domingo, 20 de dezembro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - NOIVA DO SOL




NOIVA DO SOL
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Presente, por ondes andas?
No passado.
O que procuras?
O futuro
O que achaste?
O passado.
O que é o passado?
É o presente, agorinha.
O que é o presente?
É uma concentração de pesamentos, de vidas passadas que procuram os caminhos para a cidade encantada.
 
Dizem que a lua é o terreiro da almas.
É para lá que que os pensamentos vão quando o corpo adormecer na terra.
Iremo-nos sentir perdidos!
Não iremos mais perguntar: "de onde viemos?" nem "para onde iremos?".
O corpo já não terá influências terrenas. 
Seremos corpos do universo.
Iremos aprender o caminho para a cidade encantada.

As almas sabem que existe altura, fundura e lados.
As almas estão procurando a cidade encantada que fica nas profundezas do universo.
Corpo humano algum chegará a cidade encantada.
Só o pensamento, depois que o corpo descansar sob a terra, irá iniciar o seu percurso, rumo até lá.

E quem somos nós?
Somos pensamentos que vieram de outros mundos.
E como o pensamento nasceu?
Do tempo.
O tempo era escuro e frio.
De tanto frio congelou.
De tão pesado explodiu dando origem ao fogo.
Do fogo nasceram as cinzas, depois as rochas e é claro a água.
Depois as coisas começaram a ganhar sentimentos.

Já se imaginou uma planta que não sinta e pense?
Ela não cresceria e as flores não nasceriam.
São tão delicadas.
Quem escolheu serem tão bonitas?
Elas se arrumaram para se mostrarem ao sol.
As flores, todos os dias, se perguntam: "porque o sol não me vem pegar?"
Pena que o sol não tem pernas.
Tem os raios.

Já o homem é amargo.
Deve ter vindo de muito longe, do sítio perdido.
Sem paciência para namorar o sol e as estrelas.
Sem saber sentir o tesão de se assustar com a noite ou de calcular a distância (do ôco) da cabeça ao sol.

Inveja da lua e uma raiva silenciada pela sua majestadade.
Será a vontade de para lá ir?
A lua foi amante dos que partiram da terra.
De lá desceremos rumo a cidade encantada: o Breu.















  Edição:  
Paulo Passos