domingo, 5 de abril de 2020

CAFÉ COM LETRAS - FÔLEGO



FÔLEGO
(Janiel Martins, RN/Brasil)

O tempo explodiu de emoção
A criança tenta descobrir o mundo
Na verdade o mundo é muito grande

O adulto já perdeu a ilusão
A estrela é só a distância
Piso na terra com o sentimento de sujeira

Sujo
Sujo estou

Tenho medo da morte
A imbutir no sentimento 
Chamado desgosto

Quando faltar o fôlego
Vai ser uma dor só
A corrente elétrica
Vai ser modificada

Não é queimada não, José?
Deixe de falar doidiças, mulher
Vamos ser lançados
Como um foguete 

Se tu pensas assim
Tu vais ser lançada no sol
E não vais ter o direito de conhecer o céu

Espero que algum sentimento fuja do meu corpo

Se eu não conhecer cada canto do céu
Vou ficar muito triste



Edição: Paulo Passos 














domingo, 29 de março de 2020

COENTRADA DE PÉ DE PORCO


Ingredientes:

- Pés de porco
- Coentros
- Alho
- Louro
- Azeite
- Sal
- Malagueta

Modo de preparação:



Coza, na panela de pressão, os pés de porco, previamente bem lavados, juntamente
com alho esmurrado, malagueta, louro e sal.
Descarte o caldo e corte os pés em pedaços grosseiros.

Coloque-os num tacho com um generoso fio de azeite e um bom molho de coentros.
Leve a  cozinhar, envolvendo suavemente.
Retifique temperos.
Deixe repousar e polvilhe com mais uma quantidade de coentros picados.


Acompanhe com feijoca e couves... assim preparadas:
A um refogado de cebola e alho, ao que se misturou pimento e cenouras 
cortadas miudinhas, juntou-se feijoca (lata) e as couves.
Temperado com sal, malagueta, polpa de tomate e colorau, 
foi envolvido suavemente até que os sabores se conjugassem.



Vá vitaminando a refeição com alguns morangos.... 

... sem esquecer um vinho da sua eleição.



Janiel Martins


domingo, 22 de março de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O CANTO DO HOMEM


O CANTO DO HOMEM
(Janiel Martins, RN/Brasil)

é um cantinho de parede, mulher
é nada
é o canto da distância

a distância é o vazio
que o homem
 chama de solidão

é nesta solidão
que o homem está

vivem-se as loucuras
que o homem
diz serem vontades

vontades são loucuras

Tristeza é o vazio
Foi da tristeza que nasceu gente
acho que não
o vazio sempre existiu

de tão frio
explodiu

nasceram as cinzas
as rochas
a matéria


Edição: Paulo Passos




domingo, 15 de março de 2020

RATATOUILLE COM FRANGO


Ingredientes:

- Frango
- Courgette
- Pimento
- Cebola
- Alho francês
- Tomate
- Polpa de tomate
- Sumo de limão
- Pimenta
- Louro
- Hortelã
- Óregãos
- Azeite
- Sal



Modo de preparação:

(As quantidades são à vontade, gosto e possibilidade do freguês)

Corte todos os legumes em pedaços pequenos e cozinhe-os num fio de azeite.
Tempere de pimenta e sal.
Envolva e adicione a polpa de tomate e as ervas aromáticas.
Misture o sumo de limão.

Num outro tacho escalde o frango, previamente cortado em pedaços, 
sem adicionar quaisquer condimentos.
Descarte o caldo.

Refogue, levemente, o frango em cebola e alho francês, com sal.

Sobre o frango, junte os legumes e envolva.
Deixe que se misturem os aromas e sabores.
Confira temperos.


Aconchegantemente... acompanhe com um bom vinho, 
pão e... assim mesmo... o que lhe der na gana.

Janiel Martins

domingo, 8 de março de 2020

CAFÉ COM LETRAS - BALÃO DE AR


BALÃO DE AR
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Como faço
Para alcançar as três Marias
Esta é uma pergunta
Sem dó e sem piedade
Que faço

Como faço
Para encontrar o caminho
Mais perto
Tendo em conta
Que terei mais umas miseraveis
Décadas de vida

Aos magos do tempo
Peço que voltem
E em cortesia
Magiquem mais umas décadas
De vida

Três é o meu ponto perdido
Lua é a minha loucura avistada
Ao Rosário que também
Quero conhecer
É o pecado decepcionado
Da falta do viver mais um pouco


Edição: Paulo Passos


domingo, 1 de março de 2020

CAFÉ COM LETRAS - MAL AMAMENTADOS


MAL AMAMENTADOS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

existe algo mais miserável que eu
é o amor

o amor é o sentimento que nasce do desamparo
o sexo é o medo da morte
transborda da ansiedade do tesão

é o desgosto

descontruímos a nós
e nos construímos em outro

o amor
ficou para os mal amamentados



Edição: Paulo Passos 


domingo, 23 de fevereiro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - MATACÃO



MATACÃO
(Janiel Martins, RN/Brasil)


Depois de parida

Quando largar a cria
E quando a cria deve ser solta

Pais doentes
Crias preguiças

O que é cuidar?
Não é ensinar
É deixar aprender
A cria

Porque se mente às crias?
O que isto interfere no mundo?
Que se pense

A expulsão das crias
Deveria ser uma disciplina dos reprodutores

Os animais as cumprem




Edição: Paulo Passos




domingo, 16 de fevereiro de 2020

SUSTENTO DA ALMA - UNIDADES DE PSICOLOGIA CLÍNICA: MERITOCRACIA INSTITUCIONAL



UNIDADES DE PSICOLOGIA CLÍNICA 


E CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS: 

MERITOCRACIA INSTITUCIONAL

Paulo Passos
Psicólogo Clínico

2020, Braga / Portugal


ACES – Agrupamentos de Centros de Saúde
CSP – Cuidados de Saúde Primários
CTSS – Carreira Técnica Superior de Saúde
NPC – Núcleos de Psicologia Clínica
SNS – Serviço Nacional de Saúde
           
Texto materializado em prol da Psicologia Institucional, no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, na contrariedade à tendência da manutenção de práticas incautas e de oportunismo narcísico-galhista, num império onde as opiniões enraizadas no mediocrismo se fazem ouvir e prevalecer.
Texto, igualmente surgido, face à necessidade de combate aos idiossincráticos e incoerentes pressupostos, provenientes da domesticidade caracterizadora da operatividade tão em voga e tão conveniente a pensamentos, desajustadamente, desactualizáveis e em vassalagem à superficialidade e caseirismo, numa pálida e infrutífera composição organizativa e funcional.
O presente artigo é também fruto da justa e necessária repreensão aos pensamentos que se impõem, nas coisas de heranças sentidas (impune e impuramente), em postulados de historiografias (ou curricula) narradas e jamais vividas, deteriorando a objectividade da coisa. Esta (coisa), factualizada ferramenta de utilidade e conveniência (colectiva), num contributo à sã, ecológica e psicológica evolução (enquanto cenário de determinismos copuladores de facilitação de gestações/gerações futuras, com segura garantia genética e, sobretudo, de carácter, no quadro dos reflexos institucionais).
Entre Ética ((psico)ética!?!), Deontologia, Epistemologia (da Psicologia e demais…), Legislação, Justo Direito… e afins conceptualizações onde a Lógica e o Bom-Senso devem imperar, navegam as intenções desta narrativa, canalizadas na denúncia, divulgação e extermínio das cruéis e luciferianas forças que cooperam com (em constante reprodução e conforme adesão acefalocrata) as almas discursadoras de insuficiência e incompletude (invariavelmente dependentes das abandónicas, paralisantes e inconsistentes relações entre as pertenças e as referências ou entre as aspirações e as competências), lanhando e sangrando o prestígio e o mérito do colectivo institucional.
Estão, assim inclusos neste texto, genuínos, claros e evidentes esforços dos benefícios da substituição dos existentes (e perdidamente avulso) NPC nos ACES (Centros de Saúde agrupados) por Unidades Funcionais de Psicologia Clínica (autonomamente como qualquer outra Unidade Funcional nos ACES), e numa roupagem (proposta) que habita a justiça e a coerência operativas e organizativas, comparativamente com os demais (organizados autonomicamente) serviços (em sentido lato) de Psicologia de outras Instituições do SNS, que não os ACES.
Criados legislativamente (despacho nº 11347/2017, DR nº 247/2017, série II de 27/12/2017), os NPC dos ACES, comparativamente com os Serviços/Unidades de Psicologia Clínica das demais instituições do SNS, operam num injusto deficit de autonomia (da ordem dos 50%), considerando o estipulado no ponto 4, do artº 2 do Decreto-Lei 241/94 de 22/Setembro.
Verifica-se que, no concernente às funções de coordenação (Gestão; Técnica; Científica; Formativa) estipuladas no diploma acima mencionado, aos NPC não estão acessíveis metade das competências em autonomia de coordenação (a saber: Gestão; Formação), causando um diferencial de 50% de deficit de competências e de autonomia, comparativamente com outros organismos do SNS.
De salientar, relativamente ao deficit de competências e decisões dos NPC, as valências inclusas na Gestão: Avaliação de desempenho de psicólogos; Horários; Férias; Afectação de psicólogos em equipas/projectos; Assiduidade; Ausências…, e na da Formação sublinha-se: Selecção e aprovação de psicólogos em actos formativos.
Crê-se que a força da lei, em justiça, não possa prever tamanha discriminação existente entre trabalhadores da mesma profissão, da mesma carreira contributiva (CTSS), do mesmo ramo profissional (Psicologia Clínica), do mesmo Ministério (Saúde), cujas funções são tão indiferenciadas intra-profissão.
Por tal, alvitra-se considerar a interpretação (doméstica, arbitrária e conveniente) como causa de tal discriminação, assim como uma conjugação de diplomas que colidem em determinados princípios regulamentadores, promovendo as opiniões/interpretações, que não deveriam coexistir com contextos de natureza da Administração Pública.
A inexistência de cumprimento do ratio de psicólogos nos ACES, comparativa e contrariamente à existência de cumprimento do ratio de médicos de família (conhecendo-se, assim, a razão aritmética em rigor e lacunas inerentes), contribui para a impossibilidade de se conhecer o preciso número de psicólogos em falta nos ACES, e mantem a aleatória organização, prisioneira das cruéis opiniões (ausência de apriorismo) de estranhos à profissão.
Com o exacto e claro apuramento da quantificação de psicólogos em falta nos CSP/ACES, ganhar-se-ia o código postal para a criação de Unidades Funcionais de Psicologia Clínica, em detrimento dos actuais e enfermos (de autonomia) NPC, ingloriamente abafados e em discriminação face à autonomia da Psicologia nos Hospitais e Unidades Locais de Saúde, protegida legislativamente.
Enquanto os desígnios da Psicologia (nos ACES) se mantiverem incrustados nas benfeitorias do mediocrismo, nas incompletudes, na desigualdade (para com semelhantes de outros organismos do SNS) e na desordem do caseirismo arbitrário… o mérito institucional bandeirar-se-á pela insuficiência e insatisfação, num descolorido que faz perigar a qualidade da disponibilidade laboral, que aos psicólogos… a Psicologia deveria poder confiar.

https://psiacesbraga.blogspot.com/?fbclid=IwAR1YkiKYoPDhWb6cwARk6mUq75xPxWG7pNEvsD060DBXrlDrw-959C4DKQA

Mosteiro de Tibães, Braga, Portugal, em 17/2/2020 

Edição: Paulo Passos




sábado, 15 de fevereiro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - SERTÃO

SERTÃO ... THE POETRY
(Janiel Martins - RN/Brasil)

Sentindo, sabendo
e ouvindo o sentido.
Narrativas transbordantes de poesia,
narrativa pura, narrativa vida, narrativas em vísceras poéticas.

Fiel dureza.
Fiel crueza.
Quimeras submersas nos suspiros.
Afogadas nos desejos.
Real, existente, poético ...
Sertão autoritário, amarrador, 
Sertão de fuga jamais, de entranhado no que lá se pariu.
Nado em poesia, nascido das rimas, 
rimas que são vidas.

Exigência pelo poema, por que pare 
e por que vive ...
Sertão,
guardião de desígnios sem escolha.

Por ser poesia, por ser Sertão,
Sertão supremo,
Sertão soberano,
de gente sentida no silêncio do verso pronunciado.

Sertanejos Machos.
Sertanejas Fêmeas.
Glorificam pertenças.
De honra feita Gente ...
De honra feita Nação.

Tamanho domínio, imperioso Sertão ... 
Sertanejão ou Sertaneijão ...!!!


VERMELHO DA COR DO CHÃO
(Janiel Martins - RN/Brasil)

Vermelho 
dos prazeres
da pujante cor
pujância de cor do chão
do desejo que se advém espreitoso.

Na conversa que comanda o silêncio e o pulsar
livre em alma e corpo que quer
que quer e deixa
tesão que adivinha 
tesão colosso ... já antes de ser.

Ejaculo sobre o pó ... vermelho de chão
vermelho da força do prazer 
e tremo ... num tremer de macho
num tremer suado 
num tremer luado de Sertão.

Verei vermelhar a vida
no interno e eterno chão de cor
chão de Sertão
chão onde gemi e me jorrei
chão meu onde me orgasmei.


Edição: Paulo Passos

domingo, 9 de fevereiro de 2020

CAFÉ COM LETRAS - O TAMANHO DA PESTE



O TAMANHO DA PESTE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Mas espia só o tamanho da peste!

Até parece gente!

Mas não é, José?

É a maldade encruada.

Aquilo cresceu.

Só a ruindade.

Eu acho que nunca se engasgou com um pentelho.

Deste tamanho é a maldade.

Não tem corpo.

Mas tem a língua maior que o mundo.



Edição: Paulo Passos