quinta-feira, 20 de outubro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - OBEDIÊNCIAS E CUMPRIMENTOS

Fonte da imagem: internet.

"Os cães obedecem ou desobedecem.
As pessoas cumprem e cumprem-se em liberdade, em igualdade, em fraternidade e em justa justiça.
Quem assim não cumpre ... desobedece."
(Paulo Passos, Portugal)

"Obedecer ao peso da albarda de cânones sociais é letal para a criatividade.
A escolarização e as educações institucionais são alguns dos valores desses cânones."
(Paulo Passos, Portugal)

"Obediências são viciadas representações de papéis. 
Cumprimentos são sãs participações de funções."
(Paulo Passos, Portugal)

Paulo Passos
CARCAÇAS 
(Paulo Passos, Portugal)

"A carcaça é (entre outras) um corpo feminino, comummente, de nova a mais de meia idade, podendo, contudo, ultrapassar (dentro dos limites previsíveis) este balizamento.
É, na grande maioria das vezes, uma pessoa que não trabalha mas tem um emprego.
Se não quer ter emprego, tem, igualmente, uma funcionária doméstica.
Vive muito desfasada das noções de igualdade, direito e liberdade.
Gosta de ser dependente (apesar do ar peremptório de determinação e de independência), domada e alheia-se, vaidosamente, da sua função de existente, eventualmente, contributivo e valorizável.
Assume (num formato pré-consciente, mas que lhe dá jeito) ser o "sexo fraco", submissa à cultura sexista e faz disso bandeira, através da poluição psicológica, visual e sonora, em que se movimenta.
Adora os adornos que a conduzem, exibindo-se, ela própria, como um adorno (a proteger) para os seus (no mínimo).
Tem carro e conduz, invariavelmente de forma incivilizada.
Conduz. Conduz e fala ao telemóvel ao mesmo tempo.
Nunca tem tempo para usar os piscas.
O fluxo de trânsito, os outros e a via, quando ela passa, não interessam para nada. É tudo dela.
Desrespeitosamente, estaciona como lhe convém ou como calhar.
Se tem um furo num pneu (ou outro qualquer problema), deixa o carro onde está, vai de táxi para casa e telefona ao marido a informar. Contudo, se estiver perto do destino, leva o carro assim mesmo e depois alguém resolve (geralmente o marido que, afinal, é para isso que ele serve).
Nunca abastece o carro. Isso é dever do marido ou do filho mais velho (a existir). A filha (se houver), quase sempre lhe segue o feitio das passadas. Vão às compras juntas.
Quando se insurge, por via de algum incidente (causado pela própria) entre ela, a condução e um homem condutor, pára o carro onde quer que seja (pode ser uma rotunda, ou um lugar para ambulância, ou obstaculizando outro!), deixa-o a trabalhar (travando-o ... se se lembrar!) e sai do carro já pronta para a disparatada fragilidade, argumentando-se:
- "Eu sou mulher ... mas tenho pai, marido e irmão ...!!!"
Ora, uma criatura (diminuidora e molestadora do próprio género) que se argumente (usando como se se tratasse de material bélico ou jurídico) com o facto de ter (ameaçadores!) pai, marido e irmão ... é a materialização da desconsideração, da desvalorização e a prova real da existência de viventes ausentados de qualquer recheio (útil).
Exibe-se, gratificantemente e tão só, em todas as esferas respiratórias (existenciais) como: a filha de...a mulher de...e a irmã de...!
Vale perguntar: 
- Mora aí alguém, nessa carcaça?
Mulher (?) que escuda o próprio ser na figura de um homem.
Será que é por isto que se diz que, "por trás de um homem há sempre uma mulher" (independentemente do tamanho!)?
Jamais se pode crer que o crédito deste provérbio ancore neste contexto...!!!"


Frederico Lourenço. Fonte da imagem: internet.

O GAY HOMOFÓBICO
(Frederico Lourenço, Portugal)

"O gay homofóbico anda sempre de gravata e nunca se lhe conheceu uma camisa que não fosse às riscas. Almoça nos melhores restaurantes do Guincho com condessas verdadeiras (ele em mulheres não gosta de pechisbeque), criticando amargamente os filhos e sobrinhos delas que cederam à possidoneira de se "assumirem". Vai todos os dias à missa, desde que se encontre nas imediações de uma igreja onde haja uma congregação maioritariamente "bem". Já foi dono de um antiquário, mas o negócio não resultou. Depois tentou outra coisa mais duvidosa, mas isso também não deu. Tem um pouco o complexo de não ter acabado o curso de Arquictetura: por isso exige que a empregada o trate por "senhor arquitecto". A sua casa (um andar modesto numa rua caríssima) está apinhada dos objectos que sobreviveram à derrocada do seu negócio de antiguidades. Aos sósias rascas de Cristiano Ronaldo, que por cinquenta euros aceitam passar vinte minutos bem suados no seu quarto de dormir, costumava dizer: "as Companhias das Índias da avó". Até que um dia foi assaltado e espancado. Agora diz: "é tudo imitação". O que, no caso dele, não podia ser mais verdade."

Em: "Caracteres", Frederico Lourenço


Antonin Artaud (1896 - 1948 / França). Fonte da imagem: internet.

"(...) Desde que não consiga no coito grugulejar com a glote da maneira que sabe, e ao mesmo tempo fazer gluglu com a faringe, o esófago, a uretra e o ânus, o senhor não pode declarar-se satisfeito.
E no seu sobressalto orgânico interno há um certo refego que é testemunho encarnado de um estupro nojento, e ano após ano vai sendo cultivado em mais larga escala porque não cai, socialmente falando, sob a alçada da lei, embora caia sob a alçada da outra lei a que vai parar toda a consciência lesada que sofre, porque o senhor, a comportar-se deste modo, impede-a de respirar.
Decreta com delírio a consciência que trabalha enquanto a vai estrangulando, por outro lado, com a sua reles sexualidade. (...)"

"(...) E alienado autêntico o que é?
É um homem que preferiu ficar doido, no sentido em que socialmente o entendemos, a degradar uma certa e superior ideia de honra humana.
Por isso a sociedade mandou estrangular nos seus manicómios todos aqueles de quem quis livrar-se ou defender-se por recusarem ser cúmplices, com ela, de certas e subidas indecências.
Porque o alienado também é um homem que a sociedade não quis ouvir e quis impedir de dizer insuportáveis verdades. (...)"

Em: "Van Gogh, o Suicidado da Sociedade", Antonin Artaud


Janiel Martins

TRIBUNAR PODRES
(Janiel Martins, RN / Brasil)

Veredicto em texto
a saborear ...
como fruta ...
no ponto ...!!!
Sustentando a alma ...
... denunciando sociopatias,
acusando corrupções,
vícios e moléstias
das corjas,
dos parasitas,
dos fedorentos
intoxicados
e intoxicadores
de tudo onde tocam
de tudo onde estão.
É lixo psicológico
gritando dor,
gritando vitória 
vitória confundida
jamais alcançada.
Repetição do desejo,
repetição da dor
dor da rejeição.
Inventam poderes 
roubando justiças,
alimentando
a mentira que
lhes roubou o sangue.
Veneno que sorri,
sorriso que é dor,
sorriso que arrota angústia,
tentando a sobrevivência.
Acusação em ética,
tribunar em justiça.
A justa, que é pública,
e é filha da rua,
e é poesia ouvida.



Janiel Martins





domingo, 16 de outubro de 2016

SOPÃO REFEIÇÃO


Ingredientes:
(Nas doses que entender e necessitar e, 
se não tiver um legume, use outro que tenha)

- Azeite
- Sal
- Louro
- Cebola
- Alho
- Couve
- Chu-Chu
- Aipo
- Pimento
- Cenoura
- Massa
- Carne


Modo de preparação:

Pique a cebola para uma panela.
Verta azeite.
Junte uma pitada de sal.
Aromatize com uma folha de louro (verde).
Deixe refogar um pouco.
Adicione o alho picado.


Frite a carne (apenas um pequeno pedaço, 
a quantidade necessária para incutir o
gostosinho enriquecimento de proteína), 
previamente bem cortada em pedaços pequenos.
Corte a cenoura (não descarte a pele) em cubos pequenos, 
bem como meio pimento, o chu-chu e o aipo.
Corte as couves em pedaços e junte aos restantes ingredientes.
Água à medida, confira de sal e deixe cozinhar um pouco, 
ao que juntará a massa que entender.


Desligue o lume antes da massa estar cozinhada.
Retire a folha de louro.
Deixe apurar e, se assim entender, pode temperar com um 
pouco de pimenta acabada de moer.

Acompanhe com fruta ... que pode ser um suco de pêra, laranja e nozes.


Fantástica sopa para um dia frio, chuvoso, 
no acolhimento do que pertence e de quem pertence ...!!!



Fonte das imagens: Janiel Martins