DOIS LADUS, DOIS LADOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Metade de mim é preguiça.
Uma boa parte do pensamento devo ao passado.
Que memória.
Carregamos reflexos.
Somos tão passado(s).
O importante é não sentir o passado.
Gosto da ilusão. A ilusão leva-nos a lugares escuros e desconhecidos. O desconhecido nós pintamos, no solitário reator cerebral. Gosto do pensamento que me faz escutar as estrelinhas estrelarem.
Os europeus são educados. Trazem um silêncio como o anoitecer no Sertão. Cada um se recolhe ao berço da sua noite.
Tu tens um livro, homem?
I do not speak portuguese.
Sorry, my dear.
Braga é tão bonita e é eu. Vou caminhar para Caminha. Gosto desta pacata vila. Tem um braço de rio.
Eu tenho um velho pensamento, brotando dentro do meu velho reator: mergulhei na noite fria junto as meus cheiros, aconchego-me e... que mania é esta de ser adulto? Os animais apartam-se e eu carrego sentimentos. Que faço eu para mantê-los vivos? Aqueço o sangue.
Os homens têm dois corações.
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