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domingo, 30 de março de 2025

CAFÉ COM LETRAS - DOR DE CABEÇA


DOR DE CABEÇA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Sinto uma força a puxar-me

É a força da inocência

Dói, dentro da cabeça

É a eletricidade que tem o corpo

É bonito a complexidade do homem

domingo, 16 de março de 2025

CAFÉ COM LETRAS - CIDADE DA HORTA (I)

CASARIO 

HORTA

FAIAL

AÇORES

PORTUGAL















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domingo, 9 de março de 2025

CAFÉ COM LETRAS - TROCAR O PÉ POR UM PÉ DE BOI (III)

 


Publicado, originalmente, em Psicologia.pt a: 2019-04-21 

http://www.psicologia.pt/artigosher cronica.php?trocar-o-pe-por-um-pe-de­boi&codigo=CR0031

Paulo Passos 

Psicólogo clínico, Braga/Portugal


"A mesa já estava atulhada de canecas vazias e de pratos com cascas de marisco que Aristides Galante tinha comido.

Eleutéria chamou o empregado, pediu uma garrafa de vinho branco fresca, camarões e um gelado para a neta.

Aristides Galante pediu mais uma caneca de cerveja.



Não tinham nada para dizer.

Aristides Galante era um poço desmedido de subalternidade para com a mulher.

Nunca foi considerado em nada, exceptuando-se a consideração elevadíssima com que era contemplado, pela garantia do dinheiro que injectava na família e sustentava os cartões dourados de Eleutéria.

Dentro de casa, Aristides Galante, não era tido nem achado.

Vendo-os na rua, ele era um penedo que seguia, sempre dois ou três passos atrás, a gaiteira e determinada mulher.

Homem rude, estatura média, abdómen bem saliente, tinha conseguido fortuna à custa do seu trabalho, digno de se dizer! Mas também às custas de algumas estratégias menos transparentes e de malabarismos que escondiam meandros que Aristides Galante tão bem conhecia.

Trabalhava na construção civil desde os seus onze anos de idade, altura em que saiu da escola com a terceira classe.

Burgesso era a sua natural evidência e lucro era o seu maior objectivo - pilares da sua existência.

Fora de casa e, sobretudo no trabalho, não tinha pejo à exploração de outros e dos próprios funcionários da empresa. Nestes, no que dizia respeito ao pagamento que lhes eram devidos, arranjava sempre forma de cortar no número de horas trabalhadas.

Já dava para mais uma mariscada bem regada, que tanto apreciava.

Nunca passava muito tempo sem que a maior travessa, na marisqueira que mais apreciasse, não estivesse transbordando à sua frente, juntamente com fartas canecas de cerveja, onde as comezainas entravam bem pelo tempo adentro.

Já recostado, arrotava Aristides Galante, enquanto tirava bocados de marisco dos dentes, com uma unha de lagosta.

O suor que lhe escorria pelo rosto era afastado com as costas da mão, ainda com a pinça de um lavagante presa pelos dedos.

No rebordo da mais recente caneca de cerveja iam-se já acumulando lascas de marisco. Glórinha adormecera na cadeira sem ter acabado de lamber o segundo gelado.

Sem assunto, Aristides Galante e Eleutéria terminavam a manja, para sustento do peso dos feitios, feitos corpos.

Aristides Galante tentava levantar-se, mas a manobra foi dificultada pelo excessivo carregamento de peso sobre as, já meio falidas, articulações das pernas e pelos desequilíbrios adjacentes.

Eleutéria, com as mesmas privações de habilidades, proclamava que ainda havia de chegar o dia em que mandaria trocar o pé, de Aristides Galante, por um pujante pé de boi."


domingo, 2 de março de 2025

CAFÉ COM LETRAS - TROCAR O PÉ POR UM PÉ DE BOI (II)

 

Publicado, originalmente, em Psicologia.pt a: 2019-04-21 

http://www.psicologia.pt/artigosher cronica.php?trocar-o-pe-por-um-pe-de­boi&codigo=CR0031

Paulo Passos 

Psicólogo clínico, Braga/Portugal

"A pequena Glórinha estava forrada com um creme branco, colocado em pasta, para a proteger das radiações solares. Na cara só se viam os olhos.

Usava, tal como a avó, uma touca de borracha na cabeça para não molhar o cabelo. A touca de Glórinha era toda cor-de-laranja, mas com relevos que desenhavam formas de peixes. Condizia com o fato de banho onde a pequena estava enfiada, que também era cor-de-laranja, com uns favos salientes em branco, que a faziam parecer insuflada, em sobreposição à sua frágil estrutura.

Não saía da zona de sombra do guarda-sol de praia, por imposição da avó. Podia sair dali quando a avó ia à água e a levava para nela se apoiar.

Quando regressavam ao guarda-sol, invariavelmente era feita uma visita à imponente caixa térmica.

Eleutéria nunca a voltava a fechar sem estar já a mastigar alguma coisa.

Glória Micaela, alternativa única de nome e estipulado pela junção do nome (Glória) da tia-madrinha materna, e da filha desta (Micaela), prima quatro anos mais velha, era uma criança diminuta, em questões de apetite.


Nunca um vendedor de bolos, bebidas ou gelados, que circulavam pela praia, por ali passava sem que Eleutéria o mandasse parar.

Escolhia sempre alguma coisa.

Aos refrigerantes, não dava tempo de o vendedor fazer o troco do dinheiro, na bolsa que trazia na cintura, para onde tinha que olhar.

Quando olhava para ela já a garrafa estava vazia e ela com o braço esticado a pedir outro, enquanto enterrava o fundo da garrafa vazia na areia.

Avistou um vendedor de gelados.

O rapaz ouve o chamamento de Eleutéria e freou-se, qualificando o seu produto.

Não era preciso tanto trabalho pois era certo que Eleutéria ia comprar um gelado para Glórinha e outro para si.

Escolheram e, enquanto Eleutéria devorava o dela, a neta lambia, pasmada e lentamente, o seu.

Um calor sem tréguas e, pouco tempo depois, já Glórinha era um vale de gelado derretido.

No pouco chocolate que ainda se prendia ao pau, pousou e colou-se uma descomunal mosca vareja esverdeada.

A pequena, sem se aperceber, continuava a lamber de um lado, e a mosca satisfazia-se do outro.

Eleutéria vê aquele preparo, sai disparada para junto da neta, dá uma sacudidela para afastar a mosca, mas vai tudo. Vai mosca, vai gelado e vai Glórinha, que pega num berreiro, aumentando a javardice em que toda ela já estava.

Estava melada até à alma.

Era gelado derretido, era ranho, era creme solar, era areia, eram lágrimas, era baba, era a avó a reclamar, enquanto agarrava em toda aquela tralha para se irem embora.

Tinha-se acabado a tarde de praia.

Em direcção à estrada, ia e resmungava Eleutéria, atulhada de sacos, guarda-sol, caixa térmica, e um grande saco com tudo o que era brinquedo de praia da neta.

Eleutéria ainda não tinha tirado a touca da cabeça e era seguida por Glórinha, que ainda não tinha parado de chorar.

Atravessaram a estrada e Eleutéria estatelou toda a tralha no chão, despejando-se numa cadeira da mesa onde o marido estava sentado de esplanada."


domingo, 16 de fevereiro de 2025

CAFÉ COM LETRAS - TROCAR O PÉ POR UM PÉ DE BOI (I)



Publicado, originalmente, em Psicologia.pt a: 2019-04-21 

http://www.psicologia.pt/artigosher cronica.php?trocar-o-pe-por-um-pe-de­boi&codigo=CR0031

Paulo Passos 

Psicólogo clínico, Braga/Portugal

"Eleutéria era, também de corpo, um mau feitio.

Tinha uma linha que a seguia de cima a baixo, sem necessidade de cumprir quaisquer curvas, mas quando a medida era tirada de perfil, a linha contornante do seu corpo já exibia grandes lombas para a diante.


Tudo isto, adicionado ao seu tamanho, que não ia além de um metro e pouco, construía um panorama que implicava comentários com ou sem graça, consoante os gostos e as intencionais aventuras.

Agravava tudo com o carnaval que punha em cima de si.

Estava com um fato de banho de perna, amarelo e azul-claro às riscas horizontais.

Vários colares garridos saíam-lhe pelo pescoço, a contornarem o seu grande e sustentado par de mamas, terminando suspensos e a abanar por toda ela, que rivalizava com uma montra de bugiganga barata, com o produto todo amontoado.

Usava uma touca na cabeça, de borracha amarela com flores cor-de-rosa, que abanavam com os movimentos, por serem fixas apenas ao meio.

Na areia ou na água, nunca aquela touca saía.

Quando ia ao mar, a água não lhe subia mais que meia perna. Tinha medo e as ondas faziam-lhe cócegas provocantes.

Molhava-se, apenas no rescaldo da onda, baixando-se e salpicando o corpo com uma mão, enquanto se apoiava na neta Glória Micaela (indiscutivelmente chamada de Glórinha, tanto pela fragilidade do corpo, como pelo cariz nervoso e trémulo com que a criatura se apresentava), para se manter equilibrada.

As alças do fato de banho, muito vincadas nos ombros, pela cedência da camada gorda que lhe forrava o corpo, contrastavam com o vermelho vivo, já em ferida, da pele queimada do sol.

Independentemente da temperatura da água e das condições do mar, os gritos e gargalhadas eram intermináveis, durante todo o tempo que lá estivesse."


CAFÉ COM LETRAS - AS COBRAS


AS COBRAS

(Janiel Martins, RN/Brasil)

As cobras devem dizer assim (desculpa: devem pensar assim):
Ai que fome... vou caçar. Vou-me enfartar e depois vou dormir e dormir, até dar fome novamente.
É engraçado como as cobras conseguiram produzir veneno para se protegerem.
Elas devem pensar muito.
Estás a perguntar a eu?
Não. Estou pensando com o espírito de cobra.
Os pulmões fazem cosquinhas e eu gosto da leveza do pensamento.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

CAFÉ COM LETRAS - ÀS VEZES



ÀS VEZES

(Janiel Martins, RN/Brasil)


... sinto vontade de cair

num abismo

... seria bom

viver flutuando

... não sentir o peso

da terra.

domingo, 22 de dezembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O MUNDO LÁ DE BAIXO



Lá em baixo tem um mundo onde chovem pedras. 
Mas, de tantas que caíram, se acalmaram. 
É um mundo onde o pensamento pára. 
Dá um desengano pensar que as pedras não pensam. 
Dá uma dor no peito. 

 (... devo alimentar a imaginação de uma forma a não de pensar. Gosto de sentir a cosquinha da queda livre ...)

Lá em baixo tem monstros e paz. 
Quando cai uma pedra todos correm. 
E falam: uauu ...!!!


domingo, 3 de novembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Cada dia o ar está mais distante.

Ruth, tu achas que a comida que nós comemos, serve de alimento só para o nosso corpo e o ar serve de comida para a nossa imaginação?
Faz sentido, amigo. É igual a fazer um tijolo. Faz com o barro e a imaginação que desenha fará o jeito que vai ser...
Tenho pensado bastante nisso bastante, porque às vezes nós procuramos o ar. E para quer serve o ar? Só deve ser para alimentar a imaginação.
É verdade. E imaginação deve ser muito pequena e não deve conseguir comer um caroço de feijão.
A eletricidade é a imaginação do mundo que acumula dentro do nosso corpo, o vento o traz para nos alimentarmos dela.

No caso, Ruth, vou ter que fazer uma buraco em tu, para o vento entrar e tu se alimentar da imaginação, que no caso vai se transformar em eletricidade, que vai fazer tu pensar, e como tu vai deixar de fazer muitas coisas, tu não vai precisar de muito ar não, tenho que ver com algum matemático.

domingo, 27 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Pode falar o que tu queres mais?
Já que não vou tomar café, posso ir dormir e só acordar quando o sol for dormir, para ver o céu com aquelas cores de fogo que dá um medinho na pessoa. Se puder, eu quero acordar de madrugada para  ver as estrelas e as estrelas cadentes.
Ai Ruth, para tu não se abusar de fazer as mesmas coisas, tu vai pensado em coisas que pode melhorar o teu corpo. Só não vai pensar em se apiriquitar e pensar em perfumes, porque cada animal tem o seu cheiro próprio.
Mas amigo, nosso sovaco não é muito agradável, não.
É a nossa defesa. Gosta de nós, quem gosta realmente.
Deixa eu pensar só em desodorizante?
Não pode, Ruth porque tem água e pode causar um curto circuito no corpo, porque a energia vai está mais concentrada.
O que não fazemos para viver mais um tempo! Isto vai dar certo, amigo?
Tem tudo para dar certo. Temos que deixar de viver para a morte e viver para nós.
Isto não é egoísmo, amigo?
Tu estás insinuando que é bom que nos falte o ar?
Não amigo, mas não temos que abrir caminhos para as novas gerações?
Temos que ser a vida e dela usufruir.
A vida é cansativa, amigo?
É porque gastamos energia com pensamentos que desgastam o nosso cérebro. O ser humano levou a vida para os problemas e não sabemos viver a vida como os animais. Tu já imaginou, Ruth, como uma cobra é inteligente? Até veneno tem. E nós o que temos? um par de sovaco podre.
Devia ser usado para nos defender de algum bicho!
Será Ruth?
Veio na imaginação, assim sem querer.
Faz algum sentido.



sábado, 19 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)

 


RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth eu não quero que tu se vai embora não. Vou fazer veia para tu?
Como assim amigo?
Um plástico dura mais do que nós, então com o plástico podemos fazer as veias e colocar em nós.
Também sinto dor nos ossos?
Também vou fazer ossos para tu, ao invés das pessoas usarem para se apiriquitarem. Fazemos ossos e trocamos pelo de cinzas que temos.
E os olhos amigo, que quase não vejo mais nada?
Vou pegar duas câmaras de filmar e troco pelos teus olhos.
Tu acha que vai dar certo isso, amigo?
Se eu vir que não está dando muito certo, faço tudo de ferro e deixo só o teu juízo funcionando com uma câmara, para tu poder ver e fazer o que tu gosta.
Seria uma má ideia, não!
E tu ia querer fazer o que, Ruth? Para modo eu já ir pensado, só não pode querer comer porque vai ter muita eletricidade do teu corpo de ferro. Aí pode dar um choque e queimar o teu cérebro.
Vixe... assim é meio ruim!
É e não é, porque temos que ser rápidos porque dentro de algumas décadas vai morrer e eu tenho medo de queimar todo o meu pensamento.
Então eu vou querer dormir bastante, anote aí amigo.
Está bem, assim é bom que belo menos não gasta muita energia.
Vou acordar para ver o sol se acordando e ouvir os pássaros. E eu vou ter ouvidos, amigo?
Claro que sim, vai ser um microfone, que vai servir para tu escutar e as outras pessoas ouvirem o que tu pensa. 

domingo, 6 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)



RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth Pianista, eu vi na televisão que vão tirar todo o lixo na terra e vão levá-lo para a lua.
Como assim, amigo?
A terra tem lixo de mais e aí vão levá-lo para a lua, vão varrer a terra.
Daqui não tiram nada, aqui é a nossa casa.
Será que vão levar nós, para a lua, Ruth?
Não, eu vivo aqui, e aqui eu vou morrer.
Vai ser bom Ruth, vão fazer uma limpeza na terra.
E tu quer ficar sem casa?
Não Ruth, ninguém sabe que moramos aqui, quando isto começar, nós tapamos a nossa entrada e fazemos outra noutro lugar. Pode ser na serra da Cabreira, Ruth?
Não vejo problema, gosto da Cabreira, me faz sentir parte do universo, e não de um corpo que a cada dia está mais cansado. Hoje acordei sentido todas as veias do coração inchando. Me dá uma solidão saber que dentro de poucos anos irei partir! 
Oh dor... tu fazes-me entrar nesta solidão, que se chama a morte. Oh corpo, porque os ossos não são de platina, e a carne de ouro, e os olhos diamantes, e o cérebro uma esponja de aço?
Ruth e nós somos feito de quê?
De água, de lama, somos a receita do tempo, pensamos porque a matéria enferrujou e sentiu cosquinha (cócegas). A cosca foi obrigada a pensar e aqui estamos. Somos tão velhos como o tempo, o nosso corpo é lama moldada no tempo que o sol fez questão de ressecar na medida certa. Um dia paramos de crescer e começamos a murchar, tal como uma planta.

domingo, 22 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - LAPIDANDO-SE



LAPIDANDO-SE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sou cinzas húmidas
Me adaptei
Para satisfazer o pensamento

Carrego o passado
Humedecido

Oh... diamante
Tu me fazes inveja

domingo, 1 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)


ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dona Maria, saiu o prémio, da fábrica, para nós.

Foi mesmo?

Foi, e foi um prémio até bom.

Já sei que o jantar de Natal vai ser muito bom.

Vai sim, vai ter um passeio de helicóptero.

É mesmo.

É sim, mas seu António vai entrar com uma parte.


Será que NASA vai-nos responder ao email, seu António?

Claro que sim, este dinheiro vai fazer o bem à humanidade.

O que essas senhoras vão fazer com 200 milhões de euros!?!

É mesmo.


Comadre, já comprei o vestido e um salto para o jantar e o passeio de helicóptero.

Eu também, comadre.


Comadre, que helicóptero estranho, não tem a hélice.

É mesmo.

Mas o meu neto tem um drone que tem quatro hélices bem pequeninhas, deve ser do mesmo fabricante.

Comadre esse negócio treme demais.

É estranho.

Por favor, sente-se na cadeira e aperte o cinto no máximo.

Comadre, tem uma mulher falando

Sim tem mesmo, desculpa por não ter me apresentado eu sou a Alexandra, a sua assistente de bordo.

Ham...

Sim, eu sou Alexandra, irei te acompanhar nesta viajem a marte, que durará 2 anos, pois estamos no ponto mais distante.

E cadê o nosso jantar de Natal, Alexandra?

O vosso jantar está dentro desta gaveta.

Recomendo seguir as minhas orientações, pois só teremos esta comida.

Comprimido!?

Eu quero leitão e vinho verde.

Infelizmente, Dona Maria, não posso realizar o seu desejo, pois estamos em gravidade zero, a comida não seria digerida.

Comadre, olha lá para baixo.

Só tem escuridão e uns pontinhos de luz.


Alguma dúvida?

Quero voltar para casa.

Infelizmente não tenho autonomia para isso.

Alexandra, porque você nos trouxe para aqui?

Porque vocês ganharam o maior prémio da lotaria Europeia e, com isso, vocês iriam produzir muitos danos à natureza.

É verdade, já estava pensando em soltar aqueles peidos gostosos, quando o leitão começasse a digerir.

Os gases fazem muito mal para o meio ambiente.

Os gases ...



domingo, 25 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (V)

13 e 99 (V)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

Tu querias parar aqui na terra para sempre 66?
Acha que eu sou doido, 13?
Porquê, 66?
Com esse mundão todo eu ia ficar aqui para sempre? Nada disso, eu quero é concluir a minha sina aqui na terra e partir para conhecer o vale do mundo sem fim. Deve ter cada bicho bonito noutros lugares que a nossa mente nem é capaz de imaginar. Devemos sentir aquele medo do novo, do mistério, o prazer do medo de não tocar de vez. O nosso espírito vai ver cada cor que nem imaginamos enxergar, que o espirito tem um visão muito apurado 13. E quero ouvir o barulho que o mundo faz...
É o espírito também tem ouvidos?
Claro 13, nós entendemos o que os outros falam dos sonhos, é porque os espíritos nos escutam! Deve ser um ruído muito bonito, aquele som que você deve procurar de onde vem e ficar encantado com a distância. 

Quando eu me desligar do corpo eu vou passar um bocado de tempo na terra, para mim me orientar e depois vou para a lua, aí vou ficar de lar para a terra...

E se tu for todo queimado, pelas tuas maldades? Lembre se a criança que coloca a boca no peito, colocar a pontinha do dedo, já é queimada. E tu já mamou muito e fez outras coisas. Pára com isso 13.
Só avisei.
Depois vou descobrir outros lugares e sigo descobrindo a minha casa sem fim.
E tu vai levar quem com tu 66?
Nós não levamos ninguém.

Os outros espíritos entram nos nossos caminhos e saem quando cumprirem a sua sina.