O LUTO DE UM AMOR É VIVO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Era tão divertido amar-te
Hoje... carago, é o luto em cima da terra
O luto de um amor é vivo
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
O LUTO DE UM AMOR É VIVO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Era tão divertido amar-te
Hoje... carago, é o luto em cima da terra
O luto de um amor é vivo
O MENINO DA BICICLETA
SOU PAI MORTO
SABIA CUIDAR
EM DEVER
E A SEU GOSTO
SÓ EU
FUGIU
SEM EU SABER
INSANO
INSANO OBEDECEU À DOR
ATIROU-SE PARA ONDE NÃO QUERIA
CEGAMENTE FOI, MAS VENDO
FOI REVIVER A MISÉRIA
FOI REVER PARA O LIXO
ENGANOU-SE
MENDIGARÁ
ESQUECEU-SE DA FOME, POR MOMENTO DE DELÍRIO
COMO ESTARÁ? BEM, NÃO SERÁ
ARREPENDIDO
MACHUCADO
DOENTE
SÓ
SOU PAI MORTO
E DIZ: "GOSTO TANTO DAÍ"
CHORO A VOZ DELE
DO MENINO DA BICICLETA
("HOMEM GRANDE, FICA BEM, QUE TU VAI PROTEGER O TORNICO, SEMPRE")
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - IV
(Janiel Martins, RN/Brasil)
.........
Amigo, vamos ao Gerês?
(Não vou nem falar que vou tomar banho no rio).
O céu amanhã vai estar nublado. Eu ia observar o céu.
Dá certo, já que tu não vais observar o céu!
Vai estar muito frio.
Amigo eu vou tomar banho nas termas.
Tu vai tomar banho, Ruth?
Vou sim a água é bem quentinha. Dizem que até ajuda na saúde.
Pronto Ruth, tu vai e tu me diz o que melhorou na tua saúde, para mim fazer um estudo.
Não seria melhor tu observar a reacção do teu próprio corpo, amigo?
Eu acho que não Ruth. Ruth vamos mudar de assunto!
Você é que sabe, amigo, eu amo o Gerês.
Eu também mas prefiro no verão, pois observo o céu melhor.
Eu gosto do Gerês de Inverno, fica mais misterioso.
E tu gosta de ter medo?
Gosto um pouco amigo, só não gosto quando eles vêm recolher o lixo que tenho medo deles descobrir a nossa casa.
Eles não vão descobrir não, Ruth.
Espero que não.
Ruth tu cavou a nossa casa sozinha?
No início foi, mas depois apareceu um casal de tatu que me ajudaram.
O que é tatu, Ruth?
É um animal que morra debaixo da terra
Igual a nós. E cadê eles?
Morreram bem velhinhos, eles vieram do Brasil até aqui, mas me ajudaram muito, eles aprenderam a falar e tudo.
Foi, Ruth?
Sim, eles adoravam comer batata, ficavam esperando o povo jogar batata para eles comerem.
Ah por isso que tu gosta de batata com bacalhau.
Verdade, amigo.
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - III
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - II
(Janiel Martins, RN/Brasil)
E porque nós não moramos numa casa igual à do homem do Caminha?
Eu morava numa casa, ganhei de minha madrinha.
Os vizinhos não gostavam que eu tocasse no piano que ganhei. Aí, os meus pais decidiram jogar o piano no lixo ou, então, seria expulso do prédio. Aí jogou o meu piano no meio da rua.
E tu deixou?
Eu estava na escola e quando estava voltando vi que era o meu piano. Antes que levasse para bem longe, coloquei dentro do contentor e entrei.
E teus pais não procuram tu, não?
Não sei, só saí depois de 20 anos.
E porque eu estou com tu?
Tu não quer estar com eu não, amigo?
Quero sim, só quero saber como eu vim morar com tu!
Um dia na boquinha da noite, eu escutei tu chorando com fome e frio, aí saí e peguei tu. Dei-te de comer e tu danado, nada de querer dormir, aí foi quando eu comecei, novamente, a tocar piano.
E porque tu não tocava?
Eu queria cavar a minha casa o mais distante possível dos humanos, mais tu apareceu e como és danado, não paravas um minuto quieto, tive que tocar.
E eu o que fiz?
Ficaste parado, tentado descobrir o que era, cansaste o teu pensamento e adormeceste.
Ruth vamos dar uma volta?
Vamos sim, amigo.
Ruth o que é o sol?
O sol é o que nos dá a vida, nós nascemos por causa da luz do sol, só que o sol um dia vai morrer e vai acabar com a vida na Terra.
É!? eu não quero morrer não, Ruth.
Pois é , amigo, ninguém quer morrer, por isso que os animais são brutos, eles fazem de tudo para sobreviverem. E os humanos querem a distância, mas a distância não é tudo, pois na distância nós nos perdemos. Os homens querem ir atrás da vida eterna, e esquecem que vivemos muito menos de um século. Temos que voltar para trás, começar tudo de novo, e tentarmos viver mais.
Ruth, eu vou matar o sol.
Porquê amigo?
Ele vai acabar com a vida na terra. Mas antes disso eu vou construir um sol, que vai matar o sol, assim como os tubarões fazem para a sua sobrevivência.
E como tu vais construir um sol?
Eu vou construir na lua e vou proteger a lua e a terra de qualquer coisa que venha na direção delas.
Eu também não quero morrer, amigo.
Nem eu, Ruth, mas como tu já tem muitos anos, Ruth, se tu morrer, tu fica-me esperando na lua.
E se tu não morrer, amigo? Eu vou ficar a eternidade, esperando tu na lua?
É mesmo, Ruth, pode ir para onde tu quiseres, que depois nós podemos nos encontrar noutro canto. Só não vá para perto das estrelas, enquanto tu não me ver de novo.
Porquê, amigo?
Eu já falei. Quando nos cansarmos de viver no universo, é só direcionar o pensamento para uma estrela que seremos transformado noutra coisa.
Em cinzas, amigo?
Eu acho que não, porque não dá tempo de transformar em cinzas, as estrelas são muito quente, deve ser em vapor.
Vou tomar um banho, para dormir mais maneira. Tu quer tomar uma banho também?
Eu acho que não, depois eu vejo.
O AMIGO E A RUTH PIANISTA - I
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Ruth Pianista, sai de perto desse largo.
Porquê amigo?
Ruth Pianista, eu vi na televisão que os tubarões comem-se uns aos outros.
TEMPO: UMA PERGUNTA
Meu pai: o que é o mundo?
Eu lá sei! Pergunta para a sua mãe?
Oh mãe o que é o mundo?
É isto meu filho.
Isto o quê?
O chão que pisamos.
E aquilo que tem no céu?
São estrelinhas.
Elas são pequenas.
Pequenos somos nós, meu filho!
A danada da morte nos espera e é uma questão de tempo?
O que é o tempo?
Somos nós.
Eu queria ir à lua e voltar.
Isto é o medo do homem.
Carrega tanto mofo.
ESPERMATOZÓIDES
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Tudo é muito pobre
Os ossos doem
Não brinca comigo
Eu não sou alheio
Finjo não ver o tempo passar
Não brinca comigo
Eu não sou alheio
Tenho fome de comer
De comer com vida
MEIO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Somos tontos
Procurando
Um lado
Esse lado existe?
O importante
É que este lado
Não
Esteja vazio
Mas há a cegueira