quinta-feira, 3 de março de 2016

CAFÉ COM LETRAS - ILHA DA BOAVISTA, CABO VERDE


BOAVISTA

Ilha da Boavista 



Cabo Verde 


País insular, Cabo Verde, está localizado no Oceano Atlântico, na costa Ocidental de África.
É formado por 10 Ilhas de origem vulcânica e localiza-se, no seu ponto mais próximo do continente, a cerca de 450 km de África, continente que integra o País.

A cerca de 3,30 horas de Portugal (a Norte) e das mesmas horas do Nordeste do Brasil (a Sudoeste), Cabo Verde privilegia-se pela sua central posição geográfica, no Oceano Atlântico.

No sentido de Oriente para Ocidente, estão as Ilhas da Boavista; Sal; São Nicolau; Santa Luzia (desabitada); São Vicente e Santo Antão, formando o Grupo das Ilhas do Barlavento (Norte do Arquipélago).

Igualmente no sentido de Oriente para Ocidente, localizam-se as Ilhas do Grupo do Sotavento (Sul do Arquipélago), constituído pelas Ilhas do Maio; Santiago; Fogo e Brava.

Tanto pelo Grupo do Barlavento como pelo do Sotavento, localizam-se diversos Ilhéus e Ilhotas desabitadas, circundantes das Ilhas.

Cabo Verde tem cerca de 500.000 habitantes.

A cidade da Praia é a Capital do País e localiza-se na Ilha de Santiago.
Santiago é a Ilha com maior superfície e com maior número de habitantes. 
Mais de metade da população de Cabo Verde reside na Ilha de Santiago.

A população das Ilhas de São Vicente e de Santo Antão, ocupa os segundo e terceiro lugares, em número de habitantes.

A língua oficial, em Cabo Verde, é o Português. A língua quotidiana, em Cabo Verde, é o Crioulo caboverdiano. A população fala o que entender!


Requintes e vivências da Ilha da Boavista


A Ilha da Boavista, apesar de ser a terceira maior em área, com 31 km de Norte a Sul e com 29 Km de Oeste a Leste, é a segunda menos habitada, contando com cerca de 6.500 habitantes.
Se, porventura e consoante os gostos, se pensar que poderá faltar em número de pessoas é, seguramente, compensado pela qualidade destas e por toda a riqueza (cultural, histórica, antropológica, psicológica, social e ambiental) que compõe a Ilha.

Juntamente com o Sal e o Maio, Boavista é uma das Ilhas de praias, ..., e que praias! E que água! O azul turquesa, se teve algum local para nascer foi, indubitavelmente, nas límpidas águas da Ilha da Boavista.
A beleza que as praias conferem na Ilha, é de desejar suster a vida, para que a hora da partida não chegue.

O quotidiano em Sal-Rei (Capital da Boavista), é um desígnio da tranquilidade e do prazer.
Garantias do mais qualificado, fortalecedor e aconchegante relacionamento, desde o nascimento, da díade mãe/filho, com mãos libertas para o labor do dia-a-dia.
O quotidiano da Ilha é um notável império de nobreza natural, onde os vestígios de cada um, poderão ser encontrados na oferta que a Ilha fornece em cada olhar. 

Olhar, olhar a vida da Ilha. 




Ser da Boavista não é ser um ilhéu. 

É ser um ilhéu da Boavista!

As gentes, primeiramente, são a ternura e a calorosa honestidade.
Os ofícios tradicionais, mantidos pelos valores seguros da identidade da Ilha.
Os ritos, as crenças, os hábitos, ... dançam da serenidade à certeza inabalável.
A gastronomia, deliciosa na sinceridade, na cor, na forma, no aroma e no sabor.
A dança, a literatura, a música, o artesanato, a pintura e a escultura, ocupam relevante e justo lugar de pódio, nos manifestos enraizados e disponíveis para o futuro, garantindo o presente.

A dádiva maior, o cerne da existência da Ilha, a população, que encanta e se encanta no orgulho da pertença integrada e sustentada.



A aproximação à Ilha é um raro deslumbre de novidade. 
A aproximação à Ilha, nas vezes seguintes, é um deslumbre de felicidade, repleto das protetoras sensações de quem chega ao desejo.


A aproximação à Ilha faz-se pela via da ânsia de abraçar quem nos completa, de regressar aos locais de referência psicológica.






A Música e a Dança

Está atribuído à Boavista, a Ilha de nascimento da música que maior simbolismo e representatividade oferece ao País - a Morna!
Imperdoável seria, neste campo das artes, não referenciar em homenagem, a nobre Cesária Évora, cantora do Mundo, nascida em Cabo Verde (Ilha de São Vicente, 27/08/1941 a 17/12/2011).
Cesária Évora foi e será a imperatriz e porta voz da música caboverdiana no Mundo.
Transporta, porque eterna, Cabo Verde nas melodias que trás em si, com a elegância e a beleza que, só e apenas, a simplicidade pode ter.

Cesária Évora não é de Ilha, é do Arquipélago, é de Cabo verde. 

É também do Mundo que ajudou a embelezar.

"Sodade" (1992), provavelmente é o poema com maior divulgação e projeção, a que Cesária Évora deu voz, numa melodiosa letra que incorpora significados de sentimentos, forçados pela dor ao silêncio, dos caboverdianos.

  


Sodade


Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Quem mostra' bo
Ess caminho longe?
Ess caminho
Pa São Tomé

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau

Si bô 'screvê' me
'M ta 'screvê be
Si bô 'squecê me
'M ta 'squecê be
Até dia
Qui bô voltà

Sodade sodade
Sodade
Dess nha terra Sao Nicolau




O Landu ou Lundum 
(Fonte: Guia Turístico - Câmara Municipal da Boavista)

"Dança em movimento binário de origem africana, cuja raiz está ligada ao batuque.
No séc XVIII, o Landu tornou-se muito popular tanto no Brasil como em Portugal, para onde foi levado.
Segundo referências de musicólogos, o Lundum sofreu várias transformações de acordo com o País para onde foi levado.
Em Cabo Verde, mais propriamente na Ilha da Boavista, o Landu, provavelmente trazido do Brasil, também é dançado (um tema único mas desconhecendo-se a letra), com uma particularidade. Só se dançava nos casamentos (antigamente, pois hoje já não acontece assim).

...   ...   ...   ...   ...

À meia noite ... quando se aproxima a hora do "Retiro dos Noivos", o dirigente do grupo dos músicos (composto por violinos, violões e cavaquinho) pega na "rabeca" e faz os primeiros acordes como sinal; então, os convidados, que já estão à espera, de ouvido à escuta, gritam: "ali Landu, d`já tcha hora d`badja Landu"!
Os noivos são quase "empurrados" para o meio da sala. Dançam até se sentirem cansados, ou satisfeitos e só então é que vão os padrinhos, os pais e os familiares dos noivos.
Se há na sala namorados, estes são empurrados também para irem dançar.

                                                                     ...   ...   ...   ...   ...


O Landu só é dançado de gravata e casaco e, enquanto os noivos permanecem na sala, ninguém está autorizado a tirá-los, por muito calor que faça".



A Cachupa

Como em todo o Cabo Verde, também na Boavista, a cachupa é o prato gastronómico mais emblemático.
É o prato que suporta as honras da casa do País.
Como tudo, existem variadas formas de a confecionar e mesmo de a classificar, sendo a internet uma possível via de acesso à informação sobre a confeção e caraterização da cachupa. 
Sugere-se que o melhor é considerá-la pela sua riqueza antropológica e nutricional.
Não se deixe intimidar com o absolutismo dos ingredientes. Lembre-se. "quem não tem cão, caça com o gato!".

Uma dica - no dia seguinte, com o que sobrou da cachupa, coloque uma frigideira ao lume com um pouco de azeite (ou outra gordura), generosamente coloque uma quantidade da cachupa e deixe fritar um pouco.
O crocante que se vai formando, pelo tostar das beiras que encostam ao fervente do recipiente, é alimentador, tanto na musicalidade, como no aroma.
A cereja em cima do bolo é um ovo frito sobre esta cachupa de dia seguinte!



A Olaria

Rabil, segunda Vila da Ilha e localidade onde fica o aeroporto internacional da Boavista, dista cerca de 7 Km de Sal-Rei.
É um centro de cerâmica com significado para a Ilha, tanto no que se refere aos meios de produção, como os da empregabilidade e formação, na sua vertente de Centro de cerâmica/Escola.



A produção respeita o passado, na manutenção de peças com registo histórico-antropológico, como se inova, numa parceria com a modernidade, em constante projeção futura.
Insere-se, igualmente, no registo das criatividades contemporâneas, ajustadas às necessidades das inovações artísticas dos seus criadores.
De registar também os materiais de cerâmica de construção, integrantes no conjunto global produtivo da olaria utilitária e da figurativa/decorativa. 


Salienta-se, justamente, que a Ilha da Boavista não se resume a Sal-Rei e a Rabil.
Povoações como Fundo das figueira; Cabeço dos Tarrafes; Bofareira; Povoação Velha; João Galego, Estância de Baixo; Espigueira ,..., são outras localidades onde, com garantia, se poderá cruzar, não apenas com os poéticos nomes das terras, mas também com as deliciosas relações que todas têm para oferecer.




Integração e "Sodade"

... O (re)encontro com a Ilha fica tatuado nas profundas esferas de essência individual. 

É no re-encontro constante do mar com a Ilha, com a ternura da quentura do vento que
lambe a pele, que o chegante se vê e revê.
Acarinhando, porque se é acarinhado, numa Ilha onde quem chega se rende à adoção
.
Quando se chega à Boavista, fica-se da Boavista ... !!! 

Aterrar na Ilha, ser beijado pelo ar, mudar de roupa e abraçar gente, incorporar o mar e ... mais tarde ...

... um jantar num dos variados e excelentes locais para o efeito!
Enquanto espera, poderá ir saboreando o que entender!

... adormecer feliz e acordar melhor ... 


Saudosamente,
Bem haja, Ilha da Boavista !
Bem haja, Cabo Verde !

Fontes:
- Guia Turístico da Câmara Municipal da Boavista
- Internet
- Janielson Martins



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