OS MIAUS
(Janiel Martins/RN, Brasil)
Dói
Pensar
Sobre
Mim
Miauu
Tem
Quantos
Us?
É
Estranho
Escrever
Uma
Letra
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
OS MIAUS
(Janiel Martins/RN, Brasil)
Dói
Pensar
Sobre
Mim
Miauu
Tem
Quantos
Us?
É
Estranho
Escrever
Uma
Letra
ALCUNHA: TOINHO TORTO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Larga disto, doida
Já errei...
... com o homem das Fumarolas
Desculpa
É sentimento febril
Eu me sinto um Toínho Tortinho
Este é o meu choro
Odeio alcunhas, Fumarolo
Desculpa, homem das Fumarolas
09.00 H
SECRETARIADO
09.30 H
Paulo Passos - Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado I
10.00 H
ABERTURA
Benjamim Pereira - Presidente da Câmara Municipal de Esposende
Fernando Ferreira - Director Executivo - ACES do Cávado III
Joaquim Barbosa - Presidente do CA do Hospital Santa Maria Maior - Barcelos
Raul Borges - Presidente do Conselho Clínico e da Saúde - ACES do Cávado III
10.30 – 11.00 H
ULS(s) - HISTORIOGRAFIA CRONOLÓGICA E HISTORIOGRAFIA INFERENCIAL
Maria José Ramos – Psicóloga Clínica, Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto
Modera: Daniela Simões, Psicóloga, Hospital Stª Maria Maior, Barcelos
11.10 – 11.30 H
INTERVALO
11.30 – 12.30 H
COMPROMISSOS FORMAIS, OFICIAIS E LEGAIS: GARANTINDO CONTRIBUTOS DE VALIDADE
Zinho Baptista – Advogado, Luanda
Diana Neiva de Araújo – Procuradora da República, DIAP, Braga
Salete Anjos - Jurista, Instituto da Segurança Social, Braga
João Filipe Marques - Advogado, Braga
Modera: Graça Mendes, Psicóloga Clínica, Centro de Saúde de Famalicão
12.40 – 14.00 H
ALMOÇO
14.00 - 15:00 H
O SERVIÇO DE PSICOLOGIA CLÍNICA DA ULS (ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO)
Paulo Passos - Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Braga
Paulo Correia – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Esposende
Modera: Ivo Machado - Director Executivo, ACES do Ave
15:15 H
PÓS-FACIANDO
Paulo Correia - Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado III
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UM PUNHADO DE SOL - III
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Gosto de pensar. Faz cosquinha. O pensamento quer ir a lua, mas os meus pais falaram que não temos asas e agora tu consegues colocar duas asas em mim, no meu pai e da minha mãe? Força pensamento vai à lua. Falhou a imaginação, a minha está muito fraca, o que devo fazer para pensar bem muito?
Comer, meu filho, faz você ficá forte e cresce bem rápido.
Traga comida minha mãe?
Eu levo-te comida, nós vamos fazer está bem?
Sim senhora, quero muita comida, para a imaginação chegar na lua, pode até ser num sonho. Pra vocês tá bem?
Sim, peste.
Vai ter que ser.
Combinado.
Oh imaginação, como és? Fala comigo. Como é que eu faço para chegar na lua? E o nosso limite, qual é?
O tempo sempre existiu, os vermes não. A paixão é como a vida, acaba. O pensamento acaba. Vou dormir.
Sonhe.
Os sonhos são como a luz do sol, vão embora do nosso corpo para algum lugar.
AO HOMEM DAS FUMAROLAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Olá amigo, estás onde?
Desculpa, tu não falas.
Estás nos Açores?
As fumarolas
São lágrimas
Que não têm
Sentimentos.
Desculpa amigo
Não é com tu, não.
Tu sabia que hoje
É o teu aniversário!
Sabia, sim.
Estou longe, amigo
Tem um mar no meio
Mas te mando um monte de prendas
Pela ciência da imaginação
Estão lá na, Cidade das Fumarolas.
Tu vai lá pegar, amigo?
UM PUNHADO DE SOL - II
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O que é o sol minha mãe?
É o sol.
Ele está muito alto, minha mãe.
Tá bem altinho.
Uauu... os pássaros devem saber mais do que tu, minha mãe, sobre o que é o sol. Vou perguntá a eles. Mas os pássaros nas falam como nós!
É mesmo, minha mãe.
Tem um que fala, meu filho,
E qual é?
É o papagaio.
Uauuu... um dia vou perguntá ao papagaio o que tem lá perto do sol.
É fogo!
Não, porque não tem fumaça.
Só sei de uma coisa: tem dia que o sol tá de matar de quentura.
Um dia eu vou pegá um punhado do sol pra nós ver como é.
Tu lá tem asas pra ir lá?
Faça isso sim, meu filho, primeiro vá a lua e depois ao sol,
Tu vai comigo, meu pai?
Se for seguro vai eu, tu e a tua mãe.
É... eu vou pensar como fazer para irmos na lua.
UM PUNHADO DE SOL - I
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Limpa eu, minha mãe?
Tu já estás grandinho de mais para eu limpá tu.
E como tu se limpa?
A mãe ensinar a tu, a limpa o rabo.
Está bem minha mãe, obrigado.
E não esqueças de pedi ao teu pai também.
Tá bem, minha mãe, eu vou pedi.
(Sertão, meio dia 1999, tudo muito calmo.
O Sertão tem um silêncio onde se pode sentir as estrelinha do ser explodindo dentro do silêncio que o Sertão traz.
Ouve-se um grito.)
Meu pai, tu que veio?
Foi sim eu, meu pestinha.
Tu limpa eu?
E cadê tua mãe?
Não sei, sair correndo e fui fora.
Cagaste-te todo.
Obrigado meu pai.
Mãe meu pai já me ensinou a limpá.
Fez bem, a mãe agora já não limpa tu.
Só espero que te limpes bem e é para deixar bem limpinho. Se tiver uma dúvida chamas a mãe, combinado meu peste pequeno?
DOIS LADUS, DOIS LADOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Metade de mim é preguiça.
Uma boa parte do pensamento devo ao passado.
Que memória.
Carregamos reflexos.
Somos tão passado(s).
O importante é não sentir o passado.
Gosto da ilusão. A ilusão leva-nos a lugares escuros e desconhecidos. O desconhecido nós pintamos, no solitário reator cerebral. Gosto do pensamento que me faz escutar as estrelinhas estrelarem.
Os europeus são educados. Trazem um silêncio como o anoitecer no Sertão. Cada um se recolhe ao berço da sua noite.
Tu tens um livro, homem?
I do not speak portuguese.
Sorry, my dear.
Braga é tão bonita e é eu. Vou caminhar para Caminha. Gosto desta pacata vila. Tem um braço de rio.
Eu tenho um velho pensamento, brotando dentro do meu velho reator: mergulhei na noite fria junto as meus cheiros, aconchego-me e... que mania é esta de ser adulto? Os animais apartam-se e eu carrego sentimentos. Que faço eu para mantê-los vivos? Aqueço o sangue.
Os homens têm dois corações.
O LUTO DE UM AMOR É VIVO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Era tão divertido amar-te
Hoje... carago, é o luto em cima da terra
O luto de um amor é vivo
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - IV
(Janiel Martins, RN/Brasil)
.........
Amigo, vamos ao Gerês?
(Não vou nem falar que vou tomar banho no rio).
O céu amanhã vai estar nublado. Eu ia observar o céu.
Dá certo, já que tu não vais observar o céu!
Vai estar muito frio.
Amigo eu vou tomar banho nas termas.
Tu vai tomar banho, Ruth?
Vou sim a água é bem quentinha. Dizem que até ajuda na saúde.
Pronto Ruth, tu vai e tu me diz o que melhorou na tua saúde, para mim fazer um estudo.
Não seria melhor tu observar a reacção do teu próprio corpo, amigo?
Eu acho que não Ruth. Ruth vamos mudar de assunto!
Você é que sabe, amigo, eu amo o Gerês.
Eu também mas prefiro no verão, pois observo o céu melhor.
Eu gosto do Gerês de Inverno, fica mais misterioso.
E tu gosta de ter medo?
Gosto um pouco amigo, só não gosto quando eles vêm recolher o lixo que tenho medo deles descobrir a nossa casa.
Eles não vão descobrir não, Ruth.
Espero que não.
Ruth tu cavou a nossa casa sozinha?
No início foi, mas depois apareceu um casal de tatu que me ajudaram.
O que é tatu, Ruth?
É um animal que morra debaixo da terra
Igual a nós. E cadê eles?
Morreram bem velhinhos, eles vieram do Brasil até aqui, mas me ajudaram muito, eles aprenderam a falar e tudo.
Foi, Ruth?
Sim, eles adoravam comer batata, ficavam esperando o povo jogar batata para eles comerem.
Ah por isso que tu gosta de batata com bacalhau.
Verdade, amigo.
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - III
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - II
(Janiel Martins, RN/Brasil)
E porque nós não moramos numa casa igual à do homem do Caminha?
Eu morava numa casa, ganhei de minha madrinha.
Os vizinhos não gostavam que eu tocasse no piano que ganhei. Aí, os meus pais decidiram jogar o piano no lixo ou, então, seria expulso do prédio. Aí jogou o meu piano no meio da rua.
E tu deixou?
Eu estava na escola e quando estava voltando vi que era o meu piano. Antes que levasse para bem longe, coloquei dentro do contentor e entrei.
E teus pais não procuram tu, não?
Não sei, só saí depois de 20 anos.
E porque eu estou com tu?
Tu não quer estar com eu não, amigo?
Quero sim, só quero saber como eu vim morar com tu!
Um dia na boquinha da noite, eu escutei tu chorando com fome e frio, aí saí e peguei tu. Dei-te de comer e tu danado, nada de querer dormir, aí foi quando eu comecei, novamente, a tocar piano.
E porque tu não tocava?
Eu queria cavar a minha casa o mais distante possível dos humanos, mais tu apareceu e como és danado, não paravas um minuto quieto, tive que tocar.
E eu o que fiz?
Ficaste parado, tentado descobrir o que era, cansaste o teu pensamento e adormeceste.
Ruth vamos dar uma volta?
Vamos sim, amigo.
Ruth o que é o sol?
O sol é o que nos dá a vida, nós nascemos por causa da luz do sol, só que o sol um dia vai morrer e vai acabar com a vida na Terra.
É!? eu não quero morrer não, Ruth.
Pois é , amigo, ninguém quer morrer, por isso que os animais são brutos, eles fazem de tudo para sobreviverem. E os humanos querem a distância, mas a distância não é tudo, pois na distância nós nos perdemos. Os homens querem ir atrás da vida eterna, e esquecem que vivemos muito menos de um século. Temos que voltar para trás, começar tudo de novo, e tentarmos viver mais.
Ruth, eu vou matar o sol.
Porquê amigo?
Ele vai acabar com a vida na terra. Mas antes disso eu vou construir um sol, que vai matar o sol, assim como os tubarões fazem para a sua sobrevivência.
E como tu vais construir um sol?
Eu vou construir na lua e vou proteger a lua e a terra de qualquer coisa que venha na direção delas.
Eu também não quero morrer, amigo.
Nem eu, Ruth, mas como tu já tem muitos anos, Ruth, se tu morrer, tu fica-me esperando na lua.
E se tu não morrer, amigo? Eu vou ficar a eternidade, esperando tu na lua?
É mesmo, Ruth, pode ir para onde tu quiseres, que depois nós podemos nos encontrar noutro canto. Só não vá para perto das estrelas, enquanto tu não me ver de novo.
Porquê, amigo?
Eu já falei. Quando nos cansarmos de viver no universo, é só direcionar o pensamento para uma estrela que seremos transformado noutra coisa.
Em cinzas, amigo?
Eu acho que não, porque não dá tempo de transformar em cinzas, as estrelas são muito quente, deve ser em vapor.
Vou tomar um banho, para dormir mais maneira. Tu quer tomar uma banho também?
Eu acho que não, depois eu vejo.
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - I
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Ruth Pianista, sai de perto desse largo.
Porquê amigo?
Ruth Pianista, eu vi na televisão que os tubarões comem-se uns aos outros.
PORTO SANTO II
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O Porto Santo...
... é belo e tão delicado
Tão delicado...
... como a fumaça...
... do pensamento
Aqui...
... não tem demónios
Só tem leveza
De irmãos...
... trouxe...
... uma fragância
E o Porto Santo expulsou...
... os demónios
O Porto Santo...
... é um belo útero
O Porto é Santo
Não deixa os demónios te dominarem
O Porto é Santo
É o filho que os pais fazem questão
De falar para os amigos
O meu filho é diferente
O Porto é Santo
Tem delicadeza peculiar do restante Portugal
Como se poesia
Florbela Espanca
Reconheça
Que é dopamina
Corpo
É uma infecção
De infantilidade
Reconheça
Que é apenas
Uma infecção
De piedade
Infantil
Não tenho defesas
As infecções
Só antibióticos
MERGULHANDO NO VÁCUO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Mergulhei num abismo onde o medo não existe.
Só sinto o sangue escorrendo no pobre coração que um dia faltará.
Fico triste.
Estás falando só, doida?
Estou pensado.
A vida é a resistência de viver e não podemos parar.
Viver o quê, doida?
O tempo é uma solidão.
As cobras são engraçadas. Só dormem e caçam.
Acho que vou ser uma como uma cobra.
O que as cobras pensaram para evoluir e chegar a este corpo, Francivaldo?
É mesmo! Devem ter pensado a vida é uma foda.
Lá vens tu com as fodas, Francivaldo!
Assim disse Jesus Cristo. Dai de comer e de beber, a quem tem fome e a quem tenha sede.
A fome não é só de pão, doida, a forme também é da carne.
Faz sentido, Francivaldo.
Olha doida, o pé do menino que Deus esqueceu aqui fora.
Vixe... que pé bonito.
Deixa eu colocar ele dentro de tu, pra nós trazer outra vida?
Larga com isto, Francivaldo.
BURACO DE PAREDE IV
... Quatro dias depois
Minha mãe, eu vim pegar minhas roupa.
Vá logo minha filha, que o seu pai é muito ignorante, se ele chegar aqui vai falar besteira.
E essa cara labida veio aqui fazer o quê?, Não está bom na casa do seu macho?
Fale assim com a menina, não.
Você também quer ir embora? Vá com ela.
Deixe de ser bruto homem, nem os animais são assim...resmunga, resmunga com tu mesmo.
Vá minha filha.
Um dia eu volto para visitar a senhora e meu pai.
Volte quando a poeira baixar minha filha, e nunca deixe os outros pisar em você.
O caminho não volta para nós.
(A separação para o ser humano é bruta. O ser humano não foi preparado para a separação.)
Terezinha eu vou para São Paulo
Vá não, Josivaldo, São Paulo é muito longe, eu vou ficar com saudades de tu, assim como aquela estrela tem das outras amigas delas. As estrelas, pelo menos, elas avistam umas às outras e se tu for eu nem vou ver tu.
Eu vou porque eu quero uma vida melhor para nós.
O meu coração murcha, quando tu fala que vai embora. Dá um frio dentro do meu peito e o meu peito só tem um namorado.
E tu tem outro namorado, Terezinha?
O namorado do nosso peito é o nosso coração, ninguém entra dentro do nosso corpo. O namorado do corpo é o nosso espelho, é a sua proteção. Dentro de nós não precisamos de companhia, Só da nossa natureza, imagina só a tristeza de uma estrela.
Dizem que Dalva não é uma estrela, é um planeta.
Cada estrela tem um bocado de filho, e Dalva é iluminada pelo nossa estrela que chamamos de Sol, e as estrelas para não viverem só, têm os planetas que vivem os arrodeando.
E a lua é o quê?
A lâmpada da terra.
É Terezinha?
Não sei não, só sei que a minha imaginação pensa assim, e como nós não podemos ficar com muita coisa no miolo da cabeça, eu acredito na minha imaginação.
Dizem que é bom plantar quando a lua está nova, que joga toda a força para a terra e deita a galinha para nascer na força da lua, para os ovos quebrar melhor.
Eu fico com o meu juízo tremendo quando a lua está cheia.
É Terezinha?
É sim, tenho um sentimento de inveja, com tristeza de não o conhecer o mundo, quando a lua está grandona.
Serra das Tapuias, 2002
(O silêncio permaneceu durante todo o dia, a lua nasceu bem cedinho, ninguém comeu, o barulho do carro de Dede, veio como o chorro)
Olha...
(a sacolinha com os teus documentos, não foi falado, a mão foi estendida)
Fechei a cabeça, sem deixar sair lagrimas, fechei, deitei sem mesmo ter forças para fechar a porta. Não tive medo, pois naquela noite já não existia sentimentos, acordei com um frio no peito que não era aquecido com café. Tinha perdido os sentimentos todos. Fiquei como uma estrela, solitária. Preferi ficar na cama mais um dia e uma noite. A morte doera menos. Hoje eu sou a estrela Dalva.
BURACO DE PAREDE III
(Sertão, Serra da Tapuia 1999)
Eu vou entrar. Tu corres para dentro do armazém. Eu vou tomar um copo da água e dizer a papai que cheguei. Vou trazer um copo da água para tu.
Chegou meu filho?
Cheguei sim, meu pai.
Tome cuidado Josivaldo, nessa escuridão uma raposa louca pode te pegar.
Não se preocupe minha mãe, que eu não vou mais lá, em Terezinha, não.
Terminou o namoro, meu filho?
Não meu pai, em noite sem lua eu não vou mais não, faz medo, até as estrelas tavam longe.
Muito bem meu filho.
Terezinha tá aqui a tua água.
Ou água boa, é de onde?
Do tanque de Manoel Martins.
É bem docinha, essa água.
Nós bebe lá da cacimba de António Júnior, a água de lá é mais salobra.
Agora tu vai beber essa bem docinha.
É Josivaldo.
É sim, e esse noite vamos passar a noite acordados para amanhã quando papai e mamãe acordar pegar nós dormindo, juntos, para eles saberem que nós fizemos safadeza e vamos morar juntos, eu sou o teu homem e tu sois a minha mulher.
Manuel Grande, Manuel Grande...
O que foi, mulher!
Espia só a safadeza aqui dentro de casa.
Que safadeza, mulher?
espia com teu dois olhos
Deixa eles dormir, que deve está cansado.
Sei não.
O que que tem mulher, nós já matamos a nossa vontade, agora é a vez deles.
Sei não como são vocês, pai.
As crias tem que viver solto.
Vocês sabem fazer safadeza e depois largar as crias.
Acorda minha filha, já que está aqui vai ter que viver sobre o meu controle, se comporte se não eu puxo as rédeas e você Josivaldo vá pegar água.
Vou minha mãe, só se a senhora fazer uma promessa para mim.
Tu traz um rabo de saia para dentro de casa e quer que eu te obedeça?
É só um pedido, minha mãe.
Se os pai de Terezinha vierem buscar ela, não deixe eles levaram não.
Tu acha que eles vem pegar um moça que já fui bulida?
Tu promete, minha mãe?
Tá prometido, meu filho.