sexta-feira, 1 de maio de 2020

SUSTENTO DA ALMA - SÃO DIAS


SÃO DIAS
(Paulo Passos, Braga/Portugal)

Comemorar tido num dia
A festa faz-se em dó
Com cores de vagabundagens
Que se vestem de trabalho
Engatam na pobreza
Engajam na miséria
Enganam na humildade
Na vergonha e na FOME
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
Desigualdades tatuadas
No direito que não é universal
Pode o dinheiro
Pode o poder
Manda o sufrágio
Enganador que é
Disfarçando a fome da fome 
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
Vergastadas estão as almas
Que de altivez invadem seres
Desgraçados sem nó de laço
Enforcam na vã farra
O que de amanhã se adivinha
Sem mais saber
Com tanto a esperançar
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
A diplomacia sorri
De cínica que a preenche
Encolhe a vergonha
Exibe o medo
Tem MERDA aos rodes 
No que lhe chama pensamento
Sem sangue não há igual
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
Veste o traje sem queixume
Leva o orgulho no rosto
A fome debaixo do sorriso
Vem e escarra no que te bandejam
Reclama com colhões de macho
Faz guerra, LUTA
Aquela que é a de direito
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
Lança as ratoeiras
Mata os ratos
Mata as ratas e ratazanas
Mata a peste da rataria 
Corta-lhes o pio
Serra-lhes as asas
Envenena-lhes a essência
Em sofrimentos tidos num ano.

Comemorar tido num dia
Extermina a fome
Esgota a desigualdade
Liberta a LIBERDADE
Faz a justa o ser, LUTA
Não caias na lograda história 
Sente o teu lamento, a tua dor ... CARALHO
Com GUERRA salvarás
Comemorar tido ... TODOS os dias.

domingo, 26 de abril de 2020

CAFÉ COM LETRAS - VÔO SEGUINTE


VÔO SEGUINTE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sastifeitos com a ração
Nem todos os dias há
Mansos 

O sangue é humilhado
Frio
Faminto

Comida é lei
É oportunidade de igual
É vivência
Mas tanto que é sobrevivência

Guerrear por iguadade
Guerrear por direito

Igualdade não virá do Trampo
A igualdade virá 
Sem a resignação faminta
Sem aparelhos de manipulação
E o direito virá de justo 
Para ajudar

A filha do poder impõe
Impõe e chora 
Reclama por caprichos


Mas existe 

Existe sim
Existem filhos que perguntam
E anseiam por um prato de sustento


Existem sim

Noites sem pregar olho
Com gemidos silenciados
Da fartazana de dentes podres

O capitalismo é um papel
É uma ideologia
Capitalismo capitalista
Capitalismo é capricho

Não descolará avião algum
Com a justiça no rumo do destino

Voarão... só os habituais 


Edição: Paulo Passos