SEM SENTIDO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Fizeram-me na inocência.
Cresci para matar a fome.
A fome é sabida.
Anda a ver, pega, sente, escuta e cheira.
Queria ter algo a mais no meu corpo!
Para quê menino?
Sei não. Se fosse uns chifres era para dar cabeçada no povo ruim; um terceiro olho não, porque já vimos de mais das contas e ia dar mais dor de cabeça.
Que diabo tu queres menino?
Asas também não, porque somos grandes e aí, se levasse queda ia quebrar muitos ossos.
Podia ser assim: no peito nasciam mais duas pernas, para nos conseguirmos equilibrar melhor na terra, porque a terra roda muito, fazendo, até, um friozinho do cérebro.
Faz medo e, na tontura da velhice, se a pessoa tiver com muitos pés no chão, na vai sentir tanto.
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