domingo, 22 de setembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - SERTÃO DE CONTOS E DE TESÃO


SERTÃO DE CONTOS E DE TESÃO
(Janiel Martins - RN / Brasil)


Sertão ... Sertão de mistérios ...
de sentidas lendas e narrativas ...
Sertão de histórias de convicções ... quais as almas que ali sufragam ...
irredutíveis a argumentações das doutas conveniências ...
império da razão ... da razão embelezada com os medos e as fantasias,
enriquecida com as crenças feitas gente, feitas horas, feita crónica,
adjectivada com as honras das certezas que, 
feitas dúvidas, tatuam-se na coragem dos mistérios ...
impondo a verticalidade das vontades ali vingadas ...!!!
Sertão de tesão ...!!!


No intimismo da corporalidade ...
... conduzido pela potência de quem domina o cavalo
e conduz uma manada como se fosse um animal só ...
... num conto ardente de desejo, de pertença e de tesão ...!!!

Mistérios que habitam os tempos, os lugares e as mentes ...
prenhes de cortesias e dominação pela nobreza do sereno
de quem nele silencia a comoção, sangra em solidão e jorra 
a essência do macho para onde o tesão apontar ...
Aponta ... Sertão de virtudes assinadas ... sorrindo e
com mãos entranhadas nas fontes da magia,
liberta-se em esperma enamorada aos gemidos dos desejos ...
... desejos feitos para serem gemidos ... 
... na desregrada medida da pureza de tudo no tesão ...!!!

Sertão de contos ...!!!


Edição: Paulo Passos


SOPA DE ABÓBORA E SALSA


Ingredientes:

- Abóbora
- Salsa
- Cebolas
- Alho
- Batatas
- Malagueta (opcional)
- Azeite
- Sal



Modo de preparação:

Pique a cebola para uma panela e refogue-a em azeite.
Misture o alho picado e a malagueta.
Junte a abóbora e as batatas (apenas o suficiente
para engrossar um pouco o caldo) cortadas aos pedaços.
Tempere de sal, cubra com água e deixe cozinhar.
Um pouco antes de desligar o fogo,
adicione alguns talos da salsa para os escaldar.
Desligue o fogo e deixe arrefecer um pouco.
Passe na varinha mágica ou no liquidificador.


Verifique temperos e a espessura da sopa,
pelo que deverá acrescentar água, caso seja necessário.
Polvilhe com salsa picada e envolva.


Acompanha com avelãs ou outros frutos secos.
e finalize com umas saborosas pêras ercolini.



Edição: Janiel Martins

domingo, 15 de setembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - UMA MOEDA


UMA MOEDA
(Janiel Martins, RN/Brasil)


um abraço
faltou na transa
um sonho cansado
desistiu de sonhar

que guerra é a do corpo?
é por alimento e água
e ainda temos vergonha de cagar!

do sentimento é o amor
o amor é o companheirismo
e não falamos de transa

a guerra do corpo é sigunlar
o sentimento é comunitário
o sentimento é confuso
é duvidoso
é triste 
é alegre

quem direciona
os pensamentos?
é a fome?
e os saciados o que fazem?

deveríamos construir a igualdade
e não querer ser reis

já basta a bíblia
já basta o vicio da fome
aprendemos como rainhas?

quando vamos
desatar o nó 
da arrogância
do passado
o nó da humanidade?
tudo é de todos
mais nem todos
estão acordados

o dilema: 
acordar ou fingir?
o dilema:
calçar e andar
ou 
descalçar e desistir?

enquanto silenciarmos
a nossa inveja
pagamos luxos e injustiças
para homens
que desejamos ser

a tristeza
é acanhada
é o nosso silêncio
são os nossos sonhos
... MORRENDO


Edição: Paulo Passos
















domingo, 8 de setembro de 2019

CAFÉ COM LETRAS - REBELDIA


REBELDIA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Rebelde é o dia
Na pequenez aproveita
Não larga os peitos
E os peidos do pai
Há quem enrole as tripas
Evitam de tudo
Menos a pílula do dia seguinte
Bem haverá lubrificante da hora.

A riqueza está para a morte
Solitário não vou estar
A solidão é coisa de gente pobre
Não andei por me distanciar
De uma cama que mais parece
Um caixão velho
Com uns lençóis
Cheio de flores mofadas
O nosso cérebro
Gasta mais energia filtrando ar
Do que pensado
Coisas com besteiras.

Não carregue ninguém
Nas costas
Colunas só se for para subir
Descer
Só a morte.
Saudades doem
E é natural
Que doam
Mas a recompensa
É o nosso ninho.
Edição: Paulo Passos

domingo, 1 de setembro de 2019

SOPA DE BETERRABA E RAMA DE ALHO FRANCÊS


Ingredientes:

- Rama de alho francês (qb)
- 1 beterraba
- 3 cenouras
- Aipo (qb)
- 1 cebola
- 3 nabos
- Azeite
- Sal

Modo de preparação:

Pique e refogue a cebola, numa panela com azeite.
Salpique a cebola com sal grosso.
Descasque, lave e corte grosseiramente os nabos,
as beterrabas, o aipo e as cenouras.
Adicione na panela, misture água e deixe cozinhar.
Após arrefecer um pouco, faça um puré.
Junte a rama do alho francês, previamente cortada.
Deixe cozinhar.
Verifique temperos.



Sirva-se e acompanhe com um copo de vinho,
a par com frutos disponíveis.

Edição: Janiel Martins



domingo, 25 de agosto de 2019

CAFÉ COM LETRAS - DOIS CORAÇÕES


DOIS CORAÇÕES
 (Janiel Martins, RN/Brasil)

Acende a lareira, mulher!
Eu não tenho madeira, homem!
Tu sabes...!

O homem tem um pedaço de corda,
bom demais,
para aquecer o sangue.

A mulher tem uma loca,
para germinar o leite dos ovos do macho.

Criança é invenção do capeta.
Derrubou o santo,
São Sebastião.
Virou a canoinha.

Amaldiçoado.
Por isso que não chove...
No Sertão.

Um pedaço de corda é um coração.
De urgência,
bombeia o sangue.

São dois corações que o homem tem.
Assim fica.
Pior que gato...!


Edição: Paulo Passos






domingo, 18 de agosto de 2019

CAFÉ COM LETRAS - SEM VERGONHA


SEM VERGONHA
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pisa na terra
mas não diz
que a vida veio
do pensamento
da safadeza
amparado por uma mulher

Caso contrário
tínhamos caído no chão e falecido

Tantos já morreram
das chocalhadas
e tantas fêmeas
deixaram de ser enchidas
bem na força da lua

Desculpa da mão
a vida é uma safadeza
que pendemos para o lado bom



Edição de: Paulo Passos








domingo, 11 de agosto de 2019

CAFÉ COM LETRAS - DOCE NORDESTE


    A rapadura (cuja proveniência linguística se encontra no verbo “raspar”, com o derivado “raspadura”) é um popular doce que, incluído no património gastronómico do Nordeste Brasileiro, teve, contudo a sua origem em Portugal (Arquipélago dos Açores) e em Espanha (Arquipélago das Canárias).


Com sabor original semelhante ao açúcar mascavado, tem a cana-de-açúcar como matéria-prima. É hoje encontrado no Brasil em variados formatos, pelo enriquecimento proveniente da criatividade do povo brasileiro, sobretudo no Nordeste, através das misturas com leite, com goiaba, com caju, com coco, com maracujá, entre outras riquezas nutricionais, tão bem adaptadas e encontradas por estas terras Brasilis, à originalidade da rapadura, esta, bastante resistente a oscilações do clima. 


A rapadura é ainda usada para adoçar algumas bebidas, sobretudo café e chá, sendo igualmente utilizado na confecção de doçaria, em substituição do açúcar refinado, tendo a rapadura maior valor nutricional, por comportar nutrientes para além da sacarose (elemento este, quase exclusivo na composição do açúcar refinado).
É igualmente um requinte de delícia cultural, encontrar a rapadura nos usos quotidianos populacionais, na sua função de adocicar e adornar os prazeres com que o colorido da doçura incute aos aromas e sabores.


A rapadura encontrava-se nas prioridades de gustação de Virgulino Ferreira da Silva (Lampião), sendo por ele consumida como doce e como acompanhamento de carne seca, dando-lhe, certamente, muita sustância, que lhe serviu de magna utilidade nas pelejas e nas guerrilhas, tão apreciadas e valorizadas pelo cangaço, nas suas justiceiras funções e intenções.
Fonte: internet
Fonte: internet
Nas múltiplas e notáveis curiosidades que preenchem a vida do Lampião, salienta-se uma que traduz a importância que o cangaceiro dava aos valores vigentes e ditados por poderes pouco transparentes e nunca sufragados. Desprezando os desígnios regentes, ele passou a usar o título de capitão, atribuído pelo Padre Cícero ("Meu Padim Ciço", como designado pelo Lampião). Para além da designação de “capitão”, isenta de valor jurídico mas repleta de valor psicológico, passou a usar os respectivos dourados galões, relativos a essa patente.
Terá sido o sentimento de justiça que esteve no determinismo da adesão e coesão de intentos e de categóricos princípios, entre Lampião e Padre Cícero? Questiona-se!
Doce Nordeste Doce ... RAPADURA...


Edição: Janiel Martins
           Referência do texto: internet


domingo, 4 de agosto de 2019

CAFÉ COM LETRAS - MENINA DO PÉ CURTO


MENINA DO PÉ CURTO 
                                                                                                                             Janiel Martins
(RN/Brasil)

Três vezes três é nove.
E se botar de cabeça para baixo fica seis.
Tu aprendeu com quem minhoquinha?
Com minha professora.
E tu porque não estuda, minhoquinha?
Estudar? só a longitude da vida e a igualdade para todos.
É minhoquinha?
Claro que sim.
Às vezes dá raiva, minhoquinha, saber que o mundo é grande e ainda não temos pernas.
Um dia eu vou ter perna.
Eu vou ter asa, minhoquinha.
E tu acredita, minhoquinha?
Mais do que acredito.
Já sonhei até que tava voando.
Foi verdade, minhoquinha?
Foi sim, eu tava bem no fundo na terra.
Tinha fogo e tudo.
E tu se queimou não, minhoquinha?
Não, porque foi o meu pensamento que foi bem longe.
Não precisamos de olhos para ver o mundo, minhoquinha?
O pensamento é a ligação com o universo.
Que palavra bonita é "universo".
Foi a minha professora que falou.
Trocou o mundo pelo universo.
Mas o mundo é o mesmo.
Minhoquinha, o pensamento é tão forte que vira pedra. Tu acredita, minhoquinha?
É verdade minhoquinha?
É sim, o pensamento não morre.
É igual ao universo.
Só se expande.
É igual quando pensamos, nasce um monte de estrela.
Dentro de nós o universo é big.
O que é isso "big"? tu tais falando estranho!
É a minha professora que fala inglês.
Ela foi para a cidade grande.



Edição: Paulo Passos 





domingo, 28 de julho de 2019

CAFÉ COM LETRAS - SINGULAR


SINGULAR
(Janiel Martins, RN/Brasil)

eu continuo
preso ao passado
o que faço...
para ser plural?

destruímos florestas
para sermos (singular)
fazemos filhos
para matar o tesão

não temos
tesão pela vida
imagine
pelos filhos

a falta de verde
é a prova concreta
não são edifícios
são os nossos pensamentos

prata, ouro, pedras
é a carne do tempo
somos fungos
do tempo

quando seremos nós?
o diamante é velho
o ouro é o resto mortal
de quem?

o sangue
é a ferrugem do tempo
a carne é um sim
que somos novos.



Edição: Paulo Passos