O VALE QUE ARDE
(Janiel Martins, RN/Brasil)
Cair sobre um vale ardente
O fôlego não tem força
A gravidade domina o corpo
Porque me levaste a este caminho, Satanás?
Olhando para os quatro cantos, num quarto escurecido,
respondeu um EU, amedrontado.
“O diabo está dentro de mim, assim como Deus”.
As minhas mãos já não se levantam. Ardem os músculos, antes do meu cérebro reagir como humano. É vergonha. O meu órgão genital está sendo cada vez mais escondido...
... corro com as mãos tapando os colhões,
ouvindo aquele homem que tem nome de cachorro, ou que o cachorro tem o nome
dele, mastudo.
Venha enxergar o mundo, caralho. Conseguir.
Mas que ar gostoso é este em Braga.
Olha como se pega, o ar, com facilidade.
Táis doida?
É mais fácil se apaixonar em Portugal, do que pagar um sexto do salário em um perfume e ficar dentro de um quarto, com aquele cheiro de roupa lavada e a pele com catinga de mofo.
As pessoas não nasceram para ter.
Somos um carrapato qualquer.
A minha bexiga me deixa triste.
O meu
reto já não fecha com tanta facilidade.
Edição: Paulo Passos