sábado, 13 de agosto de 2016

CAFÉ COM LETRAS - PREDICADO DO POETA

Antônio Baltazar Gonçalves (fonte da imagem)
Predicado do poeta ... predica Antônio Baltazar Gonçalves (SP / Brasil) 

... predica versando, narrando, contando, sentindo, pensando e dizendo ...

... predicar sonhando ... é predicado de poeta ...!!! 

Antônio Baltazar Gonçalves (fonte da imagem)
"Os poetas comparam os seus amores às flores, a monstros e abismos comparam às dores de suas perdas. Eles também vêm beleza onde não há o que alegre os outros e podem ver o amor surgir mesmo na maior sequidão, no abandono, na partida, no choro, na demolição e até nos novos planos de um arquiteto diante de sua construção. Em geral, os poetas comparam tudo a tudo para dizer o que toda gente fala sem rodeio:
O AMOR É LINDO, EU AMO VOCÊ
Os poetas são fechados para o mundo que vai além deles, são fechados para a certeza, para a verdade. E inventam saídas para o crustáceo em que se tornaram, para o autismo-lugar onde vivem no longe além daquela janela. Para expressar o que sentem e exprimir o que vêm, comparam... Comparam para revelar, para descobrir e possuir. Para entender e sentir, os poetas compararam. Enamorados, os poetas dizem coisas estranhas porque não conseguem simplesmente dizer:
O AMOR É LINDO, EU AMO VOCÊ
No entanto, como flores do deserto, orquídeas e arrecifes, o verdadeiro amor do poeta (que são os poemas que escreve) aponta como estrela em noite escura, floresce planta no jardim ou em vaso dentro de casa, acumula camadas de cálcio e forma corais coloridos nas beiras de um mar inventado. Os outros dizem, por toda banda as pessoas dizem de uma orquídea que é “exemplar único” quando elas estão como a areia da praia espalhadas pelo mundo, pelo mundo que são os mundos de todos os tamanhos. Tem orquídea do tamanho da lua, tem orquídea menor que a unha. Há milhares de orquídeas reunidas em estufa e à venda em galerias mas estas são poemas comuns, sem perfume, não traduzem o que toda gente quer ouvir:
O AMOR É LINDO, EU AMO VOCÊ
O poema que se quer ouvir abre-se flor do deserto, colorido no alto da montanha ou no tronco retorcido de uma árvore do cerrado. Numa restinga afastada, numa rifaina desconhecida. No mundo triste, o poema é luz debaixo de um cipreste e se abre mesmo é no silêncio para os olhos de quem passa. O poema é o sal da terra no pensamento, como se da boca que se quer beijar ouvisse dizer:
O AMOR É LINDO, EU AMO VOCÊ
Toda gente sabe que orquídea-pensamento existe, mas é rara como flor no deserto. Nos Pirinéus acontece de abrir a pudica orquídea Pensamento-meu - sempre distante: desabrocha convidando no capricho de ocultar-se de mim sorrindo. Orquídea é flor que sabe guardar em si dúvidas macias já os arrecifes da praia, não. Eles abraçam as ondas com uma certeza bruta, a certeza cega da pedra submersa no tempo da solidão. As orquídeas da Tailândia são as mais exóticas porque tudo que é exótico vem do Oriente. O Oriente está na soleira da minha porta mas a minha casa está à beira do Ocidente. Não sou poeta, mas na minha casa a flor do deserto, as orquídeas e os arrecifes transfiguram seu perfume porque EU AMO VOCÊ.
Mas veja, que sorte a minha! Ali outra flor decora outro poema. Alheia de mim, alheio de mim: acomodam meus sentidos tanto a flor quanto o poema - pétalas de carne e osso. O Belo é assim, assalta o espírito. A leveza do amor faz vibrar o corpo e estampa sorriso de alegria, é a prova de um feliz encontro."
Antônio Baltazar Gonçalves (fonte da imagem)
Sendo poema tem refrão sentido ... dito e impregnado por todos os amantes ... 
tal como ... no predicar de Fernando Pessoa ...

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
(...)"

Fonte da imagem: internet
Ridicularizemos, em nós, assim ... 
... muitão ridículos ... 
... amantes ... 
... de verbo e de corpo ...!!!

 
Janiel Martins

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

ABÓBORA RECHEADA


Ingredientes:

- 1 abóbora 
- 400 gramas de lulas
- 2 cenouras
- Tomate
- Quiabos
- 4 dentes de alho
- 1 cebola
- 0,5 pimento (pimentão)
- 1 chávena (xícara) de polpa de tomate
- Sal e pimenta a gosto


Modo de preparação:


Corte as lulas em rodelas, pique o alho e a cebola, rale as cenouras e corte os pimentos em tiras.
Leve uma panela ao lume alto, com um fio de azeite.


Deixe aquecer e adicione as lulas, o alho e a cebola.
 Cozinha até evaporar os líquidos.
 Adicione a cenoura, o pimento, quiabos, 
a poupa de tomate, os tomates e deixe cozer um pouco.


 Ajuste de sal e pimenta.
 Desligue.


Corte a abóbora (do Paulo e da Fernanda) ao meio e limpe-a com auxílio de uma colher, escavando para retirar as sementes. 


Tempere com azeite e sal, recheie-a, envolva as duas partes em papel alumínio.
 Vai, num tabuleiro, ao forno já aquecido a 180 graus, por cerca de 30 minutos.

Recomenda-se ... 
... enviando um carinhoso beijo para ...


... estes molequinhos ... o Paulo e a Fernanda (tão derretidinho o olhar dele para o seu sol ...!!!)

... objectivamente ... os timoneiro do bote 

... de nome ... Expansiva Abóbora dos Mares ...!!!


Dê-lhe ... com melão chuveirado com sumo de limão ...

Fonte das imagens: Janiel Martins





quinta-feira, 11 de agosto de 2016

CAFÉ COM LETRAS - (CON)VERSADO

CON ...VERSO

Antônio Baltazar Gonçalves (Fonte da imagem)
INTRADUZÍVEL METAL INTRATÁVEL
(Antônio Baltazar Gonçalves - SP / Brasil)

Ali estão os homens,
pisam areia
o cristal braseiro
cobre vastidões descrentes,
sabem seu destino:
na terra peregrinam
insepultos no desterro,
filhos dos sem-poesia.

Caminham buscando
as nascentes água potável,
segurança e conforto
mas também o intraduzível,
o metal intratável da arte
que na brevíssima passagem
algum alento acrescente.

Antônio Baltazar Gonçalves (Fonte da imagem)
Desenho de Jorge Sá
Con ... versando ... RN ... SP ... Brasilis ...
... itinerários ... aliançados ... quaisquer...!!!


SINCRONIZAREM
(Janiel Martins - RN / Brasil)

 Saber a versos
com cheiro de estrofes 
com sustento de poesia
 (con)versado na ode ao desejo
à sintonia
conversado porque sim.

Distanciada de quilometragem 
e tão perto por querer 
monologada quase
 sentida, falada
em sussurros de desejo
em ausências.

Sujeitos 
desmaterializados
 imaginados 
entesoados são
aspirantes a amantes 
sendo-o.


VIRTUAL MATERIALIZADO
(Janiel Martins - RN / Brasil)

Desvirtualizar 
o virtual 
materializar as sintonias 
materializar os desejos
no preciso 
onde for preciso 
como for preciso
em precisão
que seja em maior
em maioridade
enamorado por plurais
os dos desejos
dos prazeres
dos sonhos
os teus e os meus
unificados em meios
teu meio rosto
meio rosto meu.
_____________________

Janiel Martins










quarta-feira, 10 de agosto de 2016

MOUSSE DE CAPUCHO


Ingredientes:

- 1 malga de capuchos
- 1 gelatina 
- 1 lata de leite condensado
- Raspa de 1 limão
- Hortelã (a gosto)
- 0,5 malagueta pequena (opcional)


Modo de preparação:

No jarro do liquidificador misture o leite condensado, a gelatina 
previamente preparada, os capuchos, a raspa do limão, a hortelã e, opcionalmente,
metade de uma malagueta.

Deixe que o equipamento labore porque de seu dever ...
... enquanto escolhe a tigela onde quer que o produto 
seja mergulhado e ... frigorífico com ele ...!!!


Só esperar que o frio e o tempo funcionem e cooperem ...!!!

Edição: Janiel Martins

terça-feira, 9 de agosto de 2016

SOPA DE BETERRABA


Ingredientes:

- Beterraba
- Cenoura
- Batata
- Cebola


- Alho
- Ovos
- Hortelã
- Azeite
- Louro
- Sal


Modo de preparação:

Numa panela com azeite, refogue a cebola picada e os dentes de alho, igualmente picados.
Misture as batatas, cenouras e beterraba, tudo cortado aos pedaços.
Apure o sal, misture o louro e deixe cozer.


Após esfriar um pouco, descarte as folhas de louro e passe todo o preparado,
até atingir a uniforme a sedosa consistência de um creme.


Entretanto, os ovos foram cozidos, num recipiente à parte.
Deixe arrefecer, descasque-os e pique-os juntamente com a hortelã.


Depois de servida a sopa, individualmente, polvilhe com
uma chuvada de ovo cozido e hortelã.


Entretenha-se como entender ... entranhando o prazer e o 
vigor que o pujante vermelho lhe incute ... na esfera da vitalização ...!!!

Fonte das imagens: Janiel Martins 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

CREME DE ABÓBORA


Ingredientes:

1 kg de abóbora
500 gramas peito de frango
1 cebola grande
6 dentes de alho
1 pimento (pimentão)
1/2 pimenta malagueta
1 caldo de frango
Folhas de louro
1 creme de leite (natas)
3 colheres de sopa de farinha de trigo
0,5 chávena (xícara) de leite
Sal a gosto


Modo de preparação:

Numa panela de pressão coloque o frango, cortado aos pedaços grandes, a abóbora sem sementes e cortada aos pedaços grande, o alho e a cebola cortados grosseiramente, o pimento limpo sem as sementes e a parte branca, a pimenta malagueta sem sementes, o caldo de frango e as folhas de louro, cobrindo com água e tape a panela.


Leve ao lume alto e, após pegar a pressão, deixe cozer em lume médio por 30 minutos. 
Após esfriar, retire o frango, as folhas de louro e reserve.
Bata o cozido no liquidificador.
Leve ao lume novamente.


Desfie o frango e misture-o ao molho.
Confira o sal.
Deixe levantar fervura, em lume baixo.
Pegue a farinha de trigo, misture com o leite e dilua-a bem.
Adicione no caldo até ganhar a consistência desejada, mexendo continuamente.


Coza por mais 5 minutos, em lume baixo.
Desligue e junte o creme de leite (natas).


Deixe-se levar por um desenho experimental onde cooperam tostas, queijo e o azendinho dos capuchos ... juntamente com uma colher do creme de abóbora ... boa viagem ...!!!

Fonte das imagens: Janiel Martins

domingo, 7 de agosto de 2016

SUSTENTO DA ALMA - SIM ... É UM HOMEM ...!!!

ISTO É UM FERRARI DE CARGA

Fonte da imagem: internet
"O Ganir da Velhacaria" é um texto de leitura preciosa, 
aplicável a TANTOS lugares no mundo,
 explicável de TANTOS meandros e denunciador de TANTA 
vagabundagem e bandidagem.



ISTO É UMA MORADIA DE LUXO COM JARDIM


Sim ... ele é um Homem ... indubitavelmente um Homem,
com tudo no devido lugar ... Paulo Passos (psicólogo, Braga / Portugal) ...
... com mais um texto de leitura obrigatória, por tão consciente e
honesta forma de olhar, de versar ... de guerrear. 



ISTO É UMA LUXUOSA CASA DE PRAIA



ISTO É UM IATE DE LUXO



"To be, or not to be - that is the question ..."

(The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark,
by William Shakespeare)

No sendo ... eis o texto ... 

"O GANIR DA VELHACARIA
Paulo Passos

            O ganir dos velhacos advém das dores sentidas, sendo, contudo, dores genuinamente flácidas (sem tesão). São um tipo de dor que ataca, sobretudo, uma boa parte do povo político, empresarial (mas só dos bons! Sim … não é o dono do barraco dos churros!) e banqueiros, não sendo, contudo, uma exclusividade desta camada da população que nasceu com jeitinho vocacionado para a dita politização e materialização das próprias vontades … enfim … uns verdadeiros heróis (e heroínas) da democracia e, já se sabe ..., uns adeptos ferrenhos (mas mansinhos) do controlo das nomeações...!!!
            Qual timoneiros, o seu lugar é sempre no comando, na gestão, dos conselhos directivos e executivos. Nunca se viu uma alma destas com uma esfregona na mão, ou a partir pedra, ou a remendar um pneu de uma bicicleta pasteleira. Nasceram convictos para a sua função de líderes e, estudaram, quase todos pela mesma cartilha, daí toda a sua riqueza de conhecimentos. Nunca se ouviu uma destas criaturas a dizer que não sabia alguma coisa. Têm sempre como comentar e até dar palpites de solução. 
Como preciosa fonte de pesquisa justificativa, podem-se recolher os relatos confirmadores das histórias de infância dessa rapaziada, narradas por empregadas domésticas, orgulhosamente saloias.
Sempre que é preciso confirmar ou garantir a veracidade das histórias, lá vão elas debitar os passados dos patrões, em relatos censurados e filtrados pelas patroas e memorizados com muita dificuldade. E lá estão elas, com o selo da sua casta de servidoras, nos canais de televisão, que emitem em formato de propaganda, no meio de um telejornal, de uma reportagem a emitir, integralmente, mais tarde.
Relembram, algumas com um sorriso, provocado pela vergonha e pela saudade “daquele tempo” que, no meio das cócegas na barriga do “seu menino”, vinha uma gargalhada dada pela criança (igual em todas as outras e juntamente com uma outra gargalhada, esta saída por baixo…) ao que se seguia, invariavelmente, uma voz debitando a sentença de que tinha nascido para mandar. Aquele feitio era mesmo só de quem sabe! Ouviam-se estas satisfações, arraialadas com provocadas risadas falsamente contidas, desde as tias à velha, prostrada num sofá de canto, irmã mais velha da mãe do pai do rapaz.
Aliás, estas senhoras empregadas são tão saloias como as senhoras patroas, só que se vestem de maneira diferente. Vestem-se e também falam de maneiras diferentes. Têm, de muito parecido, a maneira como cagam. Contrariamente, a forma como se cagam, debita diferenças bem evidentes. Numas, está de ver que se trata das senhoras empregadas, o peido é roliço, viçoso, com presença e corado, de cores sadias. Nas outras o peido é pálido, tímido, dissimulado e flácido, mas com a particularidade de vencerem aos pontos, no que concerne ao pivete que causam…empestam tudo…!!!
 Para designar um mesmo significado, as senhoras patroas apenas podem dizer um significante. As senhoras empregadas podem dizer de qualquer forma existente.
Se não, tomemos o seguinte ilustríssimo exemplo que traduz fielmente o postulado no argumento: Para a designação da cor (vermelho), as senhoras patroas e os senhores patrões (estes, se tiverem um dos pulsos partidos, geralmente são de duvidosa virilidade e, outros, se homofóbicos), pertencem a um grupo popular que só pode dizer “encarnado”. As senhoras empregadas tanto dizem “encarnado” como “vermelho”, consoante a região de Portugal de onde são oriundas.
Há, saliente-se, pela parte do povão patrão um nobre desígnio, como clara e lógica justificativa para tudo o que fazem (desde que beneficiem e, preferencialmente, em dinheiro, que pode ser por transferência bancária ou cheque).
Para se diferenciarem e conseguirem, nem que seja um voo barato, em classe turística, para uma festa de verão no Algarve (recomenda-se para irem aproveitando, porque se isto civilizar – não se crê! - passarão mesmo a ir de camioneta, se tiverem dinheiro para o bilhete, que vai do Campo das Cebolas em Santa Apolónia, até à estação de camionagem em Portimão. Algumas camionetas param em Castro Verde para o pessoal dar a mijinha e beber uma bejeca fresquinha), elas fazem qualquer coisa, mendigam telefonicamente, serve tudo, até mesmo uma assolapada admiração momentânea (se tiver que ser) por literatura brasileira do século XIX, de que nem um título ou autor conhecem. Isto, na melhor das hipóteses, se elas souberem que existiram escritores que escreveram livros, no século XIX, no Brasil ... ou noutro qualquer país.
A ingratidão desmedida que assola o povo português não tem dimensão na esfera do entendimento. Claro que, como tudo o que advém das senhoras patroas, tem um objectivo benfeitor ou caridoso. É pois, uma falta de consideração e até de afronta à tão inegável e badalada inteligência e altruísmo, desta camada popular do círculo das patroas. Está de se ver que o “encarnado” vem da bondade e da cooperação homenageante, para com as famosas festas populares do colete encarnado em Vila Franca de Xira, lá para o Ribatejo, se é que não pertence já a Lisboa …!!!
Alguns factos conferem uma tal carga de humildade, a estas raparigas, que o mais rijo gladiador sentiria os olhos a humedecerem se conhecessem algumas histórias. Algumas destas “madamas” já tentaram vender de tudo, no desespero de diminuir as dívidas acumuladas. É clássica, dentro da modernidade do século, a tentativa de venda, por 20 euros (mas era dos grandinhos, diga-se), por uma destas criaturas, de um isqueiro bic vazio, de plástico que já tinha sido branco, com a torre Eiffel gravada, mas já muito esbatida pelo uso e pelo tempo. Memória da última viagem a Paris. A peça rotativa na parte de cima do isqueiro estava tão encardida, mas tão encardida, que já não rodava. Soldou-se com esterco. Mas pronto. Sempre daria para uns maçitos de cigarros.
Estas fulanas são também as que nunca passam, na idade, do algarismo 9. Quando fazem 40 anos, dizem ter 29, enganando até com as velas do bolo, que assinalam sempre o que estas gajas querem. Nesta, lá estava o pobre do bolo (que quem o fez nunca mais vê o dinheiro!) com duas velas a formar o número 29. Se têm 47 marteladas no lombo, dizem ter 39. Se têm 68 no pêlo, aqui a aritmética já adquire novas e estranguladas regras de seriação, ficando tudo mais apertadinho, pois elas têm, com o rigor que as caracteriza, 49 anos! É como se se quisesse calçar um sapato de tamanho 49 num pé de tamanho 68! Só não se pode provar pelo cartão de cidadão porque, dizem, nunca andarem com ele.
Saloias e saloios são todas e todos. Não há país para não saloias e saloios.
Ora, etiopatogenicamente, foi isto que pariu grande parte dos mártires das dores flácidas.
Mas analisemos outro fragmento populacional que, embora de casta inferior dentro da linhagem saloia, tem as suas responsabilidades e contributos, mas que também são vítimas desta doença, tendo a particularidade de gritarem mais e mais alto, talvez porque nunca são ouvidos, nem sabem ouvir-se … são filhas e filhos do barulho.
             Muitas outras pessoas, realmente, padecem deste mal. Entre outros, da mesma categoria, estão os chefes, chefes intermédios (estes, sem cura), directores, presidentes, coordenadores, enfim tudo o que se presta aos prazeres das fantasias da infância, transpostas na oportunidade de comandar, na actualidade. Sentem um certo prazer nestas andanças e lidam muito bem com a própria mansidão e sujeição. É a frustração no seu auge de rancor. Estão sempre à espera das sortes. Nas sortes, aos felizardos, de imediato é passado um currículo profissional e de vida, sobrecarregado de louvores e qualificações de rara dimensão. Aos menos afortunados, geralmente sobra uma oferta, feita pelo galardoado e aceite de bom agrado, se forem fiéis amigos de negócios. Aqui, geralmente começa a aldrabice. São choros de manifesto sentimento de não merecimento de tal responsabilidade, são atributos virtuosos de feitos nunca registados, são surpreendentes contributos dados à ordem e aos desígnios do colectivo, são garantias de nunca terem esperado tal honra. Enfim, tudo inventado e descaradamente mentira! Se for preciso vender a mãe (vendável!), esta fica disponível, de imediato, em qualquer superfície comercial. Também, diga-se de passagem, não estavam a vender grande coisa. Alguém os pariu, não é verdade?
Esta dor caracteriza-se por ser uma dor que se ouve e vê, mas raramente se sente. É uma dor sem vigor, sem tónus, sem garra. É lancinante porque é barulhenta e faz corar, sobretudo quando os doentes são apanhados de surpresa, ou desmascarados de um manipulação, ou humilhados num manifesto, ou num confronto e levam com uma sapatilha de raspão pelo focinho. É uma dor sem vergonha e sem honra.
É uma dor que faz ricochete. Quem a emite, ressoa no exterior e pode ter o azar de, sob a forma de ridículo e de denúncia da sua pobre expressão de subalternidade, travestida de patética demonstração de poder. São os abandonados ou os miseráveis das seitas familiares, muito propensas à proliferação desta flacidez, tão visivelmente dolorosa.
Como medida de tratamento, estão contra-indicados os analgésicos, comprovando-se, em todos os estudos, na base da consulta dos artigos relativos ao assunto, nos últimos 30 anos, que uma boa dose de vergonha e uma monumental carga de porrada de vez em quando, têm um efeito terapêutico duradouro e com remissão de todos os sintomas.
Epidemiologicamente atinge grande parte dos cidadãos já referidos e surge, sobretudo, a partir dos 25 anos, não sendo, contudo, raro encontrar-se em idades mais tenras. Há, curiosamente, relatos em artigos da especialidade de terem sido encontrados enfermos de 14 e 15 anos, já debitando os primeiros sintomas deste flagelo. Pioram sempre quando fazem carreira de vida nas juventudes de certos grupos políticos e partidários.
            São muito facilmente identificados, os desgraçados que sofrem com dores flácidas. Geralmente, o primeiro urro da lancinante dor, surge na sequência das primeiras coisas que dizem. São sempre mentiras. Por vezes tão bem pregadas que até eles acham que são verdades, pelo menos no momento em que as vomitam. É como se estivessem a mentir para eles próprios, tal não é a dimensão e a profundidade das raízes do vício da aldrabice. Também, e em abono da verdade, se não acreditassem, estoiravam! Só mesmo um genial mentiroso é capaz de tal façanha. Mas há muitos por aí e sempre desejosos de exercitarem as suas proezas de artistas. São puros exemplos expressões do tipo “…estou atento ao desenrolar das operações …”, “…apesar de distante, mantenho-me atento...”, “…estou seriamente atento e alerta a todo o contexto…”, “…mantenho-me informado de tudo o que se está a passar…”, “…estou aqui por causa dos doentes…”, e pior dos piores “…estou serenamente atento…”. Isto sim deve ser o absolutismo dessa dor, conseguir estar sereno com gente a morrer com fome, entre outras mazelas! Têm tido sorte porque muita parolada tem ido atrás.
            Este excessivo sacrifício de atenção tem várias interpretações, sendo a que oferece maior consenso, aquela que se refere ao significado “…estou-me a cagar…”. Flacidamente a cagar! Serão as aliviantes “dores” de expulsão da merda? Devem ser, já que a flacidez, na realidade pode não doer! Só pode ser uma dor causada por um engano na tubagem. É como se se falasse no leite paterno!
Esta é a dor da populaça velhaca, burgessa ... gentalha com dor da flacidez na integridade da pessoa. São corpos sem esqueleto psicológico. São sempre descaídos e desconhecem a verticalidade. São as dores da mentira, da farsa, da falsidade ... são as dores deles e delas. É uma integridade morta, putrefacta, despejada ... qual nádegas velhas … qual ratazanas de esgoto cheias de peladas por tanta moléstia na essência." 



Notável é quem assim predica ... sim, isto é uma confirmação de que um lápis é uma ferramenta bélica, brotando vida no justo e justo na vida ...!!!


ESTE QUADRO CHAMA-SE: "RETRATO DE FAMÍLIA"



Fica ... com o meu beijo, Paulo Passos ... Homem de ti, de mim ... e de gente ...!!!

Fonte das imagens não legendadas: Janiel Martins