segunda-feira, 7 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - GERÊS: SUCO DE LIMÃO COM ANANÁS


O Parque Nacional da Peneda-Gerês, situado no Norte de Portugal, em plena Serra do Gerês, alberga a Vila, com o mesmo nome, localidade que me é impossível não visitar e passar uns excelentes momentos, de todas as vezes que estou na Europa.

Ambiente de poetas, idílico por natureza, bucólico, romântico até na disposição que incute no ânimo.

Como brasileiro, do Nordeste, fui confrontado, na primeira visita, com tudo o que a beleza e a magia possuem, para se poderem contrastar e exibir em nobreza.
No Gerês, a figura e o fundo coincidem tanto que chegam a misturar-se com a imaginação. 
Nunca soube o que era o cenário e o que eram os figurantes, no Parque do Gerês.
Na realidade, os belos contrastes são de tal forma intensos e harmoniosos, que se movimentam livremente pelo humor e pelo afeto, transformando a perceção num quadro de exclusiva e natural pertença. 
Tudo está perfeito e no presente.

A beleza do verde, fresco, refrescante, húmido, acolhedor, contrasta com os verdes que habitam em mim.
Verdes diferentes, igualmente belos, são os raiados de turquesa e de amarelo ouro, da raiz do sol do Nordeste do Brasil. 

A beleza maior encontra-se no feliz encontro destes verdes. 
Os verdes brasileiros e os verdes portugueses.

Verdes do Gerês ... verdes que ditam as vontades. 
Os verdes falantes do Gerês, comandam a flutuação de cada um. 
A dádiva pela visita e pelo saber estar, no sítio, é a libertação.

Desde o primeiro momento, na primeira visita, que me senti em plenitude com a envolvência do Gerês. 

Magnífico!

Não deixo de querer repetir esses sentimentos, sempre que vou a Portugal, qual dependente de si próprio para com a grandiosidade da emoção naquele local.

Fica-se auto-dependente por contração, sendo o Gerês a aliviante purga para as necessidades de bem estar.
O Gerês respeita-se, enquanto cenário onde o livro e o silêncio fazem parte da atmosfera natural. 
O homem torna-se natural.

O livro faz parte. Mas no Gerês sente-se a consciência, sente-se o bem entranhar do livro na mão, passeando-se, enamorado e companheiramente. 

É o livro, como é o sereno dos passos ou o braço que o segura. 
O livro confunde-se com a musicalidade embaladora do correr das águas.

Águas e ares que limpam a toxicidade psicológica.
O livro é uma porta do Gerês.

Está tudo conjugado na primeira pessoa de cada um.

Gosto, particularmente, de estar no Gerês, de Inverno!

A serra parece apresentar-nos aos habitantes mágicos, que nela e por ela se aconchegam.
O frio fica acolhedor, reclamando pela presença das lãs e da quentura dos ternurentos acessórios. 
O cachecol, o gorro, as luvas, ganham dimensões e categorizações que ultrapassam, largamente, a sua função de proteger e aquecer!

O contraste e a pertença, ficam com as cores da satisfação e da generosa surpresa.

... A história do Limão e do Ananás no Gerês ...

Foi num sábado, na casa de férias de uns amigos, no Gerês, em meados de Janeiro deste ano (2016).

Nesta última viagem ainda não tinha estado no Gerês.
Depois de um notável passeio pelo parque e pela vila, obrigatório para a reintegração nos cenários dos contos de fadas que se consolidam no Gerês, acompanhado por uma amigável, sorridente, agasalhada e saudosa conversa a três, era tempo de regressar a casa, antes da hora de jantar.

Casacos tirados e pendurados, luvas postas dentro dos bolsos deste, cachecóis pendurados sobre o respetivo casaco e, ao som de uns risos de satisfação, invade-nos um soberbo e quente aroma, proveniente da cozinha, que não deixou margem para dúvidas, qual o itinerário a seguir... 

Lareira acesa, estalidos da lenha, cheiro limpo de lenha misturado com o cheiro quente do forno, ficou enformada a decisão - já ninguém saiu da cozinha ...

Enquanto conversávamos, bem sentados em frente da lareira, apresenta-se-nos um jarro com um suco jamais esquecido por quem o beber, naquele ambiente...

Foi, contrastantemente notável, das bebidas mais frescas, cristalinas e revitalizantes ...

Um vinho, seria o habitual e previsível, aliás como das anteriores vezes.

Não, não foi um vinho ...!

Foi um suco de limão com ananás, misturado com água e gelo (a água corrente no Gerês é de extrema limpidez e qualidade), mel local (prestigioso néctar) e com folhas de hortelã bem picadas.

O aconchego da companhia e do ambiente, o frio na rua, um copo de suco gelado na mão de cada um de nós, foi de um absoluto e elegante contraste, que jamais poderei não recordar.                                                       
 Pura e saborosa hidratação ... da alma!

Novamente presenteado pelo Gerês, pelo admirável Gerês.

... Gerês, serra e terra de uma notoriedade, infinitamente infalível de encanto e surpresa...



Nobre, Poderoso e Delicioso Gerês ... Pujante Gerês ... Bem Haja!


Fonte das imagens: Janielson Martins
  





domingo, 6 de março de 2016

AÇORDA DE PEIXE




A açorda de peixe, ou do que quiser, não pode ser esquisita, 
ou estar com frescuras que não são 
próprias da civilização.


Esta açorda foi confecionada, como tudo o resto, no cumprimento 
do postulado da poupança 
e de nunca (mas NUNCA) desperdiçar comida. 
Fazê-lo, na legislação ética e moral, é crime!
Ninguém tem o direito de o fazer enquanto houver fome no Mundo,
 minhas caras e meus caros!


Mesmo, no mais idílico pensamento, pressupondo a inexistência de fome no Planeta ,..., a comida jamais é para desperdiçar! 
Há sempre alguma maneira de a reciclar 
e as reservas (da Terra) não são infinitas!


Esta açorda levou o que havia em casa. 
Não foi gasto 1 centavo ou cêntimo, em ingredientes novos.


Assim, com a prata da casa, esta açorda tem:

- 2 filetes de pescada congelados, que andavam pelo congelador.
- 4 pães com sementes (já petrificados!).
- 2 ovos inteiros.
- 1 tomate.
- 1 alho francês.
- 1 cebola.
- 2 dentes de alho.
- 5 cubos de espinafres (desses que se vendem aos sacos, congelados).
- Coentros.
- Funcho.
- Azeite.
- Sal.
- 1/2 malagueta.


A confeção, além do carinho, do orgulho e da dedicação, contou com os seguintes passos:

Coza o peixe em água e sal, reservando a água da cozedura (se o peixe tiver pele e/ou espinhas, sugere-se que coe a água para evitar alguma escama ou espinha ...  mais empolgadinhas).
Pique a cebola, os alhos e o alho francês, deixando-os amolecer num tacho, ao lume, com o azeite e a malagueta.
Junte a água de cozer o peixe e adicione o pão (este estava tão duro, que foi necessário deixá-lo de molho um bom bocado, até conseguir ser, grosseiramente, desfeito!).
Adicione os espinafres, o tomate picado e envolva tudo.
Deixe cozinhar, mexendo de vez em quando.
Junte os ovos e mexa vigorosamente para que tudo fique incorporado.
Esmigalhado o peixe, deite-o no preparado e, agora, mexa mas com a delicadeza merecida.
Ajuste temperos e faça uma chuva de funcho e coentros picados.



... presenteie-se, degustando-se em primeiro lugar ... 

logo aí, na cozinha!

Deixe a "frescura", sempre para o Domingo seguinte...!!!

Bom Domingo.



Fonte das imagens: Janielson Martins










sábado, 5 de março de 2016

SUSTENTO DA ALMA - SOPA DE NABOS ALHADOS


Liberdade; Igualdade; Fraternidade ... e ... Justiça!

Liberté; Égalité; Fraternité ... et ... Justice!

Freedom; Equality; Fraternity ... and ... Justice!

Liberdad; Igualdad; Fraternidad ... y ... Justicia!

Freiheit; Gleichstellung; Brüderlichkeit ... und ... Gerechtigkei!


Sopa! ... Soupe! ... Soup! ... Sopa! ... Suppe!

Esta ... é exclusiva das mulheres e dos homens determinadas e determinados 
e de rija prontidão.
Esta ... é para as guerreiras e os guerreiros do justo, da liberdade e da igualdade !!!

Substituam os "carões" pela mais bela versão do natural sorriso, 
cujas raízes estão incorporadas nas nobres noções de justo direito e justo dever.
Libertem os sorrisos e libertem-se dos "carões", que as injustiças têm gerado em tantos rostos!

Rompam as correias da mansidão e da subalternidade.

No nosso Brasil ainda existem práticas pró-esclavagistas numa significativa parte das 
relações empregador/empregado, dentro e fora dos espaços laborais, tanto por falta de civismo
e/ou de educação, como por doença do caráter.

Tatuem na alma o cumprimento e desonrem a obediência.

Denunciem , denunciem, denunciem ... 
todas as ilegais e imorais explorações, abusos e abusadores de poder.



"Um corvo vestido de pavão, não é reconhecido nem pelos corvos nem pelos pavões."
   Esopo (escritor grego - Séc. VI a.C.)



Ingredientes:

- 3 nabos
- 1 alho francês
- 4 dentes de alho
- Azeite q.b.
- Sal q.b.
- Pimenta (moída na hora)
- Restos de pão duro




Modo de preparação:

Coza, em água e sal, os nabos e 3 dentes de alho, transformando-os, posteriormente, em puré, aproveitando a água da cozedura e adicionando o outro dente de alho, em cru (aumenta a intensidade e a potência do alho).
Com o alho francês cortado às meias rodelas, refogue no azeite.
Adicione o puré de nabo com alho.
Confira temperos e adicione a pimenta acabada de moer.

Misture o pão duro, em cada malga de sopa.

Deguste-se ... bem no sustento da alma (justiça)!

                               Esta é uma ... 

                                                      ... sopa forte, densa, poderosa ... 

                                                                          ... para mulheres e homens com robustez à medida!

                                ... para mulheres e homens com as coisas nos sítios!

Para os que, com convicção, sabem escolher, sabem sentir o ato voluntário, 
enquanto a vontade for a coluna vertebral da personalidade.


     Não a "vontade" primária, impulsiva, caprichosa ... mas a vontade justa e altruísta, a vontade de gentes que têm, na sua base de suporte à personalidade, 
os mais elevados desígnios 
da ética e da estética. 



Esta sopa é intolerante com os manifestos promotores de relações 
centradas no poder e na obediência. 


Esta é uma sopa da igualdade, suportando-se na sua construção gramatical ... 

... perante qualquer presença e/ou manifesto sociopata, manipulador, abusivo,
esclavagista, racista, sexista, homotransfóbico, corrupto , ... , 
enfim, 
de qualquer uma destas pragas que têm invadido e machucado o mundo 
da justiça, do trabalho, da igualdade, da liberdade e da honestidade,
 provenientes de retrógrados frustrados e incompletos,
 travestidos de gente, sentindo que têm direitos
acrescidos sobre os outros ,..., e até da lei ...!

... esta sopa alhada, comporta em si, a reparadora possibilidade gramatical
e psicológica ... 
de ser prefixada com um carro inglês ... no imediato!!! ... e de saber bem fazê-lo!!!

Para manter o respeito e a beleza da igualdade!

É a sopa simbólica da força da equidade! É a sopa do NÃO à mansidão!

Comam sopa de liberdade!

Empanturrem-se com Liberdade!

Fonte das imagens: Janielson Martins

sexta-feira, 4 de março de 2016

ERVILHAS COM OVOS

Ingredientes:

- 1 embutido (chouriço) a seu gosto, mas pode ser um, já cozido até, que se venha vagueando pelo frigorífico.
- 1 kg de ervilhas (congeladas e, para o bom gosto ... das da família da poupança!).
- Cenouras (sabe aquele saquinho com um resto, que parece já fazer parte da geladeira? É esse mesmo!).
- Grelos (dose igual à das cenouras!).
- Coentros
- Louro
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- Polpa de tomate (3 colheres de sopa)
- Ovos (1 por pessoa)
- Azeite
- Pimenta ou malagueta
- Sal q.b.


Modo de preparação:


Num tacho com azeite, refogue a cebola picada. 
Deite umas pedras de sal para abrir o sabor da cebola.
Misture o embutido (chouriço) cortado aos cubos e, caso este esteja sem ser devidamente cozinhado, deixe-o ir fritando na cebola.
Adicione as cenouras e os grelos (ou outro legume que tenha, na mesma dose!). 
Não se esqueça do louro, do sal e da pimenta ... !!!
Junte as ervilhas, o alho esmurrado e a polpa de tomate.

Mexa com o seu eterno carinho e prazer!
Misture as cores, os aromas e os sabores!

Quando cozinhado, faça uma leve cobertura com os coentros grosseiramente cortados.

Deite os ovos sobre esta cama e cubra o tacho com a tampa.
O tempo dos ovos escalfarem, será o tempo coincidente com o gosto de cada comensal.

O molho do cozinhado, misturado com a gema escorrente do ovo, num pão a gosto ... sublime!

Contudo, a mais nobre versão de sublime, é a que se adequa aos prazeres de cada um dos circundantes do tacho.



... não despreze a imaginação ... é a sua imaginação ...



 Fonte das imagens: Janielson Martins

quinta-feira, 3 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - ILHA DA BOAVISTA, CABO VERDE


BOAVISTA

Ilha da Boavista 



Cabo Verde 


País insular, Cabo Verde, está localizado no Oceano Atlântico, na costa Ocidental de África.
É formado por 10 Ilhas de origem vulcânica e localiza-se, no seu ponto mais próximo do continente, a cerca de 450 km de África, continente que integra o País.

A cerca de 3,30 horas de Portugal (a Norte) e das mesmas horas do Nordeste do Brasil (a Sudoeste), Cabo Verde privilegia-se pela sua central posição geográfica, no Oceano Atlântico.

No sentido de Oriente para Ocidente, estão as Ilhas da Boavista; Sal; São Nicolau; Santa Luzia (desabitada); São Vicente e Santo Antão, formando o Grupo das Ilhas do Barlavento (Norte do Arquipélago).

Igualmente no sentido de Oriente para Ocidente, localizam-se as Ilhas do Grupo do Sotavento (Sul do Arquipélago), constituído pelas Ilhas do Maio; Santiago; Fogo e Brava.

Tanto pelo Grupo do Barlavento como pelo do Sotavento, localizam-se diversos Ilhéus e Ilhotas desabitadas, circundantes das Ilhas.

Cabo Verde tem cerca de 500.000 habitantes.

A cidade da Praia é a Capital do País e localiza-se na Ilha de Santiago.
Santiago é a Ilha com maior superfície e com maior número de habitantes. 
Mais de metade da população de Cabo Verde reside na Ilha de Santiago.

A população das Ilhas de São Vicente e de Santo Antão, ocupa os segundo e terceiro lugares, em número de habitantes.

A língua oficial, em Cabo Verde, é o Português. A língua quotidiana, em Cabo Verde, é o Crioulo caboverdiano. A população fala o que entender!


Requintes e vivências da Ilha da Boavista


A Ilha da Boavista, apesar de ser a terceira maior em área, com 31 km de Norte a Sul e com 29 Km de Oeste a Leste, é a segunda menos habitada, contando com cerca de 6.500 habitantes.
Se, porventura e consoante os gostos, se pensar que poderá faltar em número de pessoas é, seguramente, compensado pela qualidade destas e por toda a riqueza (cultural, histórica, antropológica, psicológica, social e ambiental) que compõe a Ilha.

Juntamente com o Sal e o Maio, Boavista é uma das Ilhas de praias, ..., e que praias! E que água! O azul turquesa, se teve algum local para nascer foi, indubitavelmente, nas límpidas águas da Ilha da Boavista.
A beleza que as praias conferem na Ilha, é de desejar suster a vida, para que a hora da partida não chegue.

O quotidiano em Sal-Rei (Capital da Boavista), é um desígnio da tranquilidade e do prazer.
Garantias do mais qualificado, fortalecedor e aconchegante relacionamento, desde o nascimento, da díade mãe/filho, com mãos libertas para o labor do dia-a-dia.
O quotidiano da Ilha é um notável império de nobreza natural, onde os vestígios de cada um, poderão ser encontrados na oferta que a Ilha fornece em cada olhar. 

Olhar, olhar a vida da Ilha. 




Ser da Boavista não é ser um ilhéu. 

É ser um ilhéu da Boavista!

As gentes, primeiramente, são a ternura e a calorosa honestidade.
Os ofícios tradicionais, mantidos pelos valores seguros da identidade da Ilha.
Os ritos, as crenças, os hábitos, ... dançam da serenidade à certeza inabalável.
A gastronomia, deliciosa na sinceridade, na cor, na forma, no aroma e no sabor.
A dança, a literatura, a música, o artesanato, a pintura e a escultura, ocupam relevante e justo lugar de pódio, nos manifestos enraizados e disponíveis para o futuro, garantindo o presente.

A dádiva maior, o cerne da existência da Ilha, a população, que encanta e se encanta no orgulho da pertença integrada e sustentada.



A aproximação à Ilha é um raro deslumbre de novidade. 
A aproximação à Ilha, nas vezes seguintes, é um deslumbre de felicidade, repleto das protetoras sensações de quem chega ao desejo.


A aproximação à Ilha faz-se pela via da ânsia de abraçar quem nos completa, de regressar aos locais de referência psicológica.






A Música e a Dança

Está atribuído à Boavista, a Ilha de nascimento da música que maior simbolismo e representatividade oferece ao País - a Morna!
Imperdoável seria, neste campo das artes, não referenciar em homenagem, a nobre Cesária Évora, cantora do Mundo, nascida em Cabo Verde (Ilha de São Vicente, 27/08/1941 a 17/12/2011).
Cesária Évora foi e será a imperatriz e porta voz da música caboverdiana no Mundo.
Transporta, porque eterna, Cabo Verde nas melodias que trás em si, com a elegância e a beleza que, só e apenas, a simplicidade pode ter.

Cesária Évora não é de Ilha, é do Arquipélago, é de Cabo verde. 

É também do Mundo que ajudou a embelezar.

"Sodade" (1992), provavelmente é o poema com maior divulgação e projeção, a que Cesária Évora deu voz, numa melodiosa letra que incorpora significados de sentimentos, forçados pela dor ao silêncio, dos caboverdianos.

  


Sodade


Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa São Tomé

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be
Até dia
Qui bô voltà

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau




O Landu ou Lundum 
(Fonte: Guia Turístico - Câmara Municipal da Boavista)

"Dança em movimento binário de origem africana, cuja raiz está ligada ao batuque.
No séc XVIII, o Landu tornou-se muito popular tanto no Brasil como em Portugal, para onde foi levado.
Segundo referências de musicólogos, o Lundum sofreu várias transformações de acordo com o País para onde foi levado.
Em Cabo Verde, mais propriamente na Ilha da Boavista, o Landu, provavelmente trazido do Brasil, também é dançado (um tema único mas desconhecendo-se a letra), com uma particularidade. Só se dançava nos casamentos (antigamente, pois hoje já não acontece assim).

...   ...   ...   ...   ...

À meia noite ... quando se aproxima a hora do "Retiro dos Noivos", o dirigente do grupo dos músicos (composto por violinos, violões e cavaquinho) pega na "rabeca" e faz os primeiros acordes como sinal; então, os convidados, que já estão à espera, de ouvido à escuta, gritam: "ali Landu, d`já tcha hora d`badja Landu"!
Os noivos são quase "empurrados" para o meio da sala. Dançam até se sentirem cansados, ou satisfeitos e só então é que vão os padrinhos, os pais e os familiares dos noivos.
Se há na sala namorados, estes são empurrados também para irem dançar.

                                                                     ...   ...   ...   ...   ...


O Landu só é dançado de gravata e casaco e, enquanto os noivos permanecem na sala, ninguém está autorizado a tirá-los, por muito calor que faça".



A Cachupa

Como em todo o Cabo Verde, também na Boavista, a cachupa é o prato gastronómico mais emblemático.
É o prato que suporta as honras da casa do País.
Como tudo, existem variadas formas de a confecionar e mesmo de a classificar, sendo a internet uma possível via de acesso à informação sobre a confeção e caraterização da cachupa. 
Sugere-se que o melhor é considerá-la pela sua riqueza antropológica e nutricional.
Não se deixe intimidar com o absolutismo dos ingredientes. Lembre-se. "quem não tem cão, caça com o gato!".

Uma dica - no dia seguinte, com o que sobrou da cachupa, coloque uma frigideira ao lume com um pouco de azeite (ou outra gordura), generosamente coloque uma quantidade da cachupa e deixe fritar um pouco.
O crocante que se vai formando, pelo tostar das beiras que encostam ao fervente do recipiente, é alimentador, tanto na musicalidade, como no aroma.
A cereja em cima do bolo é um ovo frito sobre esta cachupa de dia seguinte!



A Olaria

Rabil, segunda Vila da Ilha e localidade onde fica o aeroporto internacional da Boavista, dista cerca de 7 Km de Sal-Rei.
É um centro de cerâmica com significado para a Ilha, tanto no que se refere aos meios de produção, como os da empregabilidade e formação, na sua vertente de Centro de cerâmica/Escola.



A produção respeita o passado, na manutenção de peças com registo histórico-antropológico, como se inova, numa parceria com a modernidade, em constante projeção futura.
Insere-se, igualmente, no registo das criatividades contemporâneas, ajustadas às necessidades das inovações artísticas dos seus criadores.
De registar também os materiais de cerâmica de construção, integrantes no conjunto global produtivo da olaria utilitária e da figurativa/decorativa. 


Salienta-se, justamente, que a Ilha da Boavista não se resume a Sal-Rei e a Rabil.
Povoações como Fundo das figueira; Cabeço dos Tarrafes; Bofareira; Povoação Velha; João Galego, Estância de Baixo; Espigueira ,..., são outras localidades onde, com garantia, se poderá cruzar, não apenas com os poéticos nomes das terras, mas também com as deliciosas relações que todas têm para oferecer.




Integração e "Sodade"

... O (re)encontro com a Ilha fica tatuado nas profundas esferas de essência individual. 

É no re-encontro constante do mar com a Ilha, com a ternura da quentura do vento que
lambe a pele, que o chegante se vê e revê.
Acarinhando, porque se é acarinhado, numa Ilha onde quem chega se rende à adoção
.
Quando se chega à Boavista, fica-se da Boavista ... !!! 

Aterrar na Ilha, ser beijado pelo ar, mudar de roupa e abraçar gente, incorporar o mar e ... mais tarde ...

... um jantar num dos variados e excelentes locais para o efeito!
Enquanto espera, poderá ir saboreando o que entender!

... adormecer feliz e acordar melhor ... 


Saudosamente,
Bem haja, Ilha da Boavista !
Bem haja, Cabo Verde !

Fontes:
- Guia Turístico da Câmara Municipal da Boavista
- Internet
- Janielson Martins