domingo, 24 de março de 2024

CAFÉ COM LETRAS - EU, O DIABO, DEUS E JESUS


EU, O DIABO, DEUS E JESUS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Eu sou um carrapato do tempo

O diabo é um homem pequeno

Deus é um fragmento


Para não me sentir só 


Jesus foi um homem 

Que gostava da vida


Tais pensando, doida?

É. 

O homem é engraçado.

Tinha tudo para dar certo.

Mas não, deseja tudo e se protege com Deus.

Na verdade, Deus é a nossa loucura.


Quando criança ouvia-se: "quem fala só é doido!"

E aqui estou, falando com Deus. 

Eu sou louco pela vida. E tu doido?

Eu também sou louco pela a vida e falo com Deus.

E ainda confirmo com os pensamentos de Jesus Cristo.


(O pensamento de Cristo é bonito. É o limite do pensamento. Depois disso só existe um lugar, que eu gosto muito, que é a queda livre. Não sei porque os brasileiros vivem tanto a loucura, gosto da sanidade Europeia, na paz do europeu. Parece até o meu mundo é um silêncio que me dá paz. É como se todos estivessem vivendo em queda livre. Já o brasileiro parece que está aos prantos na beira do abismo.)

domingo, 17 de março de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O MAR E UMA VEIA


O MAR E UMA VEIA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Oi Fumarolo, bom dia!

Bom dia pequeno.

Porque tu me chamas de pequeno! Só porque tu és grande?

Nada disso, pequeno Tornico.


Acho engraçado quando sinto que tenho uma identidade. 

Fumarolo, entrei numa veia de mar e saí da cidade das Fumarolas.

Lá vens tu com os teus abismos. 

Não se sai da cidade das Fumarolas.

Mais eu saí…


Eu gosto do abismo. Só caí um pouco. 

Flutuar o corpo e a mente é bom. 

Sinto um friozinho junto com os pensamentos. 

Os pensamentos são como estrelas. 

Eu gosto, porque as estrelas explodem dentro do meu juízo. 


Fumarolo, o corpo é muito bonito. 

Quando eu estou na morte eu fico triste e o meu corpo chora. 

É por isto que eu gosto do abismo. 

Lá em baixo tem um mundo que tem muitas estrelas. 

Desculpa, deixa eu voltar ao assunto.

...

Entrei pelo rio da Ribeira Grande.

Ohhh Ribeira

Que beira 

Na poesia

Que grita

Como um choro

Querendo voltar

Oh Ribeira Grande

Porque

Eu não 

Me joguei

Na ribanceira Grande

...

Vive em mim

O poeta 

Que adormeceu

No banco da árvore 

Que nos traz

Para a cidade das Fumarolas

E como tu saíste?

Por aquela veia, estás vendo?

Estou.

Não conte para ninguém, porque segredos dão-me felicidade e felicidade produz muitas estrelas, que explodem dentro do meu juízo. 

...

Fumarolo a passagem é por ali.

Uauu 

Não conte para ninguém, é segredo nosso, só se for para Ruth Pianista, combinado?

Combinado.

Lá tem um castelo, sobe rio acima, e chega uma hora que a água acabou Fumarolo. Começa a aparecer o rio de pedrinhas, aí aparece um castelo, visitei e vim me-embora. É assim que se escreve "vim-me-embora" Fumarolo?

É como se pensa Tornico.

Ai obrigado.


domingo, 10 de março de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) II


O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) II

(Janiel Martins, RN/Brasil)


O silêncio estava tão forte, que dentro da minha cabeça começou a explodir uma estrelinha.

Criança está bem, até demais.

Não era dos ouvidos não, minha mãe. Era na parte da frente do juízo. A parte de trás só fazia doer de solidão. Nos ouvidos só entra uma pressão que faz outro som.

Oh menino doido.

Chega ao coração que acelera. Chega até a doer. Não gosto de sentir medo, não.

Vai dormir com os boi ou com as galinhas!

Eu vou.

Não podes, se não vais adoecer.

Então vou brincar com as galinhas.

Vá, só fique pelo terreiro e pegue este pedaço de pau para se protege.

Cócorococo... 

Oi galinhas, como tu está? Vou brincar com vocês.

Ei menino não pode comer o que as galinhas comem. Vem para dentro de casa.

Ai que medo.

domingo, 3 de março de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) I


O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) I

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dentro de uma casa numerosa seguia o quotidiano, quase animal.

Mas o homem não passou a ter cabresto e rédeas.


O sol caiu.

Vou apagar a luz.

Não minha mãe, falta a minha coberta!

Cuida, Francisquinho!

É brincadeira minha, mãe.

Saiba diferenciar brincadeira de mentira.

Eu queria dormir com tu, minha mãe, estou com medo!

Não pode, tens que aprender a dormir só.


(A última cena que se tinha, daquelas 11 de escuridão, era de uma mulher, com um olhar medíocre e apagando a lamparina de querosene. O silêncio reinava, no Sertão.)


(Não se tinha relógio. Às vezes o galo cantava de meia noite a primeira vez. Depois às 3 horas da madrugada e, a seguir, no dia amanhecendo.)


Minha mãe, eu passei a noite acordado.

Porquê?

Eu estava com medo.

E porque não me chamaste?

Estava com tanto medo, que fiquei todo enrolado no medo. Tu não deixou eu dormir com tu!

Estou com medo de dormir.

Deixa de doidice, que já és grandinho demais!

E porque os bois dormem todos juntos? Nós éramos para ser igual?

Eu lá sei! Não somos boi!

Muuu muuu, vou ser amigo dos boi.

Vai.


domingo, 25 de fevereiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O FRIO

O FRIO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


O cold é chique.

Desde quando é que o frio é chique, doida? 


Onde os pássaros dormiram?

É mesmo, nem tinha pensado.


O homem é perigoso. Está sempre em guerra. 

Fico pensando que a inocência é bem melhor, apesar de ser bruta.

Os animais brigam muito.

Pelo menos é só por causa justa. O homem não.

Às vezes sinto falta de ser animal, de brincar descalço na terra e de ir atrás só de comida.

Mas não... aqui estamos numa guerra por um "futuro" que não existirá.

A vida na cidade grande é muito individual e solitária. As pessoas estão escondidas em caixinhas, caixas e caixonas e outros dormem sobres essa caixaria toda.

O homem, por se dizer ser humano, deveria voltar a mamar.


Tantas espécies e logo eu sou humano.

Queria ter a coragem de voltar a ser animal.

O pensamento do homem foi ao além e voltar é para poucos.

É mesmo doido! O além é perigoso porque não faz parte do corpo.


Vamos ao Gerês brincar de ser animal?

Vamos. 

Gosto de ver as montanhas, porque o cérebro parece escalar. 

Parece um instinto e não um pensar.


domingo, 18 de fevereiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - QUANDO FALAMOS COM DEUS A IMAGINAÇÃO MORRE

QUANDO FALAMOS COM DEUS A IMAGINAÇÃO MORRE

(Janiel Martins, RN/Brasil)


É engraçado quando pensamos em Deus, é como se fosse o freio da mente. Porquê Francivaldo?

Eu lá sei, doida!

O pensamento voa. Os animais são engraçados e eu fico pensando no que os bois pensam.

E os outros animais, doida?

Calma Francivaldo, são todos os animais, vamos falar só dos bois, se não a conversa vai ficar longa. 

Às vezes os bois fazem moon... bem alto.

Moon... moon é lua, Francivaldo.

Ah, então moon deve ser: não olhe para a lua.

Será, doida!

Vamos fazer de conta que é.

Oh diaxo, incorpora-me.


domingo, 11 de fevereiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ESPELHO


ESPELHO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

espelhas nos outros
o teu espelho
espelhas o não momento
o lugar é teu
o lugar é nosso

destruímos para reconstruir
e quando não reconstruimos
adoeçemos!

não aceitas
a tua pobreza
por pensares que não o és

o que é pequeno
crescerá 
saudável é o que cresce

e tu?
com o repetido sentimento
aceitas a doença
pelo remédio de amanhã

amanhã somos mais velhos
a doença vinga
e a vida esfuma-se...

honesta-te 


domingo, 4 de fevereiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O QUE O PENSAMENTO QUER?


O QUE O PENSAMENTO QUER?
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Um dia fomos empurrados pela fome.
Empurrados a caçar a vida.
Como nos formamos? 
Somos fungos do universo! 
Somos pensamentos passados.
Pensamentos que nos deram a perfeição.
A perfeição de enxergar o universo.
Os nossos pensamentos são o passado.

domingo, 28 de janeiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - SEGREDO


SEGREDO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Vive em mim

O poeta 

Que adormeceu

No banco da árvore 

Que nos leva

À cidade das fumarolas


E foste?

Fui

E como saíste?

Por aquela veia, estais vendo?

Estou

Não conte para ninguém

Segredos dão-me felicidade

A felicidade produz muitas estrelas, que explodem dentro do meu juízo. 


domingo, 21 de janeiro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MEDO É UMA PALAVRA E MEDU FAZ MEDU

MEDO É UMA PALAVRA E MEDU FAZ MEDU

(Janiel Martins, RN/Brasil)


É engraçado, como um galo é autoritário e cheio de charme pra namorar.

A galinha deixa-se abusar.

A poesia não tem ortografia.


Gosto do vento

Do Friday...(?)

Da pele reprimindo-se do frio.

Uma puxada de ar é tão satisfatório...!


Serra da Tapuia/Brasil 2007

Nove e cinquenta e cinco, numa noite de ventos fortes e fria, o professor de matemática tem um manual para explicar, a adolescentes, que não tinham muito o que fazer, até aparecer um boato.

O boato é algo incrível, tanto pode ser bom ou ruim.

O importante é ter um boato novo pra acordar o povão. 

Até que deu um pé de vento que veio a derrubar duas telhas.

Todos acordaram.


Estava-se com fome.

O cérebro carburava no mínimo.

Era o mínimo que havia e, às vezes, não havia nada".


Professor, foi tremor de terra.

Não saiam.

Todos estavam de pé, aos prantos, exclamando: "o que se passa?”

Saia professor. "Deixa nós ir ver."

Voltem para os vossos lugares.

O vigia chega e esclarece: "foi uma telha."


"Eu pensei que o mundo estava se acabando".

Fez medu...

"Medo" Tornico? " Meu Deus, esta peste vai dizer que eu fui professor dele."

"Medo" é uma palavra e "medu" faz medu, professor.

Uma palavra não tem dois significados Tornico. 

Tem sim, ai tem sim Senhor professor.

E tu consegues fazer duas coisas ao mesmo tempo?

Sim Senhor. Foi o Senhor Fumarolo que disse, mas eu já sabia.

Tem muita coisa, mas agora eu só lembro de cagar e mijar