domingo, 9 de junho de 2024

CAFÉ COM LETRAS - ANTES DO SOM


ANTES DO SOM

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Vou voar para o quanto e para o onde o silêncio se faz escutar.

O meu cérebro estrela com estrelinhas.

Tu, que fizeste o pensamento!

Diz...

A vida não é um vazio?


Lá vens tu, doida, com os teus pensamentos!

É um desejo do tempo.


Quem sou eu? 

Uma bactéria querendo viver eternamente. 

O coração chora quando respondo, friamente, que vou morrer.

Dá um desgosto!!! 

Oh, velho mundo, vou ficar com saudades.


Pois é, a tristeza vem de não sermos eternos e do que não vivemos.

Por isto eu digo que a dor tu não é minha. 


Vamos estudar o corpo, Francivaldo?

Eu lá sei estudar, doida.

Não precisa ir pra escola, doido.

É assim: boca foi feita pra comer. 

Quer dizer que antes de sermos gente as coisas já pensavam? 

A boca é mais antiga que os ouvidos, o nariz, os olhos e quanto ao pensamento? 

Como... a pensar se não tinha corpo nenhum?


Então gritou: eu preciso de ver o mundo!

Como gritou se não tinha boca?

Foi mesmo, acho que nasceu primeiro o ouvido, e ficou incomodada com o barulho e gritou.

Pensou: que diabo de barulho é este, deixa eu ver e nasceram os olhos.


Eu acho engraçado as palavras, quando o boi que namorar ele entorta a cabeça.

Ajeita esse pescoço.

E eu sou lá alguma vaca?

 

domingo, 2 de junho de 2024

SUSTENTO DA ALMA - MALLEUS MALEFICARUM: 1484 - 2024


MALLEUS LALEFICARUM: 1484 - 2024

XI JORNADAS DE PSICOLOGIA CLÍNICA 

DO DISTRITO DE BRAGA


Jornadas inclusas no âmbito das actividades relativas à atribuição, a Barcelos, 

de 1ª Capital Mundial de Saúde Mental


BARCELOS / PORTUGAL, 10 e 11 de OUTUBRO DE 2024


MALLEUS LALEFICARUM: 1484 - 2024



domingo, 26 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (III)

 

MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (III)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

(Calixto era um homem recém casado. Vinha do estado da Paraíba, com a sua tropa, pois o mesmo teve problemas com o coronel Azevedo, no qual atirou no filho do coronel, numa festa de padroeiro. Seu pai,  António Calixto, um politico, mandou-o embora com alguns dos seus homens e animais, para recomeçar a vida longe dos problemas.)

Vamos assistir aos Tapuias a trabalhar e vamos tomar aquela velha cachaça em comemoração a descoberta da pedra que da água.

Cândida vá para dentro de casa, se é que isto se pode chamar de casa. 
Quero todo mundo trabalhando.
Amanhã mesmo vamos começar a construir uma casa de verdade.
Vocês dois vão à Paraíba avisar a papai que também sou dono de terra fartas e ricas.
Fale para ele que se chama Pedra d'água.

Alguns anos depois...

Todo mundo já tem seus ranchos e seus documentos.
Já mandamos tudo para o governo, lá na cidade grande, agora vamos procurar quem está vivendo na mata, para podemos lucrar alguma coisa com esse povo.
O governo desmancha um rancho para contruir outro de tijolo. Não sei qual é a diferença, mas o importante é o lucro.
Vamos subir a serra, meus homens, amanhã.

Que serra bonita, deve haver algum índio perdido aqui!
Quem vai se perder somos nós senhor Calixto!
Homem, larga de ser frouxo, que hoje nós havemos de pegar uma dúzia.
Vamos para aquele lado, que os cachorros tão seguindo algum rasto!

Pega a caboca... Marvi, essa mulher linda.
O senhor Calixto está apaixonado.
Ela está com uma cria!
Lá sou homem de me apaixonar, apenas gosto do difícil.

Os cavalos seguem-na pela serra, entre os cactos, as pedras e a jurema. Os cachorros ladram desesperadamente.
De repente tudo pára.
A índia lança a sua cria sobre um lajedo, matando-o e, em seguida, faz o mesmo.

Valente índia da Serra da Tapuia.
Lajedo do Leon, refletiu Calixto...


domingo, 19 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (II)

 

MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (II)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

O sol raiou trazendo uns vinte homens todos em cavalos, bem armados com grandes faca e armas, e cachorros que atormentava mais ainda a tribo Tapuia.
Uma voz grossa os cumprimenta.

Vejo que tenho companhia nesta terra, 
Todos os cavaleiros riram imenso.
A tribo aproxima.

Eu me chamo Jerónimo Calixto, mas podem me chamar de Senhor Calixto.
Cerquem a tribo, meus homens, e vocês dois vão pegar as mulher e as menina, que fomos bem recebidos nesta terra, que atá as pedras brotas água.

E você quem é?
Todos me chamam de Pai Veio.
Ah, quer dizer que você é o dono de todos.
Ninguém é dono de ninguém.
Era no passado.
Agora no presente você e todo mundo é meu trabalhador. 
Vocês só me obedecem. 
Mostrem para eles o que é chumbo.

Nós estamos aqui por causa da mãe da água.
E o que danado é a mãe da água?
É a pedra que nos dá água.
E desde de quando é que pedra da água! kkkkk
Quero todo mundo enfileirado, que Severino vai fazer a contagem, e aviso se algum de vocês tentaram fugir vai levar chumbo no rabo.

Calixto grita, e você quem é? 
Essa parece que é muda.
Quem é você (já com um chicote nas mão)?
Marvi.
Tu vai cuidar de limpar aquele rancho porque eu e minha esposa vamos ficar nele, até vocês construírem a minha casa, onde vocês vão me servir e trabalhar.
Cândida, essa é a tua serva,.
Tudo que ela pedir, Marvi, tu vai fazer sem pensar duas vezes.
Marvi foge.
Houve um tiroteio
O que estão esperando?
Vão atrás da cabocla. 


domingo, 12 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)


MARVI: A ÍNDIA TAPUIA (I)
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Pega o preá, pega o preá caboclo, ele tá fugindo.
Oh caboclo veio desorientado, gritou Marvi já com o roedor nas mãos.
A noite vai ser fria estou sentido cheiro estranho nas redondezas.
Nada, Marvi.
Tem gente na mata além de nós, os animais estão se comportando de outra forma, e tu perdeu para mim caboclo?
Nada.
Fica de olho na tribo esta noite, que eu vou subir a pedra grande.

De repente Marvi chega.

Caboclo eu estava lá em cima, na pedra grande, observando o mato e o mundo.
Eu vi uma fogueira bem em frente no rancho no caboco Tupalá.
Eu vou lá.
Eu quero ir com você, Marvi.
Não, você vai acordar os homens e defender a tribo com eles e eu vou ver quem tá nos rodeando.

Viste algo Marvi?
Vi um bocado de homem.
Tavam dormindo e tinha dois acordado vigiando-os.
Tem um bocado de homem na mata, caboclo, eles vão nos pegar! 
Nós não podemos mais ficar aqui, eles tem cavalos, cachorros e armas, vão tudo fazer para satisfazer as vontades deles.
Eles estão no riacho do Baixio e lá não tem água.
Eles vão encontrar nós, aqui na pedra, que dá água.
Marvi, nós vamos para onde?
Este é o único lugar que tem água.
Não podemos sair daqui, aqui é onde o criador nós colocou.
Vamos ficar por aqui e vamos ver o que acontece e defender o nosso sangue. 
Vamos lá tomar satisfação com eles.
Não.
Eles são ruim.

É verdade Marvi, mas nós estamos num caminho sem saída, e eles vão encontra o olho d'água.
Quem nos trouxe aqui foi a grandeza da pedra d'água, e a mesma vai trazer esses homens.

Vamos mandar os mais velhos para a casa de pedra da Jurema preta e os novos ficam aqui.
Vamos sim. 

O sol está se pondo.
Três homens em cavalos aproximam-se da pedra que jorra água.
Assustam-se ao ver a tribo dos Tapuias e desaparecem.
Os Tapuias não têm o que fazer, a não ser esperar pela turbulência.

domingo, 5 de maio de 2024

CAFÉ COM LETRAS - GERÊS NO VELHO CONTINENTE


GERÊS NO VELHO CONTINENTE

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Estamos vivos?

Doida.


O Gerês está vivo.

Um dia decidi subir uma montanha, um caminho melhor, pensando que era estranho, o mais estranho de tudo, o estranho...!

Estranho, o Gerês não é.


É mesmo doida!

Um dia, na terceira série, uma professora falou que o meu texto, estava estranho, porque repetia muitas palavras, um texto que a mesma pediu para a turma fazer.

Estranho, achei aquele gesto dela, em falar que o texto de uma criança estava estranho.

Saí com os olhos cheios de lágrimas. 


O Gerês não é estranho.

O Gerês é estranho? 

Não é.

É um estranho que sabemos que não é estranho, mas que faz cosquinha no cérebro.


domingo, 21 de abril de 2024

CAFÉ COM LETRAS - COIMBRA: UMAS PITADINHAS

 


(Janiel Martins RN/Brasil)

COIMBRA

REGIÃO CENTRO

PORTUGAL

COIMBRA... NUMAS PITADINHAS...


















CAFÉ COM LETRAS - NU SILÊNCIO (II)


NU SILÊNCIO (II)

(Janiel Martins, RB/Brasil)


Os fortes são os que mais sofrem.

Os fracos só esperam pela morte.

Eu vou saltar do meu corpo, depois da morte, e viver o fragmento de mim.

Acho que se devia preservar o corpo, pelo menos ouvia-se tudo.

É mesmo, só que iria ficar com muito cheiro a mofo.

Só se nós falarmos com o Elon Mush e mandar os corpos para a lua.

Íamos ter a garantia de pelo menos sentir a frieza do universo.

E o sol quando expandir?

É mesmo!

Vamos fazer assim, falamos com o Elon Mush, para fazemos um lugar protegido, só para colocarmos os corpos e ficarmos protegidos para sempre.


domingo, 14 de abril de 2024

CAFÉ COM LETRAS - NU SILÊNCIO (I)


NU SILÊNCIO (I)

(Janiel Martins, RN/Brasil)


É no silêncio 

Que surgi


É no silêncio

Que surgiram as estrelinhas


É no silêncio 

Onde tudo acontece


Foi no silêncio 

Que surgiu o tudo


Poof poof ...black

Pára de me fazer medo, doido!

Tavas cantando, doida?

Estava pensando em voz alta.

É engraçado, não precisamos falar pra escutarmos.

É o quê, doida!

Deixa de ser abestalhado Francivaldo. 

Esses dias eu estava vendo eu falando, sem estar falando.

Agora que complicou, "vendo falando", vai continua!

Eu estava falando e não estava usando a boca.

Estavas a pensar!

Eu sei, só que também estava falando.

Falar e pensar é a mesma coisa!

É nada, doido, eu fiquei pensado: já que eu não preciso de boca para falar as coisas também podem pensar e falar. Será José Francivaldo?

Vamos falar com as plantas?

As plantas não, as plantas já pensam e sentem, tu nunca prestou atenção como as plantas e as árvores se vestem tão bem? 

Vamos, então, começar com as rochas.

O vento atravessa?

O vento acho que não, mais a frieza sim.

Oh meu deus, porque tu foste falar isto é tão ruim sentir frio, dói a alma.

Chora não doida, vamos desenhar dois olhos e nariz e uma boca nela, pra ver se ela consegue falar connosco.

E os pés e as mãos.

Pode ser.

Uau pedra, como tu tais forte. 

Agora já podes falar comigo!

domingo, 7 de abril de 2024

CAFÉ COM LETRAS - 6° SENTIDO


6º SENTIDO

(Janiel Martins, RN/Brasil)


Desculpa, não é o sexto sentido, mas um órgão.

A humanidade recebeu um novo órgão.

Foi tão rápido a implementação da internet, que o sentimento não tem mais valor. 

Consumimos mais internet do que vivemos.

As ruas estão vazias... de homem.

É mesmo doida!

O vazio é um perigo. A Rússia invadiu a Ucrânia. Israel está em guerra com a Palestina.

Porquê guerra?

O homem sempre almeja a grandeza.

É por território, porque ele não se basta. É incompleto.

E o interessante, doida, é saber quando o homem vai acordar e reivindicar a posturar de humano e não o titulo de animal.

Hoje a tecnologia trabalha pelo homem e o homem não sabe que o direito é de todos. 

Mas o homem continua a ser o pior dos animais... é gente perdida.

Investir em igualdade, será o kkk, ou o sonoro riso zombadeiro de um grupo americano... ou de demais.