domingo, 25 de junho de 2017

ARROZ DE POLVO

Ingredientes:

- Polvo (1)
- Arroz q.b.
- Pimento (0,5)
- Cebolas (2)
- Alho (2 dentes)
- Malagueta q.b.
- Louro (2 folhas)
- Vinho tinto (2 copos)          
- Sal q.b.
- Azeite
- Coentros
- Ervilhas (1 malga)
- Tomates





Modo de preparação:

Um polvo congelado ou um polvo fresco mas previamente congelado, para ficar macio.
Deixe descongelar o polvo, naturalmente.
Cozinhe-o na panela de pressão, com o vinho tinto, o louro, a malagueta, 
o alho esmurrado, um pouco de água (apenas para complementar o vinho)
 e uma pitada de sal (só para temperar a imagem!).
Após sair a pressão, abra a panela e retire o polvo, sem descartar o líquido.
Deixe arrefecer e corte-o em pedaços.



Num tacho verta o azeite e, após picar as cebolas, misture-as e deixe refogar.
Misture o pimento cortado aos pedaços pequenos e os pedaços do polvo.
Adicione o arroz e vá mexendo de forma até que as extremidades do arroz 
comecem a ficar com a tonalidade de branco opaco.



Misture o líquido da cozedura do polvo (adicione água de for necessário), 
na proporção de o dobro de líquido relativo à quantidade de arroz.
Coloque as ervilhas e envolva tudo, sorridente e carinhosamente.
Acerte temperos.



Acompanhe com tomates polvilhados com coentros picados, 
a fruta que entender e com as suas vontades ...!

Imagens: Janiel Martins




quinta-feira, 22 de junho de 2017

CAFÉ COM LETRAS - COM FRANCISCO BEZERRA


FRANCISCO BEZERRA, 
homem do Nordeste brasileiro, Porto do Mangue, Estado do Rio Grande do Norte.
Homem mundano.


De longe parece fácil
Frágil é se aproximar
Mas eu chego, eu cobro
Eu dobro teus conselhos
Não me salvo
Porque não me acho
Não me acalmo
Porque não me vejo
Percebo até
Mas desaconselho...

(Autoria: Francisco Bezerra)


Homem exemplo de dedicação, humildade, igualdade e de convicções,
estas que lhe são, arduamente, serenas.

Foto de Noilton Pereira, BA/Brasil
Exemplar no empenho, na implicação, na luta pelo que é seu, pelo que é de todos.


Francisco Bezerra, homem do genuíno, do igual, da cultura.


E nós
Bando de tantos tontos
Rodando aos trancos por aí
Haja teto
Pra tanto desabrigo
Haja palavra
Pro que eu não digo
Haja instinto
E haja saída
Pra tanto labirinto

(Autoria: Francisco Bezerra)


"MULHERES DA LAMA", documentário de Francisco Bezerra, 
numa notável alusão à subserviência quotidiana (no puro registo antropológico),
 sobre quem tem por vida, fatalmente desprovida de alternativa, 
o quotidiano da dependência dos achados.


Homem do ser, da sensibilidade, homem para acolher, querer,
ter, considerar, respeitar, HOMEM para abraçar.


SER
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Ser
Ser digno
Ser todos
Ser coerência
Ser porque SIM
Ser sendo
Ser sonhando
Ser sentindo
Ser sofrendo
Ser amando
Ser honra
Ser de direito
Ser com direito
Ser no direito 
Ser DIREITO
Ser labuta
Ser livre
Ser justiça
Ser alegria
Ser FELIZ
Ser em mim
Ser em ti
Ser em nós
Ser verdade
Ser HOMEM
Ser GENTE
SER


Com merecidas congratulações, homem de eleição, deixo abraços ...!!!


Edição: Janiel Martins e Paulo Passos.
Imagens: Facebook de Francisco Bezerra.



sábado, 17 de junho de 2017

SALADA DE PEIXE


Ingredientes:

- Peixe 
- Cebola
- Cenoura
- Alface
- Tomate
- Alho francês
- Alho
- Azeite
- Sal
- Pimenta
- Azeitonas alcaparras (ou outras)

Modo de preparação:


Refogue em azeite a cebola picada, o alho e o alho francês cortado em meias rodelas.
Tempere com sal.
Depois de cozido, retirado as espinhas e desfiado,
junte o peixe ao restante preparado.
Após cozidas as cenouras, corte-as longitudinalmente. 
Coza os ovos e descasque-os.
Corte os tomates aos gomos.
Polvilhe com salsa picada e pimenta acabada de moer.



Acompanhe com azeitonas alcaparras, deliciosamente transmontanas.

Vitamine com um pujante suco de maçã, laranja e cenoura.


O resto fica por sua conta...!
Fonte das imagens: Janiel Martins

domingo, 11 de junho de 2017

SUSTENTO DA ALMA - PORQUE HOJE É ONTEM ....


Porque hoje é ontem e, nas desventuras, pode ser futuro...!

Porque hoje é sempre?

Porque quando as pertenças não se conjugam e equilibram com as referências, 
o conflito interior é, psico-antropologicamente, uma certeza ilimitada.

Pertencer, involutariamente, a um ramo por ter que ser, 
transforma gente em gente doente ... muito doente.

O lugar das coisas é o lugar da plena felicidade, conjugada colectivamente. 

Remember ... that`s the place, our places ...

Janiel Martins
RELEMBRANDO ... assim ... 
... para que HOJE seja HOJE ...
... nos lugares do ser com EU ...
... do ser com TU ...!

O LUGAR DAS COISAS 
(Paulo Passos, Portugal)

O sítio das coisas é o sítio das coisas, é o lugar da palavra de honra!
O lugar das coisas é um percurso dinâmico sem minutas ou planos pré-estabelecidos.
O sítio das coisas é o sítio da Justiça, da Liberdade, da Igualdade.
É onde é verdade.
É onde está o Amor, a Paixão, o justo Direito e a Felicidade.
Num lugar seguro, a suspeita de insegurança é martirizada pela coerência da partilha, 
da comunhão, da razão e do sentimento.
É o lugar onde se integra.
Num ambiente psicossocial sintónico e seguro estão as pessoas prenhes de bem e de sanidade.
Num sítio seguro, a suspeita de insegurança é, naturalmente, exterminada 
pela lógica dos sentidos e pela nobreza do carácter.
O sítio das coisas é onde elas são precisas e têm serventia.

A sã posição das coisas é onde o necessário se confunde com a vontade e o desejo.
O lugar das coisas é onde a liberdade massacra o tirano e a tirania por esquecimento! 
É onde há solução!
O lugar das coisas é onde a igualdade destrói a corrupção e a diarreia mental ...

... é onde as pluralidades denunciam as corrosivas mentiras ...
... é onde existem competências e lógicas associativas ...
... é onde a justiça elimina o medo e a vilania...
... é onde está o tesão e o conhecimento ...
... é onde o bem vinga sobre o mal e a podridão ...
O lugar das coisas é onde elas devem estar, no íntegro cumprimento do DEVER, 
em verbo, em verso e em significado.

... o lugar das coisas é onde há GENTE ...
... é onde a intimidade não assusta nem se assusta ...
... o lugar das coisas é onde há pureza ...
... é onde vive o bonito, com cristalinidade e transparência ...
... o lugar das coisas é onde há vida e glorificação ...
... é onde há base e sustentação ...
O sítio das coisas é onde a estética se esmera em plurais ...

... é onde as consciências olham os prazeres das diversidades 
... é onde há espontaneidade ...
... onde não há culpas pela naturalidade ...
... é onde vive o respeito, a estima e a admiração ...
... onde o encaixe não tem surpresas ...
... é onde há beleza e sorrisos de perfeição ...
O lugar das coisas é onde a paz e a serenidade se plantam ...

... é onde está o gosto, a inovação, a descontracção e a sanidade ...
... é onde não há soberba nem falsa humildade ...
... é onde está o belo e criativo ...
... é onde tudo faz puro sentido, é gostoso e nada fere ...
... é onde há autoridade, ordem, ajuda e ética ...
... é um local de alívio justo e são!
O lugar das coisas NÃO é um grito amordaçado, agoniado e sufocado.

O lugar das coisas NÃO é a dor e a cronicidade do neuroticismo social e institucional.
O lugar das coisas NÃO é onde, socialmente, está a conveniência institucional
da castração psicológica.
Jamais à permissão das amarras da invasão da castração.

Jamais vidas embotadas, recalcadas e sem lugar!
Extermínio do sofrimento da injustiça, do desprazer e da desigualdade.
Onde há GENTE não há mansidão, não há domesticação nem sujeição ...
... há GENTE com vontade e nobreza de carácter ...
... GENTE com sítio!
O lugar das coisas é o lugar do Sol. 
Inspire-o e viva com o brilho sem medo!
... somos o que sentimos NÃO o que dizem para sermos ... num lugar ...

Paulo Passos
REQUINTES EM SANGUE
(Paulo Passos, Portugal)

Requintes? ... Pois certamente ...!!!
A inesgotável BURGESSADA, 
quando fica na posse da chave do armário de guardar
 as vassouras, as esfregonas e os panos-de-pó,
atribui, de imediato, 
responsabilidades e importâncias ao pobre do armário (qual a si), 
no mínimo,
 iguais às de uma Secretaria de Estado.
Indigesta à nascença, desfolham-se em imorais crenças,
carnavalescas fantasias, tiaras peroladas e diamantadas
(com brilho a pilhas),
colocam-se no osso cabelado e descerebrado,   
com direitos a motorista, assessores e secretariado ... 
e outras demais produções delirantes,
... para além de um cheque dentista, para as eventualidades.

PARABÉNS aos premiados e às premiadas.
THAT IS (un)HAPPINESS,
cravejada na doença
onde os sorrisos rangem
com as dores da MENTIRA,
do esterco, do desequilíbrio,
e do DESAMPARO de querer 
ser na referência,
desesperadamente ansiada.
Da inveja ...
De inveja escarrados ...
Pois certamente ganidos ... 
REQUINTES em sangue ... GOLPEADOS.


Edição: Janiel Martins

sexta-feira, 9 de junho de 2017

ARROZ DE FAVAS E TORANJAS


Ingredientes:

- Favas frescas
- Arroz (a gosto)
- Chouriço (metade)
- Alho francês (1)
- Alho (1 dente)
- Cebola (1)
- Pimento (metade)
- Tomate (1)
- Funcho (a gosto)
- Malagueta q.b. (opcional)
- Sal q.b.
- Azeite (a gosto)
- Toranjas



Modo de preparação:

Num tacho refogue a cebola e o alho francês, previamente cortados, 
em azeite e a malagueta.
Adicione o chouriço cortado em meias-rodelas.
Misture o sal, o pimento e o tomate cortados aos pedaços.
Deite o funcho e o dente de alho bem picado e envolva os ingredientes.
Coloque as favas (com ou sem camisa) e deixe-as cozinhar.



Misture o arroz, mexa e adicione a água nas doses respectivas, 
relativamente ao arroz (1 de arroz/2 de água).



Retire do lume no momento que é o seu.



Vitamine com um suco de toranja e ... 




... be happy ...!

Fonte das imagens: Janiel Martins

terça-feira, 6 de junho de 2017

SUSTENTO DA ALMA - POLUIÇÕES ÉTICAS E ESTÉTICAS


"Friends, Romans, countrymen, lend me your ears;
I come to bury Caesar, not to praise him.
The evil that men do lives after them;
The good is oft interred with their bones (...)"

                                         William Shakespeare


IMPERADOR PORTUGUÊS...!!!?!

Eu vi um imperador romano em Braga.
Vi, assustei-me e arrepiei-me todo. 
Um imperador romano por estas bandas e actualidades. 
Quem diria?

Será que o rapaz, sim o Octávio César Augusto é português, da freguesia de Maximinos, em Braga?



Mas adiante...
Espequei e cogitei assim:

Uma estátua de um imperador romano foi inaugurada, quase agorinha? 
A 26/Maio/2017 (com a curiosidade de ter coincidido com um dia de greve da Função Pública Portuguesa)?
OBÉLIX és preciso aqui...!
Erguem-se estátuas (com honras!) de símbolos imperiais, onde as façanhas seguiam o preço das delirantes omnisciências, corrupção, tirania e ditadura?
(Há sítios onde os símbolos ditatoriais são destruídos ...!!!)
Ele há cada coisa...!

Porquê?
Identificações projectivas?
Necessidades de restauro e consolidação do espectro narcísico, onde a megalomania (percepcionada pela sublimação da humildade ... enaltecendo os enfeites de passarelle, compensatoriamente) se alimenta? 
Simbolismos do espelho e da projecção?
Pálidas e disfarçadas, mas imposições de presença?

Freud explica, como canta Zé Ramalho...!
E para onde aponta Octávio Augusto?
Será que é mesmo para o Santuário Municipal?

Credo...!
Valha-nos a pequenez do inestético e estravagante embuste...!
Contudo, faça-se justiça, o pôr de pé e de anca da réplica, estão com algum savoir faire, apesar do semblante ser hipotónico e angelicamente primário...!

Há romanos graúdos e, com sorte, também javalis.
Obélix...a chamada é para ti...!
Bem hajas querido gaulês gordinho...!!!


Poluição psicológica e poluição visual, 
com abusivas ofensas ao espólio da dignidade comunitária,
nas suas dimensões ética e estética.


PORQUÊ? 
PARA QUÊ?

Caso o Freud não esteja disponível, creio que o 
terno e sensato sábio druida 
Panoramix possa dar algumas respostas...!!!

Texto, imagens e edição
de Paulo Passos

sexta-feira, 2 de junho de 2017

SUSTENTO DA ALMA - EX.MO SR. PODER INSTITUCIONAL E POLÍTICO, RE

RE-edita-se, porque fundamental e as evoluções são tão, universalmente, pálidas ...
... quando até regressivas ...!

(DMC)

Em 02 de Junho de 2017

Ex.mo Sr. Poder Institucional e Político

Bom dia

Hoje, como em qualquer dia 2 de Junho, ou como qualquer dia 31 de Maio, ou noutro qualquer dia, existem crianças.
Sabe o que é? Não é um conceito ...!!! 

Ontem foi um dia de "festa", em que V.ª Ex.cia andou bastante atarefado a dar beijinhos nas criancinhas das escolinhas e escolonas, a fazer festas (repelentes, está de se ver!) nas cabecitas da canalhada (que detesta!) alheias à sua presença, que se viam numa correria estranha ao dia-a- dia.

Pior ,..., ter vivido as repugnantes e antecipadas ideias que lhe surgiam à memória em 31 de Maio, sempre que a (terrífica) visão do dia 1 de Junho se imponha aos seus olhos.
Entende-se todo esse sacrifício ... acordar cedo para ir visitar uma escolinha ... que nunca pensou existir! Ninguém merece ...!!!

Dureza, indubitavelmente ...!!! Dureza ...!!!
Suportar essas antecipações de ansiedade e, sabe-se lá ,..., de angústia, até, ...!!!
Muito desgaste, muito trabalho, muita dedicação e, sobretudo, responsabilidade. 
É o dever do sentido de Estado que, naturalmente, em si habita ...!!!

Contudo ... sem esquecer ...!!! ... Hoje, como em qualquer dia 2 de Junho, ou como em qualquer dia 31 de Maio, existem crianças.

Mas, Ex.mo Sr. Poder Institucional e Político ,..., relatando o arraial ... a desejada e ambicionada festa "das criancinhas" ...!!!

Pois ,..., ontem (1 de Junho de qualquer ano) foi um dia chato, sem rosto responsável, só máscara...!!!...


Ter, V.ª Ex.cia, que gramar:

- muita cantilena, mas muita ...!!!; 

- muito esmurrar em pandeiretas, tambores e flautas de feira;

- muita dança, tão lindas e bem coreografadas ao sorriso da professora ensaiadora (a com mais jeito para as artes), lá estavam os pequenos, nuns desbotados e desfeitos figurinos de papel, por terem ficado esquecidos, durante uns tempos, no parapeito de uma janela que dá para o recreio da escola, sujeitos à intensidade do sol; 

- muito teatrinho;

- muito teatrinho de fantoches (estes, por ventura, os mais ajustados!); 

- muita criancinha naturalmente ranhosa, do choro, ou porque caiu, ou porque andou à porrada com outro, ou porque levou uma dentada de outro ... ou porque queria ir para casa ... ou outra coisa qualquer, menos aquilo ...;

- muita bolacha maria, muito rebuçado e amêndoa, muito bolinho de coco e refresco de pacote (misturado em água e açúcar), sempre com excesso de pó para dar mais cor, espalhados pela mesa do refeitório da escola, em jarros de plástico de várias cores; 

- muita fatia de bolinho feito de véspera (bem cobertos com os mais lindos e alvos panos bordados à mão) pelas funcionárias e com ajuda das professoras, sendo os ingredientes os que os pais e mães das criancinhas puderam dispensar; 

- muito (inapetecível) beijinho; 

- muita professora sorridente, orgulhosa e bem trajada, após uma inevitável ida à cabeleireira; 

- muitos sorrisos (inválidos); 

- muito ar surpreendido (saturado!) pelas competentes façanhas das criancinhas, exaustivamente relatadas pelas professoras (sempre coladas!), na exibição das suas próprias qualificações;

- muita fotografia tirada e, posteriormente multiplicada pelo número de alunos, mais uma para cada professora, outra para cada auxiliar e ainda mais uma para constar (e mostrar ao futuro!) no álbum de recordações da escola;

- muito sorriso disfarçador sequencial a um invasor e inesperado aroma da interioridade intestinal, de qualquer criancinha mais descontraída mas ... aliviada ,..., ou de qualquer adulto mais apertado, sorrindo, tolerantemente, para uma qualquer inocente criancinha ... 

Enfim ... e muitas outras delícias que o momento proporcionou ...!!!...

... e a vontade de virar costas a tudo a aumentar ... verdade! ... não é, Sr Poder Institucional e Político?


Entretanto ...

Entretanto ... vai que chegada a hora discursiva ... a comitiva popular (mas mascarada de importante poder, com a devida demarcação de distâncias ... está de se ver ...!!!) ... com muita presunção engravatada e com colares aos peitos (sem deixar sumir o corrosivo sorriso, não fosse alguma professora disparar uma fotografia, para colocar, mais tarde, numa qualquer rede social), se vê defronte para uma plateia de criancinhas, com o quadro como pano de fundo, onde ...

-  uma criancinha esgravatava o cérebro com um dedo, entrado por uma narina, revirando a cabeça, a boca e os olhos para se ajeitar no alvo; 

- outra, coitadinha, bem que se coçava mas o piolho não dava tréguas;

- outra, com ranho até às orelhas, por se assoar com as costas da mão, arrastando-a pelo percurso do rosto:

- outra comia as sobras das bolachas que tinha conseguido roubar e guardado nos bolsos;

- outra chorava porque tinha bebido refresco em excesso e a barriga inchava na reclamação ao corante;

- outra chorava, também, porque lhe tinham roubado as pegajosas amêndoas sempre bem apertados numa das mãos;

-  outra chorava porque via e ouvia os outros a chorar;

- outra também chorava apenas de desespero e impaciência;

- Outra, ainda, também chorava, sem saber porquê ... já toda desgadelhada, com o elástico que prendia o cabelo, no início do dia, meio escambado e já sem a borboleta de feltro e plástico amarelo que o decorava;

- outra criancinha, toda suada do futebol e da entusiasmante gritaria, por mais que a professora insistisse, teimava em não largar a bola, cega para que aquilo acabasse para poder voltar "aos relvados", mesmo com o joelho esquerdo esfolado;

- as professoras e as auxiliares não paravam de dar atenção aos pequenos, numa constante confirmação de dedicação sem, contudo, deixarem de manter o olho nas perfeições dos debutantes oradores, garantindo que estavam a ser vistas e a ver;

... tudo isto sempre ao som da banda sonora e aromatizada, que a garotada ia, intestinalmente compondo, devido aos abusos ingeridos e, eventualmente com a ajuda de alguma professora, auxiliar ou elemento da comitiva, em aproveitamento da deixa dos pequenos, para se abrirem também ...!!!

... enfim, estava tudo nos conformes e como manda a lei da repetição ... sempre a mesma coisa, nada muda e ninguém aprende ...!!!

Terminado o discurso ... sempre louvável para os presentes ... vai que os sorrisos, já muito pálidos, começam a não ter disfarce.
Instalada a confusão das rapidíssimas despedidas ...


Toca a andar que se faz tarde ... tudo a desatar para os carros, com o motorista sempre a levar seca, entretendo-se a polir o carro, porque alguma mosca atrevida ali se esburrachou, sem se ter conseguido desviar a tempo, com a velocidade da viatura da comitiva.

O desespero da comitiva agravou-se, quando viram uma professora, atarefadíssima a juntar os pequenos, para a cantiga de despedida, ensaiada com tanto empenho durante semanas a fio para esta ocasião.
Neste momento, sem controlo ...!!!... o defeito do feitio pregou-se na expressão ... com alguma visível alteração do disfarce ...



Mas, na cantoria final, o sucesso não foi completo, pois muitas vozes já se esmurravam contra o cansaço, a saturação e a grande necessidade escarrapachada em toda a cachopada: mais refresco de morango (o preferido pela vivacidade da dor ... diz-se!) e mais brincadeira ... com bolachas, barulho e bola!

As professoras sem descolarem, sempre com mais uma conversita de novidade ou, ainda a tempo de, entre sorrisos, cravar uma resma de papel para os trabalhos das criancinhas ou, pior, fazer salientar a própria existência e dedicação com a disponibilidade de estar apta, para exercer o cargo (tão concorrido) de Secretária de Estado da Educação ou similar (se for da Agricultura ... também não tem problema ...), desde que tivesse a cor da saliência ...



Com os restantes e possíveis esforços, a comitiva, já com um pé dentro do carro, ainda conseguiu esboçar um meio sorriso que terminou num enorme bufar, já com o carro perto dos 100 ... enquanto os pequenos ainda gritavam os últimos versos da letra de uma imperceptível cantiga ...


Os pais e avós também começavam a chegar, no cumprimento do protocolo definido e bem ensaiado na última reunião de pais ... para levarem os respectivos pequenos.
Tudo correu como esperado e ... diga-se, de tão perfeito que foi, ... vai reportagem para o jornal escolar.

Uma cópia, prenhe de orgulho, fica dependurada num quadro de esferovite na sala dos professores, que também faz de salão de chá, enfiado dentro de micas de plástico e presa com pionéses (um de cada cor ... cumprindo o jogo do calhas ... calhou o azul porque a professora que o pegou estava virada para outra, entusiasmadamente, a debitar, pela enésima vez, o sucesso da festa, logo seguido de um pionés ferrugento, para fixar a outra ponta da mica ... e assim por diante ...) ...

Vai ainda (mas já uns dias depois), mais uma carrada de fotocópias do jornal escolar, ao preço da conveniência achada pela professora presidente da comissão organizadora da "festa", a ser vendida por cada criança aos próprios pais, em documento autenticado pelo Conselho de Festas e entregue um exemplar da pedinchice a cada pequeno, para fazer o resto da tarefa ... em casa.

Mas ...
Pois é, Ex.mo Sr. Poder Institucional e Político ...

A criançada não acabou ontem (nem as professoras)...
Hoje e amanhã também são dias mundiais da criança ...
A festa terminou ontem ... mas hoje também existem crianças e, pior, apesar da festa, as crianças com privações não acabaram ... continuam ... dolorosamente ... mas continuam e são aos milhões ... vivendo (ou já mortas) muito abaixo do básico ...!!!

Ex.mo Sr. Poder Institucional e Político ...

Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças com o VENTRE nas costas ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças resignadas. Sim "RESIGNADAS" ... imagina a resignação numa criança? Consegue?


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças armadas com ÓDIO e com NADA ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças feitas de MEDO ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças manchadas de DOR e VERGONHA ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças que estão ao CONTRÁRIO ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças que nunca sentiram LUZ ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças que tentam mas NUNCA conseguem ...


Hoje, 2 de Junho, dia seguinte ao da "festa", há crianças que já nem SENTEM a carga ...


Mas, V.ª Ex.cia Sr. Poder Institucional e Político, já teve a sua dose de sacrifício ... ontem foi um dia cheio e muito trabalhoso, para além de lucrativo na resolução de problemas da CRIANÇA.

Entende-se ... que mereça, de justo direito, um descanso de pelo menos 2 semanas de férias (no estrangeiro), depois do árduo dia de trabalho de ontem, nas comemorações do DIA MUNDIAL DA CRIANÇA ... certamente que pago do seu próprio orçamento ... fica-se com a garantia! 

Pois é ... nada vê, nada ouve e nada sabe ... como convém ...!!!


... como convém, a alguns!!! ... mas há quem denuncie ... as mortes antecipadas dos outros ...



Verdade, não podia falhar ...!!! ... ainda houveram as ridículas e sempre inoportunas patetices televisivas (e de outros meios, ditos, de comunicação social), onde as gracinhas do entulho "famoso" se deliciava, uns com os outros, a debitar historinhas da própria infância (igual à enormíssima banalidade, diga-se).
 ... Ah, sim ..., sem crítica absolutamente nenhuma, numa completa ausência de noção de ridículo, como habitualmente ...
Foi um fabuloso enredo, espelhando o prototipo manifesto do exercício narcísico, que apenas traduz o camadão de egocentrismo da doença do carácter e da brutalidade da inutilidade e da incompetência ... que naquelas caveiras estão, cronicamente, tatuados ...!!!

... É ... !!!

... Enfim ... mas ninguém (com alguma coisa dentro do crânio) consegue aguentar...!!!

Fique bem e usufrua das merecidas semanas de férias, Sr Poder Institucional e Político, que por cá vamos ficando com as criancinhas e com as agruras que não desgrudam ...

Certo da atenção e carinho que o assunto merece pela parte de V.ª Ex.cia, ficam as ânsias de que tudo seja efectuado na boa paz imposta pela (des)ordem social das coisas (dita "natural", para se travestir e poder mentir e roubar melhor) .... esta filha da puta da amputadora ORDEM SOCIAL DAS COISAS, que só impede o DESPERTAR CRÍTICO ....!!!

Planet Earth, 02 de Junho de ...

Com uma imensidão de desprezo ... e MUITÃO envergonhado por te conhecer ... subscrevo,

POVO NOBRE, HONRADO E HONESTO DESTE PLANETA, AINDA E SEMPRE LUTADOR POR IGUALDADES, JUSTIÇAS E LIBERDADES.

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Re-edição: Janiel Martins e Paulo Passos
Imagem (DMC) - internet