domingo, 3 de março de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) I


O SOPRO (NÃO EXISTIA LUGAR) I

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dentro de uma casa numerosa seguia o quotidiano, quase animal.

Mas o homem não passou a ter cabresto e rédeas.


O sol caiu.

Vou apagar a luz.

Não minha mãe, falta a minha coberta!

Cuida, Francisquinho!

É brincadeira minha, mãe.

Saiba diferenciar brincadeira de mentira.

Eu queria dormir com tu, minha mãe, estou com medo!

Não pode, tens que aprender a dormir só.


(A última cena que se tinha, daquelas 11 de escuridão, era de uma mulher, com um olhar medíocre e apagando a lamparina de querosene. O silêncio reinava, no Sertão.)


(Não se tinha relógio. Às vezes o galo cantava de meia noite a primeira vez. Depois às 3 horas da madrugada e, a seguir, no dia amanhecendo.)


Minha mãe, eu passei a noite acordado.

Porquê?

Eu estava com medo.

E porque não me chamaste?

Estava com tanto medo, que fiquei todo enrolado no medo. Tu não deixou eu dormir com tu!

Estou com medo de dormir.

Deixa de doidice, que já és grandinho demais!

E porque os bois dormem todos juntos? Nós éramos para ser igual?

Eu lá sei! Não somos boi!

Muuu muuu, vou ser amigo dos boi.

Vai.


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