ME SUPORTAR
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Não digas que me amas
Às vezes nem me suporto
Como amar...
... o mar que me suporta
Se nem a ti
Suportas
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
ME SUPORTAR
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Não digas que me amas
Às vezes nem me suporto
Como amar...
... o mar que me suporta
Se nem a ti
Suportas
INALAR
(Janiel Martins, RN/Brasil)
A vida é uma cócega
É uma saudade dos que gostamos
De um prato de comida
De um vinho
O medo da morte me dá desgosto
Me esporro pra tentar continuar
Tristeza, tenho
Não deixe o sentir
Coloque no sono
A morte espera pelos vivos
Deixe o vento inalar-te
Ainda tenho esperança de ser um pássaro
Só me resta um coração
E um mundo
Sendo levado
Olhando e encantando
SEM SENTIDO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Fizeram-me na inocência.
Cresci para matar a fome.
A fome é sabida.
Anda a ver, pega, sente, escuta e cheira.
Queria ter algo a mais no meu corpo!
Para quê menino?
Sei não. Se fosse uns chifres era para dar cabeçada no povo ruim; um terceiro olho não, porque já vimos de mais das contas e ia dar mais dor de cabeça.
Que diabo tu queres menino?
Asas também não, porque somos grandes e aí, se levasse queda ia quebrar muitos ossos.
Podia ser assim: no peito nasciam mais duas pernas, para nos conseguirmos equilibrar melhor na terra, porque a terra roda muito, fazendo, até, um friozinho do cérebro.
Faz medo e, na tontura da velhice, se a pessoa tiver com muitos pés no chão, na vai sentir tanto.
31 de março de 2023
Cavalariças do Mosteiro de Tibães
Braga | Portugal
PROGRAMA
09.00 H
MESA DE ABERTURA
Paulo Oliveira - Coordenador do Mosteiro de Tibães
José Novais Carvalho - Director Executivo do ACES do Alto Ave
Domingos Sousa - Director Executivo do ACES do Cávado I
Fernando Ferreira - Director Executivo do ACES do Cávado III
09.45 H
ABERTURA
Paulo Passos – Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado I
10.00 – 11.00 H
PAINEL I – DEPRESSÃO: FAMÍLIA E ESCOLA
Maria José Ramos – Psicóloga Clínica, Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto
Paulo Correia – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Esposende
Filipa Moreira – Pedopsiquiatra, Hospital de Guimarães
Modera: David Moreira, Médico de Saúde Pública do ACES do Cávado III
11.00 – 11.30 H
INTERVALO
11.30 – 12.30 H
PAINEL II – DEPRESSÃO: CLÍNICA E TERAPÊUTICAS
João Furtado – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Vizela
Catarina Esteves – Pedopsiquiatra, Hospital de Guimarães
Modera: Rui Macedo, Médico de MGF do ACES do Cávado I
14.30 – 15.30 H
PAINEL III – DEPRESSÃO: ETIOPATOGENIAS E EPIDEMIOLOGIA
Paulo Passos – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Braga
Feliciano Guimarães – Pedopsiquiatra, Hospital de Braga
Modera: Fátima Dinis, Médica de MGF do ACES do Alto Ave
15.45 H
ENCERRAMENTO
Maria José Ramos – Psicóloga Clínica, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Alto Ave
Paulo Correia - Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado III
https://seminariopsicologiacsp.blogspot.com/
CAFÉ COM LETRAS - OLHANDO TORTO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
No ano de 2000 e qualquer coisa
Arlete tu queres ir mesmo para o Gerês, com todo este covid?
Quero sim, meu amor, vai ter um jantar especial, com todas as medidas de protecção e distanciamento social.
E qual vai ser o menu, Arlete?
Olhar torto, Arlindo.
Pelo preço vai ter que ser especial.
Lá vens tu com as tuas matemáticas, Arlindo.
O Gerês, fica a quantos quilómetros de Braga, Arlete?
Sei lá.
Gerês, no dia 24 de Dezembro do mesmo ano
Mas espia só que cama bem feita.
Olha só o champanhe e a mensagem de boas vindas.
Que romântico!
Pelo preço que pagamos, faria o mesmo em casa durante um mês!
Deixa-te de conversar, que tu nunca fizeste nada disto em casa.
Se tu me pagares eu faço!
Arlindo adormece
Acorda, tróce, que a ceia vai ser servida!
Cala-te Arlete, já estou pronto.
E tu vais descer assim?
O Chefe apresentou o menu, Arlete resmungou.
O que há?
Só tem frutos do mar?
Foi você que escolheu!
Foi, foi mesmo.
Já que estamos no barco, seguimos.
Eu vou pedi uma carne, Arlindo.
Tu vai gastar mais, por fora?
Lá vens tu de novo, matemático.
Tu vais pagar.
Arlindo levanta-se com os olhos tortos.
Vamos para o quarto.
Estás passando mal?
Estou cheio de tesão, o fruto do mar levantou o dorminhoco.
Calma que falta a baba de camelo!
Já estou todo babado.
VERME
Janiel Martins (RN, Brasil)
Corroía sem vontade de corroer.
O tempo corroeu a matéria.
Deixe de loucura, Walesia!
Nada, Florivaldo, o tempo corroeu a matéria.
Somos vermes.
Só fico imaginando, como éramos.
Desculpa Florivaldo, fico imaginando na velhice, com a voz rouca, ainda com o peito cheio de ar.
Falar do passado.
Éramos minhoquinhas famintas e hoje estamos aqui, carregando o passado neste cérebro.
O oco na minha cabeça fervilha, como frieira querendo se sarar.
O cérebro é uma rede eléctrica que distribui estímulos para os
membros superiores e inferiores.
Somos uma rede eléctrica, com postes e tudo, Walesia.
Bem-isso, Florivaldo, os órgãos inferiores são para filtrar o sangue e cuidar da respiração.
Não sei bem se é assim mesmo.
Eu gosto de ter um tempinho só para admirar o corpo humano.
Faz bem para mim.
Não sei porque as pessoas admiram pedras preciosas.
Fico a imaginar cada ser que respira neste planeta, de uma circunferência de quarenta mil kms, e fico me vendo lá longe. E tu não pensa nada, verme?
Nada, só penso em viver, a fome vem e o verme alimenta o cérebro,
Walesia.
Fico imaginando os verme do cérebro se alimentando, tu sabe
Florivaldo?
Nem imagino e não quero imaginar.
Não sei bem, mais deve se o sangue que o alimenta.
A comida transforma-se em fezes e deve sobrar alguma coisa. Sobra e vira sangue.
Vamos comer um frango de churrasco, Walesia?
Sim, Florivaldo, deixa eu pegar a minha bolsinha.
Já traga o lubrificante.
FURNAS
ILHA DE SÃO MIGUEL
AÇORES / PORTUGAL
Bucólico
Enquadramento
CASA DAS BORBOLETAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Voa voa barboleta
Voa no meu coração
O meu coração o namora
Voa barboleta.
Tais doida?
O que foi tróce?
Não é barboleta, é borboleta.
Sei que são lindas e delicadas.
É como viver mais uma vida.
As borboletas são seres que devem ter um pensamento tão bonito na terra.
Nascem lagarta e criam asas.
Vestiram a melhor roupa para visitar a terra, e, nós, aqui estamos cheios de medos.
É livre o ser dos animais.
Quando as crias crescem, eles dão um "coice" de liberdade nelas, e vão namorar e fazer outro menino.
Nasci numa namorada.
Não foi de uma reza forte.
Meus irmãos ficaram para trás.
Aqui estou.
Voa voa borboleta
Tu quer coisar pra ver se nasce um minino com as barboleta?
EM VOLTA DO CORPO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
As estrelas estão longe
A lua é amante
A terra é o chão
O corpo é sabido
O juízo é uma caixa organizada e quer namorar o tempo
A sociedade é bruta para ser organizada
Os desejos são proibidos
O PRATO QUE O DIABO E PUTIN NÃO COMERAM
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Desgraçados... vão comer uma coxa, pegando com as mãos, tirando os pêlos com a sensibilidade das beiças e catucando com a língua... ao invés de matarem.
Deixe de ser doida, mulher!
Doida não, a fome não é só de pão.
A fome do homem é carnal.
Quando nos camuflamos, criamos guerra, guerra connosco, com o vizinho, com o colega, com o companheiro e com a comida.
Condecoramos com uma peça de roupa, para a ida a um lugar, vendido pelos mídia.
Criminalizamos costumes e esquecemos hábitos.
Buscamos uma aparência do que não existe em nós. É o alheio e nos perdemos.
NÃO CONFUNDA COM SOLIDÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Dentro de mim tem partes que me faz um ser humano, apesar de me achar um animal.
Não me entendo muito.
As mãos, às vezes, ficam inquietas.
Já pensei, porque não nascem uns olhos em cada mão?
Mas não, iriam atrapalhar outras coisas.
Vamos pular para o sentimento e deixar o corpo evoluir no inconsciente.
Deixa eu contar um segredo: Sou apaixonado pelo corpo dos animais.
Acho a vida tão bonita.
Às vezes fico triste.
Não quero me perguntar, mas acho que é
com a morte, porque quando falamos, não são coisas, são sentimentos.
A pedra mais preciosa são os olhos dos animais, apesar de já ter sido apaixonado pelas estrelas.
Ainda gosto, mas estão tão longe de casa.
O meu consciente, misturado com o inconsciente já tentaram ir lá, mas uma amigo falou que as estrelas são muito quentes.
(Vou movimentar com as pernas.
Gosto das pernas dos bois.
Aquelas duas na frente são mãos?)
Quando nos apaixonamos o tempo para de se concentrar.
É como se diz: "nos encontramos".
É bonito nos encontrar.
Que pena sermos coisas passageiras.
Gosto de sentir explosão no cérebro, que pena que o coração esfria, mas deve ser para não pegar fogo no corpo.
Não confunda com solidão.
FRALDAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O cérebro treme
Há dias que está calmo
Os desejos não são meus
São coisas do tempo
Tensão e tesão
Fico tenso se não viver
Tensão é o desejo
Tesão é a realização
Desejo e medo
Tão repetitivo
Florbela Espanca
Às vezes quero adormecer ao teu lado
REMEMBERING
HALLOWEEN
ORIGENS CELTAS - IRLANDA