Ponta Delgada, 17.30 horas.
Após
uns formidáveis momentos com amigos, onde se misturaram os prazeres dos
reencontros, com alguns desejos e intentos de articulação de útil e motivante
(futuro) trabalho... voltei ao hotel e, (tão) feliz com a tarde, tomei um
duche e mergulhei na água, com a temperatura que me é tão de pertença (30º), na
piscina interior.
De
serenidade tatuada na alma e na expectativa de um final de tarde feliz... (que
me levaria e elevaria o entusiamo para umas cracas, lapas e demais açóricas
iguarias, ao jantar...), mal entrei na piscina, acordei (em pânico) do perfect
day que trauteava mentalmente e em consonância com o Lou Reed que me
fazia companhia...!
Deparei-me
com um cenário de vandalismo e toxicidade ambientais (apesar de todas as
indicações estarem escarrapachadas numa visível sinalética, para informação dos
mais distraídos, dos inábeis em civismo e em civilidade, ou dos puros tugas...,
do que possível e inadmissível neste wellness center ou, bem se entenda, noutra
coisa qualquer cujas exigências sejam similares), no local que procurei... para
um confortante final de tarde e preparatório início de noite.
Wellness
center... (tal como designado).
No
borbulhante jacuzi, estavam 3 moçoilas, já entradotas (fim dos 20 ou
início/meio dos 30 anos), com os antebraços, braços e crânios cabeludos (a
sinalética obrigava o uso de toucas) de fora de água, protegendo o que, digo eu
(!), lhes era de maior valia: os 3 telemóveis que seguravam, com as 6
mãos e sem que nem um pequeno desvio de olhar fosse autorizado pela formatação.
Talvez
o erro estivesse no facto da sinalética do Wellness Center não impedir o uso de
telemóveis.
Restaurando-me
(tentando...!) da bizarra visão..., olha o meu olhar para um pujante e saloio
som, que agudizou todo o (surpreendido) Wellness Center, e vi (ouvi e
assustei-me) uma mulher, escancarando a boca e disparando a cabeça para trás,
no seu orgulhoso biquini preto e dourado, numa tão sonora e despropositada
gargalhada, apontando e acompanhando o motivo de tanta graça, a saber: o
verdete gretado dos pés, sobre quem, especulei, ser o seu companheiro que,
igualmente, se torcia em gargalhos exibindo o barulho que lhe jorrava dos
cascos, num sotaque repleto de trejeito de linguagem (muito) lisboeta, que
fazia exibir o burgesso, em material e em gritante mediocridade.
... pois fiz o reparo na recepção
do hotel...
Nem voltei a ver verdete na
piscina, nem vi mais telemóveis no jacuzi.
Não reparei se estavam no banho
turco. Não se via muito bem.
Paulo Passos (Braga, Portugal)