domingo, 12 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)


MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pega o preá, pega o preá caboclo, ele tá fugindo.
Oh caboclo veio desorientado, gritou Marvi já com o roedor nas mãos.
A noite vai ser fria estou sentido cheiro estranho nas redondezas.
Nada, Marvi.
Tem gente na mata além de nós, os animais estão se comportando de outra forma, e tu perdeu para mim caboclo?
Nada.
Fica de olho na tribo esta noite, que eu vou subir a pedra grande.

De repente Marvi chega.

Caboclo eu estava lá em cima, na pedra grande, observando o mato e o mundo.
Eu vi uma fogueira bem em frente no rancho no caboco Tupalá.
Eu vou lá.
Eu quero ir com você, Marvi.
Não, você vai acordar os homens e defender a tribo com eles e eu vou ver quem tá nos rodeando.

Viste algo Marvi?
Vi um bocado de homem.
Tavam dormindo e tinha dois acordado vigiando-os.
Tem um bocado de homem na mata, caboclo, eles vão nos pegar! 
Nós não podemos mais ficar aqui, eles tem cavalos, cachorros e armas, vão tudo fazer para satisfazer as vontades deles.
Eles estão no riacho do Baixio e lá não tem água.
Eles vão encontrar nós, aqui na pedra, que dá água.
Marvi, nós vamos para onde?
Este é o único lugar que tem água.
Não podemos sair daqui, aqui é onde o criador nós colocou.
Vamos ficar por aqui e vamos ver o que acontece e defender o nosso sangue. 
Vamos lá tomar satisfação com eles.
Não.
Eles são ruim.

É verdade Marvi, mas nós estamos num caminho sem saída, e eles vão encontra o olho d'água.
Quem nos trouxe aqui foi a grandeza da pedra d'água, e a mesma vai trazer esses homens.

Vamos mandar os mais velhos para a casa de pedra da Jurema preta e os novos ficam aqui.
Vamos sim. 

O sol está se pondo.
Três homens em cavalos aproximam-se da pedra que jorra água.
Assustam-se ao ver a tribo dos Tapuias e desaparecem.
Os Tapuias não têm o que fazer, a não ser esperar pela turbulência.