DONA FLOR
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Tu és bela
Dormes na noite
Vieste
Com todo esse charme
Só para viveres
Um dia
Flor, flor…
Tais falando só, doida?
Não, estava a cantar e invocado.
Há umas flores, que só vivem um
dia, e vem com um charme tão bonito... e vive só uma dia.
Elas devem morrer tristes por só viveram um dia.
E eu aqui lamentando.
Elas pensam, doida?
Que resposta fácil: claro que sim o difícil é continuar a viver.
Eu queria ser eterno, mas não estou aqui triste porque vou morrer.
Tu tens medo, tróce?
Não, mas carrego a certeza da morte, que me faz dor, bem no
centro do meu coração.
Seremos eternos, o pó sim, o sentimento só compreende que está vendo o mundo.
É por isso que compreendo que as plantas pensam.
De qual maneira, doida? Elas não têm juízo, olhos, orelhas.
O mundo era um vazio, nele não existia nada, como a nossa alma fria.
Pegámos fogo.
Formou a matéria: as estrelas, os planetas, e neles nasceram vidas.
Para quê?
Para ver o mundo.
À nossa casa tornaremos e não teremos medo da escuridão.
A escuridão é a nossa alma.
A nossa casa ficará.