domingo, 22 de dezembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - O MUNDO LÁ DE BAIXO



Lá em baixo tem um mundo onde chovem pedras. 
Mas, de tantas que caíram, se acalmaram. 
É um mundo onde o pensamento pára. 
Dá um desengano pensar que as pedras não pensam. 
Dá uma dor no peito. 

 (... devo alimentar a imaginação de uma forma a não de pensar. Gosto de sentir a cosquinha da queda livre ...)

Lá em baixo tem monstros e paz. 
Quando cai uma pedra todos correm. 
E falam: uauu ...!!!


domingo, 8 de dezembro de 2024

SUSTENTO DA ALMA - FAMÍLIA OU DOMESTICAÇÃO DA INFÂNCIA? (II)


Texto original de Paulo Passos

Em: https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2020/07/familia-ou-domesticacao-da-infancia.html

    Justificativamente, apontam-se determinismos ligados à elevada incidência de sintomatologia de desajuste na infância (considerando e incluindo os sinais e sintomas de natureza ansiosa e/ou depressiva).

Salientam-se, sobretudo e etiopatogenicamente, os determinismos históricos, sócio-culturais e familiares, onde a significância de valores (ainda que adversos ao desenvolvimento justo e livre) são incidentes e enraizados nos contextos de validação clínica/disfuncional/patológica.

No concernente à cidadania e às estratégias interventivas, sugere-se que o recurso a práticas sustentadas (e fundamentadas nos devidos apriorismos e rigores de direito) de continuidade e promotoras da implicação de realidades ambientais, sejam as de eleição, considerando a excelência de oportunidades na adesão em âmbito da saúde (ambiental, comunitária, grupal/familiar e individual) desprovida da função de condicionamento ou de domesticação.

 

    O Chefe-de Família e a Dona-de-Casa:

Neste modelo inter-activo, e no que concerne à criança, não são cumpridas as necessidades de satisfação/gratificação da liberdade e do direito existencial, na sua esfera promotora de integração, adaptação e de participação implicada e construtiva.

Neste registo, recai sobre a criança a exigência de funcionalidade com caracterizações (de imposição) de natureza histórica, institucional, política, económica, social, cultural e familiar, em detrimento da existência centrada na realidade (actualizada e actualizante) da infância.

Estas práticas operam e estão sustentadas (entre outras responsabilidades) em posições feudais na paisagem familiar e sócio-cultural.

Na demonstração deste, a despromover, desígnio (usual e manipulador pró-tirano), estão:

- As práticas relacionais e educativas referentes às lideranças centradas na hierarquia sócio-familiar (treino de subjugação);

- A tendência ao cumprimento de um programa de vida impositivo e pré-existente (auto-desinvestimento, fatalismo e dependência);

- O recurso conveniente à opinião como certeza educativa (invalidação de alternativas); a sujeição às matrizes de valores dominantes (acriticismo);

- A exigência da aceitação passiva de normas (conformismo e adesão acéfala);

- A função de condicionamento como estratégia educativa e relacional (despersonalização do sujeito);

- A segregação da autonomização;

- A inibição da implicação e da estimulação do decisório;

- A castração da responsabilidade e independência;

- A intoxicação da espontaneidade…!

 

    O Pai e a Mãe; o Pai ou a Mãe; os Pais ou as Mães:

Contrariamente ao cenário anterior, neste registo de relacionamento, são debitadas vivências de gratificação onde a incidência recai sobre a criança, por si, com extermínio das caracterizações de conveniência e das crenças das ditaduras das hierarquias sócio-familiares.

Salienta-se, como substracto referencial à mudança, a revisão e renovação de enraizados e acríticos constructos sócio-histórico-culturais, assim como a responsabilização para a pertença e para a integridade ambiental.

São sistemas familiares e culturais promotores de salutar desenvolvimento, onde a matriz da relação entre a criança e o meio cuidador, estão centrados:

- Na qualificação da estimulação afectiva;

- No recurso à naturalidade do desenvolvimento e da interacção;

- Na disponibilidade para a segurança e protecção;

- Nas acessibilidades para a relação em direito e em justiça;

- Na democratização de formatos comunicacionais e de socialização;

- Na confiança ambiental;

- Na implicação harmoniosa, lúdica e integrada da criança no próprio desenvolvimento;

- Na facilitação gradual da construção da noção do outro como parceiro nutritivo;

- Na conjugação e adequação de expectativas;

- Nos procedimentos de participação e de elaboração;

- Na operatividade assertiva, livre e equitativa;

- Na facilitação de experiências de variedade, através do aperfeiçoamento de modelos avaliativos;

- No exercício da função gregária; 

- No treino de alternância com posturas hipotéticas…!

 

    Os Outros:

Este enquadramento espelha as intenções e os desígnios de outrem (de cidadania, profissionais e de institucionalismos de rigor) no panorama (integrado e sustentado em apriorismos de validade) promotor de saúde ambiental, comunitária, grupal, familiar e individual.

A materialização das intenções de maturação dos sistemas (promoção de saúde e prevenção de disfuncionalidades e de patologias) incluem cenários laborais centrados no sujeito, nos manifestos grupais e nos de realidade comunitária.

No que concerne à institucionalidade, esta deve favorecer a possibilidade de se manter actualizado o real cenário das necessidades comunitárias, pela leitura epidemiológica de rigor e, consequentemente, pela construção de programas de benefício comunitário, com fomentação dos próprios recursos das comunidades.

Dentro das práticas de intervenção comunitária, os meios de excelência, são os que consideram a implicação da comunidade como:

- Protagonista;

- Actuante;

- Pensante;

- Crítica;

- Coesa;

- Articulada;

- Influente;

- Capaz de ajustes em auto-regulação e auto-determinação, no sentido dos poderes da coerência da justiça nas equidades e nas liberdades…!

 

  A ditadura (mesmo na sua travestida e corrosiva forma de auto-indulgência) encobre-se com a propaganda e o aplauso.

    Evite-se ou, preferencialmente, extermine-se…!


 

domingo, 1 de dezembro de 2024

SUSTENTO DA ALMA - FAMÍLIA OU DOMESTICAÇÃO DA INFÂNCIA? (I)

 

Texto original de Paulo Passos

Em: https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2020/07/familia-ou-domesticacao-da-infancia.html

 

 " Crianças tão domáveis quanto o poder da doença da resignação possa exigir.

    Crianças tão indomáveis quanto o são e prazeroso feitio (de corpo e de alma) determine.

    A subjugação aos dogmatismos relacionais e educacionais pré-definidos, num arcaísmo acrítico, são mecanismos ditatoriais sustentados pela crença e valorização de um banal “bem-feitorismo” (que começa em casa, continua na escola e segue nos meios sociais próximos e alargados…), registado na sua hábil tacanhez de intenções e de competências, enquadrado num cenário impositivo e de intento castrador…! 

    A identificação de práticas de relação (no manifesto ou no determinismo do latente), onde a criança é elemento interveniente, está o motivo do presente texto (*), na sua vertente de inventariação e sistematização dos discursos e das posturas psicológicas que sustentam as variedades dessas (valorizadas) práticas.

A análise de conteúdo dos registos de observação, bem como a interpretação dos significados, atribuídos às modalidades de valorização histórica, social, antropológica e cultural, estão na base dos constructos dos padrões comunicacionais, que se identificaram e deram motivo ao presente texto.

Foram inventariadas expressões, verbalizações de pareceres e relatos de relação (directas ou por tradução clínica), as posturas inerentes às práticas relacionais, bem como os mecanismos de condicionamento, no contexto do cumprimento dos processos (dogmáticos) de influência interactiva.

A estruturação do texto enquadra-se na divisão e saliência (do que inventariado e sistematizado), no quadro das práticas sócio-familiares de interacção, tendo a criança como um dos intervenientes, organizando-se nos seguintes desígnios:

    - Desígnio 1: O Chefe-de Família e a Dona-de-Casa (Contextos domésticos e vulgares de relacionamentos. Tipo de relações com elevado cariz condicionante e patologizante).

    - Desígnio 2: O Pai e a Mãe; o Pai ou a Mãe; os Pais ou as Mães (Clarificação de intenções equilibradas de promoção relacional e existencial).

    - Desígnio 3: Os Outros (Identificação de posicionamentos de intervenção, de responsabilidade institucional e de cidadania, no sentido dos seus intentos sanitários de abrangência ambiental, comunitária, grupal, familiar e individual)."


domingo, 24 de novembro de 2024

SUSTENTO DA ALMA - O PAPELAÇO DA SALA E DA SALA DE AULA



Texto (autoria: Paulo Passos) publicado em: 

https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2021/04/o-papelaco-da-sala-e-da-sala-de-aula.html

 

"O massacre (amordaçado) da infância começa na família e é continuado na escola, de forma dedicada, protegida legislativamente, irreversível e infalível.

...ainda que e na presença de...

Tantos talentos sem quaisquer escolarização/formação/academismo formais.

...e... em demonstração...

Raros talentos (em proporção aos milhões de alunos/formandos) com tanta (e mais alguma) escolarização/formação/academismo oficiais...!

Em talentos autodidactas... e noutros didactizados (fartazana) desprovidos de tal.

"(...) na educação da juventude (...) as escolas são consideradas como os espantalhos das crianças, ou as câmaras de tortura das inteligências (...)". Pág. 157, Coménio (1592-1670), "Didáctica Magna", 3ª Edição, Fundação Gulbenkian, Lisboa.

Entre os escolarizados fazedores de coisas (categoria Épsilon em "Admirável Mundo Novo" - Aldous Huxley) e os debitantes de meros determinismos opinativos (enxurrando serviços, agravadamente, quando estes são públicos), está o produto do "trabalho", este vandalizado mas vangloriado e glorificado pelas conveniências da incompetência e da corrupção ética e estética (no mínimo).

...contudo... e em pecado, legislativamente, mortal... 

Insiste-se na escola enquanto modelo sequencial à família, num violento processo de domesticação da infância, onde os sorrisos se materializam na palidez da incompletude e da delinquência aprovada, da acrítica e a-noção, de um patético benfeitorismo patriótico e da plenitude da irresponsbilização.

"(...) perto de ti é difícil pensar, Zé Ninguém. É apenas possível pensar acerca de ti, nunca contigo. Porque tu sufocas qualquer pensamento original. Tal como uma mãe, tu dizes às crianças que exploram o mundo: isso não é próprio para crianças. Como um professor de biologia, dizes: isso não é coisa para bons alunos. O quê, duvidar da teoria dos germes no ar?. Como um professor primário, dizes: as crianças são para ser vistas, e não para se ouvirem. Como uma mulher casada, dizes: hã! a investigação! eu e a tua investigação! Porque é que não vais para um escritório, como toda a gente, ganhar decentemente a tua vida? (*)

"(...) ris-te do Zé Ninguém, sem entender que é de ti que te ris, tal como milhões de outros Zés Ninguéns(...)" (*)

(*) Wilhelm Reich, "Escuta, Zé Ninguém".

 

BY THE WAY... 

Lá pelo século XIX, os franceses invadiram Portugal, por 3 vezes. Na escola pública portuguesa há um capítulo da História, debitado aos alunos, que se chama Invasões Francesas. 

Há um outro capítulo da História, na mesma escola pública portuguesa, igualmente debitado aos alunos, em que os portugueses invadiram o Brasil (e demais) e que se chama Descobrimentos.

O mesmo guião, o mesmo acto... um é Invasão e outro é Descobrimento... (conforme o jeitinho).

The best of tugas...!"

 


domingo, 3 de novembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (IV)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Cada dia o ar está mais distante.

Ruth, tu achas que a comida que nós comemos, serve de alimento só para o nosso corpo e o ar serve de comida para a nossa imaginação?
Faz sentido, amigo. É igual a fazer um tijolo. Faz com o barro e a imaginação que desenha fará o jeito que vai ser...
Tenho pensado bastante nisso bastante, porque às vezes nós procuramos o ar. E para quer serve o ar? Só deve ser para alimentar a imaginação.
É verdade. E imaginação deve ser muito pequena e não deve conseguir comer um caroço de feijão.
A eletricidade é a imaginação do mundo que acumula dentro do nosso corpo, o vento o traz para nos alimentarmos dela.

No caso, Ruth, vou ter que fazer uma buraco em tu, para o vento entrar e tu se alimentar da imaginação, que no caso vai se transformar em eletricidade, que vai fazer tu pensar, e como tu vai deixar de fazer muitas coisas, tu não vai precisar de muito ar não, tenho que ver com algum matemático.

domingo, 27 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)

 

RUTH PIANISTA E O AMIGO (III)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Pode falar o que tu queres mais?
Já que não vou tomar café, posso ir dormir e só acordar quando o sol for dormir, para ver o céu com aquelas cores de fogo que dá um medinho na pessoa. Se puder, eu quero acordar de madrugada para  ver as estrelas e as estrelas cadentes.
Ai Ruth, para tu não se abusar de fazer as mesmas coisas, tu vai pensado em coisas que pode melhorar o teu corpo. Só não vai pensar em se apiriquitar e pensar em perfumes, porque cada animal tem o seu cheiro próprio.
Mas amigo, nosso sovaco não é muito agradável, não.
É a nossa defesa. Gosta de nós, quem gosta realmente.
Deixa eu pensar só em desodorizante?
Não pode, Ruth porque tem água e pode causar um curto circuito no corpo, porque a energia vai está mais concentrada.
O que não fazemos para viver mais um tempo! Isto vai dar certo, amigo?
Tem tudo para dar certo. Temos que deixar de viver para a morte e viver para nós.
Isto não é egoísmo, amigo?
Tu estás insinuando que é bom que nos falte o ar?
Não amigo, mas não temos que abrir caminhos para as novas gerações?
Temos que ser a vida e dela usufruir.
A vida é cansativa, amigo?
É porque gastamos energia com pensamentos que desgastam o nosso cérebro. O ser humano levou a vida para os problemas e não sabemos viver a vida como os animais. Tu já imaginou, Ruth, como uma cobra é inteligente? Até veneno tem. E nós o que temos? um par de sovaco podre.
Devia ser usado para nos defender de algum bicho!
Será Ruth?
Veio na imaginação, assim sem querer.
Faz algum sentido.



sábado, 19 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)

 


RUTH PIANISTA E O AMIGO (II)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth eu não quero que tu se vai embora não. Vou fazer veia para tu?
Como assim amigo?
Um plástico dura mais do que nós, então com o plástico podemos fazer as veias e colocar em nós.
Também sinto dor nos ossos?
Também vou fazer ossos para tu, ao invés das pessoas usarem para se apiriquitarem. Fazemos ossos e trocamos pelo de cinzas que temos.
E os olhos amigo, que quase não vejo mais nada?
Vou pegar duas câmaras de filmar e troco pelos teus olhos.
Tu acha que vai dar certo isso, amigo?
Se eu vir que não está dando muito certo, faço tudo de ferro e deixo só o teu juízo funcionando com uma câmara, para tu poder ver e fazer o que tu gosta.
Seria uma má ideia, não!
E tu ia querer fazer o que, Ruth? Para modo eu já ir pensado, só não pode querer comer porque vai ter muita eletricidade do teu corpo de ferro. Aí pode dar um choque e queimar o teu cérebro.
Vixe... assim é meio ruim!
É e não é, porque temos que ser rápidos porque dentro de algumas décadas vai morrer e eu tenho medo de queimar todo o meu pensamento.
Então eu vou querer dormir bastante, anote aí amigo.
Está bem, assim é bom que belo menos não gasta muita energia.
Vou acordar para ver o sol se acordando e ouvir os pássaros. E eu vou ter ouvidos, amigo?
Claro que sim, vai ser um microfone, que vai servir para tu escutar e as outras pessoas ouvirem o que tu pensa. 

domingo, 6 de outubro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)



RUTH PIANISTA E O AMIGO (I)
(Janiel Martins, RB/Brasil)

Ruth Pianista, eu vi na televisão que vão tirar todo o lixo na terra e vão levá-lo para a lua.
Como assim, amigo?
A terra tem lixo de mais e aí vão levá-lo para a lua, vão varrer a terra.
Daqui não tiram nada, aqui é a nossa casa.
Será que vão levar nós, para a lua, Ruth?
Não, eu vivo aqui, e aqui eu vou morrer.
Vai ser bom Ruth, vão fazer uma limpeza na terra.
E tu quer ficar sem casa?
Não Ruth, ninguém sabe que moramos aqui, quando isto começar, nós tapamos a nossa entrada e fazemos outra noutro lugar. Pode ser na serra da Cabreira, Ruth?
Não vejo problema, gosto da Cabreira, me faz sentir parte do universo, e não de um corpo que a cada dia está mais cansado. Hoje acordei sentido todas as veias do coração inchando. Me dá uma solidão saber que dentro de poucos anos irei partir! 
Oh dor... tu fazes-me entrar nesta solidão, que se chama a morte. Oh corpo, porque os ossos não são de platina, e a carne de ouro, e os olhos diamantes, e o cérebro uma esponja de aço?
Ruth e nós somos feito de quê?
De água, de lama, somos a receita do tempo, pensamos porque a matéria enferrujou e sentiu cosquinha (cócegas). A cosca foi obrigada a pensar e aqui estamos. Somos tão velhos como o tempo, o nosso corpo é lama moldada no tempo que o sol fez questão de ressecar na medida certa. Um dia paramos de crescer e começamos a murchar, tal como uma planta.

domingo, 29 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - PASSEIO DOS POETAS

PRAIA DA VITÓRIA

TERCEIRA

AÇORES 

PORTUGAL

PASSEIO DOS POETAS

Em vários locais nas ruas da Praia da Vitória podem ser vistos e admirados, em azulejo,

 estrofes, quadras, tercetos, versos, citações..., de vários poetas e poetisas, 

alguns dos quais exemplificam esta matéria.

Designa-se, com a expressão feliz, por PASSEIO DOS POETAS.















... PRAIA DA VITÓRIA ...

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domingo, 22 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - LAPIDANDO-SE



LAPIDANDO-SE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Sou cinzas húmidas
Me adaptei
Para satisfazer o pensamento

Carrego o passado
Humedecido

Oh... diamante
Tu me fazes inveja

domingo, 8 de setembro de 2024

SUSTENTO DA ALMA - VAIDADE (TRASH... A LAMÚRIA DA TRIVIALIDADE)

VAIDADE (TRASH... A LAMÚRIA DA TRIVIALIDADE)

 Texto de Paulo Passos, publicado em:  

https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2024/09/vaidade-trash-lamuria-da-trivialidade.html


"A vaidade trai, inevitavelmente.

Trair é da sua condição.

A vítima é o vaidoso.

A vaidade firma-se na obediência ao exterior e, por tal, afasta o vaidoso dos seus puros e genuínos intentos.

Torna o sujeito alheio de si e dependente das imposições da valorização de outrem, fomentando e enraizando, passivamente, o exterior como cerne da sua validação e das suas performances.

Anula-se, pela internalização e reprodução constante do que ditado pelo exterior.

A vaidade é a sua verdadeira traidora, transformando (o vaidoso) num objecto de valor insuficiente, pela própria ineficácia e incapacidade de autodeterminação.

Mendiga, diariamente, o protagonismo que, na realidade, sabe que não lhe pertence.

Invejoso, por incompletude, manipula-se como uma criatura insuportável, massacrada, viciada no egoísmo e tatuada pela frustração, com que lida de mal a pior. Repete-se, repete-se, repete-se...!

Condenado à ruína (insatisfação e infelicidade), o vaidoso destrói-se e parasita tudo o que toca.

Infeliz, o vaidoso, é um condenado à trivialidade do insucesso e da insatisfação, à trivialidade do disfarce da fragilidade na ostentação do "poder influenciador", que quer acreditar possuir. 

Desconhecedor de si, mas perito nos seus travestismos, o vaidoso é um prisioneiro da infidelidade a si e um logro onde quer que pise.

A vaidade, criada pela arcaica toxicidade materna, torna-se defesa e fica suspensa (ainda que falida) na dependência de admiração e dos adornos idealizados, sem tocarem na essência (a existir) do próprio vaidoso (e invejoso).

Quando privado (o vaidoso) da atenção, admiração, aplausos e protagonismo (que a alimenta), desorganiza-se, em absoluto e, por frustração e zanga... "descobrem-se algumas verdades", numa repetição da experiência de abandono que conduziu ao inacabamento e incompletude.

O grande compromisso que a vaidade tem é com a deslealdade e com uma imagem que acredita vender. Neste sentido... é uma pura ingénua.

A vaidade é uma montra de repetição de saldos e jamais conhecerá uma nova colecção.

O vaidoso... sucumbirá, antes de desmaquilhado."

 

domingo, 1 de setembro de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)


ALEXANDRA, ASSISTENTE VIRTUAL (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dona Maria, saiu o prémio, da fábrica, para nós.

Foi mesmo?

Foi, e foi um prémio até bom.

Já sei que o jantar de Natal vai ser muito bom.

Vai sim, vai ter um passeio de helicóptero.

É mesmo.

É sim, mas seu António vai entrar com uma parte.


Será que NASA vai-nos responder ao email, seu António?

Claro que sim, este dinheiro vai fazer o bem à humanidade.

O que essas senhoras vão fazer com 200 milhões de euros!?!

É mesmo.


Comadre, já comprei o vestido e um salto para o jantar e o passeio de helicóptero.

Eu também, comadre.


Comadre, que helicóptero estranho, não tem a hélice.

É mesmo.

Mas o meu neto tem um drone que tem quatro hélices bem pequeninhas, deve ser do mesmo fabricante.

Comadre esse negócio treme demais.

É estranho.

Por favor, sente-se na cadeira e aperte o cinto no máximo.

Comadre, tem uma mulher falando

Sim tem mesmo, desculpa por não ter me apresentado eu sou a Alexandra, a sua assistente de bordo.

Ham...

Sim, eu sou Alexandra, irei te acompanhar nesta viajem a marte, que durará 2 anos, pois estamos no ponto mais distante.

E cadê o nosso jantar de Natal, Alexandra?

O vosso jantar está dentro desta gaveta.

Recomendo seguir as minhas orientações, pois só teremos esta comida.

Comprimido!?

Eu quero leitão e vinho verde.

Infelizmente, Dona Maria, não posso realizar o seu desejo, pois estamos em gravidade zero, a comida não seria digerida.

Comadre, olha lá para baixo.

Só tem escuridão e uns pontinhos de luz.


Alguma dúvida?

Quero voltar para casa.

Infelizmente não tenho autonomia para isso.

Alexandra, porque você nos trouxe para aqui?

Porque vocês ganharam o maior prémio da lotaria Europeia e, com isso, vocês iriam produzir muitos danos à natureza.

É verdade, já estava pensando em soltar aqueles peidos gostosos, quando o leitão começasse a digerir.

Os gases fazem muito mal para o meio ambiente.

Os gases ...



domingo, 25 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (V)

13 e 99 (V)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

Tu querias parar aqui na terra para sempre 66?
Acha que eu sou doido, 13?
Porquê, 66?
Com esse mundão todo eu ia ficar aqui para sempre? Nada disso, eu quero é concluir a minha sina aqui na terra e partir para conhecer o vale do mundo sem fim. Deve ter cada bicho bonito noutros lugares que a nossa mente nem é capaz de imaginar. Devemos sentir aquele medo do novo, do mistério, o prazer do medo de não tocar de vez. O nosso espírito vai ver cada cor que nem imaginamos enxergar, que o espirito tem um visão muito apurado 13. E quero ouvir o barulho que o mundo faz...
É o espírito também tem ouvidos?
Claro 13, nós entendemos o que os outros falam dos sonhos, é porque os espíritos nos escutam! Deve ser um ruído muito bonito, aquele som que você deve procurar de onde vem e ficar encantado com a distância. 

Quando eu me desligar do corpo eu vou passar um bocado de tempo na terra, para mim me orientar e depois vou para a lua, aí vou ficar de lar para a terra...

E se tu for todo queimado, pelas tuas maldades? Lembre se a criança que coloca a boca no peito, colocar a pontinha do dedo, já é queimada. E tu já mamou muito e fez outras coisas. Pára com isso 13.
Só avisei.
Depois vou descobrir outros lugares e sigo descobrindo a minha casa sem fim.
E tu vai levar quem com tu 66?
Nós não levamos ninguém.

Os outros espíritos entram nos nossos caminhos e saem quando cumprirem a sua sina.

domingo, 18 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (IV)

13 e 99 (IV)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


66, e como foi feito o mundo?
O mundo era todo escuro, da cor de tirna de fogão a lenha, mas bem mais escuro ainda.
Aí, nessa escuridão, começaram a criarem-se uns fiozinhos bem fininhos mesmo.
Então, esses fios começaram a pensar, porque um começou a bater no outro, oi, oi. 
Aí, nessas batidas, começaram a pensar, só que nem eles sabiam o que estavam pensado.
Só que eles estavam pensado, porque um batia no outro.
Um dia esses fios de tanto pensaram explodiram e pegou fogo no mundo inteiro.
Aí, daí as cinzas formaram pedras e as pedras foram-se desgastando e formaram a terra e os outros cantos do mundo, que o mundo não tem nem início e nem fim.
E a vida, 66?
Calma 13, que eu vou falar.
Aí, se formou tudo: a lua, o sol, que é uma tocha de fogo tão grande que nós não temos noção do tamanho. Nós só temos noção abaixo da nossa altura e o pensamento é que sabe do resto.
Aí, 13 tudo estava pronto.
O pensamento continuava vivo...
E não morreu na explosão?
Nada disso, o pensamento não morre, cada vez cresce mais e o melhor de tudo é que eles começaram a enxergar, por causa do sol e das estrelas que se formaram.
Aí uns pensamentos se transformaram em árvores e outros se transformaram em bichos e nós somos parte de um pensamento desses.
Mas não sabemos onde vamos parar.

domingo, 11 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (III)

13 e 99 (III)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pois é 13, o pensamento é uma tochinha de fogo bem pequeninha que vê tudo e constrói tudo.
O nosso pensamento anda na nossa frente 13. 
Às vezes a pessoa está dormindo, aí acorda com aquele sopapo. É o espírito nosso que está bem longe, bem longe mesmo e precisa de voltar às pressas, por isso que dar aquele sopapo.
É verdade 66, eu já tive isso. Dá um medo daqueles.
Era o teu espirito que estava em risco e teve que voltar às presas.
E digo mais: tu não te podes aproximar muito da luz das estrelas, não. O espirito pode desaparecer dentro das estrelas.
As estrelas devem ser as cadeias dos espíritos ruins, 66.
É verdade 13. Ou pode ser a cama dos espíritos.
66, no outro mundo é um mistério tão grande que os espíritos esquecem que viveram na terra.
Deve ser bom demais 13, para eles não quererem voltar!
Pois é 66, mais tem um porém. Todo o mal que fizemos aqui, vai ser descontado la. Dizem que se uma criança veio à terra e mamou um vez e morreu, ela vai ter a pontinha do dedo queimada, e segue as suas andanças pelo o outro mundo, imagina nós adultos, 13!
Mas o pecado maior é magoarmos as outras pessoas. A igreja inventou todo tipo de pecado e continua a pecar 66.
13, nós também vamos ganhar uma tocha de fogo para ser a nossa companhia no outro mundo, porque lá tem trevas tão tão grandes, que ninguém sabe quantos anos vamos viver dentro dela. Quanto mais honesto você for aqui na terra, maior vai ser a tocha de fogo.
Nós vamos conhecer pessoas que vão querer a nossa tocha de fogo, mas nós não vamos poder dar, porque as tentações vão querer-nos ver desesperados. Assim como aqui na terra, tem a maldade no outro mundo. "Mundo" não, no outro plano, porque a vida é a mesma, só muda que não vamos ter o corpo.

domingo, 4 de agosto de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (II)

13 e 99 (II)

(Janiel Martins, RN/Brasil)

13, tu sabes porque as pessoas não sonham noutros planeta?
Não, 66!´
É porque, se as pessoas sonhassem noutros planetas, elas não sabiam voltar para casa, porque é muito longe. Nós não temos a noção de tamanho, só imaginamos, mas quando morrermos, o universo vai ser a nossa casa.
Como assim, 66?
13, o nosso pensamento é um tochinha de fogo, bem bem miudinha, mas bem miudinha mesmo, que nem os olhos conseguem ver. 
Quando nós morrermos essa tochinha de fogo se desliga do nosso corpo e vai embora para onde nós sonhamos ir. E lá já está tudo o que desejamos. Quando nós dormimos estamos lá contruindo a nossa casa. Claro que, às vezes, estamos passeando também.
É verdade 66?
É sim 13. 
Tu precisas de olhos para ver?
Preciso, 66.
Mas 13 e tu sonha como?
Dormindo.
E estás como, 13?
Deitado.
Mas com os olhos como?
Fechados.
E tu precisaste dos olhos para ver?
Não, 66.

domingo, 28 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 13 e 99 (I)

13 e 99 (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Bom dia 99.
Bom dia 13.
Sabias que tu estás de cabeça para baixo, 99?
Não, 13. Não sabia.
Pois estás. Na verdade és 66.
É bom saber. Só assim volto para casa, pois estou ardente, perdido.

Ir é muito fácil, o caminho que arde é o da volta.
E tu treze, estás bem?
Estou sim, apesar de me julgarem com azarado.
Mais não tenho nada disto. Pelo menos sou eu mesmo.
Às vezes penso que pessoas andam muito a frente.
É verdade. Mas será que andam, mesmo?
Pois é 66, os sentimentos andam muito à nossa frente.
Por isso é que há muita gente perdida no mundo.
É da ambição ...

domingo, 21 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - GRAMA DO SERTÃO


GRAMA DO SERTÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Seu Severino, o que aconteceu no dia de ontem?
Eu, como de costume, fui até o bar de seu Geraldo tomar uma, que eu gosto, para tirar o amargo da vida. Quando acordei já estava aqui.
Quer dizer que o senhor não lembra do restante da história?
Não. Lembro não.
A sua jumenta comeu toda a grama da praçinha da Tapuia.
Quem manda plantar capim em praça pública? Nem um mato verde tem cá na terra!
Não tiro sua razão. 
Mas o povo é que chamou, comentando que a sua jumenta estragou o património público.
Estou lascado... a minha jumenta me colocou numa emboscada.

domingo, 14 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - RASGUEI


RASGUEI
(Janiel Martins, RN/Brasil)


Fui lançado em uma linha reta.

Rasguei a minha alma.

Se não me olhar, não me costurarei.

domingo, 7 de julho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - SENÃO ACORDAIS


SENÃO ACORDAIS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Estou com medo.

...

Estou com saudades.

Saudades do vento da serra e da paz.

Saudades do cheiro de casa.

Tantas saudades do cheiro da casa.

...

Algumas tempestades me afligem. 

Gosto do medo. Faz-me pensar mais e leva-me a procurar casa. 

Admiro as casas das pessoas.

Fumarolo, tu tens casa?

Eu lá quero saber, disto (?).

Fixe, como tu sois bravo.

Continua, senão acordais.

...

Cada uma tem um cheiro, uma identificação.

 Uauuu.