Comer e Saber
O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
domingo, 22 de dezembro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - O MUNDO LÁ DE BAIXO
domingo, 8 de dezembro de 2024
SUSTENTO DA ALMA - FAMÍLIA OU DOMESTICAÇÃO DA INFÂNCIA? (II)
Texto original de Paulo Passos
Em: https://sai-qolo-gi.blogspot.
Justificativamente, apontam-se determinismos ligados à elevada incidência
de sintomatologia de desajuste na infância (considerando e incluindo os sinais
e sintomas de natureza ansiosa e/ou depressiva).
Salientam-se, sobretudo e
etiopatogenicamente, os determinismos históricos, sócio-culturais e familiares,
onde a significância de valores (ainda que adversos ao desenvolvimento justo e
livre) são incidentes e enraizados nos contextos de validação
clínica/disfuncional/patológica.
No concernente à cidadania e às
estratégias interventivas, sugere-se que o recurso a práticas sustentadas (e
fundamentadas nos devidos apriorismos e rigores de direito) de continuidade e
promotoras da implicação de realidades ambientais, sejam as de eleição,
considerando a excelência de oportunidades na adesão em âmbito da saúde
(ambiental, comunitária, grupal/familiar e individual) desprovida da função de
condicionamento ou de domesticação.
O Chefe-de Família e a Dona-de-Casa:
Neste modelo inter-activo, e no
que concerne à criança, não são cumpridas as necessidades de
satisfação/gratificação da liberdade e do direito existencial, na sua esfera
promotora de integração, adaptação e de participação implicada e construtiva.
Neste registo, recai sobre a
criança a exigência de funcionalidade com caracterizações (de imposição) de
natureza histórica, institucional, política, económica, social, cultural e
familiar, em detrimento da existência centrada na realidade (actualizada e
actualizante) da infância.
Estas práticas operam e estão
sustentadas (entre outras responsabilidades) em posições feudais na paisagem
familiar e sócio-cultural.
Na demonstração deste, a
despromover, desígnio (usual e manipulador pró-tirano), estão:
- As práticas relacionais e educativas
referentes às lideranças centradas na hierarquia sócio-familiar (treino de
subjugação);
- A tendência ao cumprimento de
um programa de vida impositivo e pré-existente (auto-desinvestimento, fatalismo
e dependência);
- O recurso conveniente à opinião
como certeza educativa (invalidação de alternativas); a sujeição às matrizes de
valores dominantes (acriticismo);
- A exigência da aceitação
passiva de normas (conformismo e adesão acéfala);
- A função de condicionamento
como estratégia educativa e relacional (despersonalização do sujeito);
- A segregação da autonomização;
- A inibição da implicação e da
estimulação do decisório;
- A castração da responsabilidade
e independência;
- A intoxicação da
espontaneidade…!
O Pai e a
Mãe; o Pai ou a Mãe; os Pais ou as Mães:
Contrariamente ao cenário
anterior, neste registo de relacionamento, são debitadas vivências de
gratificação onde a incidência recai sobre a criança, por si, com extermínio
das caracterizações de conveniência e das crenças das ditaduras das hierarquias
sócio-familiares.
Salienta-se, como substracto
referencial à mudança, a revisão e renovação de enraizados e acríticos
constructos sócio-histórico-culturais, assim como a responsabilização para a
pertença e para a integridade ambiental.
São sistemas familiares e
culturais promotores de salutar desenvolvimento, onde a matriz da relação entre
a criança e o meio cuidador, estão centrados:
- Na qualificação da estimulação
afectiva;
- No recurso à naturalidade do
desenvolvimento e da interacção;
- Na disponibilidade para a
segurança e protecção;
- Nas acessibilidades para a
relação em direito e em justiça;
- Na democratização de formatos
comunicacionais e de socialização;
- Na confiança ambiental;
- Na implicação harmoniosa,
lúdica e integrada da criança no próprio desenvolvimento;
- Na facilitação gradual da
construção da noção do outro como parceiro nutritivo;
- Na conjugação e adequação de
expectativas;
- Nos procedimentos de
participação e de elaboração;
- Na operatividade assertiva,
livre e equitativa;
- Na facilitação de experiências
de variedade, através do aperfeiçoamento de modelos avaliativos;
- No exercício da função
gregária;
- No treino de alternância com
posturas hipotéticas…!
Os Outros:
Este enquadramento espelha as
intenções e os desígnios de outrem (de cidadania, profissionais e de
institucionalismos de rigor) no panorama (integrado e sustentado em apriorismos
de validade) promotor de saúde ambiental, comunitária, grupal, familiar e
individual.
A materialização das intenções de
maturação dos sistemas (promoção de saúde e prevenção de disfuncionalidades e
de patologias) incluem cenários laborais centrados no sujeito, nos manifestos
grupais e nos de realidade comunitária.
No que concerne à
institucionalidade, esta deve favorecer a possibilidade de se manter actualizado
o real cenário das necessidades comunitárias, pela leitura epidemiológica de
rigor e, consequentemente, pela construção de programas de benefício
comunitário, com fomentação dos próprios recursos das comunidades.
Dentro das práticas de
intervenção comunitária, os meios de excelência, são os que consideram a
implicação da comunidade como:
- Protagonista;
- Actuante;
- Pensante;
- Crítica;
- Coesa;
- Articulada;
- Influente;
- Capaz de ajustes em
auto-regulação e auto-determinação, no sentido dos poderes da coerência da
justiça nas equidades e nas liberdades…!
A ditadura (mesmo na
sua travestida e corrosiva forma de auto-indulgência) encobre-se com a
propaganda e o aplauso.
Evite-se ou,
preferencialmente, extermine-se…!
domingo, 1 de dezembro de 2024
SUSTENTO DA ALMA - FAMÍLIA OU DOMESTICAÇÃO DA INFÂNCIA? (I)
Texto original de Paulo Passos
Em: https://sai-qolo-gi.blogspot.
" Crianças tão domáveis quanto o poder da doença da resignação possa exigir.
Crianças tão indomáveis quanto o são e prazeroso feitio (de corpo e de alma) determine.
A subjugação aos dogmatismos relacionais e educacionais pré-definidos, num arcaísmo acrítico, são mecanismos ditatoriais sustentados pela crença e valorização de um banal “bem-feitorismo” (que começa em casa, continua na escola e segue nos meios sociais próximos e alargados…), registado na sua hábil tacanhez de intenções e de competências, enquadrado num cenário impositivo e de intento castrador…!
A
identificação de práticas de relação (no manifesto ou no determinismo do
latente), onde a criança é elemento interveniente, está o motivo do presente
texto (*), na sua vertente de inventariação e sistematização dos discursos e
das posturas psicológicas que sustentam as variedades dessas (valorizadas)
práticas.
A análise de conteúdo dos
registos de observação, bem como a interpretação dos significados, atribuídos
às modalidades de valorização histórica, social, antropológica e cultural,
estão na base dos constructos dos padrões comunicacionais, que se identificaram
e deram motivo ao presente texto.
Foram inventariadas expressões,
verbalizações de pareceres e relatos de relação (directas ou por tradução
clínica), as posturas inerentes às práticas relacionais, bem como os mecanismos
de condicionamento, no contexto do cumprimento dos processos (dogmáticos) de
influência interactiva.
A estruturação do texto enquadra-se na divisão e saliência (do que inventariado e sistematizado), no quadro das práticas sócio-familiares de interacção, tendo a criança como um dos intervenientes, organizando-se nos seguintes desígnios:
- Desígnio
1: O Chefe-de Família e a
Dona-de-Casa (Contextos domésticos e vulgares de relacionamentos. Tipo de
relações com elevado cariz condicionante e patologizante).
- Desígnio
2: O Pai e a Mãe; o Pai ou a
Mãe; os Pais ou as Mães (Clarificação de intenções equilibradas de promoção
relacional e existencial).
- Desígnio
3: Os Outros (Identificação de
posicionamentos de intervenção, de responsabilidade institucional e de
cidadania, no sentido dos seus intentos sanitários de abrangência ambiental,
comunitária, grupal, familiar e individual)."
domingo, 24 de novembro de 2024
SUSTENTO DA ALMA - O PAPELAÇO DA SALA E DA SALA DE AULA
Texto (autoria: Paulo Passos) publicado em:
https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2021/04/o-papelaco-da-sala-e-da-sala-de-aula.html
"O massacre
(amordaçado) da infância começa na família e é continuado na escola, de forma
dedicada, protegida legislativamente, irreversível e infalível.
...ainda que e na
presença de...
Tantos talentos sem
quaisquer escolarização/formação/academismo formais.
...e... em
demonstração...
Raros talentos (em
proporção aos milhões de alunos/formandos) com tanta (e mais alguma)
escolarização/formação/academismo oficiais...!
Em talentos autodidactas... e noutros didactizados (fartazana) desprovidos de tal.
"(...) na educação da juventude (...) as escolas são consideradas como os espantalhos das crianças, ou as câmaras de tortura das inteligências (...)". Pág. 157, Coménio (1592-1670), "Didáctica Magna", 3ª Edição, Fundação Gulbenkian, Lisboa.
Entre os
escolarizados fazedores de coisas (categoria Épsilon em "Admirável Mundo
Novo" - Aldous Huxley) e os debitantes de meros determinismos opinativos
(enxurrando serviços, agravadamente, quando estes são públicos), está o produto
do "trabalho", este vandalizado mas vangloriado e glorificado pelas
conveniências da incompetência e da corrupção ética e estética (no mínimo).
...contudo... e em
pecado, legislativamente, mortal...
Insiste-se na escola
enquanto modelo sequencial à família, num violento processo de domesticação da
infância, onde os sorrisos se materializam na palidez da incompletude e da
delinquência aprovada, da acrítica e a-noção, de um patético benfeitorismo
patriótico e da plenitude da irresponsbilização.
"(...) perto de ti é difícil pensar, Zé Ninguém.
É apenas possível pensar acerca de ti, nunca contigo. Porque tu sufocas
qualquer pensamento original. Tal como uma mãe, tu dizes às crianças que
exploram o mundo: isso não é próprio para crianças. Como um
professor de biologia, dizes: isso não é coisa para bons alunos. O
quê, duvidar da teoria dos germes no ar?. Como um professor primário,
dizes: as crianças são para ser vistas, e não para se ouvirem. Como
uma mulher casada, dizes: hã! a investigação! eu e a tua investigação!
Porque é que não vais para um escritório, como toda a gente, ganhar
decentemente a tua vida? (*)
"(...) ris-te do
Zé Ninguém, sem entender que é de ti que te ris, tal como milhões de outros Zés
Ninguéns(...)" (*)
(*) Wilhelm Reich,
"Escuta, Zé Ninguém".
BY THE WAY...
Lá pelo século XIX,
os franceses invadiram Portugal, por 3 vezes. Na escola pública portuguesa há
um capítulo da História, debitado aos alunos, que se chama Invasões Francesas.
Há um outro capítulo
da História, na mesma escola pública portuguesa, igualmente debitado aos
alunos, em que os portugueses invadiram o Brasil (e demais) e que se
chama Descobrimentos.
O mesmo guião, o
mesmo acto... um é Invasão e outro é Descobrimento... (conforme o jeitinho).
The best of tugas...!"
domingo, 3 de novembro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)
Cada dia o ar está mais distante.
Ruth, tu achas que a comida que nós comemos, serve de alimento só para o nosso corpo e o ar serve de comida para a nossa imaginação?Faz sentido, amigo. É igual a fazer um tijolo. Faz com o barro e a imaginação que desenha fará o jeito que vai ser...
Tenho pensado bastante nisso bastante, porque às vezes nós procuramos o ar. E para quer serve o ar? Só deve ser para alimentar a imaginação.
É verdade. E imaginação deve ser muito pequena e não deve conseguir comer um caroço de feijão.
A eletricidade é a imaginação do mundo que acumula dentro do nosso corpo, o vento o traz para nos alimentarmos dela.
No caso, Ruth, vou ter que fazer uma buraco em tu, para o vento entrar e tu se alimentar da imaginação, que no caso vai se transformar em eletricidade, que vai fazer tu pensar, e como tu vai deixar de fazer muitas coisas, tu não vai precisar de muito ar não, tenho que ver com algum matemático.
domingo, 27 de outubro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)
Pode falar o que tu queres mais?
Já que não vou tomar café, posso ir dormir e só acordar quando o sol for dormir, para ver o céu com aquelas cores de fogo que dá um medinho na pessoa. Se puder, eu quero acordar de madrugada para ver as estrelas e as estrelas cadentes.
Ai Ruth, para tu não se abusar de fazer as mesmas coisas, tu vai pensado em coisas que pode melhorar o teu corpo. Só não vai pensar em se apiriquitar e pensar em perfumes, porque cada animal tem o seu cheiro próprio.
Mas amigo, nosso sovaco não é muito agradável, não.
É a nossa defesa. Gosta de nós, quem gosta realmente.
Deixa eu pensar só em desodorizante?
Não pode, Ruth porque tem água e pode causar um curto circuito no corpo, porque a energia vai está mais concentrada.
O que não fazemos para viver mais um tempo! Isto vai dar certo, amigo?
Tem tudo para dar certo. Temos que deixar de viver para a morte e viver para nós.
Isto não é egoísmo, amigo?
Tu estás insinuando que é bom que nos falte o ar?
Não amigo, mas não temos que abrir caminhos para as novas gerações?
Temos que ser a vida e dela usufruir.
A vida é cansativa, amigo?
É porque gastamos energia com pensamentos que desgastam o nosso cérebro. O ser humano levou a vida para os problemas e não sabemos viver a vida como os animais. Tu já imaginou, Ruth, como uma cobra é inteligente? Até veneno tem. E nós o que temos? um par de sovaco podre.
Devia ser usado para nos defender de algum bicho!
Será Ruth?
Veio na imaginação, assim sem querer.
Faz algum sentido.
sábado, 19 de outubro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)
Ruth eu não quero que tu se vai embora não. Vou fazer veia para tu?
Como assim amigo?
Um plástico dura mais do que nós, então com o plástico podemos fazer as veias e colocar em nós.
Também sinto dor nos ossos?
Também vou fazer ossos para tu, ao invés das pessoas usarem para se apiriquitarem. Fazemos ossos e trocamos pelo de cinzas que temos.
E os olhos amigo, que quase não vejo mais nada?
Vou pegar duas câmaras de filmar e troco pelos teus olhos.
Tu acha que vai dar certo isso, amigo?
Se eu vir que não está dando muito certo, faço tudo de ferro e deixo só o teu juízo funcionando com uma câmara, para tu poder ver e fazer o que tu gosta.
Seria uma má ideia, não!
E tu ia querer fazer o que, Ruth? Para modo eu já ir pensado, só não pode querer comer porque vai ter muita eletricidade do teu corpo de ferro. Aí pode dar um choque e queimar o teu cérebro.
Vixe... assim é meio ruim!
É e não é, porque temos que ser rápidos porque dentro de algumas décadas vai morrer e eu tenho medo de queimar todo o meu pensamento.
Então eu vou querer dormir bastante, anote aí amigo.
Está bem, assim é bom que belo menos não gasta muita energia.
Vou acordar para ver o sol se acordando e ouvir os pássaros. E eu vou ter ouvidos, amigo?
Claro que sim, vai ser um microfone, que vai servir para tu escutar e as outras pessoas ouvirem o que tu pensa.
domingo, 6 de outubro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)
Como assim, amigo?
A terra tem lixo de mais e aí vão levá-lo para a lua, vão varrer a terra.
Daqui não tiram nada, aqui é a nossa casa.
Será que vão levar nós, para a lua, Ruth?
Não, eu vivo aqui, e aqui eu vou morrer.
Vai ser bom Ruth, vão fazer uma limpeza na terra.
E tu quer ficar sem casa?
Não Ruth, ninguém sabe que moramos aqui, quando isto começar, nós tapamos a nossa entrada e fazemos outra noutro lugar. Pode ser na serra da Cabreira, Ruth?
Não vejo problema, gosto da Cabreira, me faz sentir parte do universo, e não de um corpo que a cada dia está mais cansado. Hoje acordei sentido todas as veias do coração inchando. Me dá uma solidão saber que dentro de poucos anos irei partir!
Ruth e nós somos feito de quê?
De água, de lama, somos a receita do tempo, pensamos porque a matéria enferrujou e sentiu cosquinha (cócegas). A cosca foi obrigada a pensar e aqui estamos. Somos tão velhos como o tempo, o nosso corpo é lama moldada no tempo que o sol fez questão de ressecar na medida certa. Um dia paramos de crescer e começamos a murchar, tal como uma planta.
domingo, 29 de setembro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - PASSEIO DOS POETAS
PRAIA DA VITÓRIA
TERCEIRA
AÇORES
PORTUGAL
PASSEIO DOS POETAS
Em vários locais nas ruas da Praia da Vitória podem ser vistos e admirados, em azulejo,
estrofes, quadras, tercetos, versos, citações..., de vários poetas e poetisas,
alguns dos quais exemplificam esta matéria.
Designa-se, com a expressão feliz, por PASSEIO DOS POETAS.
domingo, 22 de setembro de 2024
CAFÉ COM LETRAS - LAPIDANDO-SE
Me adaptei
Para satisfazer o pensamento
Carrego o passado
Humedecido
Oh... diamante
Tu me fazes inveja