terça-feira, 19 de junho de 2018

CAFÉ COM LETRAS - DEUSALINA

Janiel Martins
DEUSALINA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Ela sabe de tudo
E acredita ter uma semente
Dentro dela
Mas Deusalina não sabe
Que tem uma menina
Vindo dentro do ventre.

Ela só sabe
Que pegou um buxo
Essa é que é a verdade.

Sai daí tróce
Que vai ser um menino.

Deusalina!
O que foi tróce?
Tu sabe?
Eu gosto de tu
Do teu cangote
E do teu cheiro.

Eu não acredito em tu, tróce.

É verdade Deusalina
O teu sorriso é bonito
Não sei viver
Sem teu cangote, muié!

Deusalina…cadê tu?
Venha limpá a casa.


Pipa, RN/Brasil, em 18 de Junho de 2018


Edição: Paulo Passos





domingo, 17 de junho de 2018

SUSTENTO DA ALMA - A PROPÓSITO DE CRIANÇAS

O Tornico
Um texto de Paulo Passos, que merece...relembrar...!

Portal dos Psicólogos - www.psicologia.pt

http://www.psicologia.pt/artigos/ver_cronica.php?a-propos-des-enfants-senhor-poder-institucional-e-politico&codigo=CR0016&area=


"À propos des enfants … senhor poder institucional e político

2018

Psicólogo clínico (ACES do Cávado I – Centro de Saúde de Braga, Portugal)





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À propos des enfants … senhor poder institucional e político
Em 02 ou 03 de Junho de _________!

Hoje, como em qualquer dia 2 ou 3 de Junho, ou como qualquer 31 de Maio, ou noutro qualquer dia, existem crianças.
Sabe o que é? Não é um conceito …!
Ontem ou anteontem foi um dia de “festa”, em que V.ª Ex.cia andou bastante atarefado a dar beijinhos nas criancinhas das escolinhas e escolonas, a fazer festas (repelentes, está de se ver!) nas cabecitas da canalha (que detesta!) alheias à sua presença, que se viam numa correria estranha ao dia-a-dia.
Pior (…!) ter vivido as repugnantes e antecipadas ideias que lhe surgiam à memória em 31 de Maio, sempre com a (terrífica) visão do dia 1 de Junho se impunha aos seus olhos.
Entende-se todo esse sacrifício … acordar cedo para ir visitar uma escolinha … que nunca pensou existir …!
Dureza, indubitavelmente …! Dureza …!
Suportar essas antecipações de ansiedade e, sabe-se lá … de angústia, até …!
Muito desgaste, muito trabalho, muita dedicação e, sobretudo, responsabilidade.
É o dever do sentido de Estado que, naturalmente, em si habita …!
Contudo … sem esquecer …!... Hoje, como em qualquer dia 2 de Junho, ou como em qualquer dia 31 de Maio, existem crianças …!
Mas, Ex.mo Senhor Poder Institucional e Político … relatando o arraial … a desejada e ambicionada festa “das criancinhas” …!
Pois … ontem (1 de Junho de qualquer ano) foi um dia chato, sem rosto responsável, só máscara …!
Ter, V.ª Ex.cia, que gramar:
- Muita cantilena;
- Muito esmurrar em pandeiretas, tambores e flautas de feira;
- Muitas danças, tão lindas e bem coreografadas, ao sorriso da professora ensaiadora (a com mais jeito para as artes), lá estavam os pequenos nuns desbotados e desfeitos figurinos de papel, por terem ficado esquecidos, durante uns tempos, no parapeito de uma janela que dá para o recreio da escola, sujeitos à intensidade do sol;
- Muito teatrinho;
- Muito teatrinho de fantoches (estes, por ventura, os mais ajustados);
- Muita criancinha naturalmente ranhosa, do choro, ou porque caiu, ou porque andou à porrada com outro, ou porque levou uma dentada … ou porque queria ir para casa … ou qualquer outra coisa, menos aquilo;
- Muita bolacha maria, muito rebuçado e amêndoa, muito bolinho de coco e refresco de pacote (misturado em água e açúcar), sempre com excesso de pó para dar mais cor, espalhados pela mesa do refeitório da escola, em jarros de plástico de várias cores;
- Muita fatia de bolinho feito de véspera, bem cobertos com os mais lindos e alvos panos (bordados à mão pelas funcionárias e com ajuda das professoras), sendo os ingredientes os que os pais e mães das criancinhas puderam dispensar;
- Muito (inapetecível) beijinho;
- Muita professora sorridente, orgulhosa e bem trajada, após uma inevitável ida à cabeleireira,
- Muitos (inválidos) sorrisos;
- Muito ar surpreendido (saturado e, até, envergonhado) pelas competentes façanhas das criancinhas, exaustivamente relatadas pelas professoras (sempre coladas), na exibição das suas próprias qualificações;
- Muita fotografia tirada e, posteriormente multiplicada pelo número de alunos, mais uma para cada professora, outra para cada auxiliar e ainda mais uma para constar (e mostrar ao futuro!) no álbum de recordações da escola;
- Muito sorriso disfarçador, sequencial a um invasor e inesperado suspiro da interioridade intestinal, de qualquer criancinha mais descontraída mas … aliviada … ou de qualquer adulto apertado, sorrindo, tolerantemente e difundindo responsabilidades, para uma qualquer inocente criancinha …
Enfim … e muitas outras delicias que o momento proporcionou …!...
… E a vontade de virar costas a tudo a aumentar … verdade! … Não é, Sr. poder institucional e político?
Entretanto …
Entretanto … vai que chega a hora discursiva … a comitiva popular (mascarada de importante e invejável poder, com a devida demarcação de distâncias … está de se ver …!) … com muita presunção engravatada e com colares aos peitos (sem deixar sumir o corrosivo sorriso, não fosse alguma professora disparar uma fotografia, para colocar, mais tarde, numa qualquer rede social), se vê defronte de uma plateia de criancinha, com o quadro como pano de fundo, onde …
- Uma criancinha esgravatava o cérebro com um dedo, entrado por uma narina, revirando a cabeça, a boca e os olhos para se ajeitar no alvo;
- Outra, coitadinha, bem que se coçava mas o piolho não dava tréguas;
- Outra, com ranho até às orelhas, por se assoar com as costas da mão, arrastando-a pelo percurso do rosto;
- Outra comia as sobras das bolachas que tinha conseguido roubar e guardado nos bolsos;
- Outra chorava porque tinha bebido refresco em excesso e a barriga inchava na reclamação ao corante;
- Outra chorava, também, porque lhe tinham roubado as pegajosas amêndoas, sempre apertadas numa das mãos;
- Outra chorava porque via e ouvia os outros a chorar;
- Outra chora por desespero e impaciência;
- Outra, ainda, também chorava, sem saber porquê … já toda desgadelhada, com o elástico que prendia o cabelo, ao início do dia, meio escambado e já sem a borboleta de feltro e plástico amarelo que o decorava;
- Outra criancinha, toda suada do futebol e da entusiasmante gritaria, por mais que a professora insistisse, teimava em não largar a bola, cega para que aquilo acabasse para poder voltar aos “relvados”, mesmo com o joelho esquerdo esfolado;
- As professoras e as auxiliares não paravam de dar atenção aos pequenos, numa constante confirmação de dedicação sem, contudo, deixarem de manter o olho nas perfeições dos debutantes oradores, garantindo que estavam a ser vistas e a ver;
… Tudo isto sempre ao som da banda sonora e aromatizada, que a garotada ia, intestinalmente compondo, devido aos abusos ingeridos e, eventualmente com a ajuda da professora, auxiliar ou elemento da comitiva, em aproveitamento da deixa dos pequenos, para se abrirem também …!
… Enfim, estava tudo nos conformes e como manda a lei da repetição … sempre a mesma coisa, nada muda e ninguém aprende …!
Terminado o discurso … sempre louvável para os presentes … vai que os sorrisos, já muito pálidos, começam a não ter disfarce.
Instalada a confusão das rapidíssimas despedidas …
Toca a andar que se faz tarde … tudo a desatar para os carros, com o motorista sempre a levar seca, entretendo-se a polir o carro, porque alguma mosca atrevida e mais arisca ali se esborrachou, sem se ter conseguido desviar a tempo, devido à velocidade da viatura da comitiva (dá um ar de labor chique e importante … a velocidade!).
O desespero da comitiva agravou-se, quando viram uma professora, atarefadíssima a rebanhar os pequenos, para a cantiga de despedida, ensaiada com tanto empenho, durante semanas a fio, para esta ocasião.
Neste momento, sem controlo viável …!!!... o defeito do feitio tatuou-se na expressão … com notória e visível alteração do disfarce.
Mas, na cantoria final, o sucesso não foi completo, pois muitas vozes já se esmurravam contra o cansaço, a saturação e a grande necessidade escarrapachada em toda a cachopada: mais refresco de morango (o preferido pela vivacidade da cor … diz-se!) e mais brincadeira … com bola, barulho e bolachas!
E as professoras sem descolarem, sempre com mais uma conversita de novidade ou, ainda a tempo de, entre sorrisos, cravar uma resma de papel para os trabalhos das criancinhas ou, pior, fazerem salientar a própria existência e dedicação com a disponibilidade e competência, para exercer o cargo (tão concorrido) de secretária de Estado da Educação ou similar (se for da Agricultura … também não está mal … afinal tudo se conjuga …!), desde que tivesse a cor da saliência.
Com os restantes e possíveis esforços, a comitiva, já com um pé dentro do carro, ainda conseguiu esboçar um meio sorriso que terminou num enorme bufar, já com o carro perto dos 100 … enquanto os pequenos ainda gritavam os últimos versos da letra de uma imperceptível cantiga, enquanto a professora maestrina, num sorriso de revista, esmurrava uma pandeireta com uma batuta.
Os pais e avós começavam a chegar, no cumprimento do protocolo definido e bem ensaiado na última reunião de pais … para levarem os respectivos pequenos.
Tudo correu como esperado e … diga-se, de tão perfeito que foi … vai reportagem para o jornal escolar.
Uma cópia do jornal, prenhe de orgulho, fica dependurada num quadro de esferovite na sala dos professores, que também faz de salão de chá, enfiada dentro de uma mica de plástico transparente e presa com pioneses (um de cada cor … cumprindo o postulado do calhas …! Calhou um azul porque a professora que o pegou, estava virada para outra, entusiasticamente a debitar, pela enésima vez, o sucesso da festa, logo seguido de um pionés ferrugento, para fixar a outra extremidade da mica … e assim por diante …!).
Vai ainda (mas já uns dias depois), mais uma carrada de fotocópias do jornal escolar, ao preço da conveniência achada pela professora presidente da comissão organizadora da “festa”, a serem vendidas por cada criança, aos próprios pais, em documento autenticado pelo Conselho de Festas e entregue um exemplar da pedinchice a cada pequeno, para fazer o resto da tarefa … em casa.
Mas …
Pois é, Ex.mo Senhor Poder Institucional e Político …
A criançada não acabou no dia 1 de junho (nem as professoras) …
Ontem, hoje e amanhãs são também dias mundiais da criança …! Ou não?
A festa terminou … mas hoje também existem crianças e, pior, apesar da festa, as crianças com privações não acabaram … continuam … dolorosamente … mas continuam e são aos milhões … vivendo (ou não) muito abaixo do básico que V.ª Ex.cia conhece, como um bom desconhecedor …!
Ex.mo Senhor Poder Institucional e Político …
Hoje, dias seguintes aos da “festa”…
- Há crianças com o VENTRE nas costas;
- Há crianças resignadas. Sim RESIGNADAS … Imagina a resignação numa criança? Consegue?
- Há crianças armadas com o ÓDIO e com o NADA;
- Há crianças feitas de MEDO;
- Há crianças manchadas de DOR e de VERGONHA;
- Há crianças que estão ao CONTRÁRIO;
- Há crianças que nunca sentiram LUZ ou ESPERANÇA;
- Há crianças que tentam mas NUNCA conseguem;
- Há crianças que já nem sentem a CARGA;
- Há crianças que já nem SENTEM …
Mas, V.ª Ex.cia, Sr Poder Institucional e Político, já teve a sua dose de sacrifício … ontem foi um dia cheio e muito trabalhoso, para além de lucrativo na resolução de problemas da CRIANÇA.
Entende-se … que mereça, de justo direito, um descansito de pelo menos duas semanas de férias (no estrangeiro), depois do árduo dia de labor de ontem, nas comemorações do DIA MUNDIAL DA CRIANÇA … certamente que pago do seu próprio orçamento … fica-se com a garantia!
Pois é … nada vê, nada ouve e nada sabe … como convém …!
… Como convém, a alguns …! … Mas há quem denuncie as mortes antecipadas dos outros …!
Verdade … não podia falhar …! Ainda houveram as ridículas, inoportunas e manipuladas patetices televisivas (e de outros meios, ditos, de comunicação social), onde as gracinhas do entulho “famoso” se deliciava, uns com os outros, a debitar historinhas da própria infância (iguais à enormíssima banalidade, diga-se!).
Ah, sim … Sem crítica alguma e numa completa ausência de noção de ridículo … como sempre …!
Foi um fabuloso enredo, espelhando o protótipo manifesto do exercício narcísico, que apenas traduz o camadão de egocentrismo da doença do carácter e da brutalidade da inutilidade e da incompetência … que naquelas caveiras estão, cronicamente tatuados.
… É …!
… Enfim …!
Fique bem e usufrua das merecidas semanas de férias, Sr. Poder Institucional e Político, que nós por cá vamos ficando com as criancinhas e com as agruras que não desgrudam …!
Certo da sua manutenção à aderente doutrina paralisante e impeditiva do despertar crítico, na sua conceptualização da castradora ordem social das coisas, subscreve envergonhadamente por te conhecer … em POVO …!
Planet Earth, 02 ou 03 de Junho de _______!"

Edição e quadro: Janiel Martins





quarta-feira, 13 de junho de 2018

PERNA DE PERÚ ASSADA


Ingredientes:

- Perna de peru
- Azeite
- Alho
- Malagueta
- Vinho branco
- Alecrim
- Sal

Modo de preparação:

Coloque a perna de peru numa assadeira de barro.
Esfregue-a com o sal, malagueta, alecrim e alho.
Verta o vinho branco e o azeite.
Ladeie com batatas, temperadas com sal.
Cubra com papel de alumínio.
Leve ao forno a 180 graus.
Cerca de 45 minutos depois, retire o papel de alumínio.
Desligue o forno quando o dourado se apoderar da assadeira.

Acompanhe com fruta da sua preferência ou a que tiver.




Edição: Janiel Martins

terça-feira, 5 de junho de 2018

CAFÉ COM LETRAS - LUA


LUA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

talvez seja um só
um lugar para parar
a mente do homem

vê, é uma montagem
olhar muito é derreter a mente
duvidar é ser louco

se for
talvez destruirei o caminho
ficar é uma loucura

sentir é uma explosão
amor é equilíbrio
do homem

paixão é
o meu castelo
escondido

alvo é
atingir
o necessario

escuridão é
queimar a alma
cinzas, cinzas

o lado dois
Deus sonha 
o Diabo empressa

matéria é vida
peso é um sinal
algo está errado

a natureza é brusca
a mansidão é um erro
que tem concerto

transfoma
não construas o silêncio
que destrói

Edição: Paulo Passos 






sábado, 2 de junho de 2018

SUSTENTO DA ALMA - O GENE DA INCOMPETÊNCIA

Paulo Passos


"O gene da incompetência. 

O (gene do) aproveitamento da incompetência. 

O sofrimento institucional. 

Bigodes e colares aos peitos.

2018
Psicólogo clínico - Braga, Portugal


Levante contra as novas e actuais versões torturadoras da santa fogueira, numa época em que as noções de direito, de liberdade e de justiça estão letalmente feridas pela institucionalização de valores intencionados no seio da incompetência, da doença do amiguismo e do abusivo poder desleal.
Era de princípios invertidos e adulterados pela soberba e desmedida ambição em que se confunde, com ou sem intenção, a vida com a glorificação do sofrimento e da dolorosa e humilhante pobreza, para uns e, para outros, a glorificação do obscuro e desmedido despesismo, do caseirismo, da incompetência, da farsa, tudo na perfeita isenção de culpas e de responsabilidades.
Levante contra as intenções de que nenhuma construção se suporta quando iniciada pelos adornos. O material de construção dos indivíduos é o afecto continente, é o vínculo da segurança, é a disponibilidade na relação. Os materiais de construção não são os enfeites e os berloques, estes que, apenas servem para preencher o que está vazio. Quando se cresce na saúde relacional, não se cresce vazio nem no vazio, nem na doença.
A cegueira é um colosso, no que concerne à forma como se cresce em humano. Uma mera organização de pessoas a viverem debaixo do mesmo tecto e em cumprimento com uma pré-estabelecida matriz de valorizações, no registo hierárquico, não é uma família.
A protecção destes sistemas familiares (por colossal ignobilidade) tem sido a origem da doença psicológica, nas suas diversas expressões e da sua expansão epidémica.
São vidas maquilhadas de rancores arcaicos (que se acham luz), com origens na família.
Estão invalidados os postulados que regem que o indivíduo sobrevive em si. Sem relação não há relatividade e sem relatividade não há consciência de si, não há identificação e não há gente.
Resta o oco esperando ser preenchidos pelo disfarce.
Restam as doenças e os sintomas esperando por maquilhagem.
Levante contra a saliência das posições sociais e institucionalmente privilegiadas, arquitectadas pelas vias das desonestas personagens, formas e contextos, num palco mobilizadas e iluminadas pela focagem do acrítico farol (conveniente e pérfido) apontador. 
Levante o holofote da honesta observação psicossociológica, em convicto detrimento de preocupações das articulações idiossincráticas, interesseiras e figurativas.
Levante odes ao ser e ao trabalho qualificado.
Levante odes contra a incompetência, travestida de úteis contributos e produções.
Levante odes repreensivas, materializadas contra quotidianos e valores dominantes (corrosivos), invasores e parasitas do bem colectivo e do bem individual.
Levante odes contra o fedor a que tresanda a imoralidade e a toxicidade institucionais.
Levante odes luminosas de asserção, de justa, equitativa e livre valorização.
Levante odes à procura de virtuosas alternativas construtivas e maturadoras do desenvolvimento do carácter que se deseja humano e desencruado.
O verdadeiro poder está na sincera origem do altruísmo: é-se através do outro.
Levante denúncias às usuais e falhadas práticas relacionais impensadas (ou pensadas em conveniência do pobre pensamento doméstico), como exemplares códigos pré-estabelecidos de conduta, suportados por acríticos e institucionalizados (obscuros e letais) genes sociais e familiares. 
Levante a generalização através da conceptualização dos personagens e dos meios ambientais, com o cariz de exemplaridade que induz ao equilíbrio e à colectiva satisfação.
Levante aos contextos das odes à criação e actualização de representações mentais, para a construção de um todo e de um si integrados.
Alerte os perigos da passividade e da mansidão, pela denúncia da distorcida e propositada conveniência dirigida aos intuitos individuais, em detrimento da justa e de direito conveniência, centralizada em intentos e benefícios comunitários, gregários e ambientais.
Comemore a nobreza da felicidade substituindo-a pelo flácido e falso entusiasmo momentâneo de uma alegria intoxicada ou de um (comprado) louvor imerecido.
Aluda ao trabalho, sobretudo ao trabalho psicológico do crescimento e da cívica evolução, derrubando os alicerces do defeito (quase crónico) transmitido com a roupagem do altruísmo, da equidade e das boas intenções.
Derrube, igualmente, o que está na convicta certeza do disparate e da instituída falcatrua da errática trajectória existencial e do chico-espertismo.
A origem da corrupção não está, garantidamente, na segurança do amor que dá o prazer do crescimento.
A origem da vocação para a corrupção, está na mágoa das arcaicas feridas psicológicas sem restauro. Está no abandónico e sangrento percurso histórico-psicológico, confirmado pela denegação e pela mentira.
Não há tempo a perder com a falsidade da diplomacia discursiva.
Não há tempo a perder com os hipócritas e patéticos sorrisos.
Não houve (há) nenhuma preocupação de conceptualização diplomática, ou outra, no acto de explorar, de lograr e de roubar, pela parte dos protagonistas.
 Não há tempo para se perder, pagando pelos astronómicos devaneios efectuados e canalizados aos interesses individuais das camadas populares oportunistas, galhistas e favorecidas.
Não há tempo a perder: cada dia que passa é maior a distância do jardim-de-infância e maior a proximidade do lar de terceira idade.
Levante à vida, vivida na dignidade e não na mendicidade.
Levante contra a infecção nacional (a portugalite), para denunciar as doenças da estrutura e do feitio psicossociológicos.
Levante ao apelo à implícita justiça da existência, que não poderá permitir que sejam crucificadas as pessoas alheias aos erros (intencionais ou por incompetência) que se cometeram e aos ilícitos enriquecimentos de outros.
Levante ao desenvolvimento centrado na lealdade e na confiança.
Ode à substituição do marasmo, da estagnação, da pasma mansidão com que se permite a prevalência da mentira, pela sã mobilidade psicológica em iluminar a cegueira institucional, social e familiar que se tem mantido abafada pela própria mortalha.  
Levante contra a vivência do imundo chafurdo social e institucional.
Levante às odes que arrastam em si o poder da liberdade para se experimentar os dourados raios da bela aura da completa existência.
Levante às igualdades, pluralidades e sintonias das liberdades.
Levante contra o poder das doenças dos feitios, das doenças dos carácteres.
Sem as descoloridas dores das lusitânias.
Sem bigodaças…
Sem colares aos peitos…
…nas suas vertentes de argamassa ocupante de vazios ou dolorosas moléstias psíquicas e psicológicas…!
Faz mal às saúdes.
Faz mal às saúdes.
Faz, DEVERAS, mal às saúdes."
 Em:

http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?o-gene-da-incompetencia-o-gene-do-aproveitamento-da-incompetencia-o-sofrimento-institucional-bigodes-e-colares-aos-peitos&codigo=AOP0469&area=


Edição: Janiel Martins


terça-feira, 29 de maio de 2018

CAFÉ COM LETRAS - DUAS CRIANÇAS E FILHOS

Janiel Martins


DUAS CRIANÇAS E FILHOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
não é birra
é um trio adiante
sem freios
com arrogância
acelerado
vive em ponto morto

no berço chora
lá fora tem medo
dentro tem dois pensamentos
a cabeça produz
e o coração seleciona
um bate no outro

dois ficam colados
em serventia
um se divide
em solidão
do respeito
a cara

o rosto
não aparenta
ser um bom dia
deixa-me de lado
sou carne
independente

é uma teimosia
é a descoberta
coberta
de lençóis
eu quero 
e tu não

a negação
é a doutrina de casa
eu tenho um sentimento
de medo infantil
construo 
sonhos em mim

vou juntar sentimentos
e suicidá-los
não estou acordado
ciente estado
coberto ao vai
e fique



Edição: Paulo Passos 











domingo, 27 de maio de 2018

CAFÉ COM LETRAS - ENCARDIDO

Janiel Martins 
ENCARDIDO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

É a nova cor, já tão velha
Na pele humana
É o encardido da alma
Transmitida para o corpo

Longe fica o branco
A cor que se pensa
Ser de paz
O vermelho é mais forte

Ficar pelo encardido
É mais condecorativo
Para ver...
Pensar é uma rede eléctrica

Edição: Paulo Passos