Herberto Helder. Fonte da imagem: internet |
TEORIA DAS CORES
(Herberto Helder, 1930-2015 / Portugal)
Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor - sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava a sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.
Paulo Passos. |
(Paulo Passos, Portugal)
Sou de dizer...
Tenho uma burra que está a parir uma vaca.
A vaca tem cornos.
A burra chama-se Fusível.
Sou de um país cheio de messias.
Não gosto dele.
Chama-se Portugal.
Cinema de textos é o que é. Magnífico trabalho de montagem. Os meus parabéns!
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