domingo, 19 de maio de 2019

CAFÉ COM LETRAS - O CORPO E O PENSAMENTO


O CORPO E O PENSAMENTO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

A carne cansou de crescer.
O pensamento está na frente.
O pensamento cansará de pensar?

Porque uma palmeira pára de crescer?
Ela tem medo de cair.


Edição: Paulo Passos 






terça-feira, 14 de maio de 2019

SUSTENTO DA ALMA - ENSAIO SOBRE O PRIMÁRIO


Publicado no Portal dos Psicólogos, em 25/2/2019: http://www.psicologia.pt/artigos/ver_cronica.php?ensaio-sobre-o-primario&codigo=CR0027

ENSAIO SOBRE O PRIMÁRIO
Por Paulo Passos
"Relaxados e sem réstia de pudor, estavam estatelados nos bancos do carro puxados para trás, enquanto pensavam num hotel para dormirem.
Entretanto já Horácio tinha adormecido e roncava com pujança.
Levou uma cotovelada da mulher, a Rosalina.
Parou o ronco durante alguns segundos.
Já não levou outra.
Rosalina estava já com a boca toda aberta e seca, na produção de uma escavacada sinfonia de roncos e assobios.
Acordaram com a luz do sol madrugador incidindo nos olhos.
Rosalina tinha o chapéu todo escambado para o ombro e cuspia algumas penugens das plumas roxas que lhe tinham entrado para a boca, ajudando a limpeza com os curtos e grossos dedos das mãos que metia, literalmente, dentro da boca.
Horácio estava bem-disposto pelo sono que o recuperou, mas ansioso para chegar ao seu destino.
Era lá que tinha as suas descontrações.
Já só sentia fome.
Antes de se porem em marcha tiveram que abrir as portas e as janelas do carro durante um bocado.
Foi o tempo de se aliviarem.
Rosalina, agachada ao lado da porta aberta do carro, verbalizava o alívio através de suspiros, enquanto o jato quente fumegava ruidoso contra o empedrado da rua, acompanhado pelo gasoso recital que saía por trás.
Horácio já se sacudia, ajudando na orquestra.
Espreguiçaram-se.
Ouviu-se o motor do carro.
Tinham cerca de 700 quilómetros de estrada.
Não tinham ficado para jantar no dia do casamento de Olívia, única filha que tiveram."

Edição: Janiel Martins 



quarta-feira, 8 de maio de 2019

CAFÉ COM LETRAS - DEIXA-ME PENSAR


DEIXA-ME PENSAR
(Janiel Martins, RN/Brasil)

o pensamento,
anda na nossa frente.
a vida é passado
o pensamento
é futuro
quem eu sou?

a distância
onde está?
na loucura de pensar.
o passado
está enterrado
onde está o luto?

conheço palavras
mas não sei lutar
com elas
pareço um animal bruto
palavras são sentimentos
interprete!




Edição: Paulo Passos







segunda-feira, 29 de abril de 2019

ARROZ DE FÍGADO


Ingredientes:

- Arroz
- Fígados de frango
- Couve
- Pimento
- Limão
- Azeite
- Malagueta
- Sal
- Louro
- Alho

Modo de preparação:

De véspera, corte em pedaços e tempere os fígados de frango (2 ou 3),
com sal, louro, alho esmurrado e picado, um fio de azeite e malagueta.
Um pouco antes de cozinhar, adicione 3 ou 4 gotas de sumo de limão.


Num tacho com azeite, frite os pedaços dos fígados.
Corte o pimento aos pedaços e adicione.
Proceda do mesmo jeito com a couve.
Envolva.
Verta o arroz e deixe misturar os ingredientes.
Junte água (o dobro da quantidade de arroz) e mexa.
Verifique temperos.


Espere a cozedura do arroz.
Acompanhe com uma generosa salada de alface, 
temperada com um fio de azeite,
sal e sumo de limão.

Edição: Janiel Martins

domingo, 28 de abril de 2019

BOLO BRONZE


Ingredientes? Tem...!


Modo de preparação? Dificuldade elevada.



Deixe alourar e saliente-se, acompanhando com um café caseiro...!


Edição: Janiel Martins

terça-feira, 23 de abril de 2019

SUSTENTO DA ALMA - TROCAR O PÉ POR UM PÉ DE BOI


 Da riqueza de simbolismos expressa na crónica,
de salientar um esclarecimento, dado pelo autor, referente ao título:

"(...) há fome no mundo e, Eleutéria, de seu genuíno direito,
precisava de favorecer o seu intento, trocando o
pé(nis) disfuncional de Aristides Galante que,
com ou sem culpa, já não aguentava mais traição."




TROCAR UM PÉ POR UM PÉ DE BOI
Paulo Passos

Publicado em: www.psicologia.pt (21 de Abril de 2019)



"Eleutéria era, também de corpo, um mau feitio.
Tinha uma linha que a seguia de cima a baixo, sem necessidade de cumprir quaisquer curvas, mas quando a medida era tirada de perfil, a linha contornante do seu corpo já exibia grandes lombas para a diante.
Tudo isto, adicionado ao seu tamanho, que não ia além de um metro e pouco, construía um panorama que implicava comentários com ou sem graça, consoante os gostos e as intencionais aventuras.
Agravava tudo com o carnaval que punha em cima de si.
Estava com um fato de banho de perna, amarelo e azul-claro às riscas horizontais.
Vários colares garridos saíam-lhe pelo pescoço, a contornarem o seu grande e sustentado par de mamas, terminando suspensos e a abanar por toda ela, que rivalizava com uma montra de bugiganga barata, com o produto todo amontoado. 
Usava uma touca na cabeça, de borracha amarela com flores cor-de-rosa, que abanavam com os movimentos, por serem fixas apenas ao meio.
Na areia ou na água, nunca aquela touca saía.
Quando ia ao mar, a água não lhe subia mais que meia perna.
Tinha medo e as ondas faziam-lhe cócegas provocantes.
Molhava-se, apenas no rescaldo da onda, baixando-se e salpicando o corpo com uma mão, enquanto se apoiava na neta Glória Micaela (indiscutivelmente chamada de Glórinha, tanto pela fragilidade do corpo, como pelo cariz nervoso e trémulo com que a criatura se apresentava), para se manter equilibrada.
As alças do fato de banho, muito vincadas nos ombros, pela cedência da camada gorda que lhe forrava o corpo, contrastavam com o vermelho vivo, já em ferida, da pele queimada do sol. 
Independentemente da temperatura da água e das condições do mar, os gritos e gargalhadas eram intermináveis, durante todo o tempo que lá estivesse.

A pequena Glórinha estava forrada com um creme branco, colocado em pasta, para a proteger das radiações solares. Na cara só se viam os olhos.
Usava, tal como a avó, uma touca de borracha na cabeça para não molhar o cabelo. A touca de Glórinha era toda cor-de-laranja, mas com relevos que desenhavam formas de peixes. Condizia com o fato de banho onde a pequena estava enfiada, que também era cor-de-laranja, com uns favos salientes em branco, que a faziam parecer insuflada, em sobreposição à sua frágil estrutura.
Não saía da zona de sombra do guarda-sol de praia, por imposição da avó. Podia sair dali quando a avó ia à água e a levava para nela se apoiar.
Quando regressavam ao guarda-sol, invariavelmente era feita uma visita à imponente caixa térmica.
Eleutéria nunca a voltava a fechar sem estar já a mastigar alguma coisa.
Glória Micaela, alternativa única de nome e estipulado pela junção do nome (Glória) da tia-madrinha materna, e da filha desta (Micaela), prima quatro anos mais velha, era uma criança diminuta, em questões de apetite.
Nunca um vendedor de bolos, bebidas ou gelados, que circulavam pela praia, por ali passava sem que Eleutéria o mandasse parar.
Escolhia sempre alguma coisa.
Aos refrigerantes, não dava tempo de o vendedor fazer o troco do dinheiro, na bolsa que trazia na cintura, para onde tinha que olhar.
Quando olhava para ela já a garrafa estava vazia e ela com o braço esticado a pedir outro, enquanto enterrava o fundo da garrafa vazia na areia.
Avistou um vendedor de gelados.
O rapaz ouve o chamamento de Eleutéria e freou-se, qualificando o seu produto.
Não era preciso tanto trabalho pois era certo que Eleutéria ia comprar um gelado para Glórinha e outro para si.
Escolheram e, enquanto Eleutéria devorava o dela, a neta lambia, pasmada e lentamente, o seu.
Um calor sem tréguas e, pouco tempo depois, já Glórinha era um vale de gelado derretido.
No pouco chocolate que ainda se prendia ao pau, pousou e colou-se uma descomunal mosca vareja esverdeada.
A pequena, sem se aperceber, continuava a lamber de um lado, e a mosca satisfazia-se do outro.
Eleutéria vê aquele preparo, sai disparada para junto da neta, dá uma sacudidela para afastar a mosca, mas vai tudo. Vai mosca, vai gelado e vai Glórinha, que pega num berreiro, aumentando a javardice em que toda ela já estava.
Estava melada até à alma.
Era gelado derretido, era ranho, era creme solar, era areia, eram lágrimas, era baba, era a avó a reclamar, enquanto agarrava em toda aquela tralha para se irem embora.
Tinha-se acabado a tarde de praia.
Em direcção à estrada, ia e resmungava Eleutéria, atulhada de sacos, guarda-sol, caixa térmica, e um grande saco com tudo o que era brinquedo de praia da neta.
Eleutéria ainda não tinha tirado a touca da cabeça e era seguida por Glórinha, que ainda não tinha parado de chorar.
Atravessaram a estrada e Eleutéria estatelou toda a tralha no chão, despejando-se numa cadeira da mesa onde o marido estava sentado de esplanada.
A mesa já estava atulhada de canecas vazias e de pratos com cascas de marisco que Aristides Galante tinha comido.
Eleutéria chamou o empregado, pediu uma garrafa de vinho branco fresca, camarões e um gelado para a neta.
Aristides Galante pediu mais uma caneca de cerveja.
Não tinham nada para dizer.

Aristides Galante era um poço desmedido de subalternidade para com a mulher.
Nunca foi considerado em nada, exceptuando-se a consideração elevadíssima com que era contemplado, pela garantia do dinheiro que injectava na família e sustentava os cartões dourados de Eleutéria.
Dentro de casa, Aristides Galante, não era tido nem achado.
Vendo-os na rua, ele era um penedo que seguia, sempre dois ou três passos atrás, a gaiteira e determinada mulher.
Homem rude, estatura média, abdómen bem saliente, tinha conseguido fortuna à custa do seu trabalho, digno de se dizer! Mas também às custas de algumas estratégias menos transparentes e de malabarismos que escondiam meandros que Aristides Galante tão bem conhecia.
Trabalhava na construção civil desde os seus onze anos de idade, altura em que saiu da escola com a terceira classe.
Burgesso era a sua natural evidência e lucro era o seu maior objectivo - pilares da sua existência.
Fora de casa e, sobretudo no trabalho, não tinha pejo à exploração de outros e dos próprios funcionários da empresa. Nestes, no que dizia respeito ao pagamento que lhes eram devidos, arranjava sempre forma de cortar no número de horas trabalhadas.
Já dava para mais uma mariscada bem regada, que tanto apreciava.
Nunca passava muito tempo sem que a maior travessa, na marisqueira que mais apreciasse, não estivesse transbordando à sua frente, juntamente com fartas canecas de cerveja, onde as comezainas entravam bem pelo tempo adentro.
Já recostado, arrotava Aristides Galante, enquanto tirava bocados de marisco dos dentes, com uma unha de lagosta.
O suor que lhe escorria pelo rosto era afastado com as costas da mão, ainda com a pinça de um lavagante presa pelos dedos.
No rebordo da mais recente caneca de cerveja iam-se já acumulando lascas de marisco.
Glórinha adormecera na cadeira sem ter acabado de lamber o segundo gelado.
Sem assunto, Aristides Galante e Eleutéria terminavam a manja, para sustento do peso dos feitios, feitos corpos.

Aristides Galante tentava levantar-se, mas a manobra foi dificultada pelo excessivo carregamento de peso sobre as, já meio falidas, articulações das pernas e pelos desequilíbrios adjacentes.
Eleutéria, com as mesmas privações de habilidades, proclamava que ainda havia de chegar o dia em que mandaria trocar o pé, de Aristides Galante, por um pujante pé de boi."

Edição e escultura: Janiel Martins











domingo, 21 de abril de 2019

SE FOSSEMOS PÁSSAROS


SE FOSSEMOS PÁSSAROS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Não falávamos
Éramos todos cantores
Não imitadores baratos

Não rapávamos o cu
Seria um contraste de cores
E a vida expandindo-se

Não tínhamos máquinas
Todos trabalhariam por igual
Em busca do alimento

Imagina um ladrão
roubando merda?
Peide

A arte seria a natureza
Os sonhos eram aprender a voar
Os pássaros aprenderam

O ser humano
Limpa o cu alheio por dinheiro
E em mansidão não fala em merda

Sujos estamos
O re-parir existe
Seria a igualdade

Tem doutores vagos
Esperando um homem cheio de notas
E outros estão silenciados

Tem comida para todos
Mas nem todos estão acordados
A eutanásia tem que ser liberada

Os humanos estão
Consumidos em poder
Por sugada repressão

Palavras não têm sentimentos
São uma inversão da preguiça
Existem dois pensamentos

Os deuses
Esses que criam gente
Os diabos que invertem 

Edição: Paulo Passos










segunda-feira, 15 de abril de 2019

CAFÉ COM LETRAS - VIZELA ACOLHE AS VII JORNADAS DE PSICOLOGIA


DISFORIAS, EUTIMIAS, EUFORIAS E DEMAIS INTERPRETAÇÕES DE ÂNIMOS


VII JORNADAS DE PSICOLOGIA CLÍNICA

E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 

DO DISTRITO DE BRAGA



VIZELA, 10 E 11 DE OUTUBRO DE 2019



AUDITÓRIO DO CENTRO PAROQUIAL



NUMA ORGANIZAÇÃO CONJUNTA ENTRE O

ACES DO ALTO AVE/CENTRO DE SAÚDE DE VIZELA



A CÂMARA MUNICIPAL DE VIZELA



E O CENTRO PAROQUIAL DE SÃO MIGUEL



JORNADAS MATERIALIZADAS PELA DIRECÇÃO EXECUTIVA 

E NÚCLEO DE PSICOLOGIA CLÍNICA 

DO ACES DO ALTO AVE


EM CONTINUIDADE DAS ANTERIORES 

E EM LIGAÇÃO ÀS POSTERIORES 



DECORRERAM, AS VI JORNADAS, EM VILA VERDE,

INTITULADAS

LOTAÇÃO ESGOTADA: O ÚLTIMO QUARTO



AS V JORNADAS, PLASMARAM-SE EM BARCELOS,

COM O TÍTULO

ESCOLARIZAÇÃO OU ESCLEROTIZAÇÃO?
ESPARTILHOS, DOMESTICAÇÕES E GRATUITIDADES OBRIGATÓRIAS



REALIZADAS EM BRAGA, AS IV JORNADAS, 

VERSARAM À VOLTA DE 

MALLEUS MALEFICARUM: 1484 - 2013



AS III JORNADAS, EM AMARES,

FORAM ALUSIVAS A

OUTRIDADE, IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO



FORAM AS II JORNADAS, EM BARCELOS,

TROVANDO SOBRE

URBANISMO, PAISAGISMO E SEXUALIDADES



AS I JORNADAS, ACOLHIDAS EM FAFE,

FORAM SUBORDINADAS AO TEMA

A PSICOLOGIA CLÍNICA NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS



PROGRAMA CIENTÍFICO, LINK DE INSCRIÇÕES (GRATUITAS)

E DEMAIS INFORMAÇÕES 

SERÃO DE DIVULGAR, OPORTUNAMENTE



BEM HAJA... VIZELA 

SE NÃO ANTES...

... ATÉ 10 E 11 OUTUBRO DO CORRENTE ANO...

____________________
                  ....Edição de:
 João Furtado e Paulo Passos






















domingo, 14 de abril de 2019

CAFÉ COM LETRAS - BALA DE COLHÃO


BALA DE COLHÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sou filho da imaginação
Vim do chocalhado
E da safadeza
Sou filho da sem-vergonhice
Não vou ser santo
Sou filho da putaria

Passei na frente
Dos meus irmãos
Não vou ficar de luto
Eu também vou morrer
Mas antes vou disparar
Um bocado 


Edição: Paulo Passos


domingo, 7 de abril de 2019

FRANGO DESOSSADO E RECHEADO COM ARROZ CREMOSO


Ingredientes:

-  1 frango
- 2 laranjas
-1 cebola pequena
- 2 dentes de alho
- Sal e pimenta a gosto



Modo de preparação:

Desosse o frango, como exemplificado no video (youtube): 

https://www.youtube.com/watch?v=vj4tbtWX2Mo


- Prepare o suco das laranjas.
- Bata, no liquidificador, com os demais ingredientes.
- Sobreponha no frango e deixe descansando por cerca de 60 minutos.



Ingredientes para o recheio:

- 2 chícaras de arroz cozido com açafrão 
- 1 embalagem de creme de leite/natas.
- 1 lata de ervilhas
- 150 gramas de queijo parmesão ralado.
Misture tudo

Modo de rechear:

- Costure a parte do pescoço e as pernas.
- Insira o recheio e costure.
- Coloque numa assadeira regada com um fio de azeite.
- Cubra com papel alumínio.
- Leve ao forno, já aquecido a 180º.
Depois de 30 minutos retire o papel de alumínio e deixe, 
mais ou menos, mais 40 minutos até dourar, controlando o assado.



Inevitavelmente... acompanha com uma farta salada.
Edição: Janiel Martins