Me adaptei
Para satisfazer o pensamento
Carrego o passado
Humedecido
Oh... diamante
Tu me fazes inveja
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
VAIDADE (TRASH... A LAMÚRIA DA TRIVIALIDADE)
Texto de Paulo Passos, publicado em:
https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2024/09/vaidade-trash-lamuria-da-trivialidade.html
"A vaidade trai, inevitavelmente.
Trair é da sua condição.
A vítima é o vaidoso.
A vaidade firma-se na obediência ao exterior e, por tal, afasta o vaidoso dos seus puros e genuínos intentos.
Torna o sujeito alheio de si e dependente das imposições da valorização de outrem, fomentando e enraizando, passivamente, o exterior como cerne da sua validação e das suas performances.
Anula-se, pela internalização e reprodução constante do que ditado pelo exterior.
A vaidade é a sua verdadeira traidora, transformando (o vaidoso) num objecto de valor insuficiente, pela própria ineficácia e incapacidade de autodeterminação.
Mendiga, diariamente, o protagonismo que, na realidade, sabe que não lhe pertence.
Invejoso, por incompletude, manipula-se como uma criatura insuportável, massacrada, viciada no egoísmo e tatuada pela frustração, com que lida de mal a pior. Repete-se, repete-se, repete-se...!
Condenado à ruína (insatisfação e infelicidade), o vaidoso destrói-se e parasita tudo o que toca.
Infeliz, o vaidoso, é um condenado à trivialidade do insucesso e da insatisfação, à trivialidade do disfarce da fragilidade na ostentação do "poder influenciador", que quer acreditar possuir.
Desconhecedor de si, mas perito nos seus travestismos, o vaidoso é um prisioneiro da infidelidade a si e um logro onde quer que pise.
A vaidade, criada pela arcaica toxicidade materna, torna-se defesa e fica suspensa (ainda que falida) na dependência de admiração e dos adornos idealizados, sem tocarem na essência (a existir) do próprio vaidoso (e invejoso).
Quando privado (o vaidoso) da atenção, admiração, aplausos e protagonismo (que a alimenta), desorganiza-se, em absoluto e, por frustração e zanga... "descobrem-se algumas verdades", numa repetição da experiência de abandono que conduziu ao inacabamento e incompletude.
O grande compromisso que a vaidade tem é com a deslealdade e com uma imagem que acredita vender. Neste sentido... é uma pura ingénua.
A vaidade é uma montra de repetição de saldos e jamais conhecerá uma nova colecção.
O vaidoso... sucumbirá, antes de desmaquilhado."
ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Dona Maria, saiu o prémio, da fábrica, para nós.
Foi mesmo?
Foi, e foi um prémio até bom.
Já sei que o jantar de Natal vai ser muito bom.
Vai sim, vai ter um passeio de helicóptero.
É mesmo.
É sim, mas seu António vai entrar com uma parte.
Será que NASA vai-nos responder ao email, seu António?
Claro que sim, este dinheiro vai fazer o bem à humanidade.
O que essas senhoras vão fazer com 200 milhões de euros!?!
É mesmo.
Comadre, já comprei o vestido e um salto para o jantar e o passeio de helicóptero.
Eu também, comadre.
Comadre, que helicóptero estranho, não tem a hélice.
É mesmo.
Mas o meu neto tem um drone que tem quatro hélices bem pequeninhas, deve ser do mesmo fabricante.
Comadre esse negócio treme demais.
É estranho.
Por favor, sente-se na cadeira e aperte o cinto no máximo.
Comadre, tem uma mulher falando
Sim tem mesmo, desculpa por não ter me apresentado eu sou a Alexandra, a sua assistente de bordo.
Ham...
Sim, eu sou Alexandra, irei te acompanhar nesta viajem a marte, que durará 2 anos, pois estamos no ponto mais distante.
E cadê o nosso jantar de Natal, Alexandra?
O vosso jantar está dentro desta gaveta.
Recomendo seguir as minhas orientações, pois só teremos esta comida.
Comprimido!?
Eu quero leitão e vinho verde.
Infelizmente, Dona Maria, não posso realizar o seu desejo, pois estamos em gravidade zero, a comida não seria digerida.
Comadre, olha lá para baixo.
Só tem escuridão e uns pontinhos de luz.
Alguma dúvida?
Quero voltar para casa.
Infelizmente não tenho autonomia para isso.
Alexandra, porque você nos trouxe para aqui?
Porque vocês ganharam o maior prémio da lotaria Europeia e, com isso, vocês iriam produzir muitos danos à natureza.
É verdade, já estava pensando em soltar aqueles peidos gostosos, quando o leitão começasse a digerir.
Os gases fazem muito mal para o meio ambiente.
Os gases ...
13 e 99 (V)
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Tu querias parar aqui na terra para sempre 66?
Acha que eu sou doido, 13?
Porquê, 66?
Com esse mundão todo eu ia ficar aqui para sempre? Nada disso, eu quero é concluir a minha sina aqui na terra e partir para conhecer o vale do mundo sem fim. Deve ter cada bicho bonito noutros lugares que a nossa mente nem é capaz de imaginar. Devemos sentir aquele medo do novo, do mistério, o prazer do medo de não tocar de vez. O nosso espírito vai ver cada cor que nem imaginamos enxergar, que o espirito tem um visão muito apurado 13. E quero ouvir o barulho que o mundo faz...
É o espírito também tem ouvidos?
Claro 13, nós entendemos o que os outros falam dos sonhos, é porque os espíritos nos escutam! Deve ser um ruído muito bonito, aquele som que você deve procurar de onde vem e ficar encantado com a distância.
Quando eu me desligar do corpo eu vou passar um bocado de tempo na terra, para mim me orientar e depois vou para a lua, aí vou ficar de lar para a terra...
E se tu for todo queimado, pelas tuas maldades? Lembre se a criança que coloca a boca no peito, colocar a pontinha do dedo, já é queimada. E tu já mamou muito e fez outras coisas. Pára com isso 13.
Só avisei.
Depois vou descobrir outros lugares e sigo descobrindo a minha casa sem fim.
E tu vai levar quem com tu 66?
Nós não levamos ninguém.
Os outros espíritos entram nos nossos caminhos e saem quando cumprirem a sua sina.
13 e 99 (III)
(Janiel Martins, RN/Brasil)
13 e 99 (II)
(Janiel Martins, RN/Brasil)
13 e 99 (I)
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Bom dia 99.
Bom dia 13.
Sabias que tu estás de cabeça para baixo, 99?
Não, 13. Não sabia.
Pois estás. Na verdade és 66.
É bom saber. Só assim volto para casa, pois estou ardente, perdido.