sexta-feira, 13 de maio de 2016

SUSTENTO DA ALMA - UM CINZEIRO PARA JULIO RAMÓN RIBEYRO





Julio Ribeyro, por um qualquer motivo de saúde, consulta um médico que lá resolve o assunto.
Este ...  afoita-se ... acrescentando ... em vez de se manter numa zona de segurança: 

"Não voltar a fumar" ...

Diga-se, em prol dos hábitos! ... com inabalável segurança e convicção 
de poder, de se fazer obedecer e com efeito corrector!
Criatura de sapiência (?) ... de soberba ! ... de inadaptação ! ... 
sobre si e sobre os outros ... !!! Pobre infeliz!


(JRR)

Julio Ribeyro, avançado com o pensamento nos meandros do interesse e do conhecimento ...

... cogita em caminhante débito, objectivamente, ... e já muito à frente do assunto:

"Inocente doutor Dupont!"




Briquet (isqueiro) Dupont. 

Estes isqueiros funcionam na exclusividade de gás da marca Dupont.
 Cada um só aceita uma das quatro cores de gás da Dupont.
Este só é receptivo a gás da botija verde e é de laca e de ouro.
Há o gás verde, o amarelo, o azul e o vermelho.
Cada isqueiro, com a devida numeração e carta de garantia tem no interior 
da tampa do canal de gás, a cor respectiva do gás.
Isto, no que concerne ao isqueiro Dupont ... apenas e somente! 



Monsieur Dupont, le briquet ...
... nada se relaciona com as caracterizações e funcionamentos 
do doutor Dupont, que consultou o Julio Ramón Ribeyro! 


Artigo que se quer provocador e criticamente centrado nos tratados psicológicos da oposição.
Oposição às idiotices que se escrevem, fazem e custam milhões, às custas dos logros e aproveitamentos das mansidões e domesticações que a pobreza incute e que a tirania fomenta.


Qualquer manual de pneumologia ou de condutas aditivas é ... RIGOROSAMENTE NADA, junto de uma frase de Julio Ramón Ribeyro.
A palavra está nos escritos dos JULIOS do planeta ... jamais nos escritos aproveitadores e plenos de 
acrítica e inconsistência.
Os Julios não fazem palestras sobre a fisiologia do fumo ... como se o fumo tivesse fisiologia!


Os Julios falam de pessoas, não de cigarros ... para quem entender!


Julio Ramón Ribeyro, autor já referenciado neste blogue, 
volta num serão de chá com letras, em 
conversa sobre o seu mais autobiográfico conto "Só Para Fumadores", 
a propósito de uma colecção de cinzeiros.

(JRR)
"Só para fumadores", conto, indubitavelmente, autobiográfico, sem nada a esconder, do notável escritor peruano Julio Ramón Ribeyro, publicado no livro "A Palavra do Mudo",
 numa edição da Editora Ahab, Lda - Porto, 2012.
Os excertos aqui apresentados foram fotografados do conto citado.


O cinzeiro, ao longo dos tempos, tem sido um objecto exclusivo de funcionalidade, em desaproveitamento das suas condições de criatividade e de estética.
(JRR)


O coleccionismo, de tão vasto e surpreendentemente improvável, assume dimensões que enquadram a função com a identidade e designações estéticas.


Colecciona-se de tudo, o que se imagine ... e não!


Não improvável, esta colecção, ... certamente! ...



... mas curiosa por se ajeitar tão adequadamente 
na conversa sobre Julio Ramón Ribeyro.


"Só Para Fumadores" é, literariamente e enquanto desígnio de conto, 
uma ode aos fumadores,
com a assinatura de Julio Ramón Ribeyro.




Alheemos-nos então, dos posicionamentos que se estendem aquém e além da 
notabilidade estética que um objecto em si comporta.

Conversemos sobre o objecto, com o total alheamento da representação afectiva 
que arrastamos sobre o objecto.

Sobre o objecto ... sem a sua representação mental!

Sobre o objecto ... nas entranhas da sátira social e política!







Da indiferença, incluindo o desprezo, estão os que apenas se destinam a cumprir a sua função - cinzeiro, exclusivamente, utilitário.


Da personalização e pessoalização, estão os que têm a sua função de objecto e a função de objecto de relação - cinzeiro, exclusivamente, pertencente, 
companheiro de uso e ouvinte de vida. Silenciosamente!


É nele (cinzeiro) que o pousar da cinza, o apagar o cigarro, se reflecte o ânimo momentâneo ou a profunda essência que designa o sujeito.


... o apagar vagaroso; o trémulo; o insistente com a ponta do cigarro já espremida mas em contínuo movimento; o apagar circular, quase desenhando no fundo do cinzeiro; o desprezo do apagar que deixa a ponta do cigarro (beatas) ainda acesa; a leveza; a negligência; o determinado; o conflituoso; o preconceituoso; o apressado, o colérico; o pasmado ..., ..., ...


É no cinzeiro que estes actos se espelham, notabilizam e plasmam o humor ...



É no cinzeiro que os intentos da criatividade e da gestão das ideias se concentram e
materializam, indissociavelmente ... !!!



Cinzeiro institucional e político, é o recipiente onde a catarse social pode ser satisfeita ...
... onde a catarse dos danos causados à justiça e à liberdade, pelos conformes institucionais e políticos, pode ser materializada.



Cinzeiro é depositário de crítica ... qualquer cinzeiro, utensílio para se extinguir a beata do cigarro, assume-se na função plena da sua intenção.




Servirá, em símbolo, para apagar as moléstias parasitárias de tudo e todos que se movimentam de bem com a corrupção, a tirania e a mentira ... os farsantes!


Extermínio, nesse útil depositário de restos mortos, de todas as beatas sociais,
institucionais e políticas que ofuscam o roem a clareza da honra e da honestidade,
da igualdade e do justo direito.


Não o direito feito em parceria com a permissibilidade da estratégia suja de desonra,
 nem o direito protector da corrupção.


Tanta desinteligência e tanta perversidade intelectual que deveriam ser apagadas
nestes úteis utensílios ... a começar por quem pensa que é líder de alguma coisa ou que tem importância acrescida e por quem usufrui de regalias condenáveis ...
tudo apagado num (ou mais) cinzeiro!

Regimes de excepcionalidade ... fomentos à corrupção, ao facilitismo
da conveniência do partidarismo e à legalização da desigualdade.

Seria uma tão necessária limpeza que se fazia ao planeta!

Criaturas ... acordem ... só um há líder - o POVO!

Só há uma liderança - a do POVO!


(JRR)
Um cinzeiro para o Julio Ramón Ribeyro ... por favor!

... um cinzeiro com abafador de beata ... !!!



... e um isqueiro, ..., já agora!!!









Só para fumadores e para não fumadores ... 
Só para fumadoras e para não fumadoras ...

... para quando um eficaz combate ao cancro das desigualdades, 
das falsas liberdades e das injustiças?
Isto sim ... é um verdadeiro e global cancro, a precisar de extermínio!

Para quando um combate eficaz ao manipulador cancro institucional e político, promotor das desigualdades e dos sangrentos lanhos na justiça e na liberdade.
Para estes parasitários, não é um cinzeiro ... é um escarrador!

É um gosto falar contigo, Julio.
Fica com abraço repleto de consideração, caro e notável Julio Ramón Ribeyro!

Fonte das imagens: Janielson Martins
e internet (JRR)


quinta-feira, 12 de maio de 2016

CAFÉ COM LETRAS - ONDJAKI

          Ondjaki e as desamarras do génio e do homem livre!




Ondjaki (Ndalu de Almeida)

Escritor

ONDJAKI

Poeta
Prosador
 Actor 
Artista plástico

 Nascido em 05/07/1977, em Luanda (Angola).


PRÉMIO JOSÉ SARAMAGO - 2013


... OS TRANSPARENTES ...



A imagem é a da poesia ... feita homem, feita Ondjaki!



O texto, na pessoa de Ondjaki, assume a categórica e monumental qualidade de 
narrativa poética, que é peculiar 
na intenção do autor e na vivência do homem.

A titulação é o fiel território onde nasceu a clareza da criatividade!

... a palavra feita, completa!

Saliente-se ... em beleza e em significado ... 

... os férteis títulos brotadores de poesia e de predicado ...

UMA ESCURIDÃO BONITA


Em: Uma Escuridão Bonita



HÁ PRENDISAGENS COM O XÃO
(o segredo húmido da lesma e outras descoisas)


Em: Há Prendisagens com o  Xão


MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE UM ESPANADOR DE TRISTEZAS


Em: Materiais para Confecção de um Espanador de Tristezas


MOMENTOS DE AQUI


Em: Momentos de Aqui







BOM DIA CAMARADAS


Em: Bom Dia Camaradas



... os títulos são manifestas representações artísticas, 

são a qualificação do verbo na sua máxima glorificação, 

... são galerias literárias esculpidas no papel, 

são títulos de volume, de grandeza, movem-se para além das balizadas dimensões ... 

estão prenhes de libertação ... sem amarras ... nem as lexicais ... 

têm as desamarras da genialidade e da liberdade ...


Fonte das imagens: Janielson Martins











Fotografias tiradas dos livros da colecção pessoal.
Livros editados pela Editorial Caminho, SA.



quarta-feira, 11 de maio de 2016

CAFÉ COM LETRAS - ROMANTISMO NUMA TARDE DE CONTRASTES

B.P.
Tarde de sábado, em Braga (Portugal), num acolhedor e inesperado fim de semana, passado em casa de um amigo, por imperativos climatéricos. 
O programa seria uma caminhada no Gerês mas, a chuva e o frio, trouxeram outros intentos, repletos de elementos de conforto, ternura ... muita fantasia ... e romantismo ao cenário.

Tarde chuvosa, lareira acesa, aliás ... bem acesa! Frio e uma janela ofuscada pelos pingos constantes de chuva, adornada por uma cadeira de baloiço, com uma manta dobrada num dos braços, a pouca distância do forte e quente fogo da lareira, que se via, ouvia, cheirava e sentia.

Do conforto surge a preguiça e a vontade de só sentir ... sim! ... adormeci com a manta sobre os joelhos, docemente ruborizado pelo calor do fogo e ao som da musicalidade dos estalidos da lenha a arder.
Protecção rigorosa ... adormeci!

Adormeci num sono que me trouxe, em visita, outro ambiente de semelhante e reconfortante acolhimento.


Um livro que tinha lido, já fazia tempo, desses que apetece ler, precisamente quando a doçura do bucólico e do terno se invadem das serenidades ... um livro para serenar e encantar os sentidos ... afrouxá-los e aliviá-los dos habituais e diários estímulos de realidade.

"O Mundo Encantado de Beatrix Potter", de Richard Maltby, Jr. , publicado pela Editora Civilização - Porto/Portugal, 2006. 

B.P.
O pleno do eruditismo da ternura. 
Também da convicção e determinismo.
Também uma história de amor.

Mas, ficando pela ternura, como o motor do momento e do sonho!

O mundo maravilhoso de Beatrix Potter apareceu-me no sonho e invadiu-me de delícias.
Suponho que sorri, encantadamente sorri, durante todo o sonho ...

Cria um mundo de fantasia onde um coelho, um ouriço, um sapo, uma pata, ..., entre outros amigos com quem conversa e vive, ganham vida, vontade e personalidade, nos pincéis do personagem Beatrix.

B.P.
Cria um mundo que a lança no sucesso, pela crença e insistência das suas vontades e de aspiração independente.

Cria um mundo onde habita com os seus personagens, num fabuloso ambiente de magia e fantasia, traduzíveis em realidade, pela alternância das circunstâncias em que se vê exposta.

B.P.
Cria um mundo que a leva aos sentimentos da paixão e do amor, mas também da violência da dor de perda do que nunca foi, inteiramente, seu, por via dos massacres da hierarquia de valores castradores de índole familiar e social.

B.P.
Beatrix superou com o paiol de potência transformada em vida, na co-habitação dos seus fieis representantes da imaginação.

Não se ficou pela frouxa iluminação das regras que à mulher eram exigidas e as desejadas!

Criou ... criou, O Mundo Encantado!

B.P. 
O cheiro da frescura contrastante com a do ambiente, transportado por uma taça de um amoroso despertar, veio reforçar o sorriso e um espreguiçar feliz ... já era a realidade ,..., sem nunca ter deixado de a ser!

B.P.
Com o sorriso convincente, chegou um tabuleiro com uma taça de alguma coisa que não sabia o que era, e um copo de suco que deduzi ser de laranja.

O que não sabia o que era ... soube depois de o devorar!

Quanto ao suco ... sim, era de laranja, mas também de limão!


Componentes do que não sabia o que era:

Palitos la reine partidos aos pedaços, 4 iogurtes gregos (estes eram de caramelo e de stracciatella) e uma gelatina de limão.


Ficou, como demonstra o comprovativo fotográfico!

                                      

Mais tarde, o jantar, saiu fumegante do forno ...

Dia frio, casa quente, lanche frio, jantar quente, ambiente carinhosamente vestido do todo desejado e, ..., sono, sonho, gente que se quer e na companhia de um livro ... que também se quer.

Consonâncias, adesões, contrastes e confrontos ... vitais ... 

A essência da literatura ... da escrita e da leitura...

... Criar e criar-se! Viver e viver-se! Confrontar e confrontar-se! Desafiar e desafiar-se!

LEIA,

LEIA, ..., PELA SUA SAÚDE!

LEIA.

  
Fonte das imagens: Janielson Martins
(B.P.) - Fotografias tiradas do livro.Colecção pessoal.