Cazuza - Fonte da imagem: internet
"...eu vou sobrevivendo sem um arranhão
na caridade de quem me detesta..."
na caridade de quem me detesta..."
Cazuza - Fonte da imagem: internet
... dois versos do poema/letra “o tempo não pára”,
de Cazuza,
integral, nobre, honrosa e
orgulhosamente aqui transcrito.
Em análise de conteúdo de vida, de homem, de poeta e de pensador,
Cazuza nunca sentiu como um sobrevivente.
Cazuza foi, inteiramente, um vivente.
Assim, a análise literária do poema, impede o significado de "sobrevivente",
neste terreno de grandiosidade existencial.
Tem, o verso, o significante "sobrevivendo" mas, analiticamente, tem a menção de "vivente".
Acresce a esta consideração a presença do verbo no gerúndio.
Nunca Cazuza foi um "ser vivendo", deixando-se viver ... Não! Não ia arrastado!
Cazuza decidia, determinava, poetizava a existência e concretizava-a.
Exemplificava, na vida, com novas roupagens da reivindicação.
Materializava a reivindicação de direitos, dos quais exigia vincado respeito.
Ninguém, assim, é um morno gerúndio!
Sempre foi um presente do indicativo e, acrescido,
de uma exemplar primeira pessoa do singular.
Era o exemplo!
Era um exemplo!
Exigia o direito, não o patético "direito" instituído e corruptor!
Cazuza não foi um vivente gerúndio!
Cazuza foi um vivente presente! Um vivente ativo e, orgulhosamente, erguido.
Nunca conheceu a mansidão!
Certificam os seus poemas, indubitavelmente!
Seria, assim, em tese, o sentimento e a intenção poética de Cazuza:
"...eu vivo sem um arranhão
na caridade de quem me detesta..."
Agenor de Miranda Araújo Neto
(Brasil / Rio de Janeiro, 04/04/1958 a 07/07/1990),
conhecido por Cazuza,
lamentavelmente falecido aos 32 anos.
Fazem falta, tu e a tua poesia ,..., Cazuza!
... tu e a tua poesia, por ti cantada ,..., Cazuzinha!
Ripostador para o equilíbrio e o direito sociais, salientado por indignação à incivilização institucional, social e organizacional.
Culminou-se na vida como um poeta e letrista denunciador da sua coerência; como um cantor denunciador dos atropelos que os sistemas sociais e políticos incutiram (e incutem!) nas valências da liberdade, da justiça e da igualdade.
Culminou-se na vida como um poeta e letrista denunciador da sua coerência; como um cantor denunciador dos atropelos que os sistemas sociais e políticos incutiram (e incutem!) nas valências da liberdade, da justiça e da igualdade.
Homenagem (mais uma) ... Cazuza.
Todas … não são muitas!
É o intento desta matéria ,…, evidenciando-se pelo débito do inesquecível poema que, tão fielmente, traduz realidades mundanas, mesmo que, muitos corrosivos e infelizes oportunistas, queiram fazer crer estarem sanadas.
Cazuza - Fonte da imagem: internet |
O TEMPO NÃO
PÁRA
(Cazuza)
Disparo
contra o sol
sou forte sou por acaso
minha metralhadora cheia de mágoas
eu sou o cara
cansado de correr
na direção contrária
sem pódio de chegada
ou beijo de namorada
eu sou mais um cara
Mas se você achar que tô derrotado
saiba que ainda estou rolando os dados
por que o tempo
o tempo não pára
dias sim, dias não
eu vou sobrevivendo sem um arranhão
na caridade de quem me detesta
a tua piscina está cheia de ratos
tuas ideias não correspondem aos fatos
o tempo não pára
eu vejo um futuro que repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não pára
não pára não não pára
eu não tenho data pra comemorar
às vezes os maus dias são de par em par
procurando agulha no palheiro
nas noites de frio é melhor nem nascer
nas de calor se escolhe é matar ou morrer
e assim nos tornamos brasileiros
te chamam de ladrão, de bicha maconheiro
transformam um país inteiro num puteiro
pois assim se ganha mais dinheiro
a tua piscina está cheia de ratos
tuas ideias não correspondem aos fatos
o tempo não pára
eu vejo um futuro que repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não pára
não pára não não pára!
sou forte sou por acaso
minha metralhadora cheia de mágoas
eu sou o cara
cansado de correr
na direção contrária
sem pódio de chegada
ou beijo de namorada
eu sou mais um cara
Mas se você achar que tô derrotado
saiba que ainda estou rolando os dados
por que o tempo
o tempo não pára
dias sim, dias não
eu vou sobrevivendo sem um arranhão
na caridade de quem me detesta
a tua piscina está cheia de ratos
tuas ideias não correspondem aos fatos
o tempo não pára
eu vejo um futuro que repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não pára
não pára não não pára
eu não tenho data pra comemorar
às vezes os maus dias são de par em par
procurando agulha no palheiro
nas noites de frio é melhor nem nascer
nas de calor se escolhe é matar ou morrer
e assim nos tornamos brasileiros
te chamam de ladrão, de bicha maconheiro
transformam um país inteiro num puteiro
pois assim se ganha mais dinheiro
a tua piscina está cheia de ratos
tuas ideias não correspondem aos fatos
o tempo não pára
eu vejo um futuro que repete o passado
eu vejo um museu de grandes novidades
o tempo não pára
não pára não não pára!
... ... ... ...
Notável e justa reportagem, sobre um notável homem.
ResponderExcluirParabéns, mais uma vez, pela excelente categoria das suas matérias, Janielson Martins.