BURACO DE PAREDE III
(Sertão, Serra da Tapuia 1999)
Eu vou entrar. Tu corres para dentro do armazém. Eu vou tomar um copo da água e dizer a papai que cheguei. Vou trazer um copo da água para tu.
Chegou meu filho?
Cheguei sim, meu pai.
Tome cuidado Josivaldo, nessa escuridão uma raposa louca pode te pegar.
Não se preocupe minha mãe, que eu não vou mais lá, em Terezinha, não.
Terminou o namoro, meu filho?
Não meu pai, em noite sem lua eu não vou mais não, faz medo, até as estrelas tavam longe.
Muito bem meu filho.
Terezinha tá aqui a tua água.
Ou água boa, é de onde?
Do tanque de Manoel Martins.
É bem docinha, essa água.
Nós bebe lá da cacimba de António Júnior, a água de lá é mais salobra.
Agora tu vai beber essa bem docinha.
É Josivaldo.
É sim, e esse noite vamos passar a noite acordados para amanhã quando papai e mamãe acordar pegar nós dormindo, juntos, para eles saberem que nós fizemos safadeza e vamos morar juntos, eu sou o teu homem e tu sois a minha mulher.
Manuel Grande, Manuel Grande...
O que foi, mulher!
Espia só a safadeza aqui dentro de casa.
Que safadeza, mulher?
espia com teu dois olhos
Deixa eles dormir, que deve está cansado.
Sei não.
O que que tem mulher, nós já matamos a nossa vontade, agora é a vez deles.
Sei não como são vocês, pai.
As crias tem que viver solto.
Vocês sabem fazer safadeza e depois largar as crias.
Acorda minha filha, já que está aqui vai ter que viver sobre o meu controle, se comporte se não eu puxo as rédeas e você Josivaldo vá pegar água.
Vou minha mãe, só se a senhora fazer uma promessa para mim.
Tu traz um rabo de saia para dentro de casa e quer que eu te obedeça?
É só um pedido, minha mãe.
Se os pai de Terezinha vierem buscar ela, não deixe eles levaram não.
Tu acha que eles vem pegar um moça que já fui bulida?
Tu promete, minha mãe?
Tá prometido, meu filho.