VIVO PORQUE TENHO QUE VIVER
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O orgasmo foi alheio
O ar emprestei
Na terra piso
Ao tempo
Vou ficar devendo a vida
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
VIVO PORQUE TENHO QUE VIVER
(Janiel Martins, RN/Brasil)
O orgasmo foi alheio
O ar emprestei
Na terra piso
Ao tempo
Vou ficar devendo a vida
Original em:
https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2021/01/psicocidio.html
Conforme texto de Paulo Passos
"ENTRE AS GENTES E OS AGENTES (dos brandos e pálidos costumes) DA PSICOLOGIA ESTÃO:
- As agnosias acríticas e as delirantes idealizações de prestígio das academias e demais associações;
- As apractognosias, sujeitação e
facilitismo caseiro dos campos interventivos;
- A banal acrítica, inexperta
(permissiva em excesso… por vezes e em conveniência) e ultrapassada burocracia
da ordem profissional…
…AMORDAÇANDO-SE (SANGRANDO) A PSICOLOGIA (E RESPECTIVAS INSTITUCIONALIDADES) NOS INFRUTÍFEROS ESFORÇOS DE CREDIBILIDADE… NUM PESSIMISMO RELATIVO ÀS IDEAÇÕES, ESTAS SUICIDÁRIAS (SOBRE A PSICOLOGIA), PELA PARTE DOS SEUS AGENTES, QUE ABUNDAM E SE REPRODUZEM EM ESCALA FÚNGICA..."
31 de março de 2023
Cavalariças do Mosteiro de Tibães
Braga | Portugal
PROGRAMA
09.00 H
MESA DE ABERTURA
Paulo Oliveira - Coordenador do Mosteiro de Tibães
José Novais Carvalho - Director Executivo do ACES do Alto Ave
Domingos Sousa - Director Executivo do ACES do Cávado I
Fernando Ferreira - Director Executivo do ACES do Cávado III
09.45 H
ABERTURA
Paulo Passos – Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado I
10.00 – 11.00 H
PAINEL I – DEPRESSÃO: FAMÍLIA E ESCOLA
Maria José Ramos – Psicóloga Clínica, Centro de Saúde de Cabeceiras de Basto
Paulo Correia – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Esposende
Filipa Moreira – Pedopsiquiatra, Hospital de Guimarães
Modera: David Moreira, Médico de Saúde Pública do ACES do Cávado III
11.00 – 11.30 H
INTERVALO
11.30 – 12.30 H
PAINEL II – DEPRESSÃO: CLÍNICA E TERAPÊUTICAS
João Furtado – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Vizela
Catarina Esteves – Pedopsiquiatra, Hospital de Guimarães
Modera: Rui Macedo, Médico de MGF do ACES do Cávado I
14.30 – 15.30 H
PAINEL III – DEPRESSÃO: ETIOPATOGENIAS E EPIDEMIOLOGIA
Paulo Passos – Psicólogo Clínico, Centro de Saúde de Braga
Feliciano Guimarães – Pedopsiquiatra, Hospital de Braga
Modera: Fátima Dinis, Médica de MGF do ACES do Alto Ave
15.45 H
ENCERRAMENTO
Maria José Ramos – Psicóloga Clínica, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Alto Ave
Paulo Correia - Psicólogo Clínico, Núcleo de Psicologia Clínica / ACES do Cávado III
https://seminariopsicologiacsp.blogspot.com/
CAFÉ COM LETRAS - OLHANDO TORTO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
No ano de 2000 e qualquer coisa
Arlete tu queres ir mesmo para o Gerês, com todo este covid?
Quero sim, meu amor, vai ter um jantar especial, com todas as medidas de protecção e distanciamento social.
E qual vai ser o menu, Arlete?
Olhar torto, Arlindo.
Pelo preço vai ter que ser especial.
Lá vens tu com as tuas matemáticas, Arlindo.
O Gerês, fica a quantos quilómetros de Braga, Arlete?
Sei lá.
Gerês, no dia 24 de Dezembro do mesmo ano
Mas espia só que cama bem feita.
Olha só o champanhe e a mensagem de boas vindas.
Que romântico!
Pelo preço que pagamos, faria o mesmo em casa durante um mês!
Deixa-te de conversar, que tu nunca fizeste nada disto em casa.
Se tu me pagares eu faço!
Arlindo adormece
Acorda, tróce, que a ceia vai ser servida!
Cala-te Arlete, já estou pronto.
E tu vais descer assim?
O Chefe apresentou o menu, Arlete resmungou.
O que há?
Só tem frutos do mar?
Foi você que escolheu!
Foi, foi mesmo.
Já que estamos no barco, seguimos.
Eu vou pedi uma carne, Arlindo.
Tu vai gastar mais, por fora?
Lá vens tu de novo, matemático.
Tu vais pagar.
Arlindo levanta-se com os olhos tortos.
Vamos para o quarto.
Estás passando mal?
Estou cheio de tesão, o fruto do mar levantou o dorminhoco.
Calma que falta a baba de camelo!
Já estou todo babado.
VERME
Janiel Martins (RN, Brasil)
Corroía sem vontade de corroer.
O tempo corroeu a matéria.
Deixe de loucura, Walesia!
Nada, Florivaldo, o tempo corroeu a matéria.
Somos vermes.
Só fico imaginando, como éramos.
Desculpa Florivaldo, fico imaginando na velhice, com a voz rouca, ainda com o peito cheio de ar.
Falar do passado.
Éramos minhoquinhas famintas e hoje estamos aqui, carregando o passado neste cérebro.
O oco na minha cabeça fervilha, como frieira querendo se sarar.
O cérebro é uma rede eléctrica que distribui estímulos para os
membros superiores e inferiores.
Somos uma rede eléctrica, com postes e tudo, Walesia.
Bem-isso, Florivaldo, os órgãos inferiores são para filtrar o sangue e cuidar da respiração.
Não sei bem se é assim mesmo.
Eu gosto de ter um tempinho só para admirar o corpo humano.
Faz bem para mim.
Não sei porque as pessoas admiram pedras preciosas.
Fico a imaginar cada ser que respira neste planeta, de uma circunferência de quarenta mil kms, e fico me vendo lá longe. E tu não pensa nada, verme?
Nada, só penso em viver, a fome vem e o verme alimenta o cérebro,
Walesia.
Fico imaginando os verme do cérebro se alimentando, tu sabe
Florivaldo?
Nem imagino e não quero imaginar.
Não sei bem, mais deve se o sangue que o alimenta.
A comida transforma-se em fezes e deve sobrar alguma coisa. Sobra e vira sangue.
Vamos comer um frango de churrasco, Walesia?
Sim, Florivaldo, deixa eu pegar a minha bolsinha.
Já traga o lubrificante.
FURNAS
ILHA DE SÃO MIGUEL
AÇORES / PORTUGAL
Bucólico
Enquadramento
CASA DAS BORBOLETAS
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Voa voa barboleta
Voa no meu coração
O meu coração o namora
Voa barboleta.
Tais doida?
O que foi tróce?
Não é barboleta, é borboleta.
Sei que são lindas e delicadas.
É como viver mais uma vida.
As borboletas são seres que devem ter um pensamento tão bonito na terra.
Nascem lagarta e criam asas.
Vestiram a melhor roupa para visitar a terra, e, nós, aqui estamos cheios de medos.
É livre o ser dos animais.
Quando as crias crescem, eles dão um "coice" de liberdade nelas, e vão namorar e fazer outro menino.
Nasci numa namorada.
Não foi de uma reza forte.
Meus irmãos ficaram para trás.
Aqui estou.
Voa voa borboleta
Tu quer coisar pra ver se nasce um minino com as barboleta?
EM VOLTA DO CORPO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
As estrelas estão longe
A lua é amante
A terra é o chão
O corpo é sabido
O juízo é uma caixa organizada e quer namorar o tempo
A sociedade é bruta para ser organizada
Os desejos são proibidos
O PRATO QUE O DIABO E PUTIN NÃO COMERAM
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Desgraçados... vão comer uma coxa, pegando com as mãos, tirando os pêlos com a sensibilidade das beiças e catucando com a língua... ao invés de matarem.
Deixe de ser doida, mulher!
Doida não, a fome não é só de pão.
A fome do homem é carnal.
Quando nos camuflamos, criamos guerra, guerra connosco, com o vizinho, com o colega, com o companheiro e com a comida.
Condecoramos com uma peça de roupa, para a ida a um lugar, vendido pelos mídia.
Criminalizamos costumes e esquecemos hábitos.
Buscamos uma aparência do que não existe em nós. É o alheio e nos perdemos.
Autorizado o uso deste texto divulgado, originariamente,
em:
https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2022/11/espurio-no-wellness-center.html
Paulo Passos
Psicólogo Clínico
Braga / Portugal
“Ponta
Delgada, 17.30 horas, de um dia de Novembro do ano de 2022
Após
uns formidáveis momentos com amigos, onde se misturaram os prazeres dos
reencontros, com alguns desejos e intentos de articulação de útil e motivante
(futuro) trabalho... voltei ao hotel e, (tão) feliz com a tarde, tomei um
duche e mergulhei na água, com a temperatura que me é tão de pertença (30º), na
piscina interior.
De
serenidade tatuada na alma e na expectativa de um final de tarde feliz... (que
me levaria e elevaria o entusiamo para umas cracas, lapas e demais açóricas
iguarias, ao jantar...), mal entrei na piscina, acordei (em pânico) do perfect
day que trauteava mentalmente e em consonância com o Lou Reed que me
fazia companhia...!
Deparei-me
com um cenário de vandalismo e toxicidade ambientais (apesar de todas as
indicações estarem escarrapachadas numa visível sinalética, para informação dos
mais distraídos, dos inábeis em civismo e em civilidade, ou dos puros tugas...,
do que possível e inadmissível neste wellness center ou, bem se entenda, noutra
coisa qualquer cujas exigências sejam similares), no local que procurei... para
um confortante final de tarde e preparatório início de noite.
Wellness
center... (tal como designado).
No
borbulhante jacuzi, estavam 3 moçoilas, já entradotas (fim dos 20 ou
início/meio dos 30 anos), com os antebraços, braços e crânios cabeludos (a
sinalética obrigava o uso de toucas) de fora de água, protegendo o que, digo eu
(!), lhes era de maior valia: os 3 telemóveis que seguravam, com as 6
mãos e sem que nem um pequeno desvio de olhar fosse autorizado pela formatação.
Talvez
o erro estivesse no facto da sinalética do Wellness Center não impedir o uso de
telemóveis.
Restaurando-me
(tentando...!) da bizarra visão..., olha o meu olhar para um pujante e saloio
som, que agudizou todo o (surpreendido) Wellness Center, e vi (ouvi e
assustei-me) uma mulher, escancarando a boca e disparando a cabeça para trás,
no seu orgulhoso biquini preto e dourado, numa tão sonora e despropositada
gargalhada, apontando e acompanhando o motivo de tanta graça, a saber: o
verdete gretado dos pés, sobre quem, especulei, ser o seu companheiro que,
igualmente, se torcia em gargalhos exibindo o barulho que lhe jorrava dos
cascos, num sotaque repleto de trejeito de linguagem (muito) lisboeta, que
fazia exibir o burgesso, em material e em gritante mediocridade.
... pois fiz o reparo na recepção
do hotel...
Nem voltei a ver verdete na
piscina, nem vi mais telemóveis no jacuzi.
Não reparei se estavam no banho
turco. Não se via muito bem.”