domingo, 12 de janeiro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - A PLANTA



A PLANTA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

oi planta...! planta, tu estás viva?
estou sim.

e como tu estás falando comigo?
eu estou imaginando.

e tu imagina?
claro que sim, até vejo tudo.

como assim?
em sonhos.

é verdade?
claro que sim e até vou contar um segredo...!

que segredo é esse?
as frutas são nossos olhos...!

é verdade planta?
é sim, mas não gostamos de ver o mundo por muito tempo, por isso amadurecemos e morremos.

porque planta não gosta de ver o mundo?
porque não tenho pernas.

ah... sim!
e, planta, porque tu não cresces bem muito?
eu tenho medo de cair.

é verdade, se tu caíres nunca mais te vais conseguir levantar.
eu tenho duas mãos. 
é como se fossem os teus galhos.

pois é... por isso que fico bem gorda para me segurar na terra e o vento não me levar.

e tu não te cansas de estar aí?
que nada... eu fico é imaginando que vou morrer e não terei mais tempo para viver, por isso uso a imaginação aos poucos.

eu também. 
gosto de me perder no céu.
quero conhecer cada cantinho do mundo e depois quando me cansar de viver, vou direcionar o meu pensamento para um estrela e vou virar vapor, porque eu acho que não dá tempo de virar cinza, porque as estrelas são muito quentes.


            Edição: Paulo Passos



domingo, 5 de janeiro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - JUÍZO DIVIDIDO


JUÍZO DIVIDIDO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

O juízo dividiu-se ao meio

O danado do pensamento
parece que está com medo
de se saber alguma coisa

Esse medo
deve ser pecaminoso 
para o pensamento

Deve ser igual
a ter um medo grande
assustador


Edição: Paulo Passos

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

SUSTENTO DA ALMA - DESMATEMATICANDO O CAPITALISMO



DESMATEMATICANDO O CAPITALISMO
(Janiel Martins, RN/ Brasil)

Até quando suportamos a miséria?
Um ano? Mais um ano?

Até quando vamos acreditar que o novo existe?
Olhemos para um espelho.

Acreditamos sermos santos.
E esquecemos que viemos de um foda alheia.

Até quando suportaremos esta moda de santidade?

Os animais fodem e os seres humanos humilham-se.

Quando vamos deixar de ser encurralados?
Quando seremos habitantes de um planeta comum?

Vamos parar de desejar em sermos ricos...
... cagando e mijando... naturalmente...!


Edição: Paulo Passos 













domingo, 29 de dezembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - PORQUE FUI SAIR DOS COLHÕES DO MEU PAI



PORQUE FUI SAIR DOS COLHÕES DO MEU PAI
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Oi Minhoquinha, Minhoquinha tu não está bem hoje!
Pois não Minhoquinha?
Tua cara não nega.

Porque fui, eu, sair dos colhões do meu pai?
Ele foi coisar e eu como sou atrevida, fui na frente dos meus irmãos e aqui estou.
Hoje acordei tão distante, que não tenho a mínima ideia de como voltar para mim.
Não consigo e nem quero saber onde os meus pensamentos têm ido.

Minhoquinha, nós somos muitos sensíveis.

Eu fico imaginando o alimento do corpo. 
É o pão. 
E o alimento da nossa imaginação é o quê mesmo? 
É coisar?

Isso é uma pergunta para mim, Minhoquinha? É que eu não sei responder!

É uma auto-pergunta. 
O alimento da nossa imaginação, na verdade, é o nosso querer.
O querer, na verdade, é um sentimento que nos dá força. 
Só que a força também enfraquece e nasce a fraqueza.
E como destruir a frequeza?

Não trocando o juízo com a fraqueza, Minhoquinha.

É verdade Minhoquinha.
Só que, Minhoquinha... ir é um caminho muito fácil. Qualquer um vai. O difícil da vida é voltar.

É mesmo Minhoquinha... 
... se fosse pela minha inocência...
... a minha mãe continuava a limpar a minha preguiça. 

Edição: Paulo Passos

domingo, 22 de dezembro de 2019

SUSTENTO DA ALMA - INCLINADOS



INCLINADOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Como desinclinar a humanidade?
Humanidade encurralada em países, quando estes não são países, mas mais parecidos com currais cheios de orgulho...! Falso orgulho, injectado logo antes da nascença de cada criatura.
O capitalismo (só?) é feito de desigualdades.
É um câncer social e antropológico.
Há desempregados, super empregados e pequenos empregados que vivem à mercê do capitão-mor.
Tanta diferença! Para quê?
Para uma monumental maioria ser servida.
Para exercitar o capricho da fétida corrupção dos servidos. 
Os alimentos, dos da boca ao do lazer passando pelos do sexo, que sejam em equidade.

Que seja olhado, visto, observado, em atento, o que vai para além e aquém de cada curral.
Defender um curral é trair a humanidade duas vezes.
A guerra existe e continua no modo do subalterno, para sustentar soberanos e poderosos, em nome da pobreza dos curraleses. 

Guerreie-se, sem tréguas e sem logros, por igualdade. 
Pois...
A distância é como a morte, um dia alcança-se... e que seja feita a questão: " foi tu quem chegou, ou fui eu que cheguei em tu?"

Edição: Paulo Passos 




domingo, 15 de dezembro de 2019

BOLINHO COM CALDA DE MARACUJÁ


Ingredientes para a massa:

- 3 xícaras de farinha de trigo com fermento.
- 2 xícaras de açúcar.
- 2 colheres de chá de manteiga
- 3 ovos inteiros.
- 1 colher de chá de suco de limão ou raspa.

Modo de preparação da massa:

Num recipiente adicione o açúcar, a manteiga e os ovos.
Mexa com auxílio de uma colher ou na batedeira.
Misture bem.
Adicione aos poucos o leite e a farinha de trigo, 
juntamente com o suco ou a raspa do limão.


Ingredientes para a calda:

- 1 1/2 de açúcar.
- 2 xícara de água.
- 2 maracujás.

Modo de preparação da calda:

Numa panela adicione todos igredientes.
Misture-os.
Leve ao lume.
Quando começar a ferver mexa,
até ganhar consistência de mel.

Unte a forma com a calda.
Adicione a massa
Leve ao forno pré aquecido a 180ª graus por, mais ou menos, 40 minutos.


Edição: Janiel Martins

domingo, 8 de dezembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - ENSAIO DE LÍNGUA


ENSAIO DE LÍNGUA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Não acredito nas palavras
Acredito no sentimento
Às vezes eu não sei identificar
Mas eu fico envergonhado
É bom sentir essa vergonha (boa)
Às vezes fazemos asneira
Não confunda linguagem com som
A língua é ensaiada
O sentimento veio antes de nós
Nem sequer se pensou em pensar
O nosso pensamento viveu
Para dar o pensamento linguado



Edição: Paulo Passos




domingo, 1 de dezembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - PÃO E`JACULAÇÃO


PÃO E`JACULAÇÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Pão é o alimento do corpo
ejacular é o empurrão da vida
fertilizai a terra com sabedoria
ejacular é a desintoxicação.

Com a mente no chão
e com a sabedoria
que ela mesma nos transforma
fertilize os pés.

O leite é sagrado
a língua contém veneno.

Um bom homem
não faz nada
vive o seu ciclo
a consciência é sua.

Não se coloca para dentro
retire a ignorância.

Goze na terra
goze o ar
goze o céu
goze infinitamente a vida.

A vida não volta
mas traga-a para os seus pés.

Este é o mais longo caminho
que só tem um sentido
o prazer
goze agora.

O palácio é povo
escravo somos todos.

Não construímos um rei
todos somos escravo do universo
o fruto tem que vir limpo
e viver livre.

 Rei é rei
por todos nós silenciadores
por todo o manso silêncio.

O conflito é criado
o choro é uma ação
que vem da tristeza
silenciada e afogada.



Edição: Paulo Passos

domingo, 24 de novembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - TRABALHO E SUAS DISTÂNCIAS



TRABALHO E SUAS DISTÂNCIAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Minhoquinha, teu trabalho é longe de casa?
Depende.
Quando vou com o quarto e o resto da casa nas costas... É uma hora.
Quando vou com o quarto... São quarenta e cinco minutos.
Com a cama... São trinta minutos.
Com as cobertas... Vinte e cinco minutos.
Comigo sem sono... São quinze minutos, certinhos.


Edição: Paulo Passos 

domingo, 10 de novembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - AO TEMPO


AO TEMPO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Quando chegar
O meu tempo
Estarei vivendo
Não o de hoje.

Tu vais foder-me... tempo!
Eu estarei no tempo... sempre!

Já imaginaste
Se as folhas
Do Outono
Começassem a chorar
Pelo inverno
Que está vindo?

Porque corremos
Atrás de diamante
E pedras brilhantes?
Temos as mais lindas
e, se as arrancarmos
deixaremos de ver as cores do tempo.

Olha para o chão
E vê que tens
As mais lindas pedras
Nos teus olhos.

Acredito que os olhos
Se tornarão um dia pedras,
E verão o tempo por mim.

Eu ficarei no tempo.
Na forma do tempo.
O tempo é perfeito
E lapidador das cores.

 Terá a minha cor... a cor do tempo.



Edição: Paulo Passos