domingo, 9 de junho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ANTES DO SOM


ANTES DO SOM

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Vou voar para o quanto e para o onde o silêncio se faz escutar.

O meu cérebro estrela com estrelinhas.

Tu, que fizeste o pensamento!

Diz...

A vida não é um vazio?


Lá vens tu, doida, com os teus pensamentos!

É um desejo do tempo.


Quem sou eu? 

Uma bactéria querendo viver eternamente. 

O coração chora quando respondo, friamente, que vou morrer.

Dá um desgosto!!! 

Oh, velho mundo, vou ficar com saudades.


Pois é, a tristeza vem de não sermos eternos e do que não vivemos.

Por isto eu digo que a dor tu não é minha. 


Vamos estudar o corpo, Francivaldo?

Eu lá sei estudar, doida.

Não precisa ir pra escola, doido.

É assim: boca foi feita pra comer. 

Quer dizer que antes de sermos gente as coisas já pensavam? 

A boca é mais antiga que os ouvidos, o nariz, os olhos e quanto ao pensamento? 

Como... a pensar se não tinha corpo nenhum?


Então gritou: eu preciso de ver o mundo!

Como gritou se não tinha boca?

Foi mesmo, acho que nasceu primeiro o ouvido, e ficou incomodada com o barulho e gritou.

Pensou: que diabo de barulho é este, deixa eu ver e nasceram os olhos.


Eu acho engraçado as palavras, quando o boi que namorar ele entorta a cabeça.

Ajeita esse pescoço.

E eu sou lá alguma vaca?