RACHADURAS CEREBRAIS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
A terra racha-se com a falta da água no chão do Sertão.
Eu racho-me de emoções que não sei viver.
Não saber viver é um vazio, é destruturação cerebral.
Onde nos buscamos?
Viver é para a morte.
Onde está o intervalo da vida?
Eu quero pausar e voltar depois.
A palavra é bonita.
Tudo demais é loucura.
Menos a ilusão.
Eu acho que a tristeza é o medo da morte.
E acho que o sexo é raiva da morte.
Dividindo a vida em texto:
Inocência...
Nada se sabe mas faz-se de conta que sim...
Resignação...
A ferrugem cerebral corrói.
Aprendi a respeitar o texto sem a pressão e a força
da gramática.
Pensei, sempre, que não era admissível fazê-lo.
Sei, hoje, que sim.
Faço-o.
Tenho uma gramática personalizada.
Tem nome.
Digo-o mas não o escrevo.
Uso-a em liberdade.
Escrevo… escrevo o que sinto e avalio em mim e no
que vejo.
A minha gramática dá corpo à alma que digo em escrita.
Acho que é a minha forma de prazer, em pleno, de
comunicar.
Aprendi que comunicar em texto é possível sem "saber
escrever".
A gramática é uma convenção.
Escrevo do jeito que sinto e penso.
O (meu) lápis chama-se sentimento.
A (minha) borracha chama-se pensamento.
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