilo que tem no céu?

São estrelinhas.

Elas são pequenas.

Pequenos somos nós, meu filho!

A danada da morte nos espera e é uma questão de tempo?

O que é o tempo?

Somos nós.

Eu queria ir à lua e voltar.

Isto é o medo do homem.

Carrega tanto mofo.

domingo, 23 de julho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - ESPERMATOZÓIDES


ESPERMATOZÓIDES

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Tudo é muito pobre

Os ossos doem


Não brinca comigo

Eu não sou alheio


Finjo não ver o tempo passar


Não brinca comigo

Eu não sou alheio


Tenho fome de comer

De comer com vida

 

domingo, 16 de julho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - MEIO


MEIO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Somos tontos

Procurando 

Um lado

Esse lado existe?


O importante

É que este lado

Não 

Esteja vazio


Mas há a cegueira

domingo, 9 de julho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - PORTO SANTO II


PORTO SANTO II

(Janiel Martins, RN/Brasil)


O Porto Santo...

... é belo e tão delicado

Tão delicado...

... como a fumaça...

... do pensamento 

Aqui...

... não tem demónios

Só tem leveza 


De irmãos... 

... trouxe...

... uma fragância

E o Porto Santo expulsou...

... os demónios


O Porto Santo...

... é um belo útero

 

domingo, 2 de julho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - DUAS FACES E DOIS MEDOS


DUAS FACES E DOIS MEDO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Deste que me entendo por ser vivo que tenho medo.

O medo é o nosso cérebro suicidando os bichos pequeninhos, que estão dentro da nossa matéria.

É uma reacção.

Eu acho que queima e o pensamento deve ser a fumaça.

Deve ser porque o pensamento é tão leve e friozinho, chega a dar coceguinha no coração.

O estômago queima a comida que comemos e o cérebro deve ser uma peça que esfria o sangue, se não o sangue iria ferver muito.

O sangue é constituído por nutrientes da comida.

É meio podre, sei lá...

domingo, 25 de junho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - PORTO SANTO


PORTO SANTO

(Janiel Martins, RN/Brasil)

 

O Porto é Santo

Não deixa os demónios te dominarem 

 

O Porto é Santo

É o filho que os pais fazem questão

De falar para os amigos

O meu filho é diferente

 

O Porto é Santo

Tem delicadeza peculiar do restante Portugal

Como se poesia 

Florbela Espanca

 

 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

UM FOGUETE



UM FOGUETE

(Janiel Martrins, RN/Brasil)


Nesta terra

Para onde fui lançado

Há fome

Há tristeza


A sujeira

Não é material

Há sujeira

(Senti)mental

 

Oh homem

Porque paraste de pensar?

domingo, 11 de junho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - SALTO


SALTO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Reconheça

Que é dopamina

Corpo

 

É uma infecção

De infantilidade

 

Reconheça

Que é apenas

Uma infecção

De piedade

Infantil

 

Não tenho defesas

As infecções

Só antibióticos

 

domingo, 4 de junho de 2023

CAFÉ COM LETRAS - NÃO HÁ ARMAS

 


NÃO HÁ ARMAS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


As paixões são venenosas

É uma parte alheia

O narcisismo é seco

 

Não vou criar armas

Que se fodam os meus pobres sentimentos

Que se fodam?

 

domingo, 28 de maio de 2023

CAFÉ COM LETRAS - MERGULHANDO NO VÁCUO


MERGULHANDO NO VÁCUO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Mergulhei num abismo onde o medo não existe.

Só sinto o sangue escorrendo no pobre coração que um dia faltará.

Fico triste.

Estás falando só, doida?

Estou pensado.

A vida é a resistência de viver e não podemos parar.

Viver o quê, doida? 

O tempo é uma solidão.

As cobras são engraçadas. Só dormem e caçam.  

Acho que vou ser uma como uma cobra.

O que as cobras pensaram para evoluir e chegar a este corpo, Francivaldo?

É mesmo! Devem ter pensado a vida é uma foda. 

Lá vens tu com as fodas, Francivaldo!

Assim disse Jesus Cristo. Dai de comer e de beber, a quem tem fome e a quem tenha sede. 

A fome não é só de pão, doida, a forme também é da carne.

Faz sentido, Francivaldo.

Olha doida, o pé do menino que Deus esqueceu aqui fora.

Vixe... que pé bonito.

Deixa eu colocar ele dentro de tu, pra nós trazer outra vida?

Larga com isto, Francivaldo.