SÃO DIAS
(Paulo Passos, Braga/Portugal)
Comemorar tido num dia
A festa faz-se em dó
Com cores de vagabundagens
Que se vestem de trabalho
Engatam na pobreza
Engajam na miséria
Enganam na humildade
Na vergonha e na FOME
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Desigualdades tatuadas
No direito que não é universal
Pode o dinheiro
Pode o poder
Manda o sufrágio
Enganador que é
Disfarçando a fome da fome
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Vergastadas estão as almas
Que de altivez invadem seres
Desgraçados sem nó de laço
Enforcam na vã farra
O que de amanhã se adivinha
Sem mais saber
Com tanto a esperançar
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
A diplomacia sorri
De cínica que a preenche
Encolhe a vergonha
Exibe o medo
Tem MERDA aos rodes
No que lhe chama pensamento
Sem sangue não há igual
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Veste o traje sem queixume
Leva o orgulho no rosto
A fome debaixo do sorriso
Vem e escarra no que te bandejam
Reclama com colhões de macho
Faz guerra, LUTA
Aquela que é a de direito
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Lança as ratoeiras
Mata os ratos
Mata as ratas e ratazanas
Mata a peste da rataria
Corta-lhes o pio
Serra-lhes as asas
Envenena-lhes a essência
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Lança as ratoeiras
Mata os ratos
Mata as ratas e ratazanas
Mata a peste da rataria
Corta-lhes o pio
Serra-lhes as asas
Envenena-lhes a essência
Em sofrimentos tidos num ano.
Comemorar tido num dia
Extermina a fome
Esgota a desigualdade
Liberta a LIBERDADE
Faz a justa o ser, LUTA
Não caias na lograda história
Sente o teu lamento, a tua dor ... CARALHO
Com GUERRA salvarás
Comemorar tido ... TODOS os dias.