domingo, 8 de janeiro de 2023

CAFÉ COM LETRAS - VERME


VERME

Janiel Martins (RN, Brasil)


Corroía sem vontade de corroer.

O tempo corroeu a matéria.

Deixe de loucura, Walesia!

Nada, Florivaldo, o tempo corroeu a matéria.

Somos vermes.

Só fico imaginando, como éramos.

Desculpa Florivaldo, fico imaginando na velhice, com a voz rouca, ainda com o peito cheio de ar.

Falar do passado.

Éramos minhoquinhas famintas e hoje estamos aqui, carregando o passado neste cérebro.

O oco na minha cabeça fervilha, como frieira querendo se sarar.

O cérebro é uma rede eléctrica que distribui estímulos para os membros superiores e inferiores.

Somos uma rede eléctrica, com postes e tudo, Walesia.

Bem-isso, Florivaldo, os órgãos inferiores são para filtrar o sangue e cuidar da respiração.

Não sei bem se é assim mesmo.

Eu gosto de ter um tempinho só para admirar o corpo humano.

Faz bem para mim.

Não sei porque as pessoas admiram pedras preciosas.

Fico a imaginar cada ser que respira neste planeta, de uma circunferência de quarenta mil kms, e fico me vendo lá longe. E tu não pensa nada, verme?

Nada, só penso em viver, a fome vem e o verme alimenta o cérebro, Walesia.

Fico imaginando os verme do cérebro se alimentando, tu sabe Florivaldo?

Nem imagino e não quero imaginar.

Não sei bem, mais deve se o sangue que o alimenta.

A comida transforma-se em fezes e deve sobrar alguma coisa. Sobra e vira sangue.

Vamos comer um frango de churrasco, Walesia?

Sim, Florivaldo, deixa eu pegar a minha bolsinha.

Já traga o lubrificante.

 

domingo, 1 de janeiro de 2023

CAFÉ COM LETRAS - FURNAS


FURNAS

ILHA DE SÃO MIGUEL

AÇORES / PORTUGAL

Bucólico


Horizontes


Naturalidade conforme


Poça da beija

Enquadramento


Aromatizações visuais


Sonhos correntes


Perfeição a cores


Congregações e diversidades


Brio


Criatividade


Objetivos


Finalidades 


Serenidade


Inspiração


Felicidade


Felicidade jorrante


Dinâmica ao natural


Segredos


Credibilidade


Termalismo


Poesia


Lazer... aquecido (39º)


Águas férreas a 39º


Fumarolas


Caminhos


Musicalidade


O cozido... inigualável e imperdível.

domingo, 18 de dezembro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - CASA DAS BORBOLETAS


CASA DAS BORBOLETAS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Voa voa barboleta

Voa no meu coração

O meu coração o namora


Voa barboleta.

Tais doida?

O que foi tróce?

Não é barboleta, é borboleta.


Sei que são lindas e delicadas.


É como viver mais uma vida.

As borboletas são seres que devem ter um pensamento tão bonito na terra.

Nascem lagarta e criam asas.

Vestiram a melhor roupa para visitar a terra, e, nós, aqui estamos cheios de medos.


É livre o ser dos animais. 

Quando as crias crescem, eles dão um "coice" de liberdade nelas, e vão namorar e fazer outro menino.


Nasci numa namorada.

Não foi de uma reza forte.

Meus irmãos ficaram para trás.

Aqui estou.

Voa voa borboleta

Tu quer coisar pra ver se nasce um minino com as barboleta?


domingo, 11 de dezembro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - EM VOLTA DO CORPO

EM VOLTA DO CORPO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


As estrelas estão longe

A lua é amante

A terra é o chão

O corpo é sabido

O juízo é uma caixa organizada e quer namorar o tempo

A sociedade é bruta para ser organizada

Os desejos são proibidos

domingo, 4 de dezembro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - O PRATO QUE O DIABO E PUTIN NÃO COMERAM

O PRATO QUE O DIABO E PUTIN NÃO COMERAM

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Desgraçados... vão comer uma coxa, pegando com as mãos, tirando os pêlos com a sensibilidade das beiças e catucando com a língua... ao invés de matarem.

Deixe de ser doida, mulher!

Doida não, a fome não é só de pão.

A fome do homem é carnal.

Quando nos camuflamos, criamos guerra, guerra connosco, com o vizinho, com o colega, com o companheiro e com a comida.

Condecoramos com uma peça de roupa, para a ida a um lugar, vendido pelos mídia.

Criminalizamos costumes e esquecemos hábitos.

Buscamos uma aparência do que não existe em nós. É o alheio e nos perdemos.


domingo, 27 de novembro de 2022

SUSTENTO DA ALMA - ESPÚRIO NO WELLNESS CENTER


Autorizado o uso deste texto divulgado, originariamente, em:

https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2022/11/espurio-no-wellness-center.html

Paulo Passos

Psicólogo Clínico

Braga / Portugal

 

“Ponta Delgada, 17.30 horas, de um dia de Novembro do ano de 2022

Após uns formidáveis momentos com amigos, onde se misturaram os prazeres dos reencontros, com alguns desejos e intentos de articulação de útil e motivante (futuro) trabalho... voltei ao hotel e, (tão) feliz com a tarde, tomei um duche e mergulhei na água, com a temperatura que me é tão de pertença (30º), na piscina interior.

De serenidade tatuada na alma e na expectativa de um final de tarde feliz... (que me levaria e elevaria o entusiamo para umas cracas, lapas e demais açóricas iguarias, ao jantar...), mal entrei na piscina, acordei (em pânico) do perfect day que trauteava mentalmente e em consonância com o Lou Reed que me fazia companhia...! 

Deparei-me com um cenário de vandalismo e toxicidade ambientais (apesar de todas as indicações estarem escarrapachadas numa visível sinalética, para informação dos mais distraídos, dos inábeis em civismo e em civilidade, ou dos puros tugas..., do que possível e inadmissível neste wellness center ou, bem se entenda, noutra coisa qualquer cujas exigências sejam similares), no local que procurei... para um confortante final de tarde e preparatório início de noite.

Wellness center... (tal como designado).

No borbulhante jacuzi, estavam 3 moçoilas, já entradotas (fim dos 20 ou início/meio dos 30 anos), com os antebraços, braços e crânios cabeludos (a sinalética obrigava o uso de toucas) de fora de água, protegendo o que, digo eu (!),  lhes era de maior valia: os 3 telemóveis que seguravam, com as 6 mãos e sem que nem um pequeno desvio de olhar fosse autorizado pela formatação.  

Talvez o erro estivesse no facto da sinalética do Wellness Center não impedir o uso de telemóveis.

Restaurando-me (tentando...!) da bizarra visão..., olha o meu olhar para um pujante e saloio som, que agudizou todo o (surpreendido) Wellness Center, e vi (ouvi e assustei-me) uma mulher, escancarando a boca e disparando a cabeça para trás, no seu orgulhoso biquini preto e dourado, numa tão sonora e despropositada gargalhada, apontando e acompanhando o motivo de tanta graça, a saber: o verdete gretado dos pés, sobre quem, especulei, ser o seu companheiro que, igualmente, se torcia em gargalhos exibindo o barulho que lhe jorrava dos cascos, num sotaque repleto de trejeito de linguagem (muito) lisboeta, que fazia exibir o burgesso, em material e em gritante mediocridade.      

... pois fiz o reparo na recepção do hotel... 

Nem voltei a ver verdete na piscina, nem vi mais telemóveis no jacuzi.

Não reparei se estavam no banho turco. Não se via muito bem.”

 

domingo, 20 de novembro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - NÃO CONFUNDA COM SOLIDÃO


NÃO CONFUNDA COM SOLIDÃO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Dentro de mim tem partes que me faz um ser humano, apesar de me achar um animal.

Não me entendo muito.

As mãos, às vezes, ficam inquietas.

Já pensei, porque não nascem uns olhos em cada mão? 

Mas não, iriam atrapalhar outras coisas.

Vamos pular para o sentimento e deixar o corpo evoluir no inconsciente.

 Deixa eu contar um segredo: Sou apaixonado pelo corpo dos animais.


 Acho a vida tão bonita.

Às vezes fico triste.

Não quero me perguntar, mas acho que é com a morte, porque quando falamos, não são coisas, são sentimentos.


A pedra mais preciosa são os olhos dos animais, apesar de já ter sido apaixonado pelas estrelas.

Ainda gosto, mas estão tão longe de casa.

O meu consciente, misturado com o inconsciente já tentaram ir lá, mas uma amigo falou que as estrelas são muito quentes.


(Vou movimentar com as pernas.

Gosto das pernas dos bois.

Aquelas duas na frente são mãos?)


Quando nos apaixonamos o tempo para de se concentrar. 

É como se diz: "nos encontramos". 

É bonito nos encontrar.

Que pena sermos coisas passageiras.

Gosto de sentir explosão no cérebro, que pena que o coração esfria, mas deve ser para não pegar fogo no corpo.

Não confunda com solidão.


domingo, 13 de novembro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - FRALDAS

FRALDAS

(Janiel Martins, RN/Brasil)


O cérebro treme

Há dias que está calmo


Os desejos não são meus

São coisas do tempo


Tensão e tesão

Fico tenso se não viver


Tensão é o desejo

Tesão é a realização

 

Desejo e medo

Tão repetitivo

 

Florbela Espanca

Às vezes quero adormecer ao teu lado


 

domingo, 6 de novembro de 2022

SUSTENTO DA ALMA - DESORGANIZADORES LABORAIS E INSTITUCIONAIS OU... INVISÍVEL DESESPERO

Autorizado o uso deste texto divulgado, originariamente, em:

https://sai-qolo-gi.blogspot.com/2021/04/desorganizadores-laborais-e.html

Paulo Passos

Psicólogo Clínico

Braga / Portugal

 

"Público ao que é público. 

Sensualidades em aflição e em manha.

O espaço laboral, enquadrado na institucionalidade, exige e exige-se num adequado e equilibrado padrão de relacionamento inter-pessoal, respeitando os determinismos que justificam a existência profissional, desempenhada por sujeitos cuja formação, desenvolvimento e maturidade da personalidade sejam factologia e num paralelo constante com os requisitos e desígnios da competência profissional. 

Contrariamente à majoração do equilíbrio entre o relacionamento e a produtividade, fomentada em determinante, tem, a institucionalidade, opositores num pacote de condutas desviantes dos intentos que parasitam e paralisam espaços laborais, fruto do domínio de idiossincrasias, de aproveitamentos indevidos, de interesses obscuros, de desconhecimento, do amadorismo ou caseirismo e da inércia/incapacidade (conveniente ou inconveniente) das estruturas de liderança. 

         Os contributos da Psicologia Organizacional e do Trabalho estão inclusos no conhecimento e fomentação, de práticas articuladas entre a maximização da produção e do relacionamento motivador e partilhado, porquanto que os contributos da Psicologia Clínica estão centrados na oferta de meios diagnósticos/identificação, facilitadores de promoção de consciencialização que se canalizam à mudança e aperfeiçoamento.

            A conflitualidade intra-psíquica e inter-pessoal (nos trabalhadores, entre trabalhadores e entre trabalhadores e utentes) que abonam os meios laborais, merece ser identificada e clarificada, de modo a que os intentos de outrem servir, se maximizem na plenitude do prazer pelo trabalho.

            Clarificar (diagnosticar e seleccionar) o impacto (eventualmente clínico) na caracterização do dinamismo dos factores da personalidade e consequente ressonância no relacionamento e ambiente, é um intento deveras e amiúde desconsiderado, mas… cuja essência poderá ser a raiz da corrosão do espaço laboral sobre o que, merecidamente, se devem apurar os manifestos para o extermínio dos ruídos e indefinições institucionais onde, lamentavelmente, tantas e tantos se ancoram. 

            A questão centra-se na potenciação da conjugação dos critérios relacionais e produtivos, apetrechando os intervenientes de instrumentos ajustados (isentos de cariz de interesse subjectivo) para o exercício salutar e cabal das funções, no registo do respeito, da maturidade, da viabilidade da actualização das próprias representações mentais… numa institucionalidade que se inteira justiceira da harmonia, equilíbrio, espírito de equipa e de gregarismo, competência… canalizando o prazer em servir o que de público se enforma.

            Inacabamentos e incompletudes de personalidades; feitios em defeito ou defeito em feitios; corpos amordaçados como ferramenta de acting-out e passagens ao acto no formato de sintomas… que se enformem nos próprios pacotes de enfermidade doméstica de cada um… mas jamais em co-habitação e fomentação de toxicidades em territórios laborais e institucionais. 

            Farejam-se à distância mas.... trata-se sempre de um terreno minado e armadilhado pelas próprias criaturas que, inicialmente, se mostram travestidas pelo "conveniente e empático" representante.

                  ... predisposições e rasgos dos desígnios psicopáticos ... in action...  

                 Público ao que é público."

 

 

domingo, 30 de outubro de 2022

CAFÉ COM LETRAS - HALLOWEEN

REMEMBERING

HALLOWEEN

ORIGENS CELTAS - IRLANDA

Inclusão, interpretação, libertação das aventuras do espírito colectivo.


Folclore, cultura, tradição, desenvoltura de gente (de cá e de lá) que se enfrenta...


e enfrenta medos, demónios, assombrações, fantasmas e anjos de com e sem fim.


Mesmo com trânsito muito congestionado.


Marcadamente... em Montalegre...!



Excelente HALLOWEEN ...!