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domingo, 3 de novembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Cada dia o ar está mais distante.

Ruth, tu achas que a comida que nós comemos, serve de alimento só para o nosso corpo e o ar serve de comida para a nossa imaginação?
Faz sentido, amigo. É igual a fazer um tijolo. Faz com o barro e a imaginação que desenha fará o jeito que vai ser...
Tenho pensado bastante nisso bastante, porque às vezes nós procuramos o ar. E para quer serve o ar? Só deve ser para alimentar a imaginação.
É verdade. E imaginação deve ser muito pequena e não deve conseguir comer um caroço de feijão.
A eletricidade é a imaginação do mundo que acumula dentro do nosso corpo, o vento o traz para nos alimentarmos dela.

No caso, Ruth, vou ter que fazer uma buraco em tu, para o vento entrar e tu se alimentar da imaginação, que no caso vai se transformar em eletricidade, que vai fazer tu pensar, e como tu vai deixar de fazer muitas coisas, tu não vai precisar de muito ar não, tenho que ver com algum matemático.

domingo, 27 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Pode falar o que tu queres mais?
Já que não vou tomar café, posso ir dormir e só acordar quando o sol for dormir, para ver o céu com aquelas cores de fogo que dá um medinho na pessoa. Se puder, eu quero acordar de madrugada para  ver as estrelas e as estrelas cadentes.
Ai Ruth, para tu não se abusar de fazer as mesmas coisas, tu vai pensado em coisas que pode melhorar o teu corpo. Só não vai pensar em se apiriquitar e pensar em perfumes, porque cada animal tem o seu cheiro próprio.
Mas amigo, nosso sovaco não é muito agradável, não.
É a nossa defesa. Gosta de nós, quem gosta realmente.
Deixa eu pensar só em desodorizante?
Não pode, Ruth porque tem água e pode causar um curto circuito no corpo, porque a energia vai está mais concentrada.
O que não fazemos para viver mais um tempo! Isto vai dar certo, amigo?
Tem tudo para dar certo. Temos que deixar de viver para a morte e viver para nós.
Isto não é egoísmo, amigo?
Tu estás insinuando que é bom que nos falte o ar?
Não amigo, mas não temos que abrir caminhos para as novas gerações?
Temos que ser a vida e dela usufruir.
A vida é cansativa, amigo?
É porque gastamos energia com pensamentos que desgastam o nosso cérebro. O ser humano levou a vida para os problemas e não sabemos viver a vida como os animais. Tu já imaginou, Ruth, como uma cobra é inteligente? Até veneno tem. E nós o que temos? um par de sovaco podre.
Devia ser usado para nos defender de algum bicho!
Será Ruth?
Veio na imaginação, assim sem querer.
Faz algum sentido.



sábado, 19 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)

 


RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth eu não quero que tu se vai embora não. Vou fazer veia para tu?
Como assim amigo?
Um plástico dura mais do que nós, então com o plástico podemos fazer as veias e colocar em nós.
Também sinto dor nos ossos?
Também vou fazer ossos para tu, ao invés das pessoas usarem para se apiriquitarem. Fazemos ossos e trocamos pelo de cinzas que temos.
E os olhos amigo, que quase não vejo mais nada?
Vou pegar duas câmaras de filmar e troco pelos teus olhos.
Tu acha que vai dar certo isso, amigo?
Se eu vir que não está dando muito certo, faço tudo de ferro e deixo só o teu juízo funcionando com uma câmara, para tu poder ver e fazer o que tu gosta.
Seria uma má ideia, não!
E tu ia querer fazer o que, Ruth? Para modo eu já ir pensado, só não pode querer comer porque vai ter muita eletricidade do teu corpo de ferro. Aí pode dar um choque e queimar o teu cérebro.
Vixe... assim é meio ruim!
É e não é, porque temos que ser rápidos porque dentro de algumas décadas vai morrer e eu tenho medo de queimar todo o meu pensamento.
Então eu vou querer dormir bastante, anote aí amigo.
Está bem, assim é bom que belo menos não gasta muita energia.
Vou acordar para ver o sol se acordando e ouvir os pássaros. E eu vou ter ouvidos, amigo?
Claro que sim, vai ser um microfone, que vai servir para tu escutar e as outras pessoas ouvirem o que tu pensa. 

domingo, 6 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)



RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth Pianista, eu vi na televisão que vão tirar todo o lixo na terra e vão levá-lo para a lua.
Como assim, amigo?
A terra tem lixo de mais e aí vão levá-lo para a lua, vão varrer a terra.
Daqui não tiram nada, aqui é a nossa casa.
Será que vão levar nós, para a lua, Ruth?
Não, eu vivo aqui, e aqui eu vou morrer.
Vai ser bom Ruth, vão fazer uma limpeza na terra.
E tu quer ficar sem casa?
Não Ruth, ninguém sabe que moramos aqui, quando isto começar, nós tapamos a nossa entrada e fazemos outra noutro lugar. Pode ser na serra da Cabreira, Ruth?
Não vejo problema, gosto da Cabreira, me faz sentir parte do universo, e não de um corpo que a cada dia está mais cansado. Hoje acordei sentido todas as veias do coração inchando. Me dá uma solidão saber que dentro de poucos anos irei partir! 
Oh dor... tu fazes-me entrar nesta solidão, que se chama a morte. Oh corpo, porque os ossos não são de platina, e a carne de ouro, e os olhos diamantes, e o cérebro uma esponja de aço?
Ruth e nós somos feito de quê?
De água, de lama, somos a receita do tempo, pensamos porque a matéria enferrujou e sentiu cosquinha (cócegas). A cosca foi obrigada a pensar e aqui estamos. Somos tão velhos como o tempo, o nosso corpo é lama moldada no tempo que o sol fez questão de ressecar na medida certa. Um dia paramos de crescer e começamos a murchar, tal como uma planta.

domingo, 22 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - LAPIDANDO-SE



LAPIDANDO-SE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sou cinzas húmidas
Me adaptei
Para satisfazer o pensamento

Carrego o passado
Humedecido

Oh... diamante
Tu me fazes inveja

domingo, 1 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)


ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dona Maria, saiu o prémio, da fábrica, para nós.

Foi mesmo?

Foi, e foi um prémio até bom.

Já sei que o jantar de Natal vai ser muito bom.

Vai sim, vai ter um passeio de helicóptero.

É mesmo.

É sim, mas seu António vai entrar com uma parte.


Será que NASA vai-nos responder ao email, seu António?

Claro que sim, este dinheiro vai fazer o bem à humanidade.

O que essas senhoras vão fazer com 200 milhões de euros!?!

É mesmo.


Comadre, já comprei o vestido e um salto para o jantar e o passeio de helicóptero.

Eu também, comadre.


Comadre, que helicóptero estranho, não tem a hélice.

É mesmo.

Mas o meu neto tem um drone que tem quatro hélices bem pequeninhas, deve ser do mesmo fabricante.

Comadre esse negócio treme demais.

É estranho.

Por favor, sente-se na cadeira e aperte o cinto no máximo.

Comadre, tem uma mulher falando

Sim tem mesmo, desculpa por não ter me apresentado eu sou a Alexandra, a sua assistente de bordo.

Ham...

Sim, eu sou Alexandra, irei te acompanhar nesta viajem a marte, que durará 2 anos, pois estamos no ponto mais distante.

E cadê o nosso jantar de Natal, Alexandra?

O vosso jantar está dentro desta gaveta.

Recomendo seguir as minhas orientações, pois só teremos esta comida.

Comprimido!?

Eu quero leitão e vinho verde.

Infelizmente, Dona Maria, não posso realizar o seu desejo, pois estamos em gravidade zero, a comida não seria digerida.

Comadre, olha lá para baixo.

Só tem escuridão e uns pontinhos de luz.


Alguma dúvida?

Quero voltar para casa.

Infelizmente não tenho autonomia para isso.

Alexandra, porque você nos trouxe para aqui?

Porque vocês ganharam o maior prémio da lotaria Europeia e, com isso, vocês iriam produzir muitos danos à natureza.

É verdade, já estava pensando em soltar aqueles peidos gostosos, quando o leitão começasse a digerir.

Os gases fazem muito mal para o meio ambiente.

Os gases ...



domingo, 25 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (V)

13 e 99 (V)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

Tu querias parar aqui na terra para sempre 66?
Acha que eu sou doido, 13?
Porquê, 66?
Com esse mundão todo eu ia ficar aqui para sempre? Nada disso, eu quero é concluir a minha sina aqui na terra e partir para conhecer o vale do mundo sem fim. Deve ter cada bicho bonito noutros lugares que a nossa mente nem é capaz de imaginar. Devemos sentir aquele medo do novo, do mistério, o prazer do medo de não tocar de vez. O nosso espírito vai ver cada cor que nem imaginamos enxergar, que o espirito tem um visão muito apurado 13. E quero ouvir o barulho que o mundo faz...
É o espírito também tem ouvidos?
Claro 13, nós entendemos o que os outros falam dos sonhos, é porque os espíritos nos escutam! Deve ser um ruído muito bonito, aquele som que você deve procurar de onde vem e ficar encantado com a distância. 

Quando eu me desligar do corpo eu vou passar um bocado de tempo na terra, para mim me orientar e depois vou para a lua, aí vou ficar de lar para a terra...

E se tu for todo queimado, pelas tuas maldades? Lembre se a criança que coloca a boca no peito, colocar a pontinha do dedo, já é queimada. E tu já mamou muito e fez outras coisas. Pára com isso 13.
Só avisei.
Depois vou descobrir outros lugares e sigo descobrindo a minha casa sem fim.
E tu vai levar quem com tu 66?
Nós não levamos ninguém.

Os outros espíritos entram nos nossos caminhos e saem quando cumprirem a sua sina.

domingo, 18 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (IV)

13 e 99 (IV)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


66, e como foi feito o mundo?
O mundo era todo escuro, da cor de tirna de fogão a lenha, mas bem mais escuro ainda.
Aí, nessa escuridão, começaram a criarem-se uns fiozinhos bem fininhos mesmo.
Então, esses fios começaram a pensar, porque um começou a bater no outro, oi, oi. 
Aí, nessas batidas, começaram a pensar, só que nem eles sabiam o que estavam pensado.
Só que eles estavam pensado, porque um batia no outro.
Um dia esses fios de tanto pensaram explodiram e pegou fogo no mundo inteiro.
Aí, daí as cinzas formaram pedras e as pedras foram-se desgastando e formaram a terra e os outros cantos do mundo, que o mundo não tem nem início e nem fim.
E a vida, 66?
Calma 13, que eu vou falar.
Aí, se formou tudo: a lua, o sol, que é uma tocha de fogo tão grande que nós não temos noção do tamanho. Nós só temos noção abaixo da nossa altura e o pensamento é que sabe do resto.
Aí, 13 tudo estava pronto.
O pensamento continuava vivo...
E não morreu na explosão?
Nada disso, o pensamento não morre, cada vez cresce mais e o melhor de tudo é que eles começaram a enxergar, por causa do sol e das estrelas que se formaram.
Aí uns pensamentos se transformaram em árvores e outros se transformaram em bichos e nós somos parte de um pensamento desses.
Mas não sabemos onde vamos parar.

domingo, 11 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (III)

13 e 99 (III)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pois é 13, o pensamento é uma tochinha de fogo bem pequeninha que vê tudo e constrói tudo.
O nosso pensamento anda na nossa frente 13. 
Às vezes a pessoa está dormindo, aí acorda com aquele sopapo. É o espírito nosso que está bem longe, bem longe mesmo e precisa de voltar às pressas, por isso que dar aquele sopapo.
É verdade 66, eu já tive isso. Dá um medo daqueles.
Era o teu espirito que estava em risco e teve que voltar às presas.
E digo mais: tu não te podes aproximar muito da luz das estrelas, não. O espirito pode desaparecer dentro das estrelas.
As estrelas devem ser as cadeias dos espíritos ruins, 66.
É verdade 13. Ou pode ser a cama dos espíritos.
66, no outro mundo é um mistério tão grande que os espíritos esquecem que viveram na terra.
Deve ser bom demais 13, para eles não quererem voltar!
Pois é 66, mais tem um porém. Todo o mal que fizemos aqui, vai ser descontado la. Dizem que se uma criança veio à terra e mamou um vez e morreu, ela vai ter a pontinha do dedo queimada, e segue as suas andanças pelo o outro mundo, imagina nós adultos, 13!
Mas o pecado maior é magoarmos as outras pessoas. A igreja inventou todo tipo de pecado e continua a pecar 66.
13, nós também vamos ganhar uma tocha de fogo para ser a nossa companhia no outro mundo, porque lá tem trevas tão tão grandes, que ninguém sabe quantos anos vamos viver dentro dela. Quanto mais honesto você for aqui na terra, maior vai ser a tocha de fogo.
Nós vamos conhecer pessoas que vão querer a nossa tocha de fogo, mas nós não vamos poder dar, porque as tentações vão querer-nos ver desesperados. Assim como aqui na terra, tem a maldade no outro mundo. "Mundo" não, no outro plano, porque a vida é a mesma, só muda que não vamos ter o corpo.

domingo, 4 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (II)

13 e 99 (II)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

13, tu sabes porque as pessoas não sonham noutros planeta?
Não, 66!´
É porque, se as pessoas sonhassem noutros planetas, elas não sabiam voltar para casa, porque é muito longe. Nós não temos a noção de tamanho, só imaginamos, mas quando morrermos, o universo vai ser a nossa casa.
Como assim, 66?
13, o nosso pensamento é um tochinha de fogo, bem bem miudinha, mas bem miudinha mesmo, que nem os olhos conseguem ver. 
Quando nós morrermos essa tochinha de fogo se desliga do nosso corpo e vai embora para onde nós sonhamos ir. E lá já está tudo o que desejamos. Quando nós dormimos estamos lá contruindo a nossa casa. Claro que, às vezes, estamos passeando também.
É verdade 66?
É sim 13. 
Tu precisas de olhos para ver?
Preciso, 66.
Mas 13 e tu sonha como?
Dormindo.
E estás como, 13?
Deitado.
Mas com os olhos como?
Fechados.
E tu precisaste dos olhos para ver?
Não, 66.

domingo, 28 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (I)

13 e 99 (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Bom dia 99.
Bom dia 13.
Sabias que tu estás de cabeça para baixo, 99?
Não, 13. Não sabia.
Pois estás. Na verdade és 66.
É bom saber. Só assim volto para casa, pois estou ardente, perdido.

Ir é muito fácil, o caminho que arde é o da volta.
E tu treze, estás bem?
Estou sim, apesar de me julgarem com azarado.
Mais não tenho nada disto. Pelo menos sou eu mesmo.
Às vezes penso que pessoas andam muito a frente.
É verdade. Mas será que andam, mesmo?
Pois é 66, os sentimentos andam muito à nossa frente.
Por isso é que há muita gente perdida no mundo.
É da ambição ...

domingo, 21 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - GRAMA DO SERTÃO


GRAMA DO SERTÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Seu Severino, o que aconteceu no dia de ontem?
Eu, como de costume, fui até o bar de seu Geraldo tomar uma, que eu gosto, para tirar o amargo da vida. Quando acordei já estava aqui.
Quer dizer que o senhor não lembra do restante da história?
Não. Lembro não.
A sua jumenta comeu toda a grama da praçinha da Tapuia.
Quem manda plantar capim em praça pública? Nem um mato verde tem cá na terra!
Não tiro sua razão. 
Mas o povo é que chamou, comentando que a sua jumenta estragou o património público.
Estou lascado... a minha jumenta me colocou numa emboscada.

domingo, 7 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - SENÃO ACORDAIS


SENÃO ACORDAIS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Estou com medo.

...

Estou com saudades.

Saudades do vento da serra e da paz.

Saudades do cheiro de casa.

Tantas saudades do cheiro da casa.

...

Algumas tempestades me afligem. 

Gosto do medo. Faz-me pensar mais e leva-me a procurar casa. 

Admiro as casas das pessoas.

Fumarolo, tu tens casa?

Eu lá quero saber, disto (?).

Fixe, como tu sois bravo.

Continua, senão acordais.

...

Cada uma tem um cheiro, uma identificação.

 Uauuu.


domingo, 30 de junho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ANOITECE


ANOITECE

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Anoitece em Porto Santo.

O céu já está estrelado e o mar não dorme.

As estrelas estão distantes.

Hoje não procuro a distância alheia.


Quem? 

Um pedaço de carne que evoluiu e insiste em viver.

O alheio não nos pertence.

O que nos pertence?

A fome é feia mas tem impulso.


Às vezes me sinto triste por estar em silêncio.  

O silêncio é uma arma perigosa.

Teremos que nos caçar para viver?



domingo, 23 de junho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - METADE HOMEM, METADE MULHER



METADE HOMEM, METADE MULHER

(Janiel Martins RN/Brasil)


Somos tanto homem e tanto mulher. Será?

Tais pensado, doida?


Gosto de quebrar o pescoço. 

E encontrar uma corrente de ar.


A vida é alheia.

Como é chato abrir cadeados.


Gosto muito do vento e do Amigo.

Queria conhecer a Amazônia e ver uma onça (o gato brabo).

É brabo ou bravo?

Eu lá sei doida! são sanguinários

 Oh peste... sortudo é o homem que tem dois corações.


Os tontos os prendem. Fico puto.

Eu gosto de falar com os gatos. Quando os vejo na rua e os cachorros nos cheiram, eu queria cheirar também. É bonito toda a vida. 

Só podemos ir pra muito longe.

Ta bom, doida.


O ar é o meu ninho.

Fui muito ingénuo em construir o meu ninho.

Eu gosto do ar puro.

Faz-me forte.

Oh ar...

Oh Amazônia... 

E tu, Fumarolo dos Açores? Ou do ar... ou dos dois?

Tu preferes morrer de fome ou de fome, mas feliz, doida?


domingo, 9 de junho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ANTES DO SOM


ANTES DO SOM

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Vou voar para o quanto e para o onde o silêncio se faz escutar.

O meu cérebro estrela com estrelinhas.

Tu, que fizeste o pensamento!

Diz...

A vida não é um vazio?


Lá vens tu, doida, com os teus pensamentos!

É um desejo do tempo.


Quem sou eu? 

Uma bactéria querendo viver eternamente. 

O coração chora quando respondo, friamente, que vou morrer.

Dá um desgosto!!! 

Oh, velho mundo, vou ficar com saudades.


Pois é, a tristeza vem de não sermos eternos e do que não vivemos.

Por isto eu digo que a dor tu não é minha. 


Vamos estudar o corpo, Francivaldo?

Eu lá sei estudar, doida.

Não precisa ir pra escola, doido.

É assim: boca foi feita pra comer. 

Quer dizer que antes de sermos gente as coisas já pensavam? 

A boca é mais antiga que os ouvidos, o nariz, os olhos e quanto ao pensamento? 

Como... a pensar se não tinha corpo nenhum?


Então gritou: eu preciso de ver o mundo!

Como gritou se não tinha boca?

Foi mesmo, acho que nasceu primeiro o ouvido, e ficou incomodada com o barulho e gritou.

Pensou: que diabo de barulho é este, deixa eu ver e nasceram os olhos.


Eu acho engraçado as palavras, quando o boi que namorar ele entorta a cabeça.

Ajeita esse pescoço.

E eu sou lá alguma vaca?

 

domingo, 26 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (III)

 

MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (III)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

(Calixto era um homem recém casado. Vinha do estado da Paraíba, com a sua tropa, pois o mesmo teve problemas com o coronel Azevedo, no qual atirou no filho do coronel, numa festa de padroeiro. Seu pai,  António Calixto, um politico, mandou-o embora com alguns dos seus homens e animais, para recomeçar a vida longe dos problemas.)

Vamos assistir aos Tapuias a trabalhar e vamos tomar aquela velha cachaça em comemoração a descoberta da pedra que da água.

Cândida vá para dentro de casa, se é que isto se pode chamar de casa. 
Quero todo mundo trabalhando.
Amanhã mesmo vamos começar a construir uma casa de verdade.
Vocês dois vão à Paraíba avisar a papai que também sou dono de terra fartas e ricas.
Fale para ele que se chama Pedra d'água.

Alguns anos depois...

Todo mundo já tem seus ranchos e seus documentos.
Já mandamos tudo para o governo, lá na cidade grande, agora vamos procurar quem está vivendo na mata, para podemos lucrar alguma coisa com esse povo.
O governo desmancha um rancho para contruir outro de tijolo. Não sei qual é a diferença, mas o importante é o lucro.
Vamos subir a serra, meus homens, amanhã.

Que serra bonita, deve haver algum índio perdido aqui!
Quem vai se perder somos nós senhor Calixto!
Homem, larga de ser frouxo, que hoje nós havemos de pegar uma dúzia.
Vamos para aquele lado, que os cachorros tão seguindo algum rasto!

Pega a caboca... Marvi, essa mulher linda.
O senhor Calixto está apaixonado.
Ela está com uma cria!
Lá sou homem de me apaixonar, apenas gosto do difícil.

Os cavalos seguem-na pela serra, entre os cactos, as pedras e a jurema. Os cachorros ladram desesperadamente.
De repente tudo pára.
A índia lança a sua cria sobre um lajedo, matando-o e, em seguida, faz o mesmo.

Valente índia da Serra da Tapuia.
Lajedo do Leon, refletiu Calixto...


domingo, 19 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (II)

 

MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (II)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

O sol raiou trazendo uns vinte homens todos em cavalos, bem armados com grandes faca e armas, e cachorros que atormentava mais ainda a tribo Tapuia.
Uma voz grossa os cumprimenta.

Vejo que tenho companhia nesta terra, 
Todos os cavaleiros riram imenso.
A tribo aproxima.

Eu me chamo Jerónimo Calixto, mas podem me chamar de Senhor Calixto.
Cerquem a tribo, meus homens, e vocês dois vão pegar as mulher e as menina, que fomos bem recebidos nesta terra, que atá as pedras brotas água.

E você quem é?
Todos me chamam de Pai Veio.
Ah, quer dizer que você é o dono de todos.
Ninguém é dono de ninguém.
Era no passado.
Agora no presente você e todo mundo é meu trabalhador. 
Vocês só me obedecem. 
Mostrem para eles o que é chumbo.

Nós estamos aqui por causa da mãe da água.
E o que danado é a mãe da água?
É a pedra que nos dá água.
E desde de quando é que pedra da água! kkkkk
Quero todo mundo enfileirado, que Severino vai fazer a contagem, e aviso se algum de vocês tentaram fugir vai levar chumbo no rabo.

Calixto grita, e você quem é? 
Essa parece que é muda.
Quem é você (já com um chicote nas mão)?
Marvi.
Tu vai cuidar de limpar aquele rancho porque eu e minha esposa vamos ficar nele, até vocês construírem a minha casa, onde vocês vão me servir e trabalhar.
Cândida, essa é a tua serva,.
Tudo que ela pedir, Marvi, tu vai fazer sem pensar duas vezes.
Marvi foge.
Houve um tiroteio
O que estão esperando?
Vão atrás da cabocla. 


domingo, 12 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)


MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pega o preá, pega o preá caboclo, ele tá fugindo.
Oh caboclo veio desorientado, gritou Marvi já com o roedor nas mãos.
A noite vai ser fria estou sentido cheiro estranho nas redondezas.
Nada, Marvi.
Tem gente na mata além de nós, os animais estão se comportando de outra forma, e tu perdeu para mim caboclo?
Nada.
Fica de olho na tribo esta noite, que eu vou subir a pedra grande.

De repente Marvi chega.

Caboclo eu estava lá em cima, na pedra grande, observando o mato e o mundo.
Eu vi uma fogueira bem em frente no rancho no caboco Tupalá.
Eu vou lá.
Eu quero ir com você, Marvi.
Não, você vai acordar os homens e defender a tribo com eles e eu vou ver quem tá nos rodeando.

Viste algo Marvi?
Vi um bocado de homem.
Tavam dormindo e tinha dois acordado vigiando-os.
Tem um bocado de homem na mata, caboclo, eles vão nos pegar! 
Nós não podemos mais ficar aqui, eles tem cavalos, cachorros e armas, vão tudo fazer para satisfazer as vontades deles.
Eles estão no riacho do Baixio e lá não tem água.
Eles vão encontrar nós, aqui na pedra, que dá água.
Marvi, nós vamos para onde?
Este é o único lugar que tem água.
Não podemos sair daqui, aqui é onde o criador nós colocou.
Vamos ficar por aqui e vamos ver o que acontece e defender o nosso sangue. 
Vamos lá tomar satisfação com eles.
Não.
Eles são ruim.

É verdade Marvi, mas nós estamos num caminho sem saída, e eles vão encontra o olho d'água.
Quem nos trouxe aqui foi a grandeza da pedra d'água, e a mesma vai trazer esses homens.

Vamos mandar os mais velhos para a casa de pedra da Jurema preta e os novos ficam aqui.
Vamos sim. 

O sol está se pondo.
Três homens em cavalos aproximam-se da pedra que jorra água.
Assustam-se ao ver a tribo dos Tapuias e desaparecem.
Os Tapuias não têm o que fazer, a não ser esperar pela turbulência.

domingo, 5 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - GERÊS NO VELHO CONTINENTE


GERÊS NO VELHO CONTINENTE

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Estamos vivos?

Doida.


O Gerês está vivo.

Um dia decidi subir uma montanha, um caminho melhor, pensando que era estranho, o mais estranho de tudo, o estranho...!

Estranho, o Gerês não é.


É mesmo doida!

Um dia, na terceira série, uma professora falou que o meu texto, estava estranho, porque repetia muitas palavras, um texto que a mesma pediu para a turma fazer.

Estranho, achei aquele gesto dela, em falar que o texto de uma criança estava estranho.

Saí com os olhos cheios de lágrimas. 


O Gerês não é estranho.

O Gerês é estranho? 

Não é.

É um estranho que sabemos que não é estranho, mas que faz cosquinha no cérebro.