domingo, 30 de outubro de 2016

COZIDO DE LEGUMES COM PEIXE


Ingredientes:
(As quantidades são as necessárias em cada cozinha)



- Peixe
- Cenoura
- Nabo



- Beringela
- Chu-chu
- Couve-flor
- Pão



- Ovos
- Alho
- Azeite
- Vinagre
- Sal
- Pimenta


- Salsa
- Rosmaninho (um pequeno galho)
- Oliveira (um pequeno galho)

Modo de preparação:



Num tacho com água e sal, misture rama de oliveira e os legumes 
cortados aos pedaços, ao que adicionará, pouco depois, os ovos.
Primeiramente o nabo e a cenoura e, quando quase cozidos, 
misture a beringela, o chu-chu e a couve-flor.
Desligue o lume e escorra a água.



Num outro tacho, com sal e apenas o fundo coberto com água, 
aromatize com o rosmaninho e coloque o peixe por cima.
Cubra o tacho com a tampa e deixe cozinhar apenas o suficiente
 para que o peixe coza levemente.



Retire-o do tacho e coloque-o numa travessa com os legumes.
Adicione os ovos cozidos (opcional) e tempere com 
um fio de azeite, vinagre, pimenta acabada de moer e salsa picada.



Não descarte a fruta ... foram as uvas ... as eleitas nesta refeição.



Um sereno e feliz Domingo ... nas companhias do seu agrado.

Fonte das imagens: Janiel Martins




quinta-feira, 27 de outubro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - PAULO (CORREIA; MARIANO; PASSOS)

Título: Sperme avec le Sperme.

Indiscutivelmente ... um texto para ser tatuado ...

Notáveis Senhores:


Paulo Correia





















Paulo Mariano


Paulo Passos























             3 Paulos ... 

3 Psicólogos ... 

3 Portugueses ...

             Indissociável honra e ilimitado orgulho em vos ter.
Admiração, indubitavelmente, orgástica, com o vosso ser de Homens, 
Homens que fazem e escrevem saber.


Janiel Martins

          ###########################
Moléstias de um Carácter Enfermo

Um novo artigo escrito em Julho de 2016 e publicado em Setembro de 2016, 
no Portal dos Psicólogos:
http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?molestias-de-um-caracter-enfermo&codigo=AOP0401


Isto sim ... é boa fruta ... nem verde nem podre ...!!!


MOLÉSTIAS DE UM CARÁCTER ENFERMO
(Paulo Correia; Paulo Mariano; Paulo Passos)

            Os tiranos, os ditadores, os manipuladores, os abusadores de direitos e de outrem, são os eternos medrosos, escudando-se noutros em protecção e companhia, fugindo da solidão e abandono, que tão bem conhecem.
Não precisam desse escudo, quando assumem louros, mesmo que não sejam os devidos contemplados.
Têm, contudo, o problema de não saberem Ser.
            Temem a liberdade e dão-se muito mal com a equidade e a justiça, sobretudo quando ela é justa e os contemplados com o prémio não são eles.



Em simultâneo, são incapazes de sobreviver sem se esmurrarem (negando os filhos, se necessário!) na tão desejada ascensão ao palco.
Desconhecem que nunca brilharam, brilham ou brilharão.
Não sabem que são baços, opacos, que estão manchados pelo desamparo e ameaça das trevas.
Ávidos (e ávidas … está de se ver!) de protagonismo, ainda que jamais merecedores, ou mesmo que nada tenham contribuído para tal, roubam feitos e inventam outros tantos, tão só para que a sua exibição seja louvada e glorificada em público e, caso este não exista, paga-se, ameaça-se, impõe-se e mendiga-se para que exista o tão precioso reconhecimento.



            Eles (e elas) são os perpétuos abandonados, deitando-se diariamente com os próprios medos e com os de novos abandonos.
Tremem de cima a baixo perante a honra e a sanidade de um carácter.
            Tremem e temem porque nunca sentiram o amor.
São os desamados, os descurados da felicidade, os escorraçados do direito dos prazeres.
Deitam-se e levantam-se no seio do espinhoso desprazer, do pérfido desconsolo.
Nem mais conseguem desejar ou fantasiar, senão mal, vingança, ódio, massa de que são feitos.
Sorriem como vomitam.
Debitam doença por todos os poros, como manda a mansidão do medo.



            A denúncia é sempre implacável e eles próprios se amordaçam no único sentimento que vivem – o MEDO, o infinito e estrangulador medo.
            Jamais conseguem olhar, tranquilamente, de frente.
Jazem ancorados nas paranóias.
            Jamais se afastam da sua segurança e confiança na cobardia.
São os mais puros exemplares do disfarce e dos efeitos da rejeição.
Liberdade, igualdade e justiça desconhecem o medo.
Os enfermos de carácter estão impregnados dele.
Assustam-se, até, com a própria sombra, sempre alerta.



Se o navio ameaça afundar, são os primeiros a rasparem-se. Antes dos filhos.
Contudo, travestem-se de grandiosidades, honras e orgulhos, intentando salvaguardar uma integridade cheia de moléstias, que não pára de sangrar medo e desesperança, sem vislumbre de forma de purga.
Temem a igualdade por temerem a verdade.
Abaixo deles só estão restos deles, cacos, fragmentos e a morte em material psicológico decomposto.
São os filhos da mentira, do impulso, do primário, da ambivalência e incongruência.
São os filhos do sítio onde nada tem sentido lógico, abstracto, continuado e universal.
São filhos do sítio onde as premissas e valores são o egoísmo, o capricho, o egocentrismo e o primarismo do princípio do prazer próprio e imediato.



Vivem na idealização e glorificação da própria supérflua e falsa grandiosidade, que quando se desmorona, despeja-se dolorosamente nas rugas do desamparo, já tão familiarizado.
São uns pujantes e poderosos candidatos ao Nobel do disparate, se este existisse.
São fugidios, reptícios e viventes de pérfidos esconderijos.
Os subterfúgios a que recorrem nunca são os transparentes e fiéis comparsas da honestidade.
Nunca estão de igual.
A menoridade e a rastejante subalternidade, impregnada em cada fragmento desses sofridos sobreviventes seres, não dá tréguas.



Como náufrago em si, exige que essa inferioridade seja compensada e enfeitada com manifestos de exaltação de ego, auto-injectando as caracterizações e competências que apenas eles próprios conseguem identificar, no ridículo das circunstâncias.
Alheios a qualquer tipo de auto-crítica estão sujeitos aos mais miseráveis e patéticos conceitos por eles próprios construídos.
Usam e gostam da mentira e da ameaça, para se sentirem protegidos, enquanto sobreviventes incompletos, oriundos da incerteza, da falência, da insegurança, da susceptível corrupção e do suborno.
Gostam do poder, para alimentar a própria mentira e para camuflarem as próprias dores e agonias da inserenidade.



Alerta constante dos delírios, perigos sentidos e percepcionados, que de qualquer lugar se podem evidenciar. Da sua interioridade, em primeiro lugar e, depois, da extrapolação defensiva dessa doente interioridade, para a exterioridade.
Está, nesses enfermos, ainda, a limitação de perceberem como constroem o que os circunda.
Vêm as suas tatuadas dores e os próprios persecutórios fantasmas ao seu redor e conspurcam todos os ambientes em que se infiltram.



Infiltram-se, desonrosamente, quais ratazanas infestadas de males, em quaisquer meandros que lhes promovam sentirem algum valor dentro do seu eterno desvalor e desvalia.
Gostam da sua imposição e do desrespeito, porque o conhecem desde o nascimento.
São verdadeiros cúmplices da massacrante angústia de separação, da inaceitação, da negligência e da desintegração.
São vítimas do desconforto invariável.
São uns Não-São.


Cresceram e desenvolveram-se na interioridade do abandono, na interioridade de um útero psicológico punitivo, castrador, vadio, frio, alheado e ferrado em dor.
Estão incompletos, inacabados, enfermos que acartam a própria moléstia do nascimento ao caixão.
São os eternos incompetentes, inoperantes, mascarados, contudo sempre ávidos e aspiradores de presença e poder.
Intoleram qualquer frustração, quais criancinhas caprichosas e mal vividas.
Vivem na sombra do medo, escudados por uma importância que só eles a identificam.


A companhia da viagem onírica, dos sujeitos enfermos de carácter, é o terror, o susto, o pesadelo, o suor untoso e gélido.
Sempre em alerta, com moletas (cães de capanga) e sem tréguas.
Fedem a medo por todos os poros, demonstrado pelos sorrisos tensos de incerteza e insegurança, bem como pelo ferro da rejeição.
Vivem a repetição do abandono, da invinculação, ou vivem pelas tóxicas certezas que engendram, obediente e rigidamente, para sobreviver à panóplia de mansidão a que estão sujeitos, pelos seus acumulados rancores, já transformados em amargas certezas que conferem a corrosiva “ordem natural das suas coisas”.



São sociopatias, psicopatias, tiranias e manipulações … são enfermos do carácter, escudados na doença social, na doença, no medo que não desgruda e na vingança traiçoeira.
Usufruem do poder da circunstância e do poder do logro.
Sempre ávidos e disponíveis para um qualquer comando, para remediar e remendar os fundos lanhos que exibem nos seus não elegíveis esqueletos psicológicos.
Têm fim curto.
Só que se clonam, quais ninhadas de fungos.
Sai um entra outro.



A digníssima vontade, que de todo desconhecem, está para além das pulsões básicas do mal e da sociopatia, esta movida pela inferioridade enraizada no âmago da sua atroz sobrevivência.
Morrem pelos próprios meios, em cega e imponderada obediência com que debitam os seus sintomas em formato de rancores e incompetência.
Nunca está, ao alcance destes enfermos, o poder comunitário, de grupo, centrado no fundamento dos postulados da igualdade e honestidade do sufrágio.
Serem os eternos ilegíveis, está na base do entendimento da análise do substrato formal e de conteúdo dos registos intrapsíquicos dos infectados no carácter.



É a falsidade, a mentira e o jeitinho circunstancial que lhes corre e corrói.
Os pré-conceitos e os conceitos duram, para estes manhosos enfermos, o tempo das suas próprias conveniências.
São mutantes, consoante os ares … vivem na deriva, sem porto, sem razão.
Ostentam serem e parecerem um muro blindado de rigor e razão, mas que foi construído pelo medo, por maus ventos, maus vínculos, maus pais, más mães, descoloridas matrizes de aleitamento … em todos os seus fragmentos … persecutório, intoxicado, abandónico e abandonado.
Foram escarrados, não foram paridos.
Mas são epidemia.

Julho de 2016, Braga / Portugal

Título: Retrato de Família.

3 Homens, 3 ambientes mentais, 
1 precioso texto ... feito 1 unidade familiar de crédito.

 Veredicto em texto a saborear ... como a fruta ... no ponto.
Sustentando a alma. 

GREAT ... GREAT FAMILY ...!!!


domingo, 23 de outubro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - (CON)TEXTOS E COMPANHIAS


Herberto Helder, 1930 - 2015, Portugal. Fonte da imagem: internet.

"O prestígio é uma armadilha dos nossos semelhantes. Um artista consciente saberá que o êxito é prejuízo. Deve-se estar disponível para decepcionar os que confiaram em nós. Decepcionar é garantir o movimento. A confiança dos outros diz-lhes respeito. A nós mesmos diz respeito outra espécie de confiança. A de que somos insubstituíveis na nossa aventura e de que ninguém a fará por nós. De que ela se fará à margem da confiança alheia."

Herberto Helder



Torquato Neto, 1944 - 1972, PI / Brasil. Fonte da imagem: internet.

 LET´S PLAY THAT
(Torquato Neto, PI / Brasil)

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let´s play that



Paulo Passos, Portugal.

"(...) Era a portugalite, era a infecção do país, travestida de lantejoulas abandonadas pelo brilho.
O queixume justificava a existência quando esta não existe! Era o queixume no seu formato de alimento. De tóxico alimento! Era o leite materno fora de prazo. Era a paralisação chorosa e sentida da fome, satisfeita por lágrimas. Era o sorriso da pequenez. Era o elogio da permissiva dor nacional (...)."

Excerto de : "Psicologia e Putrefacção Social"
Paulo Passos
(Portal dos Psicólogos
http://www.psicologia.pt/artigos/ver_opiniao.php?psicologia-e-putrefaccao-social&codigo=AOP0399&area= )




Fonte da imagem: internet.




Gilberto Freyre, 1900 - 1987, PE / Brasil. Fonte da imagem: internet.

"(...) Os moleques só não. Já sabemos que também no colégio ele foi por vezes tão insultado por meninos da sua classe, com os gritos de Sinhazinha, que a sua firmeza de ânimo não resistiu a tais grosserias, e chorou; revoltou-se até contra a mãe. No íntimo talvez tenha querido deixar de parecer filho de Dona Sinhá.
Mas era impossível. Filho de Dona Sinhá ele se tornara para a vida toda. Filho meio filha. Terno como de ordinário só as filhas são - ou se mostram - com as mães (...)."

Excerto de: "Dona Sinhá e o Filho Padre"
Gilberto Freyre

Desvendando sobre: "...terno como de ordinário só as filhas são - ou se mostram - com as mães..." Porque será??? Digo, pensando ... na muche ...!!! 



Al Berto, 1948 - 1997, Portugal. Fonte da imagem: internet.

TRUQUE DO MEU AMIGO DA RUA
(Al Berto, Portugal)

ao acaso encontrei-te encostado a uma esquina
olhar vazio varrendo a multidão, parei
sorri e tu vieste, fomos andando
os ombros tocavam-se, em direcção a casa
pediste-me para tomar um duche, eu deitei-me
ouvi o barulho da água resvalando pelo teu corpo


sujo da cidade e de engates
sujo pelos dias e noites e mais dias que não tive
esperei-te deitado, outro cigarro e ainda espero
gosto dos corpos que riem, frescos
rasgam-se à ternura nocturna dos dedos, e ao desejo
húmido da boca, que sempre percorre e descobre

tacteio-te de alto a baixo
reconhecendo-te num gemido que também me pertence, no escuro
contaste-me uma improvável aventura de tarzan, ouvia-te
e no silêncio do quarto fulguravam aves que só eu via
sorri ao enumerar os restos que a manhã encontraria pelo chão
manchas de esperma, ténis esburacados, calças sujíssimas,


blusão cheio de autocolantes,
peúgas encortiçadas pelo suor
as cuecas rotas, sujas de merda
e tuas mãos, recordo-me
sobretudo de tuas mãos imensas sobre o peito
teu corpo nu, à beira da cama, no sossegado sono.



João Ubaldo Ribeiro, BA / Brasil. Fonte da imagem: internet.

"(...) No arraial junto à fazenda da ilha, segundo até meu avô contava, havia uma imagem de São Gonçalo com um falo de madeira descomunal, maior que o próprio corpo dele.
O corpo era de barro, mas o falo era de madeira de lei e fixado pela base num eixo, de maneira que, quando se puxava uma cordinha por trás, ele subia e ficava ali em riste. Eu nunca vi, mas as negras velhas da fazenda garantiam que antigamente, todo ano, faziam uma procissão com essa imagem de São Gonçalo e as mulheres disputavam quem ia repintar o falo, era sucesso garantido no mundo das artes, para não falar que a felizarda ficaria muito bem assistida nos seguintes 364 dias (...)"

Excerto de: "A Casa dos Budas Ditosos"
João Ubaldo Ribeiro




Frederico Lourenço, Portugal. Fonte da imagem: internet.

A DIRECTORA DE MUSEU

(Frederico Lourenço, Portugal)


"A directora de museu é uma mulher muito menos culta do que parece, que passa a maior parte do tempo no cabeleireiro. Tirou História de Arte e anda sempre chiquíssima, mas, à semelhança da professora de francês que nunca ouviu falar de Stendhal, fica perplexa quando lhe falam de Pillement.
Escreve, como todos os museólogos em Portugal, em estilo pobre e pedestre e gosta de se referir às salas do museu como "espaço cénico, sei lá". No discurso oral, surpreende que a palavra "arte" surja sempre na sequência das palavras "moda" e "decoração". Aliás, qualquer pessoa percebe, falando com ela cinco minutos, que devia ter ido para decoradora. Mas não sejamos injustos, nem lhe neguemos a Arte por completo. O penteado, globoso e orbicular, é um triunfo artístico digno de ... Pillement."
Em: "Caracteres"
Frederico Lourenço

  

   
Janiel Martins, RN / Brasil