quarta-feira, 4 de julho de 2018

CAFÉ COM LETRAS - O CÉU E O TEMPLO

Janiel Martins

O CÉU E O TEMPLO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sou o castigo dos impacientes
Sou a consciência da vida
Vivo em transformação
Não tenho paciência
O tempo me transforma
Vivo no Céu
E ainda tem gente
Que pensa que o Céu é distante.
Tem nuvens na Terra?



Tem nuvens na Terra?
Que pensa que o Céu é distante.
E ainda tem gente
Vivo no Céu
O tempo me transforma
Não tenho paciência
Vivo em transformação
Sou a consciência da vida
Sou o castigo dos impacientes

(Janiel Martins, RN/Brasil)
O CÉU E O TEMPLO


Edição: Paulo Passos


domingo, 1 de julho de 2018

SUSTENTO DA ALMA - LINGUAGENS E GENTE ENCRUADA


Publicação de Paulo Passos.

LINGUAGENS E GENTE ENCRUADA - um texto para ler, reler, consciencializar e pensar ...

Portal dos Psicólogos - www.psicologia.pt

http://www.psicologia.pt/artigos/ver_cronica.php?linguagens-e-gente-encruada&codigo=CR0017&area=

"Texto centralizado no levantamento da subordinação de alguns grupos sócio-populares, com necessidade de obras de acabamento (encruados), estas que são, acriticamente, psicológicas.
Reinventam-se em aglomerados de referência, integrando-as de todos os jeitos, pelas vias das linguagens e suas artimanhas de representatividade.
Serve esta (linguagem) como facilitador da uniformização para o apreciado empacotamento nas referências, à mercê das banais e pálidas aspirações dos praticantes.
Neste registo, a linguagem assume a sua clássica categorização de material projectivo avaliável, mas também de satisfação ao cenário do rebanhismo a que se sujeita.
Gentes em cru…!
Valores invertidos ou outros.
Que desígnios?
Retrato de figura ou de fundo?
O gene da incompetência.
O (gene do) aproveitamento da incompetência.
O sofrimento institucional.
A fixação…
A mineralização…
A solidificação nacional.
A involução.
A incivilidade.
A castração.
Os disfarces.
A imperiosa e letal força dos disfarces.
… lusos bigodes e colares aos peitos… ou o impulso para…!
Quanto mais miserável for o país… maior é a dívida social.
Quanto maior for a dívida social, mais se evidenciam as afrontas.
Gentes… Encruadas!? Inacabadas!?
Romances…
Poemas…
Existentes…
Publicados…
Viciados em lucro (do gratuito até ao outro)…
Romances e poemas encruados, encurralados como gentes…!?
Para além (e…aquém) do século passado, este HOJE parece ser dolorosamente eterno…! Adendando (extrapolação dos escritos para as gentes, subentendido…!) a: “Existem romances imperdoáveis, quase todos os romances contemporâneos são imperdoáveis. Como é imperdoável a maioria dos poemas portugueses deste século. A bem dizer não há nada.” – Herberto Helder, 1930-2015, Funchal/Portugal e publicado em 4/Dezembro/1990, no jornal Público.           
Imperdoáveis…?
Gentes inacabadas…
Gentes encruadas, encurraladas…
Gentes incompletas…
Gentes engelhadas… epidémicos engelhos…!
Gostam e existem em torno de… las vedettes (expressão franco-hispânica… mas de lusitano fabrico e criação!)… os adornos e enfeites, de qualquer tipo ou material, desde que as/os façam sobressair, encharcadas/os nas vaidades do mais básico narcisismo.
A cultura (jeitinho) do falso, do copiado, do vidro barato exigindo-se cristal.  Existe… como fungalhada cega e promiscuamente em reprodução…!
A cultura do imediato, do circunstancial, do desenraizado (ainda que enraizado no desespero da narrativa), existe em parasitada epidemia, num processo de auto-valorização e, desastrosamente, valorizada. Existe… como fungalhada cega e promiscuamente em reprodução…!
Existe… como fungalhada cega e promiscuamente em multiplicação…!
Jeitinhos introjectados, interiorizados, internalizados, abocanhados (acriticamente valorizados) por criaturas que se primam em clonados que desbotam vidas, alegrias e ambientes.
Criaturas fedendo a ciúme, a inveja e incompletude, mendigas de um qualquer lugarito (imagético de importância, que seja…!) de enlevo vendável e visível.
Num qualquer delírio de grandiosidade que assuma a sensação de completude, ainda que apenas momentaneamente… (dose do tóxico, para a dependência do momento).
É a doença na sua plena exibição.
É a doença do carácter e do infeliz.
É a mania.
Pois é a cultura… de (MUITAS E MUITOS) certas moças e moços, destas lusas praças, que, por treino, se espojam pelos ares da competência e descontração, sentindo-se arrasantes de espontaneidade e criação.
Criaturas que esgotam, esvaziam, castram e banalizam significantes que, por azar ou ironia, caiem nas (des)lexicais bocas destas personagens. E repetem, repetem, repetem…copiam, clonam, plagiam, reproduzem formatos como moscas no eterno cio abestalhado.
Criaturas…
Acrítica e apaixonadamente submissas às imitações… lambuzam-se em…
Clichés
Pregões…
Malfadados… paralisantes COISAS verbais, não-verbais e outras.
Infortúnios…!
Ficaram em cru…
Existem (e exigem) em cru…
Não levedaram…
São dizeres manifestos que enfeitam (escondendo o motivo)…
Dizeres… que não auguram coisa boa…!
Que traduzem, estes emblemas e formatos de emblemas?
Que espelham, no cenário da qualificação, competência e personalidade(s)?
Que espelham…estes formatos de linguagens?
Que espelham estas banalidades, primarismo, refúgios e inacabamentos?
 “…Matéria a ser discutida em sede própria…”…! Banal cliché(zito), designação que fede a léguas, tão comum nas lides partidárias, quando a fuga é imperiosa…! Tão usada, predominantemente, por políticos alheios aos factos e desprovidos de dotes predicados de relevância psicolinguística.
Há também as/os pequenas/os decoradoras/es que conseguiram avacalhar a mais simples (ou complexa) jarra com ramos de verdura, que se passou a chamar “aquele elemento verde faz toda a diferença”…!!!
A não esquecer, as criaturas das televisões que, exaustivamente, arraialam todo o tempo de antena com a lamúria dos números de telefone, em alusão ao consumismo. São os peritos/as na arte da papagueação…repetem, repetem, repetem…!
Outra clonagem é a conduta (superiormente) vocal de muitos elementos da, entre outras, igreja católica (padres e satélites), mais parecendo locutores, constipados, de rádio de anos retrógrados.
Aparecem também, em quantidade tóxica, os moçoilos e as moçoilas (já bem longe, a maioria, das ditas idades casadoiras) do mundo dos trapos. Vulgo modistas e costureiras, dizem-se estilistas e criadores de moda…já também doutores e doutoras. Nestes o “conceito” é o cerne da linguagem. Têm-no tatuado nas cordas vocais. Aqui, o “conceito” é qualquer coisa que cada um ou uma, arbitrariamente, tenha feito. É uma questão de demarcação e sobrevivência em linguagem.
A adicionar, igualmente, os adeptos da indústria titular, comummente enraizada nas lides académicas. Evidenciam-se os inventários de títulos de obras (raramente lidas), autores e citações. São os pregões necessários à decoração dos academismos, em franca expansão epidémica.
Enriquecem, esta procissão, os andores dos que prefixam tudo. Tudo o que seja adjectivo (ultrapassando, até, os devidos superlativos), substantivo,…, tem direito à prefixação, dependendo do ânimo circunstancial da criatura. São os “mega”, os “híper” (mercados?), os “super” (também mercados?)…ofuscados prefixadores de tudo o que sai pela boca, em forma de linguagem. Quase sempre sentem-se (dizem) mega-realizados mas híper-cansados…!
Quanta aflição neurotizante…
Quanto olímpico desespero…
Quanta perturbação dos afectos…
Quanto encruamento…
Vulgarmente, são gentes propensas à DEPRESSÃO e a VIAGITE. De referir que uma viagite é uma magnífica inflamação na e pela Viagem. Estas são as duas maleitas que assumem o cariz de transversalidade a todas estas criaturas (sem limites de idades). A primeira – a depressão – aparece quando eles e elas querem. A segunda – a viagite – já não funciona bem assim, como a primeira. E, já não é bem assim, porque o dinheiro não abunda parta alimentar e infecção. Contudo, há sempre a possibilidade de se fazerem convidados/as, ou cravas de alguém para alombar com os custos. Às vezes têm sorte…!
Que espelham estas banalidades, primarismo, refúgios e inacabamentos?
Espelham…!!!
Infecções na criatividade…
Infecções na genuinidade…
Infecções na humildade…
Maleitas nos feitios…
Maleitas dos feitios…
Maleitas nos jeitos…
Maleitas dos jeitos…
Mendicidade de protagonismos e de seres…
Feitios de corpo e de alma…
Linguagem e pensamento? Pela imponderação, não é evidente…!
Linguagem e emoção?  Até pode, em impulso…!
Linguagem e psico(pato)logia dos feitios e das essências? Vivido, sem crítica…!
LINGUAGENS de…
…almas ENCRUADAS…!"


Edição: Janiel Martins