O blogue – Comer e Saber – apresenta-se com o intuito de exterminar amarras. Impera-se em três rubricas: Sustento da Alma; Café com Letras; Gastronomia e Culinária, como ferramentas de promoção e fomentação de liberdades e pluralidades. Movimenta-se na consciencialização da noção de direito às criatividades, no débito da conjugação dos intrínsecos conceitos de SABER (enquanto fonte de SABOR) e o de SABER (enquanto fonte de CONHECIMENTO).
domingo, 28 de fevereiro de 2021
CAFÉ COM LETRAS - CULPADO
domingo, 21 de fevereiro de 2021
COELHO FRITO COM COGUMELOS
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
MORENINHO DO SERTÃO
MORENINHO DO SERTÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Mãe, eu queria pedir um negócio a tu!
O que tu queres?
Um pedaço de bolo.
Que bolo?
Moreninho do Sertão.
Como tu faz?
Peguei um coco.
Parti ao meio e ralei.
Aí umas 100 gramas.
De coco desidratado.
O que é coco desidratado?
É o coco seco.
Que é para durar mais.
Mais tem que hidratar.
Com meia xícara de água.
Aí coloca no fogo.
Uma xícara de açúcar.
Deixe ficar moreninho.
Aí coloca o coco.
Mexendo bem.
Para não ficar embelotato.
E deixe o fogo baixinho.
Pra modo do açúcar não queimar.
E a massa?
É assim.
Três ovos.
Duas xícaras de açúcar.
E duas de manteiga.
Uma pitada de sal.
Para cortar o açúcar.
Mexa tudo muito bem.
Até sumir o cheiro dos ovos.
Depois vai botando.
Duas xícaras de farinha.
E uma de leite aos poucos.
Depois unte uma forma.
Coloque o preparado de coco.
No fundo.
E depois a massa do bolo.
Bota no forno.
A 180 graus por uns 40 minutos.
Desenforme ainda quente.
Para o caramelo não esfriar.
E dá muito trabalho.
Na hora de desenformar.
Edição: Janiel Martins
domingo, 7 de fevereiro de 2021
CARNE DE SOL EM TOMATADA
domingo, 31 de janeiro de 2021
CAFÉ COM LETRAS - QUEBRANDO ESPELHO
Edição: Paulo Passos
domingo, 24 de janeiro de 2021
SOPA FARTA DE LEGUMES
domingo, 17 de janeiro de 2021
DEBAIXO DO SONO
DEBAIXO DO SONO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
A flor dorme de noite.
Acorda com o sol.
Tem uma insónia modo da lua.
Acorda flor já é de manhãzinha!
Eu sei.
A minha pele virou uma casca.
As raízes irritadas queimam os meus neurónios.
Mas não tenho mãos para coçar a minha pele.
Tu tens umas pétalas tão bonitas. Elas servem para quê?
Neutraliza o frio o calor e deixa-me pensar que não existo.
São os pensamentos materializados, e o pedaço de pau que me segura no chão é verme da terra.
Eu tenho dois pés, consigo me movimentar, flor!
Um dia eu saio daqui.
Como tu conseguiste andar?
Flor, eu acho que eu um dia fui uma minhoquinha e a minhoquinha quis ver o mundo.
Aí falou para todas as minhoquinha e todas as minhoquinhas quiseram andar.
Depois de muito tempo conseguiram.
Primeiro quero ver o mundo.
Chega de tanto frio, minhoquinha.
Eu não sou mais minhoquinha não, flor.
Sou um menino e tenho dois olhos, que são para ver tudo.
Tenho dois pés e duas mãos.
Você quer dar um de cada para mim, menino?
Bem que eu queria dar, só que não posso.
Se eu arrancar um de cada, volto a ser uma minhoca.
Porquê?
A terra roda muito depressa e dá tontura.
Se ficar só com um pé, tombo.
Agora os olhos, não sei porque temos dois.
Edição: Paulo Passos
domingo, 10 de janeiro de 2021
FRANGO ASSADO COM ERVILHAS
Edição: Janiel Martins
domingo, 3 de janeiro de 2021
CAFÉ COM LETRAS - AS ESTRELAS PENSAM
AS ESTRELAS PENSAM
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Estás com o pescoço torto assim, porquê?
Um raio me levou às estrelas.
Cuidado que as estrelas queimam.
As estrelas pensam?
Pobre do homem que não sabe que as estrelas pensam.
Pobre de uma criança que as mães lhes cortam as unhas.
O pensamento é bonito.
As estrelas são grandes.
O pensamento quer ir para perto das coisas.
Uma estrela explode quando o homem pensa.
Escurece e arrefece.
É bom o frio criador do pensamento.
Edição: Paulo Passos
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
CAFÉ COM LETRAS - O BAILADO EM UM QUARTO
O BAILADO EM UM QUARTO
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Vai devagar, caralho
Está doendo
Fode caralho, bata mais.
O que foi? O que está acontecendo?
Tereza olhou para Izaque, com um olhar de decepcão.
Izaque faz birra e vira-se para o outro lado, sem se vir.
Ai meu Deus eles estavam fodendo, quem os mandou fazerem barulho? Eu jurava que eles estavam brigando.
Izaque, está na hora de ir trabalhar!
Já sei.
Eu estou indo, que vou sacar o dinheiro para pagar a renda do quarto.
Um dia, Izaque, vamos ter a nossa casa.
Um dia eu ver morrer Tereza, sem ter a dignidade de ter vivido.
Somos imigrantes mofando dentro de um quarto, sem poder peidar, cagar, foder, acreditando (no engano) que amanhã vai ser melhor.
Temos que ter paciência, que tudo vai dar certo, Izaque.
Paciência é um perigo. Fodemos em silêncio. O tesão é mais ódio e desamparo do que prazer. Prazer é comer e ficar satisfeito.
O meu juízo produz estrelinhas que já não são pensamentos.
O que é isso Izaque?
É o suicido do pré-pensamento, Tereza.
O meu sonho é ter a minha casa e um trabalho que digne a igualdade, Izaque!
Os animais são separados quando aprendem a comer.
Os humanos não tem coragem de largar a cria.
Tornamo-nos adultos cheios de mofo atrás de um sonho falso e fedendo a um suor alheio, que também é o nosso, onde a fome se habita corroendo a humanidade.
As palavras tornaram ordem mas o sentimento é o alheio.
Penso pelos meus ossos, pelos dentes que já perdi, pela fome que já senti, pelas desigualdades.
Quando falaste em morte, as estrelinhas explodiram com medo, dentro do meu juízo, Izaque.
As estrelinhas são sabidas.
As pessoas trocaram sentimentos por palavras ausentes.
Fizeram-nos movimentar e ver.
Os homens desaprenderam de pensar.
E foram todos copiados.
Edição: Paulo Passos