quinta-feira, 20 de outubro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - OBEDIÊNCIAS E CUMPRIMENTOS

Fonte da imagem: internet.

"Os cães obedecem ou desobedecem.
As pessoas cumprem e cumprem-se em liberdade, em igualdade, em fraternidade e em justa justiça.
Quem assim não cumpre ... desobedece."
(Paulo Passos, Portugal)

"Obedecer ao peso da albarda de cânones sociais é letal para a criatividade.
A escolarização e as educações institucionais são alguns dos valores desses cânones."
(Paulo Passos, Portugal)

"Obediências são viciadas representações de papéis. 
Cumprimentos são sãs participações de funções."
(Paulo Passos, Portugal)

Paulo Passos
CARCAÇAS 
(Paulo Passos, Portugal)

"A carcaça é (entre outras) um corpo feminino, comummente, de nova a mais de meia idade, podendo, contudo, ultrapassar (dentro dos limites previsíveis) este balizamento.
É, na grande maioria das vezes, uma pessoa que não trabalha mas tem um emprego.
Se não quer ter emprego, tem, igualmente, uma funcionária doméstica.
Vive muito desfasada das noções de igualdade, direito e liberdade.
Gosta de ser dependente (apesar do ar peremptório de determinação e de independência), domada e alheia-se, vaidosamente, da sua função de existente, eventualmente, contributivo e valorizável.
Assume (num formato pré-consciente, mas que lhe dá jeito) ser o "sexo fraco", submissa à cultura sexista e faz disso bandeira, através da poluição psicológica, visual e sonora, em que se movimenta.
Adora os adornos que a conduzem, exibindo-se, ela própria, como um adorno (a proteger) para os seus (no mínimo).
Tem carro e conduz, invariavelmente de forma incivilizada.
Conduz. Conduz e fala ao telemóvel ao mesmo tempo.
Nunca tem tempo para usar os piscas.
O fluxo de trânsito, os outros e a via, quando ela passa, não interessam para nada. É tudo dela.
Desrespeitosamente, estaciona como lhe convém ou como calhar.
Se tem um furo num pneu (ou outro qualquer problema), deixa o carro onde está, vai de táxi para casa e telefona ao marido a informar. Contudo, se estiver perto do destino, leva o carro assim mesmo e depois alguém resolve (geralmente o marido que, afinal, é para isso que ele serve).
Nunca abastece o carro. Isso é dever do marido ou do filho mais velho (a existir). A filha (se houver), quase sempre lhe segue o feitio das passadas. Vão às compras juntas.
Quando se insurge, por via de algum incidente (causado pela própria) entre ela, a condução e um homem condutor, pára o carro onde quer que seja (pode ser uma rotunda, ou um lugar para ambulância, ou obstaculizando outro!), deixa-o a trabalhar (travando-o ... se se lembrar!) e sai do carro já pronta para a disparatada fragilidade, argumentando-se:
- "Eu sou mulher ... mas tenho pai, marido e irmão ...!!!"
Ora, uma criatura (diminuidora e molestadora do próprio género) que se argumente (usando como se se tratasse de material bélico ou jurídico) com o facto de ter (ameaçadores!) pai, marido e irmão ... é a materialização da desconsideração, da desvalorização e a prova real da existência de viventes ausentados de qualquer recheio (útil).
Exibe-se, gratificantemente e tão só, em todas as esferas respiratórias (existenciais) como: a filha de...a mulher de...e a irmã de...!
Vale perguntar: 
- Mora aí alguém, nessa carcaça?
Mulher (?) que escuda o próprio ser na figura de um homem.
Será que é por isto que se diz que, "por trás de um homem há sempre uma mulher" (independentemente do tamanho!)?
Jamais se pode crer que o crédito deste provérbio ancore neste contexto...!!!"


Frederico Lourenço. Fonte da imagem: internet.

O GAY HOMOFÓBICO
(Frederico Lourenço, Portugal)

"O gay homofóbico anda sempre de gravata e nunca se lhe conheceu uma camisa que não fosse às riscas. Almoça nos melhores restaurantes do Guincho com condessas verdadeiras (ele em mulheres não gosta de pechisbeque), criticando amargamente os filhos e sobrinhos delas que cederam à possidoneira de se "assumirem". Vai todos os dias à missa, desde que se encontre nas imediações de uma igreja onde haja uma congregação maioritariamente "bem". Já foi dono de um antiquário, mas o negócio não resultou. Depois tentou outra coisa mais duvidosa, mas isso também não deu. Tem um pouco o complexo de não ter acabado o curso de Arquictetura: por isso exige que a empregada o trate por "senhor arquitecto". A sua casa (um andar modesto numa rua caríssima) está apinhada dos objectos que sobreviveram à derrocada do seu negócio de antiguidades. Aos sósias rascas de Cristiano Ronaldo, que por cinquenta euros aceitam passar vinte minutos bem suados no seu quarto de dormir, costumava dizer: "as Companhias das Índias da avó". Até que um dia foi assaltado e espancado. Agora diz: "é tudo imitação". O que, no caso dele, não podia ser mais verdade."

Em: "Caracteres", Frederico Lourenço


Antonin Artaud (1896 - 1948 / França). Fonte da imagem: internet.

"(...) Desde que não consiga no coito grugulejar com a glote da maneira que sabe, e ao mesmo tempo fazer gluglu com a faringe, o esófago, a uretra e o ânus, o senhor não pode declarar-se satisfeito.
E no seu sobressalto orgânico interno há um certo refego que é testemunho encarnado de um estupro nojento, e ano após ano vai sendo cultivado em mais larga escala porque não cai, socialmente falando, sob a alçada da lei, embora caia sob a alçada da outra lei a que vai parar toda a consciência lesada que sofre, porque o senhor, a comportar-se deste modo, impede-a de respirar.
Decreta com delírio a consciência que trabalha enquanto a vai estrangulando, por outro lado, com a sua reles sexualidade. (...)"

"(...) E alienado autêntico o que é?
É um homem que preferiu ficar doido, no sentido em que socialmente o entendemos, a degradar uma certa e superior ideia de honra humana.
Por isso a sociedade mandou estrangular nos seus manicómios todos aqueles de quem quis livrar-se ou defender-se por recusarem ser cúmplices, com ela, de certas e subidas indecências.
Porque o alienado também é um homem que a sociedade não quis ouvir e quis impedir de dizer insuportáveis verdades. (...)"

Em: "Van Gogh, o Suicidado da Sociedade", Antonin Artaud


Janiel Martins

TRIBUNAR PODRES
(Janiel Martins, RN / Brasil)

Veredicto em texto
a saborear ...
como fruta ...
no ponto ...!!!
Sustentando a alma ...
... denunciando sociopatias,
acusando corrupções,
vícios e moléstias
das corjas,
dos parasitas,
dos fedorentos
intoxicados
e intoxicadores
de tudo onde tocam
de tudo onde estão.
É lixo psicológico
gritando dor,
gritando vitória 
vitória confundida
jamais alcançada.
Repetição do desejo,
repetição da dor
dor da rejeição.
Inventam poderes 
roubando justiças,
alimentando
a mentira que
lhes roubou o sangue.
Veneno que sorri,
sorriso que é dor,
sorriso que arrota angústia,
tentando a sobrevivência.
Acusação em ética,
tribunar em justiça.
A justa, que é pública,
e é filha da rua,
e é poesia ouvida.



Janiel Martins





domingo, 16 de outubro de 2016

SOPÃO REFEIÇÃO


Ingredientes:
(Nas doses que entender e necessitar e, 
se não tiver um legume, use outro que tenha)

- Azeite
- Sal
- Louro
- Cebola
- Alho
- Couve
- Chu-Chu
- Aipo
- Pimento
- Cenoura
- Massa
- Carne


Modo de preparação:

Pique a cebola para uma panela.
Verta azeite.
Junte uma pitada de sal.
Aromatize com uma folha de louro (verde).
Deixe refogar um pouco.
Adicione o alho picado.


Frite a carne (apenas um pequeno pedaço, 
a quantidade necessária para incutir o
gostosinho enriquecimento de proteína), 
previamente bem cortada em pedaços pequenos.
Corte a cenoura (não descarte a pele) em cubos pequenos, 
bem como meio pimento, o chu-chu e o aipo.
Corte as couves em pedaços e junte aos restantes ingredientes.
Água à medida, confira de sal e deixe cozinhar um pouco, 
ao que juntará a massa que entender.


Desligue o lume antes da massa estar cozinhada.
Retire a folha de louro.
Deixe apurar e, se assim entender, pode temperar com um 
pouco de pimenta acabada de moer.

Acompanhe com fruta ... que pode ser um suco de pêra, laranja e nozes.


Fantástica sopa para um dia frio, chuvoso, 
no acolhimento do que pertence e de quem pertence ...!!!



Fonte das imagens: Janiel Martins

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - OUTONANDO CORES E COISAS

OUTONO 

 Hemisfério Norte


Acrílico sobre tela. Jorge Sá.
"Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza."
(Nietzsche)


"Outono é outra primavera, cada folha uma flor."
(Albert Camus)




"Quando algo que gostas acaba, ou simplesmente vai-se embora, lembra-te que 
as folhas do Outono não caem porque querem mas sim porque é chegada a hora."
(Desconhecido)




"Nossa existência é transitória como as nuvens do outono. 
Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos da dança.
Uma vida é como o brilho de um relâmpago no céu. 
Levada pela torrente montanha abaixo."
(Buda)


Pablo Neruda. Fonte da imagem: internet.
CINCO COISAS
(Pablo Neruda, Chile)


Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.


Acrílico sobre tela. Jorge Sá.
"Hai-Kai de Outono
Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?"
(Mário Quintana)

Janiel Martins
SERTÃO, SONETO DE OUTONO
(Janiel Martins, RN / Brasil)

Sertão deslibertinado em flor de volúpia
Poéticas libertinagens são teus ares
Libertados na tua só vontade
Do teu desliberto ser em livre

Métricas desobedientes, desnorteadas
Sílabas autónomas palavreiam-se
Na pontuada sensatez quase anulada
De império de tu, vontade

Imponente um Ser Tão seu
Seu que de nós se impregna
Em modus de ti como amantes e regras

Casualidades com intenções gemidas e entregues
Pelos suspiros do encontro dos desejos
Desvergonhados suores outonais de SerTão Teu soneto.



Outono em frutos, cores, ambientes e prazeres  ...



Um livro, um suco de outono e outros prazeres ...


Figos inteiros, suco de laranjas e miolo de nozes.


Liquidificadora.


Sirva-se ... e esteja no seu sábio, ternurento e aconchegante Outono ...!!!




"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. 
Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente."
(Dalai Lama)


Romântico Outono Romântico ...!!!



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Fonte das imagens não assinaladas: Janiel Martins

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

ASSADO DE ANANÁS COM MORCELA


Ingredientes:

- Morcela (preferencialmente da Ilha de São Miguel).
- Ananás (ou abacaxi).
- Saborosa expectativa (muita).


Modo de preparação:

Corte a morcela aos pedaços e o ananás com a espessura de um dedo (aproximadamente).
Numa assadeira distribua o ananás, colocando os pedaços da morcela por cima.


Leve ao forno, previamente aquecido a 170 graus.
Desligue e retire do forno, quando o tostado crocante 
tiver invadido a pele da morcela e as pontas do ananás.


Sirva com um pão (se caseiro ... completa a perfeição!) e com a bebida de eleição.


Não diga nada ... este jogo pode ser jogado sozinho ...!!! Tão bom ...!!!  


Morcela com ananás, deliciosa entrada de refeição (ou refeição, por si só!), 
é um deguste digno de notáveis merecedores, 
tradicional da Ilha de São Miguel (Açores / Portugal).


Como já apresentado neste blog, o ananás pode não ser assado, 
o que confere ao prato um sabor fresco e com gostos separados.
Na presente receita, há um perfeito encantamento entre o ananás e a morcela,
que se embrenham numa prenhez que conduz aos jardins de delícias.


Texto e imagens: Janiel Martins

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - O FORMATO SOCIAL DE CHERNOBYL

Fonte da imagem: internet.

FARSAS, DISFARCES E ESCONDERIJOS
SÃO ALGUNS JEITINHOS DAS APARIÇÕES DOS
FORMATOS SOCIAIS
DA(S) CATÁSTROFE(S) DE CHERNOBYL


Fonte da imagem: internet.

Que tendência ao apelo da decadência ...!!!
Que tentação para a ostentação do disparate e da acrítica ...!!!
Que inclinação para a valorização das visíveis carcaças ...!!!
Que subjugação ao ridículo das avaliações e aparatos ...!!! 

Fonte da imagem: internet.

Serão a-seres ...??? That is the question ...!!!

Fonte da imagem: internet.

Que necessidades estarão subjacentes a estas criaturas que tudo fazem para encobrir
as suas essências e transformarem-se numas genuínas máquinas de disfarces e mentiras?
Que peso e massacre terão estes mecanismos sobre essas próprias criaturas?

Fonte da imagem: internet.

Sobre estes infortúnios mendigos do aparato e do néon social, parece que o impacto
não augura nada de bom para as suas próprias consciências.
Mentem-se e mentem tanto que passam a crer (a custo diariamente elevado) nas
tóxicas bujardas (pontos de vista momentâneos!) que debitam pelas próprias bocas ...!!!

Fonte da imagem: internet.

São defesas, apetrechadas dos seus próprios mecanismos, para se salvaguardarem,
minimamente, com alguma integridade.
Sem impedirem, contudo, a própria derrota e destruição. 
Ginástica existencial colossal ... verdadeiras/os atletas (em pódio) das olimpíadas 
da farsa, do logro, do disparate e da dolorosa e insuportável algazarra psicológica. 

Fonte da imagem: internet.

O que diz a Psicanálise sobre o assunto ...???
No Vocabulário da Psicanálise de Laplanche e Pontalis, para o termo "DEFESA", lê-se ... 


... Pois é ... parece que este povito precisa mesmo de alguns enfeites, para 
esconderem as mazelas, ocuparem o oco psíquico e 
afastarem o piolhito que dá coceira chata...!!!

Andam, estas/es infelizes, todas/os na DEFENSIVA ...!!!

Fonte da imagem: internet.

Visíveis em múltiplas modalidades, estas criaturas, não dão tréguas ao equilíbrio,
nem ao ambiente onde estão (ou lhes surge no crânio ...!!!), poluindo tudo no redor, 
qual Chernobyl (e larga vizinhança), após o desastre nuclear.

Fonte da imagem: internet.

 Contaminam, multiplicam-se e parasitam tudo ...!!! 
Por vezes, nem as máscaras são eficazes ...!!!
Tal não é o veneno que (lhes) corrói o hábito... travestido de mórbidos sorrisos ...!!!

Paulo Passos
"ENGELHO
Paulo Passos
(Psicólogo, Braga / Portugal)

Muito para além dos romances e dos poemas ... muito para além (e aquém) do século passado ... parece estar dolorosamente eterno, este hoje! ... Adenda a: "Existem romances imperdoáveis, quase todos os romances contemporâneos são imperdoáveis. Como é imperdoável a maioria dos poemas portugueses deste século. A bem dizer não há nada.", citado por Herberto Helder (1930 - 2015, Funchal / Portugal) e publicado em 4/Dezembro/1990, no Jornal Público.
Muito gostam ... las vedettes (expressão franco-hispânica ... mas de lusitano fabrico e criação!) ... de adornos e enfeites, de qualquer tipo ou material, desde que as/os façam sobressair encharcadas/os nas vaidades do pobre (e básico) narcisismo ... !!!
A cultura do falso, do copiado, do vidro barato exigindo-se cristal ... a cultura do imediato, do circunstancial, do que vive sem raiz, mas enraizado no desespero da descriação, abunda por aí ... como fungalhada promiscuamente em reprodução.
Criaturas que desbotam alegrias e ambientes, onde quer que estejam.
Criaturas fedendo a inveja e incompletude, mendigas de um QUALQUER lugarito num QUALQUER aparato televisivo, noveleiro, gala, entretenimento (e similares), vendável e visível.
Pois ... são certas moças e moços destas praças, acefalóides, que se espojam pelos ares da para-descontracção, sentindo-se arrasantes de espontaneidade ...!!! (NÃO ... tão só estão arrasando com a espontaneidade e a descontraída elegância). 
Criaturas que esgotam, esvaziam, castram e banalizam significantes que, por azar ou ironia, caiem nas bocarras (des)lexicais desta gente. E repetem, repetem, repetem, copiam, clonam, plagiam, reproduzem formatos como moscas no eterno cio abestalhado ... tão acrítica e apaixonadamente submissos  às imitações ...!!!
Mal fadados clichés ... infortúnios e paralisantes clichés verbais, não verbais e os outros ... infortuna gentinha ...!!! 
Quanto mais miserável é o país e quanto maior é a dívida social, mais se evidenciam estas pérfidas e atrozes afrontas.
Uns dizem, "... matéria a ser discutida em sede própria ..." banal cliché(zito) (designação que fede a léguas ... mas que elas/es gostam) elevado ao nojo infinitesimal, tão usada por políticos desconhecedores da criação e desprovidos de dotes predicados (predominantemente os de direita, contudo, também audível oriundo da ala central).
Outra clonagem é a conduta vocal dos padres, que mais parece uma imitação de um tenor constipado, do que um salutar e correcto formal falante. Para quê? Porquê? (Quase todos, salientando-se, contudo, os ocupadores dos lugares mais elevados, na sua própria hierarquia, estes com maior e procurado acesso à propaganda e viventes nos grandes centros eclesiásticos decisórios). 
Depois ainda vêm a(s) pequenas/nos decoradoras/es (dizem ...!!!) que, conseguiram avacalhar a mais simples (ou complexa) jarra com ramos de verdura, que se passou a chamar "aquele elemento verde faz toda a diferença" ...!!!
A não esquecer as criaturas das televisões que, exaustivamente, arraialam todo o tempo de antena com a lamúria dos números de telefone. Estes/as são os/as peritos/as na arte da papegueação, ou papagueamento ... tanto faz ... (repetem, repetem, repetem ...) ...!!!
Aparecem também, em quantidade, os moçoilos e as moçoilas (já bem longe, a maioria, das ditas idades casadoiras) do mundo dos trapos (dizem-se, eles/as, está de se ver ... estilistas e criadores de moda (vulgo modistas, mas já, também, doutoras!) ...!!!), com o design do "conceito" (desgraçado "conceito") tatuado nas cordas vocais. Para estes/as, tudo depende do "conceito" que, em abono da verdade, ninguém tem noção, por ser tão ... arbitrariamente ..."qualquer coisa".
Ainda há os que adoram prefixar adjectivos (ultrapassando, até, os devidos superlativos ...), como se eles (adjectivos) não tivessem já a natural condição de qualificadores ...!!! Pois é ... é a raparigada e rapaziada que travestiram grande parte dos adjectivos, com os prefixos "Hiper" (mercado!), "Super", "Mega" ... que em exemplo ficará algo parecido com o nada exagerado, contudo, cobertor de vazios: "... ficou Mega-lindíssima ..."; "...está tudo Super-fantástico ..."; "... sinto-me Hiper-cansado ... mas Mega-realizado ..." (sim ... "cansados/as" andam sempre todas/os ...!!!). Estes são os com queda para a Linguística ... só que ... isso dava MUITO trabalho e não é assunto para todas/os (ressalve-se) ... ficou a aula vazia e o pátio do recreio cheio destes foragidos doutos...!!! Rua ...!!!
Ahhhh que facadas na elegante, bela e nobre humildade ...!!!  

Brasão dos mega-chiquíssimos pregadores (de clichés) e similares (referidos e outros mais ...) ...!!!
A fina flor do entulho - clãs sociais sufocadores de educação e civilidade. A piolheira (brasonada ... está de se ver ...!!!) no seu melhor ...!!!
Como se esta gente, tão na analfabetizada moda dela (sobretudo lisboeta ... vizinhas e similares, falando de Portugal), tivessem a particularidade e o dom da criação e da normatização, sendo Lisboa, vulgarmente, o feudo onde se cristalizam ... até novas bujardas, em jeitinho de moda...!!! Coitada da pobre da cidade (diga-se em justo), que nada tem de culpa (para ser tão achincalhada com tanto disparate mendigo, aflição neurotizante e olímpico desespero) que, como qualquer outra terra, apenas alberga povo...!!!
Quanto à "Depressão" e à "Viagite" (uma "viagite" é uma MEGA-magnífica maníaca inflamação na e pela viagem) ... são as duas maleitas que assumem o cariz de transversalidade a toda esta raparigada e rapaziada (sem limites de idades).
A primeira (depressão) aparece quando eles/as (ruidosos e ruinosos psiquismos) querem e porque lhes é conveniente.
A segunda (viagite), já não é bem assim, porque o dinheiro não abunda (na maioria) para alimentar esta infecção (... dita na e para a "viagem"), sendo que há sempre a possibilidade de se fazerem convidadas/os, ou cravas de alguém para alombar com os custos.
Às vezes têm sorte ...!!!" 

Janiel Martins



domingo, 2 de outubro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - SINTONIAS E FORÇAS LIVRES


Aluísio Azevedo, MA / Brasil. Fonte da imagem: internet.

"(...) ao passo que o Albino, saracoteando os seus quadris pobres de homem linfático, batia na tábua um par de calças, no ritmo cadenciado e miúdo de um cozinheiro a bater bifes. O corpo tremia-lhe todo, e ele, de vez em quando, suspendia o lenço do pescoço para enxugar a fronte, e então um gemido suspirado subia-lhe aos lábios."

Em: "O Cortiço"
Aluísio Azevedo


Adolfo Caminha, CE / Brasil. Fonte da imagem: internet

"(...) Estava satisfeita a vontade de Bom-Crioulo. Aleixo surgia-lhe agora em plena e exuberante nudez, muito alvo, as formas roliças de calipígio ressaltante na meia sombra voluptuosa do aposento, na penumbra acariciadora daquele ignorado e impudico santuário de paixões inconfessáveis ... (...)"

Em: "Bom-Crioulo"
Adolfo Caminha


Caio Fernando Abreu. Fonte da imagem: internet.

VEM NAVEGAR NA MINHA VIDA
(Caio Fernando Abreu, RS / Brasil)

Vem navegar na minha vida
Faça de conta que meu corpo é um rio,
Faça de conta que os meus olhos são a correnteza,
Faça de conta que meus braços são peixes
Faça de conta que você é um barco
E que a natureza do barco é navegar.
E então navegue, sem pensar,
Sem temer as cachoeiras da minha mente,
Sem temer as correntezas, as profundidades.
Me farei água clara e leve.
Para que você me corte lenta, segura,
Até mergulharmos juntos no mar
Que é nosso porto.



Cazuza, RJ / Brasil. Fonte da imagem: internet.


“Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de furta mordida, nós na batida no embalo da rede, matando a sede na saliva.
Cazuza


Renato Russo, RJ / Brasil. Fonte da imagem: internet.

Mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir em usar os remos.”
Renato Russo



Antônio Baltazar Gonçalves. Fonte da imagem: facebook.

NA MINHA FACE UM RIO TRANSFIGURA
(Antônio Baltazar Gonçalves, SP / Brasil)

O que eu tinha para ganhar trago guardado, 
quando preciso não morrer escrevo poesia. 
O que perdi é agora estampa dos séculos, 
das eras engendradas o genoma da minha espécie. 
Visto a pele do tempo, 
na minha face um rio transfigura o que fui não sendo. 
Tenho todo o tempo do mundo sonhando. 
Não passo, fico. 
O novo milênio está escrito: 
ressurreto, escolho renascer.



Janiel Martins

TESÃO NO MASCULINO
(Janiel Martins, RN / Brasil)

O fogo que 
entre pernas
me abrasa,
da cor do teu
chão coberto
de luarengos 
lençóis de prata,
alivia-se
no chamamento
da luz,
e no penetrado 
braçado de estrelas,
que a ti queima
e não emprenha,
com o tesão 
que de mim jorra,
em forma de
 leite macho.
Os cheiros erectos,
os beijos seivados.
De leite macho de igual.



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Janiel Martins