MERGULHANDO NO VÁCUO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Mergulhei num abismo onde o medo não existe.
Só sinto o sangue escorrendo no pobre coração que um dia faltará.
Fico triste.
Estás falando só, doida?
Estou pensado.
A vida é a resistência de viver e não podemos parar.
Viver o quê, doida?
O tempo é uma solidão.
As cobras são engraçadas. Só dormem e caçam.
Acho que vou ser uma
como uma cobra.
O que as cobras pensaram para evoluir e chegar a este corpo, Francivaldo?
É mesmo! Devem ter pensado a vida é uma foda.
Lá vens tu com as fodas, Francivaldo!
Assim disse Jesus Cristo. Dai de comer e de beber, a quem tem
fome e a quem tenha sede.
A fome não é só de pão, doida, a forme também é da carne.
Faz sentido, Francivaldo.
Olha doida, o pé do menino que Deus esqueceu aqui fora.
Vixe... que pé bonito.
Deixa eu colocar ele dentro de tu, pra nós trazer outra vida?
Larga com isto, Francivaldo.