domingo, 5 de outubro de 2025

CAFÉ COM LETRAS - ÁGUA TERRA, TERRA ÁGUA, ÁGUA TERRA

 

ÁGUA TERRA, TERRA ÁGUA, ÁGUA TERRA

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Tou sim? estou, tou sim? vou desligar. Estou dentro de um vulcão, aqui na Ilha Branca.

Água terra, terra água.

A complexidade da vida surgiu. 

Dói tentar saber como a vida a surgiu. 

É um pensamento não decepcionante.

Acho que foi assim: o espaço sempre existiu, ficou muito frio, começou a pegar fogo, criou cinzas, as cinzas...

E a vida, doida!

Acho que foram os gases. Os cientistas acreditam que foi dentro da água. Deve ter sido do cheiro do enxofre. O enxofre tem um cheiro ácido. Este ácido deve ter soltado muitas bolhas dentro da água. O ácido deve conter muitas cores. As cores viraram lagartinhas, as lagartinhas criaram raízes, para poderem ficarem quietas, pois as águas não deixavam elas quietas.....

E elas pensavam?

Sem quererem pensavam, acho eu. Aí elas morriam. Vou usar esta palavra para ser mais fácil pra tu Francivaldo. As feridas da morte criaram lagartinhas mais evoluídas e cá estamos, pensado sem saber.

E a Ilha Branca é bonita, Ruth?

Claro, a beleza está na organização de cada partícula.

Agora, se tu educares o teu filho a ser um robô das grifes, não haverá beleza em nada.

A Ilha Branca, de tão graciosa, ficou Graciosa e mora nos Açores, mas pode morar noutros lugares, germinados pelo requinte.

O requinte não necessita de exageros.


domingo, 7 de setembro de 2025

CAFÉ COM LETRAS - AOS EMPURRÕES


AOS EMPURRÕES
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Flutuei por todos os lados

Na verdade fui levado

Os pensamentos empurraram-me 


O corpo é tão delicado

O pensamento é tao bruto

Leva-nos a cada lugar!!!


Como equilibrar este peste 

Que vê

Que até vê com os olhos fechados


domingo, 17 de agosto de 2025

SUSTENTO DA ALMA - A PISCA-PISCA


(Original de Paulo Passos, em: https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2025/07/a-pisca-pisca.html) 

ERA UMA VEZ UMA INSTRUTORA DE UM PROCESSO...

Um processo que tinha cara de sério mas todo esbardalhado na sua interioridade, feirado por algumas queixosas e imaturas psicólogas (diz-se!) e por alguém travestida de instrutora. Alheadas de qualquer compromisso com o trabalho, esgotavam-se em aparentar um compromisso sólido, e eficaz na representação, com o emprego.

...

Estava, a instrutora do processo, bem longe das intenções e das possibilidades destas, tanto institucional como academicamente. Ficou-se, como já habituada, pelas sobras.

PRISCILA PISCA-PISCA era mais um senão do academismo português (formada em Direito, dizia,  por uma qualquer universidade), materializado na institucionalidade pública.

Conhecida por Pisca-Pisca, não só pela razão do sobrenome, mas também pela facilidade com que manipulava a intermitência entre a lógica e os seus feitios (de corpo e de alma).

Era uma intermitência regular, sendo que, em arena, a primeira sofria e falia (feitio de corpo) por imposição da segunda (feitio de alma).

Era o jeito de Priscila e no qual Priscila acreditava e bem se movia.

Colocadas as hipóteses:

H.01 – A criatura é incompetente e negativamente discriminatória. (Cedência ao preparado “drama de opereta” – lamúria, choradinho, vitimização e representações afins, pela parte das psicólogas (e demais em eventualidade) em questão).

H.02 – A criatura é manipulada pelas queixosas.

H.03 – A criatura sonega, deliberadamente, ocorrências, considerando outras, num diferencial axiológico discriminatório, para o apuramento e descrição de factos.

H.04 – A criatura inverte o sentido (lógico, dos valores e dos critérios que regem a protecção institucional) do processo de inquérito, acusando e desconsiderando o denunciador.

H.05 – A criatura está distraída ou é precipitada.

H.06 – A criatura é preconceituosa.

H.07 – A criatura é sexista no seu sentido feminista (aproveitamento da função de relatora para benefício de um género).

H.08 – A criatura é tendenciosa/parcial

H.09 – A criatura confunde histórias narradas com histórias vividas.

H.10 - A criatura negligencia as denuncias e valoriza os enfeites de narrativas de conveniência.

H.11 – A criatura promove a glorificação do incumprimento.

H.12 – A criatura legitima a mediocridade.

H.13 – A criatura julga.

H.14 - A criatura é, indubitavelmente, incompetente e nada deve ao mérito.

H.15 - A criatura tem mérito profissional.

H.16 - A criatura compensa-se pela doença do carácter.

H.17 - A criatura é incompleta.

    Todas confirmadas... à excepção da hipótese H.15.

... Priscila (Pisca-Pisca) sofria com as dores dos joanetes que, mais uma vez, foram causadas pela insistência de usar sapatos que não estavam para o seu amplo pôr de pé. Apertavam. Traiu-se, de novo. Estava habituada. É parte integrante da imensidão da mediocridade que assola o espaço.

A warning...

 


domingo, 27 de julho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - CRISTO NA VERSÃO SILENCIADA


CRISTO NA VERSÃO SILENCIADA
(Janiel Martns, RN/Brasil)

Queremos ser profetas mas não profetizamos um futuro de igualdade.
Construímos muros, definimos barreiras imaginárias, que separa a riqueza da pobreza.
Isto somos nós.
Seres humanos auto programados.
Grandes pensadores?
Gememos numa transa e temos vergonha da nossa cagada.

Senhores, o trabalho é para todos.
O ladrão não é o capitalismo.
Somos nós.
Criamos e realizamos as profissões e definimos os SALários desiguais.
Gostamos dessa putaria mas num sexo amorfo, descolorido, só para disfarçar de macheza.

A desigualdade é culpa nossa que continuamos sonhando em ter altos SALários.
E o teu irmão?
O que será?
O teu cão de companhia?
O teu aparador de problemas?
A tua mudez?

Enquanto isto o avião voa transportando diferenciais e outros silenciadores.
E o diabo disfarçado de cristo, tomando vinho a preço de uma vida.

Cristo morreu numa cruz lutando por igualdade.
Nós continuamos cegos e respeitando os homens que o mataram.
Esquecemos que somos cristo, na versão Silenciada.



domingo, 20 de julho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - VOU APAGAR A LUZ


VOU APAGAR A LUZ
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Não sei se me lembro, mas me contam e vi muitos bebés aos berros, sendo largados nas creches, quando apartam as crias!
Devia-se, ao menos, ter-me levado algumas vezes até a porta da creche e falando: é aqui que a mãe vai te deixar, enquanto trabalho!
Não tinha pensamento. Era só um corpo. Frágil e amedrontado, este era eu, aprendi, depois de grande, que tínhamos dois medos: quando bebé, o do escuro e de cair (para os que nasceram de parto natural); os outros implantaram-nos.
Depois de chorar por horas, calei-me e num cantinho de parede fiquei. Lembro do frio que a mesma me deu, até que minha mãe chegou. Corri de felicidade, mesmo não sabendo o significado dessa palavra. Era proteção.
Minha mãe, tu não traz mais eu para cá?
Porquê?
Fiquei com medo de não te ver mais e eu queria estar contigo.
Não te preocupas, a mãe vai-te proteger até tu voares só.
Eu vou ficar em casa?
Deixa eu te falar uma coisa.
Eu posso te trazer amanhã?
Não.
Então vamos fazer o seguinte: tu vens e se não gostares não vens mais.
Não quero.
Vais ter que vir.
Estou com medo.
Lá não tem bicho, para teres medo.
Mas tenho medo, sinto-me desprotegido.

Sertão.
Um dia, dezoito horas e vinte minutos.
Todo mundo está com suas cobertas?
Sim, minha mãe.
Vou apagar a luz.

O último sopro era o som que se ouvia. O sopro da desproteção misturado com as histórias de medo que os adultos nos implementavam, fermentando a imaginação de um forma ruim, o medo. 
Enquanto tentava adormecer, tudo era perigoso. O cão ladrando era um sinal que algo poderia estar querendo fazer o mal. Atacar o ninho. Quem iria nos proteger no escuro, se todos estavam com medo? Os ponteiros do relógio, pareciam ser pessoas rodeando a casa. 
Até que fim o sol nasceu.
Corria-se para todos os lados, parecendo uns tontinhos, doidinhos.
Até que se ouvia, um voz autoritária, aquieta que vocês vão para escola.
Hoje eu não vou?
É o quê?
Não quero ir.
Tens que ir.
Cuida.
Quando uma criança tem razão?

domingo, 29 de junho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - CRIAS PAIS



CRIAS PAIS
(Janiel Martins, RN/Brasil)


O que é a vida humana se não o movimento do pensar?
Se parar morremos de tristeza.

Larga a cria quando esta decide ir.

Porque não deixamos as crias irem?
Os humanos não são boa raça.
Amordaçam.

Não cuidamos uns dos outros.
Somos a brutalidade do umbigo, visão única ao alcance.

Tentamos parecer civilizados.
Civilizado é um grupo de macacos que se cuidam mutuamente.

A política é a maquilhagem do pensamento.
A religião sem dinheiro não é religião.

Falta vergonha.
Falta humildade.
Falta saber.

Quando vamos ser crias, mas não crias pais?


domingo, 22 de junho de 2025

CAFÉCOM LETRAS - COSQUINHAS NAS ESTRELINHAS DO CÉREBRO

COSQUINHAS NAS ESTRELINHAS DO CÉREBRO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Mergulhei na vasta solidão do corpo.

O que o pensamento pensa, acho que o silêncio pensou e fez o corpo para brincar no mundo.

Gosto de escutar o silêncio, lembrando do som dos ponteiros do relógio de parede.

Então, Ruth, estás a pensar?

Estava mergulhando, Eneston. 

Este sentimento de flutuar deve ser quando éramos fetos, ou é uma construção do nosso corpo!

Sonhar é como os pássaros vivem, voam.

Tu sabes o que é o sonho, Eneston?

Fala a verdade. 

Eu só gosto de sonhar porque vamos a lugares incríveis, mas tenho medo de entender as reações químicas e elétricas que o corpo precisa para sonhar. Acredito que sejam muitas e que muitas sejam malignas.

Até parece que o sonho faz mal?

Acho se eu entender certas coisas, perde-se a fantasia de viver. 

Gosto de sentir cosquinhas nas estrelas do cérebro.

Parece que elas fogem atrás de respostas, já reparaste?

É aquela estrela que se forma e vai para longe procurar respostas do pensamento para o corpo.


domingo, 15 de junho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - DUAS FOMES II

 

DUAS FOMES (II)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Deixei a lua à minha procura.

Aqui estou.

Estais a falar só, doida?

Estava a pensar alto.

Nem todos os dias posso olhar para a lua, para ficar com saudades dela.

Fico triste quando a lua nasce nas minhas costa, acho que é a leste.

Depende, doida.

Sei lá, só sei que a lua me trás pensamentos e acho, até, que causa uma explosão de estrelinhas no cérebro mas só não podemos deixar os ouvidos pensarem.

Já basta ouvir, não doida?

É, as vezes é melhor ser inocente.

Gosto tanto de cair no pensamento.

É melhor deslizar-me. 

Tu já reparaste, Francivaldo, que nós vamos onde queremos!

Como assim, doida?

Quando pensamos e sonhamos as estrelinhas que tem dentro do nosso cérebro explodem e devem torna-se fumaça e vão para onde queremos.

É engraçado o que que vimos fazer no mundo!

Ter duas fomes.

Ham!!!

A de comida e a outra.

domingo, 8 de junho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - VISÃO DE CIMA (III)

 

VISÃO DE CIMA (III)
Janiel Martins, RN/Brasil)

Olha, nós vamos para muito cantos, só que cada grupo criou as suas regras, que chamam de países.
Eu chamo é de curral. 
Cada curral tem as suas regras, regras essas que ainda nos permitem ver outros sofrendo com fome, com dor, morrendo doentes sem no mínimo de oportunidades de serem tratados.
Na verdade somos muito animais.
Evoluímos muito, mas temos o domínio do sentimento de querer.
Este sentimento está escondido no querer ser eterno, misturado com o sentimento do medo.

Chuchu, você só deve ter o sentimento de querer viver! 
Já nós não, pois queremos morrer antes da morte vir, porque temos a consciência que vamos morrer. 
Por isso que não temos paciência.
Chuchu tu viu o sol nascer hoje? deve ter visto já que estás vivo! foi lindo, tinha umas nuvens de todas cores, uns vermelhos que tinham a leveza dos amarelos, com uma mistura da cor da fumaça, que foi se borando, e se desmanchou com a luz do sol.
Sim Chuchu, tu não fica olhando muito para o sol, senão tu fica cego, tá bem? 
Eu só olho quando ele se acorda e quando ele vai dormir.
Tem dia que eu acordo meio tarde, aí eu só digo: oi sol e baixo a vista.
Chuchu eu gosto de olhar para a distância.
A distância é como a vontade de querer viver.
Chuchu, será que nós devemos parar em algum lugar?


domingo, 1 de junho de 2025

CAFÉ COM LETRAS - VISÃO DE CIMA (II)

 

VISÃO DE CIMA (II)
Janiel Martins, RN/Brasil)


Será que o teu olho, é o fim do ramo, chuchu?

As pessoas falam do olho da planta, deve ser o teu olho.

Sento assim, tu tem um bocado de olhos.

Que pena que tu não tem um a boca para falar com eu.

Já agora, lembrando, a boca das plantas fica nas raízes.

Tu tiveste foi sorte em ter-se expandido.

Já a vida humana não é muito justa, chuchu!

Uns têm de mais e outros nada.

Chuchu, eu acho que tu queres andar igual a nós, por isso é que tu cresces. 

Não é?