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"Os cães obedecem ou desobedecem.
As pessoas cumprem e cumprem-se em liberdade, em
igualdade, em fraternidade e em justa justiça.
Quem assim não cumpre ... desobedece."
(Paulo
Passos, Portugal)
"Obedecer ao peso da albarda de cânones sociais é
letal para a criatividade.
A escolarização e as educações institucionais são
alguns dos valores desses cânones."
(Paulo
Passos, Portugal)
"Obediências são viciadas representações de
papéis.
Cumprimentos são sãs participações de funções."
(Paulo Passos, Portugal)
CARCAÇAS
(Paulo Passos, Portugal)
"A carcaça é (entre outras) um corpo feminino,
comummente, de nova a mais de meia idade, podendo, contudo, ultrapassar (dentro
dos limites previsíveis) este balizamento.
É, na grande maioria das vezes, uma pessoa que não
trabalha mas tem um emprego.
Se não quer ter emprego, tem, igualmente, uma
funcionária doméstica.
Vive muito desfasada das noções de igualdade, direito
e liberdade.
Gosta de ser dependente (apesar do ar peremptório de
determinação e de independência), domada e alheia-se, vaidosamente, da sua
função de existente, eventualmente, contributivo e valorizável.
Assume (num formato pré-consciente, mas que lhe dá
jeito) ser o "sexo fraco", submissa à cultura sexista e faz disso
bandeira, através da poluição psicológica, visual e sonora, em que se
movimenta.
Adora os adornos que a conduzem, exibindo-se, ela
própria, como um adorno (a proteger) para os seus (no mínimo).
Tem carro e conduz, invariavelmente de forma
incivilizada.
Conduz. Conduz e fala ao telemóvel ao mesmo tempo.
Nunca tem tempo para usar os piscas.
O fluxo de trânsito, os outros e a via, quando ela
passa, não interessam para nada. É tudo dela.
Desrespeitosamente, estaciona como lhe convém ou como
calhar.
Se tem um furo num pneu (ou outro qualquer problema),
deixa o carro onde está, vai de táxi para casa e telefona ao marido a informar.
Contudo, se estiver perto do destino, leva o carro assim mesmo e depois alguém
resolve (geralmente o marido que, afinal, é para isso que ele serve).
Nunca abastece o carro. Isso é dever do marido ou do
filho mais velho (a existir). A filha (se houver), quase sempre lhe segue o
feitio das passadas. Vão às compras juntas.
Quando se insurge, por via de algum incidente (causado
pela própria) entre ela, a condução e um homem condutor, pára o carro onde quer
que seja (pode ser uma rotunda, ou um lugar para ambulância, ou obstaculizando
outro!), deixa-o a trabalhar (travando-o ... se se lembrar!) e sai do carro já
pronta para a disparatada fragilidade, argumentando-se:
- "Eu sou mulher ... mas tenho pai, marido e
irmão ...!!!"
Ora, uma criatura (diminuidora e molestadora do
próprio género) que se argumente (usando como se se tratasse de material bélico
ou jurídico) com o facto de ter (ameaçadores!) pai, marido e irmão ... é a
materialização da desconsideração, da desvalorização e a prova real da
existência de viventes ausentados de qualquer recheio (útil).
Exibe-se, gratificantemente e tão só, em todas as
esferas respiratórias (existenciais) como: a filha de...a mulher de...e a irmã
de...!
Vale perguntar:
- Mora aí alguém, nessa carcaça?
Mulher (?) que escuda o próprio ser na figura de um
homem.
Será que é por isto que se diz que, "por trás de um homem há
sempre uma mulher" (independentemente
do tamanho!)?
Jamais se pode crer que o crédito deste provérbio
ancore neste contexto...!!!"
O GAY HOMOFÓBICO
(Frederico Lourenço, Portugal)
"O gay homofóbico anda sempre de gravata e
nunca se lhe conheceu uma camisa que não fosse às riscas. Almoça nos melhores
restaurantes do Guincho com condessas verdadeiras (ele em mulheres não gosta de
pechisbeque), criticando amargamente os filhos e sobrinhos delas que cederam à
possidoneira de se "assumirem". Vai todos os dias à missa, desde que
se encontre nas imediações de uma igreja onde haja uma congregação
maioritariamente "bem". Já foi dono de um antiquário, mas o negócio
não resultou. Depois tentou outra coisa mais duvidosa, mas isso também não deu.
Tem um pouco o complexo de não ter acabado o curso de Arquictetura: por isso
exige que a empregada o trate por "senhor arquitecto". A sua casa (um
andar modesto numa rua caríssima) está apinhada dos objectos que sobreviveram à
derrocada do seu negócio de antiguidades. Aos sósias rascas de Cristiano
Ronaldo, que por cinquenta euros aceitam passar vinte minutos bem suados no seu
quarto de dormir, costumava dizer: "as Companhias das Índias da avó".
Até que um dia foi assaltado e espancado. Agora diz: "é tudo imitação".
O que, no caso dele, não podia ser mais verdade."
Em: "Caracteres", Frederico Lourenço
Antonin Artaud (1896 - 1948 / França). Fonte da
imagem: internet.
"(...) Desde que não consiga no coito grugulejar
com a glote da maneira que sabe, e ao mesmo tempo fazer gluglu com a faringe, o
esófago, a uretra e o ânus, o senhor não pode declarar-se satisfeito.
E no seu sobressalto orgânico interno há um certo
refego que é testemunho encarnado de um estupro nojento, e ano após ano vai
sendo cultivado em mais larga escala porque não cai, socialmente falando, sob a
alçada da lei, embora caia sob a alçada da outra lei a que vai parar toda a
consciência lesada que sofre, porque o senhor, a comportar-se deste modo,
impede-a de respirar.
Decreta com delírio a consciência que trabalha
enquanto a vai estrangulando, por outro lado, com a sua reles sexualidade.
(...)"
"(...) E alienado autêntico o que é?
É um homem que preferiu ficar doido, no sentido em que
socialmente o entendemos, a degradar uma certa e superior ideia de honra
humana.
Por isso a sociedade mandou estrangular nos seus
manicómios todos aqueles de quem quis livrar-se ou defender-se por recusarem
ser cúmplices, com ela, de certas e subidas indecências.
Porque o alienado também é um homem que a sociedade
não quis ouvir e quis impedir de dizer insuportáveis verdades. (...)"
Em: "Van Gogh, o Suicidado da Sociedade",
Antonin Artaud
TRIBUNAR PODRES
(Janiel Martins, RN / Brasil)
Veredicto em texto
a saborear ...
como fruta ...
no ponto ...!!!
Sustentando a alma ...
... denunciando sociopatias,
acusando corrupções,
vícios e moléstias
das corjas,
dos parasitas,
dos fedorentos
intoxicados
e intoxicadores
de tudo onde tocam
de tudo onde estão.
É lixo psicológico
gritando dor,
gritando vitória
vitória confundida
jamais alcançada.
Repetição do desejo,
repetição da dor
dor da rejeição.
Inventam poderes
roubando justiças,
alimentando
a mentira que
lhes roubou o sangue.
Veneno que sorri,
sorriso que é dor,
sorriso que arrota angústia,
tentando a sobrevivência.
Acusação em ética,
tribunar em justiça.
A justa, que é pública,
e é filha da rua,