quinta-feira, 30 de março de 2017

CARAPAUS FRITOS COM COUVE E ARROZ


Ingredientes:

- Carapaus
- Óleo
- Farinha de mandioca
- Colorau
- Sal
- Couve
- Alho
- Azeite
- Malagueta
- Cebola
- Tomate
- Arroz



Modo de preparação:

Depois de amanhados os carapaus, enxague-os, escorra-os delicadamente 
e tempere-os com sal.
Envolva-os numa mistura de farinha de mandioca (ou como do seu jeito)
 e uma colher de colorau.
Aqueça óleo de fritar numa frigideira.



Frite os carapaus até ficarem com o aspecto dourado crocante.
Retire-os e deixe descansar sobre papel absorvente, de modo a retirar excessos de óleo.


Num tacho com azeite e sal, deite a couve, previamente cortada aos pedaços pequenos.
Junte o alho picado e deixe-a saltear, mexendo regularmente.



Enquanto se fritam os carapaus, uma cebola refoga num tacho com azeite, 
após o que se adicionam os tomates cortados aos pedaços, a malagueta e o sal.
Junte o arroz, envolva os ingredientes e as proporções de água como é seu costume.
Sugere-se, contudo, que este arroz deva ficar bem molhado.


Não descarte a fruta que lhe estiver no apetite ou na viabilidade.

Fonte das imagens: Janiel Martins






domingo, 26 de março de 2017

CAFÉ COM LETRAS - COM TEREZA BATISTA...COM O POVO BRASILEIRO


"(...) Tereza Batista (...) Mulherzinha persistente: me perseguiu durante anos, 
quis escapar-lhe, meter-me em empresa menos braba, não consegui, 
ela me teve e durante este ano todo fui seu escravo. Agora você é seu senhor.
Despeço-me dela com saudade, me ensinou a acreditar ainda mais na vida e na invencibilidade de um povo mesmo quando levado às últimas resistências, quando restam apenas solidão e morte. No final da história me dei conta que nem tudo no mundo é ruim como a princípio imaginei ao me afundar nos atropelos de Tereza. A maldade quase sempre é miséria ou ignorância. Frase digna do conselheiro Acácio, não a coloco na boca da Tereza. 
O que houver de bom no livro a ela se deve, o resto é meu, desacertos e limitações, 
trovador de rima pobre. (...)"



"(...) Com quem se parece Tereza Batista, tão castigada pela vida, tão cansada de apanhar e de sofrer e, ainda assim, de pé, com todo o peso da morte no lombo, porfiando em arrancar da maldita uma criança para a vida? (...) lhe digo, meu senhor, que Tereza Batista se parece com o povo brasileiro e com mais ninguém. Com o povo brasileiro, tão sofrido, nunca derrotado. Quando o pensam morto, ele se levanta do caixão.
Aceite um refresco de umbu, um sorvete de cajá. 
Se prefere uísque, também posso lhe servir mas não lhe louvo o gesto (...)"



Modinha de Dorival Caymmi para ... TEREZA BATISTA 

Me chamo siá Tereza
Perfumada da alecrim
Ponha açúcar na boca
Se quiser falar de mim

Flor no cabelo
Flor no xibiu
Mar e rio



(...) Para ele política era ofício torpe, próprio para gente de baixa qualidade, de mesquinhos apetites e espinhaço mole, sempre às ordens e a serviço dos homens realmente poderosos, dos legítimos senhores do país. Esses, sim, mandavam e desmandavam, cada um em seu pedaço, em sua capitania hereditária (...). Tinha asco da política e desconfiança dos políticos: 
olho neles, são profissionais da falsidade. (...)"



"(...) Não me transformei numa senhora como desejavas, talvez por não tê-lo conseguido, talvez por não querer. Que serventia possui uma senhora? Prefiro ser mulher direita, de palavra. (...) Antes a pensão de putas (...)"


"(...) Tereza lembrou-se daquele que não chegara a ser, arrancado de seu ventre antes da hora do nascimento. Pôs a mão sobre a de mestre Januário Gereda, Janu do bem-querer, fazendo-o mover o leme, mudar o rumo do saveiro, dirigindo-se para pequena enseada entre bambus na margem do golfo, escondido remanso. Estende-se Tereza na popa do saveiro:
- Venha e me faça um filho, Janu.
- Sou bom nisso como o quê.
Ali, na barra da manhã, rio e mar.
_____

FIM
Bahia, de março a novembro de 1972"

Jorge Amado. Fonte da imagem: internet


Jorge Amado - 1912 a 2001, BA / Brasil

JORGE AMADO
(Janiel Martins, RN / Brasil)

 Adivinho do texto
Vera Cruz e além
Assim é, justa, nobre e de devido
Antropólogo despartilhado
Isento de ciência e métrica
Antropólogo que lhe é nos fluidos
Tatuados em poesia
Nestes que lhes são os materiais
De uma emenda saturada
Antropólogo de ler sentires
Antropólogo bom juiz 
Juiz do justo a denunciar
Dores desencobridor
Gentes mares desbravador.
Homem do sentir, Macho
Macho no Nordeste PARIDO
Macho do Nordeste vermelho
Sertões de cheiro e tesão
Parido para vingar
Doçura que se faz bélica
Em seios de desLIBERDADES
Matéria de guerreiro
Essência de Homem
Lápis empunhado
PARIDO em macho
Macho de Todos os Santos 
Bahia de Todos os Santos
Nordeste criador letrado
Em gente
Jorge Amado.
Desenhador de sonhos
Escrevedor de magias 
Magias de rio, terra e mar
De alentos e de paixões
Orquestração por IEMANJÁ
Com Zélia mirando 
E com ela na mira
Gente
Jorge Amado.

Janiel Martins