"(...) Tereza Batista (...) Mulherzinha persistente: me perseguiu durante anos,
quis escapar-lhe, meter-me em empresa menos braba, não consegui,
ela me teve e durante este ano todo fui seu escravo. Agora você é seu senhor.
Despeço-me dela com saudade, me ensinou a acreditar ainda mais na vida e na invencibilidade de um povo mesmo quando levado às últimas resistências, quando restam apenas solidão e morte. No final da história me dei conta que nem tudo no mundo é ruim como a princípio imaginei ao me afundar nos atropelos de Tereza. A maldade quase sempre é miséria ou ignorância. Frase digna do conselheiro Acácio, não a coloco na boca da Tereza.
O que houver de bom no livro a ela se deve, o resto é meu, desacertos e limitações,
trovador de rima pobre. (...)"
"(...) Com quem se parece Tereza Batista, tão castigada pela vida, tão cansada de apanhar e de sofrer e, ainda assim, de pé, com todo o peso da morte no lombo, porfiando em arrancar da maldita uma criança para a vida? (...) lhe digo, meu senhor, que Tereza Batista se parece com o povo brasileiro e com mais ninguém. Com o povo brasileiro, tão sofrido, nunca derrotado. Quando o pensam morto, ele se levanta do caixão.
Aceite um refresco de umbu, um sorvete de cajá.
Se prefere uísque, também posso lhe servir mas não lhe louvo o gesto (...)"
Modinha de Dorival Caymmi para ... TEREZA BATISTA
Me chamo siá Tereza
Perfumada da alecrim
Ponha açúcar na boca
Se quiser falar de mim
Flor no cabelo
Flor no xibiu
Mar e rio
(...) Para ele política era ofício torpe, próprio para gente de baixa qualidade, de mesquinhos apetites e espinhaço mole, sempre às ordens e a serviço dos homens realmente poderosos, dos legítimos senhores do país. Esses, sim, mandavam e desmandavam, cada um em seu pedaço, em sua capitania hereditária (...). Tinha asco da política e desconfiança dos políticos:
olho neles, são profissionais da falsidade. (...)"
"(...) Não me transformei numa senhora como desejavas, talvez por não tê-lo conseguido, talvez por não querer. Que serventia possui uma senhora? Prefiro ser mulher direita, de palavra. (...) Antes a pensão de putas (...)"
"(...) Tereza lembrou-se daquele que não chegara a ser, arrancado de seu ventre antes da hora do nascimento. Pôs a mão sobre a de mestre Januário Gereda, Janu do bem-querer, fazendo-o mover o leme, mudar o rumo do saveiro, dirigindo-se para pequena enseada entre bambus na margem do golfo, escondido remanso. Estende-se Tereza na popa do saveiro:
- Venha e me faça um filho, Janu.
- Sou bom nisso como o quê.
Ali, na barra da manhã, rio e mar.
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FIM
Bahia, de março a novembro de 1972"
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