domingo, 19 de novembro de 2017

CALDEIRADA DE SAFIO


Ingredientes:

- Safio (ou congro)
- Batatas
- Pimento
- Cebola
- Tomate
- Alho
- Vinho branco
- Colorau
- Pimenta da terra 
- Malagueta
- Azeite
- Sal
- Louro


Modo de preparação:

Num tacho refogue a cebola e dentes de alho picados, em azeite.
Adicione o louro, o sal e a malagueta.
Misture o colorau e o tomate.
Corte, em tiras pequenas, o pimento.
Adicione uma colher de sopa de pimenta da terra. 
Junte as batatas cortadas aos pedaços.
Cubra com vinho branco e água.
Envolva e verifique temperos.


Acondicione as postas do peixe.
Tampe.
Deixe apurar.
Desligue o fogo.


Polvilhe com coentros picados, 
já de forma individual e opcional.

Sinta e sinta-se ...! 

Edição: Janiel Martins

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

CAFÉ COM LETRAS - POESIANDO


MASCULINIDADES
(Paulo Passos, Braga/ Portugal)

Masculinidades
Sentidas
Coisas do masculino
Vividas
Masculinidades
Cheiradas
Coisas no masculino
Honradas
Masculinidades
Estas que
Só ao macho pertence
Só aos machos pertencem
Só aos machos entendíveis
O que é macho
A ele é devido
É dono
Dono dos encontros
Destes que se entesam
Com dois para que conste
Homens
POESIANDO 
Poetizando
Masculinidades
Nos jorros
Misturados
Os dois(s)
Orgasmados

Leandro Hermann (PR/Brasil)
AMOR IGUAL
(Leandro Hermann)

Um toque apenas,
Lábios rubros de prazer,
Um beijo, em som grave, início calhente ou entrave.
Conjuntura de dois corpos,
Postura, fatos e atos do igual,
A nudez pervertida dos músculos
A indecência de golpe fatal.
Entrelace de essências,
Violação dos membros rijos,
Sudoríparas glândulas se esvai
É um lençol de amor se faz.
As mãos fortes valsejam o corpo nu,
Deleite de emoções compreendidas
Em sussurros, murmúrios mútuos.
É um despertar da'lma escurecida,
A liberdade de amar é entendida,
As violações tornam-se divinas
E o pecado, crendices derrotadas.
São palavras ditas exatas,
Cenas reais sem qualquer ensaio,
São personagens incorporados no tempo de um rádio,
São realidades em proporção igual.
Não há espanto, poema ou canto que expresse,
Não há filosofia que ensine ou defina,
Não há solidão que resista,
Há sempre o mesmo gosto, pelos e proporções, como repetida prece.
É gozar do avantajado semelhante,
É tocar as partes e saber que sente,
E suprir e compreender o que não compreende,
É amar pulsante de meu próximo como a mim decentemente.
O igual sabes o que é, busca e sentes,
Sempre igual ou diferente,
Apenas quem cultua pelo outro sente,
Mesmo de visto diferente, um amor igual.

Janiel Martins (RN/Brasil)
VOAR
 (Janiel Martins)

Foi o destino
Que me levou 
Num VOO.

Fui puxado 
Pelos TEUS pensamentos
Naquele bosque vazio.

IREI ao teu encontro
Mesmo que não saiba
Eu estarei lá.

Chamamentos de sentir
Seguirei como luz
Hei-de estar em TI.

Hás-de haver em MIM
Haveremos
Haveremos de seguir.

Num voo a dois
Em asas de sentir
Aconchegos do TESÃO.

Em voo livre
Voamos para
Voamos para NÓS.


Edição: Paulo Passos


domingo, 12 de novembro de 2017

SUSTENTO DA ALMA - PALAVRAS ARMADAS

Paulo Passos, Braga/Portugal (citações de)

"As classificações escolares que os professores devolvem aos alunos,
traduzem o que eles (professores) não foram capazes de fazer e não
o que os alunos produziram. A diferença entre a classificação escolar máxima
e a classificação atribuída ao aluno, é a quantificação da falha da escola."


Sem título, 37 X 26 cm, acrílico sobre papel: Paulo Passos.
"O colapso das intenções está no colapso dos seus critérios...
no gélido silêncio da defunta e inerte acrítica."


"Pobres e pérfidos perseverantes incidentes no erro."

"Maldita é a inveja e maldita é a inveja quando se manifesta
através da má língua."


Sem título, 40 X 40 cm, acrílico sobre tela: Paulo Passos.
"A mansidão, a voz afogada na garganta e o silêncio submisso, 
da população portuguesa 
são de um vigor tal, que se transformou em doutrina."

"Em Portugal, a imaturidade e incivilização psicológicas estão de tal 
modo instituídas, que os psiquiatras não são precisos para nada.
A serem precisos ... serão pedopsiquiatras 
e pedosiquiatras para a faixa etária dos 18 anos em diante."

"Não emprenho, nem me venho, pelo entulho 
das corrosivas e valorizadas adjectivações e prefixações sociais."


"Os tementes de amor estão em dívida para com a denúncia. 
São os amantes da traição."

"Gosto de me esporrar torrencialmente, 
sentindo o teu gemido cravado no meu."

"O tamanho do meu tesão chama-se (e mede o) desejo."




Edição e imagens: Janiel Martins





domingo, 5 de novembro de 2017

CAFÉ COM LETRAS - O ÚLTIMO SUSPIRO



Vitorino Nemésio / Portugal, 1901-1978. Fonte da imagem: internet
O POEMA EM QUE TE BUSCO É A MINHA REDE (Vitorino Nemésio)
O poema em que te busco é a minha rede,
Bem mais de borboletas que de peixes,
E é o copo em que te bebo: morro à sede
Mas ainda és margarida e não-me-deixes
E muito mais, no enumerar das coisas:
Cordão de laço e corda de violino,
Saliva de verdade nalgum beijo,
E poisas
Como ave de aço em pão se não te vejo.
Mas onde mais real do céu me avisas
É nas tuas camisas,
Calças de cor no catre bem dobradas.
E és os meus pensamentos, se te ausentas,
Meu ciúme escuro como vinho em toalha;
E o branco circular das horas lentas
Que um perfurante amor lembrado espalha.
Põe o penso no velo intercrural
Com um atilho vertical:
Rosa coberta esquiva
Quer a mão do desejo, quer
O conhecido cravo da agressão
Que estendo às tuas formas de mulher,
Com esta soma e verbal precaução
De um fónico doutor de Mompilher.

JÁ NÃO ESCREVEREI ROMANCES (Vitorino Nemésio)
Já não escreverei romances
Nem contos da fada e o rei.
Vão-se-me todas as chances
De grande escritor. Parei.
Mas na chispa do verso,
Com Marga a aquecer-me,
Já não serei disperso
Nem poderei perder-me.
Tudo nela é verbo e vida;
Xale, cílio, tosse, joelho,
Tudo respinga e acalma.
Passo, óculos, nada é velho:
Quase corpo, menos que alma.
Já não lavrarei novelas,
Ultrapassado de ficto:
A vida dá-me janelas
A toda a extensão do dicto.
Mas sem elas, mas sem elas
(As suas mãos) fico aflito. 

Janiel Martins / Brasil, 1991- 
O ÚLTIMO SUSPIRO (Janiel Martins)

Parece fantasma na noite abafada do Sertão
O frio é amigo duma noite serena
O calor é fantasma para todo o lado
Não deixa a minha coberta me proteger

Na noite quente algo me sufoca
É o meu amigo protector lençol
O suspiro é o meu inimigo
É o sopro na escuridão

Dentro da escuridão o inferno existe
Já não é domínio humano
São espíritos, são malignos
Os que enxergo no mundo trevado

Não se vê gente de verdade
Quando alguém lhs toca, ouvem-se gritos de ambas partes
Todos temem na escuridão
Mas alguém tem que olhar, se estamos no mundo real

Já não se acredita que dormimos sós
O galo canta na meia-noite em ponto
Num só coral todos respondem
Mas ninguém falava nada

Estava num sonho de ser galo em todos
Acompanhado de mais alguns fantasmas da meia-noite em ponto
O sono andava a voltas da casa
Em passos sem tréguas

Só parava com o coral das três
Mais incrível … aquele fantasma não andava durante o dia
Não se sabe, até aos dias de hoje,
Mas acredito ser o fantasmar do relógio

Nos primeiros raios de luz
O sono batia adormecendo espíritos vagos na noite
Escuridão não é nossa amiga de sono
Atrai coisa ruim

Tudo que é treva anda na escuridão
De mão dada ao tesão
Dizia aquele padre que fez tanta criança
Acreditar em má companhia


Edição: Paulo Passos






terça-feira, 31 de outubro de 2017

CAFÉ COM LETRAS - HALLOWEEN





HALLOWEEN


Muita atenção ao aumento de tráfego aéreo.
Cuidado com os congestionamentos.


Apesar do policiamento e da vigilância, aconselha-se prudência.



Desçam pelas escadas e não se atirem das janelas.
Nem todos voam ...!


Acompanhar as crianças nas travessias das estradas, ainda que aéreas.


Com malabarismos e boa disposição.


Constante iluminação de presença.


Nada de excessos de álcool.


Agasalhadinhos, não vá o frio tecê-las.


Cumprir regras de trânsito e das autoridades.


Enfardar com moderação.


Inclusão, interpretação, libertação das aventuras do espírito colectivo.

Folclore, cultura, tradição, desenvoltura de gente (de cá e de lá) que se enfrenta 
e enfrenta medos, demónios, assombrações, fantasmas e anjos de com e sem fim.

Mesmo com trânsito muito congestionado.

Excelente HALLOWEEN ...!


Edição: Janiel Martins

sábado, 28 de outubro de 2017

CAFÉ COM LETRAS - CORVO ... ILHA LAR


Riquezas antropológicas de caracterização ...


Riquezas naturais de identificação ...


Entrando pelos profundos meandros das essências da honra ...


Nos hábitos que se fizeram História ...


História que se conjuga pelos caminhos das recordações e das modernidade ... 


Corvo ilha ... filha de Terra e de Mar ...


Ilha dos aconchegos ...


Com chamamentos da doce e aspirada ternura ...


De liberdades ansiadas ...


Repleta de determinação na protecção que nas intempéries se impõe ...


Categórica nos gregarismos, nas ruralidades e nos urbanismos da naturalidade ...


Ilha do Corvo, a menor das 9 Ilhas do arquipélago dos Açores, 
a mais bela região de Portugal, encarna a demonstração viva 
de que os Homens e as Mulheres não se medem aos palmos ...!


Bem hajam Corvinos ...!
Bem haja população do Corvo ...!
Bem haja Ilha do CORVO ...!

Imagens: Paulo Mariano (à direita)
Texto: Janiel Martins 

domingo, 22 de outubro de 2017

SUSTENTO DA ALMA - DOM JUANISMO

Desenho de Gorka Olmo

PREFÁCIO (ANDO):
O El PAÍS, em 20 de Setembro de 2017, publica uma matéria acessível sobre o DON JUANISMO 
ou MITO DE DON JUAN, que merece ser lido e, entendido, 
como denúncia e como arma de protecção aos encantos 
de todos os que se movimentam na esfera do narcisismo psicopático, embebido numa doce e sedutora disponibilidade e empolgamento, até que a vítima deixe de estar na sua interesseira alçada manipulativa. 

A competência de encantar, encantando-se a si próprio, é falível, como todas as outras competências ... basta não cair nas pálidas tentações que dele emanam, e as feridas do encanto e da magia começam a manifestarem-se.

Recusar e contrariar, algum dos intentos do juanismo, obriga-o a mostrar o verdadeiro rosto. 
Surge, de imediato, o ódio, a impaciência, o medo, o desespero, tatuado em todo o facies. 
Desaparecem as cores do psiquismo da sedução e aparece o baço do tirano. 
Contrariar e não ceder, e a imaturidade e o carácter enfermo mostram as suas garras. 
Mostrar determinismo é mortal para o manipulador conquistador. Surgem as ambivalências e 
inseguranças quando as convicções da sua admiração e desejo de ser amado são beliscadas.

A validação do mito de Don Juan é aplicável tanto em relações de natureza amorosa, 
como em profissionais, familiares, sociais ou quaisquer outras ...! 
Resta perceber o antídoto, para que o seu extermínio da praga comece.

Enquanto lhe é vantajoso, injecta-se de delicados e sedutores sorrisos, promessas de encanto, 
eternas dedicações, declaradas benfeitorias e paixões disponíveis.
O desprezo, a saturação e a humilhação sobre a vítima, vem depois, 
quando precisa de novo sangue, repetindo e perpetuando o esquema.

Em suma, Don Juan, ... é uma bicha oportunista, incompleta e incubada ... 
travestida de narcisismo psicopático, exibindo-se para se esconder.

Desenho de Gorka Olmo. 

 
EL PAÍS (20 Set 2017): 

"Da psicanálise à falta de hormônios:
as explicações para o “donjuanismo”.

O Don Juan é um viciado: sedutor compulsivo, infiel e insatisfeito

Poucos mitos nascidos na Espanha são tão universais como o de Don Juan.
O sedutor insaciável inspirou artistas e escritores, de Tirso de Molina a José Zorrilla, sem esquecer de Prosper MériméeAlbert Camus e Lord Byron. Seja sob o nome de Don Juan ou de Casanova, o arquétipo foi alvo de incontáveis análises para tentar explicar o comportamento desse tipo de gente. Embora o donjuanismo possa ocorrer em ambos os sexos, costuma ser associado aos homens.
Quem sofre dessa síndrome é um sedutor compulsivo, infiel e insatisfeito. Sabe bem como conquistar, porque é um sábio manipulador das emoções. Mas quando uma pessoa se apaixona por ele, a abandona na hora, para começar a seduzir a outra. O sexo é o de menos para ele, não é o protótipo do garanhão que vai de cama em cama. O que lhe interessa, o que verdadeiramente lhe excita, é o cortejo sentimental, a paixão dos primeiros dias. Uma vez que a consegue, quando tem a certeza de que esse alguém está disposto a tudo por seu amor, perde o interesse. Pode manter uma relação de anos por pressões sociais, inclusive pode sentir afeto, mas não será fiel. Platão dizia que só se deseja o que não se tem, e é isso o que acontece com os afetados pelo donjuanismo. Muitos especialistas já tentaram explicar o porquê dessa conduta compulsiva e insaciável, da sua incapacidade de construir um amor estável e duradouro.
Para Freud, pai da psicanálise, o Don Juan está preso na fantasia edipiana de ser o alvo da paixão materna. É um homem emocionalmente imaturo, de perfil narcisista, que procura a figura da mãe em cada mulher que seduz. Quando consegue seu amor, não pode senão abandoná-la, fugir dessa relação que, para seu inconsciente, seria incestuosa. Assim, jamais conseguem estabelecer uma relação amorosa; vivem retidos nesse loop de busca e abandono, passando da entrega absoluta ao mais desalmado rechaço.
Bom conhecedor de Freud, o médico e escritor espanhol Gregorio Marañón (1887-1960) também estudou a fundo a figura de Don Juan e lhe atribuiu uma personalidade narcisista, com uma homossexualidade latente sob seu caráter gozador. Embora o escritor Albert Camus argumentasse que esse personagem se apaixonava por todas as mulheres, o psiquiatra e sexólogo Adrian Sapetti suspeita que ele só “acredita estar apaixonado”, já que depois da conquista esse sentimento nunca chega a se fortalecer. Se a presa se mostrar indiferente ou o rejeitar, o sedutor insatisfeito, valendo-se de todas as suas artimanhas, persiste até conquistá-la. Trata-se, portanto, de um sentimento muito primário, carente de profundidade.
Manuel de Juan Espinosa, catedrático de Psicologia da Universidade Autônoma de Madri e especialista nos mecanismos do amor, sustenta que os Don Juans sentem, de fato, um tipo de amor real, embora sua essência seja volátil e fugaz. “É uma espécie de sentimento que estoura feito rojão; essas pessoas da mesma forma que sentem uma euforia sofrem um baque.” O professor explica que os sedutores compulsivos são “predadores amorosos que na verdade se apaixonam pelo amor, pela sensação que lhes produz o fato de alguém se apaixonar por eles, e pela ideia de estarem apaixonados”.
Essas poéticas afirmações têm uma explicação muito prosaica: esse tipo de personalidade se caracteriza por níveis excepcionalmente baixos de vasopressina, um hormônio segregado no momento inicial da relação, junto com a oxitocina, causadora do bem-estar que o apego provoca. Essa substância é que desencadeia os sentimentos de fidelidade, coesão e confiança, três pilares sobre os quais se assenta o desejo de que uma relação perdure, e no caso desses sedutores ela se encontra em níveis mínimos.
Segundo a descrição de Manuel de Juan, o amor tem três etapas: uma primeira de atração amorosa, não necessariamente sexual; outra de paixão, e uma terceira de apego e comprometimento. E o que o Don Juan vive é esse amor lúdico já descrito por Aristóteles. Entende a primeira etapa como uma espécie de rapina. Só ativa a fase seguinte quando percebe que a outra pessoa está apaixonada. Esses indivíduos vivem intensamente os momentos iniciais: produzem mais dopamina e noradrenalina do que o normal e sentem o chute bioquímico do amor com mais intensidade que os demais. Isto lhes produz uma espécie de embotamento rápido, o que os especialistas chamam “saturação do estímulo”, fazendo com que rapidamente se desinteressem e passem a procurar uma nova presa que os sacie outra vez. Seja qual for a explicação psicológica ou analítica que se queira dar a esse comportamento, o que está claro é que tais pessoas sofrem uma disfunção hormonal que as deixa sempre às portas do “verdadeiro amor”, se assim entendermos o amor duradouro.
O Don Juan é, portanto, um viciado. Excita-se com esse coquetel de endorfinas segregado no início da relação – uma vertigem que acaba com a mesma rapidez com que surge. Pode se apaixonar em poucas horas e se cansar no dia seguinte, ou em semanas. Mas não muito mais: o tempo necessário para que seu organismo pare de segregar opiáceos e seu nível hormonal se equilibre. Então, Don Juan, ou Dona Joana, como todo viciado, sai de novo em busca de mais uma dose. No seu caso, de amor."


Desenho de Gorka Olmo. 
POSFÁCIO (ANDO):
O contributo explicativo hormonal e farmacológico, acarreta em si uma exequibilidade fácil ...!
E o contributo explicativo psicanalítico ? Exequibilidade eficaz mas de difícil 
acesso com muitos obstáculos na sensibilização de consciências ...! 
E não dá jeito ...!

A arma, contra o juanismo, é ter um frasco de antídoto no local de trabalho, 
em casa, nas ruas, na cama, nas fortuitidades ...! 
O poderoso antídoto contra o veneno do juanismo é a nobreza do carácter, 
é a verticalidade sustentada da personalidade ...!
A arma é gente completa, madura, regida pela imagem ética e estética.
Gente que não sabe maquilhagens de persona.
Gente que rejeita maquilhagens de persona.
Gente que repele maquilhagens de persona.
São armas.

Um Don Juan é um aflito a procurar, desesperadamente, ancoradouro, mãe.
É um aflito a fugir, desesperadamente, da ebulição das marés, da sua mãe.
Namorou o pai.
Anima-se e aninha-se (mentalmente inconsciente) com o homem.

Suga e suga-se nos aromas das masculinidades.
Vibra nas virilidades que não são suas.
Quando puder ter acesso à vontade ... fica HOMEM, bicha ou o que for de facto,
mas abandonando as pérfidas necessidades de oportunista, 
de incompletude, deixa de ser incubado e de andar travestido de narcisismo psicopático:
esconder-se-á menos, enfeitar-se-á menos e será (quase) mais GENTE.

Edição: Paulo Passos.
Fonte de imagens: internet.