Texto (autoria: Paulo Passos) publicado em:
https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2021/04/o-papelaco-da-sala-e-da-sala-de-aula.html
"O massacre
(amordaçado) da infância começa na família e é continuado na escola, de forma
dedicada, protegida legislativamente, irreversível e infalível.
...ainda que e na
presença de...
Tantos talentos sem
quaisquer escolarização/formação/academismo formais.
...e... em
demonstração...
Raros talentos (em
proporção aos milhões de alunos/formandos) com tanta (e mais alguma)
escolarização/formação/academismo oficiais...!
Em talentos autodidactas... e noutros didactizados (fartazana) desprovidos de tal.
"(...) na educação da juventude (...) as escolas são consideradas como os espantalhos das crianças, ou as câmaras de tortura das inteligências (...)". Pág. 157, Coménio (1592-1670), "Didáctica Magna", 3ª Edição, Fundação Gulbenkian, Lisboa.
Entre os
escolarizados fazedores de coisas (categoria Épsilon em "Admirável Mundo
Novo" - Aldous Huxley) e os debitantes de meros determinismos opinativos
(enxurrando serviços, agravadamente, quando estes são públicos), está o produto
do "trabalho", este vandalizado mas vangloriado e glorificado pelas
conveniências da incompetência e da corrupção ética e estética (no mínimo).
...contudo... e em
pecado, legislativamente, mortal...
Insiste-se na escola
enquanto modelo sequencial à família, num violento processo de domesticação da
infância, onde os sorrisos se materializam na palidez da incompletude e da
delinquência aprovada, da acrítica e a-noção, de um patético benfeitorismo
patriótico e da plenitude da irresponsbilização.
"(...) perto de ti é difícil pensar, Zé Ninguém.
É apenas possível pensar acerca de ti, nunca contigo. Porque tu sufocas
qualquer pensamento original. Tal como uma mãe, tu dizes às crianças que
exploram o mundo: isso não é próprio para crianças. Como um
professor de biologia, dizes: isso não é coisa para bons alunos. O
quê, duvidar da teoria dos germes no ar?. Como um professor primário,
dizes: as crianças são para ser vistas, e não para se ouvirem. Como
uma mulher casada, dizes: hã! a investigação! eu e a tua investigação!
Porque é que não vais para um escritório, como toda a gente, ganhar
decentemente a tua vida? (*)
"(...) ris-te do
Zé Ninguém, sem entender que é de ti que te ris, tal como milhões de outros Zés
Ninguéns(...)" (*)
(*) Wilhelm Reich,
"Escuta, Zé Ninguém".
BY THE WAY...
Lá pelo século XIX,
os franceses invadiram Portugal, por 3 vezes. Na escola pública portuguesa há
um capítulo da História, debitado aos alunos, que se chama Invasões Francesas.
Há um outro capítulo
da História, na mesma escola pública portuguesa, igualmente debitado aos
alunos, em que os portugueses invadiram o Brasil (e demais) e que se
chama Descobrimentos.
O mesmo guião, o
mesmo acto... um é Invasão e outro é Descobrimento... (conforme o jeitinho).
The best of tugas...!"