O VENTO QUE ME LEVA
(Janiel ;Martins, RN/Brasil)
Sonhar mais um sonho
Viver mais uma ilusão
O chão não me pertence
O céu é o meu tesão
Tesão é uma inveja embutida
Transar é estourar um balão de ar
Filhos é tentar ficar na terra
Os meus olhos não verão mais o sol
Dói saber
Namoro o céu
Na verdade, as nuvens
São tão delicadas
Parece quererem falar
Estás falando só, doida?
Nada disso... falo com o meu conjunto de órgãos.
De quê?
Órgãos.
Porque não sonhamos acordados?
Sonhamos, só que é diferente. São as estrelas explodindo dentro do nosso juízo. Só que quando estamos dormindo as estrelas veem, e quando nós estamos acordados só dão uma cosquinha no juízo e um friozinho bem gostoso.
Deixe de doidiça, doida.
É verdade, tu sabes como é o nosso juízo?
Não.
Eu vi uma foto do cérebro e parece, até, um caracol.
E por dentro, nós somos como um porco.
É mesmo, e porque os porcos andam de diferente!
Devem pensar que voar é impossível. Meteram o aço a comer tudo e se entregaram à vida.
E os passarinhos porque são tão delicados?
Os passarinhos são sabidos. Viram que o vento levava as flores. Aí, começaram a comer as sementes e criaram asas.
Edição: Paulo Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário