sexta-feira, 7 de outubro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - O FORMATO SOCIAL DE CHERNOBYL

Fonte da imagem: internet.

FARSAS, DISFARCES E ESCONDERIJOS
SÃO ALGUNS JEITINHOS DAS APARIÇÕES DOS
FORMATOS SOCIAIS
DA(S) CATÁSTROFE(S) DE CHERNOBYL


Fonte da imagem: internet.

Que tendência ao apelo da decadência ...!!!
Que tentação para a ostentação do disparate e da acrítica ...!!!
Que inclinação para a valorização das visíveis carcaças ...!!!
Que subjugação ao ridículo das avaliações e aparatos ...!!! 

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Serão a-seres ...??? That is the question ...!!!

Fonte da imagem: internet.

Que necessidades estarão subjacentes a estas criaturas que tudo fazem para encobrir
as suas essências e transformarem-se numas genuínas máquinas de disfarces e mentiras?
Que peso e massacre terão estes mecanismos sobre essas próprias criaturas?

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Sobre estes infortúnios mendigos do aparato e do néon social, parece que o impacto
não augura nada de bom para as suas próprias consciências.
Mentem-se e mentem tanto que passam a crer (a custo diariamente elevado) nas
tóxicas bujardas (pontos de vista momentâneos!) que debitam pelas próprias bocas ...!!!

Fonte da imagem: internet.

São defesas, apetrechadas dos seus próprios mecanismos, para se salvaguardarem,
minimamente, com alguma integridade.
Sem impedirem, contudo, a própria derrota e destruição. 
Ginástica existencial colossal ... verdadeiras/os atletas (em pódio) das olimpíadas 
da farsa, do logro, do disparate e da dolorosa e insuportável algazarra psicológica. 

Fonte da imagem: internet.

O que diz a Psicanálise sobre o assunto ...???
No Vocabulário da Psicanálise de Laplanche e Pontalis, para o termo "DEFESA", lê-se ... 


... Pois é ... parece que este povito precisa mesmo de alguns enfeites, para 
esconderem as mazelas, ocuparem o oco psíquico e 
afastarem o piolhito que dá coceira chata...!!!

Andam, estas/es infelizes, todas/os na DEFENSIVA ...!!!

Fonte da imagem: internet.

Visíveis em múltiplas modalidades, estas criaturas, não dão tréguas ao equilíbrio,
nem ao ambiente onde estão (ou lhes surge no crânio ...!!!), poluindo tudo no redor, 
qual Chernobyl (e larga vizinhança), após o desastre nuclear.

Fonte da imagem: internet.

 Contaminam, multiplicam-se e parasitam tudo ...!!! 
Por vezes, nem as máscaras são eficazes ...!!!
Tal não é o veneno que (lhes) corrói o hábito... travestido de mórbidos sorrisos ...!!!

Paulo Passos
"ENGELHO
Paulo Passos
(Psicólogo, Braga / Portugal)

Muito para além dos romances e dos poemas ... muito para além (e aquém) do século passado ... parece estar dolorosamente eterno, este hoje! ... Adenda a: "Existem romances imperdoáveis, quase todos os romances contemporâneos são imperdoáveis. Como é imperdoável a maioria dos poemas portugueses deste século. A bem dizer não há nada.", citado por Herberto Helder (1930 - 2015, Funchal / Portugal) e publicado em 4/Dezembro/1990, no Jornal Público.
Muito gostam ... las vedettes (expressão franco-hispânica ... mas de lusitano fabrico e criação!) ... de adornos e enfeites, de qualquer tipo ou material, desde que as/os façam sobressair encharcadas/os nas vaidades do pobre (e básico) narcisismo ... !!!
A cultura do falso, do copiado, do vidro barato exigindo-se cristal ... a cultura do imediato, do circunstancial, do que vive sem raiz, mas enraizado no desespero da descriação, abunda por aí ... como fungalhada promiscuamente em reprodução.
Criaturas que desbotam alegrias e ambientes, onde quer que estejam.
Criaturas fedendo a inveja e incompletude, mendigas de um QUALQUER lugarito num QUALQUER aparato televisivo, noveleiro, gala, entretenimento (e similares), vendável e visível.
Pois ... são certas moças e moços destas praças, acefalóides, que se espojam pelos ares da para-descontracção, sentindo-se arrasantes de espontaneidade ...!!! (NÃO ... tão só estão arrasando com a espontaneidade e a descontraída elegância). 
Criaturas que esgotam, esvaziam, castram e banalizam significantes que, por azar ou ironia, caiem nas bocarras (des)lexicais desta gente. E repetem, repetem, repetem, copiam, clonam, plagiam, reproduzem formatos como moscas no eterno cio abestalhado ... tão acrítica e apaixonadamente submissos  às imitações ...!!!
Mal fadados clichés ... infortúnios e paralisantes clichés verbais, não verbais e os outros ... infortuna gentinha ...!!! 
Quanto mais miserável é o país e quanto maior é a dívida social, mais se evidenciam estas pérfidas e atrozes afrontas.
Uns dizem, "... matéria a ser discutida em sede própria ..." banal cliché(zito) (designação que fede a léguas ... mas que elas/es gostam) elevado ao nojo infinitesimal, tão usada por políticos desconhecedores da criação e desprovidos de dotes predicados (predominantemente os de direita, contudo, também audível oriundo da ala central).
Outra clonagem é a conduta vocal dos padres, que mais parece uma imitação de um tenor constipado, do que um salutar e correcto formal falante. Para quê? Porquê? (Quase todos, salientando-se, contudo, os ocupadores dos lugares mais elevados, na sua própria hierarquia, estes com maior e procurado acesso à propaganda e viventes nos grandes centros eclesiásticos decisórios). 
Depois ainda vêm a(s) pequenas/nos decoradoras/es (dizem ...!!!) que, conseguiram avacalhar a mais simples (ou complexa) jarra com ramos de verdura, que se passou a chamar "aquele elemento verde faz toda a diferença" ...!!!
A não esquecer as criaturas das televisões que, exaustivamente, arraialam todo o tempo de antena com a lamúria dos números de telefone. Estes/as são os/as peritos/as na arte da papegueação, ou papagueamento ... tanto faz ... (repetem, repetem, repetem ...) ...!!!
Aparecem também, em quantidade, os moçoilos e as moçoilas (já bem longe, a maioria, das ditas idades casadoiras) do mundo dos trapos (dizem-se, eles/as, está de se ver ... estilistas e criadores de moda (vulgo modistas, mas já, também, doutoras!) ...!!!), com o design do "conceito" (desgraçado "conceito") tatuado nas cordas vocais. Para estes/as, tudo depende do "conceito" que, em abono da verdade, ninguém tem noção, por ser tão ... arbitrariamente ..."qualquer coisa".
Ainda há os que adoram prefixar adjectivos (ultrapassando, até, os devidos superlativos ...), como se eles (adjectivos) não tivessem já a natural condição de qualificadores ...!!! Pois é ... é a raparigada e rapaziada que travestiram grande parte dos adjectivos, com os prefixos "Hiper" (mercado!), "Super", "Mega" ... que em exemplo ficará algo parecido com o nada exagerado, contudo, cobertor de vazios: "... ficou Mega-lindíssima ..."; "...está tudo Super-fantástico ..."; "... sinto-me Hiper-cansado ... mas Mega-realizado ..." (sim ... "cansados/as" andam sempre todas/os ...!!!). Estes são os com queda para a Linguística ... só que ... isso dava MUITO trabalho e não é assunto para todas/os (ressalve-se) ... ficou a aula vazia e o pátio do recreio cheio destes foragidos doutos...!!! Rua ...!!!
Ahhhh que facadas na elegante, bela e nobre humildade ...!!!  

Brasão dos mega-chiquíssimos pregadores (de clichés) e similares (referidos e outros mais ...) ...!!!
A fina flor do entulho - clãs sociais sufocadores de educação e civilidade. A piolheira (brasonada ... está de se ver ...!!!) no seu melhor ...!!!
Como se esta gente, tão na analfabetizada moda dela (sobretudo lisboeta ... vizinhas e similares, falando de Portugal), tivessem a particularidade e o dom da criação e da normatização, sendo Lisboa, vulgarmente, o feudo onde se cristalizam ... até novas bujardas, em jeitinho de moda...!!! Coitada da pobre da cidade (diga-se em justo), que nada tem de culpa (para ser tão achincalhada com tanto disparate mendigo, aflição neurotizante e olímpico desespero) que, como qualquer outra terra, apenas alberga povo...!!!
Quanto à "Depressão" e à "Viagite" (uma "viagite" é uma MEGA-magnífica maníaca inflamação na e pela viagem) ... são as duas maleitas que assumem o cariz de transversalidade a toda esta raparigada e rapaziada (sem limites de idades).
A primeira (depressão) aparece quando eles/as (ruidosos e ruinosos psiquismos) querem e porque lhes é conveniente.
A segunda (viagite), já não é bem assim, porque o dinheiro não abunda (na maioria) para alimentar esta infecção (... dita na e para a "viagem"), sendo que há sempre a possibilidade de se fazerem convidadas/os, ou cravas de alguém para alombar com os custos.
Às vezes têm sorte ...!!!" 

Janiel Martins



domingo, 2 de outubro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - SINTONIAS E FORÇAS LIVRES


Aluísio Azevedo, MA / Brasil. Fonte da imagem: internet.

"(...) ao passo que o Albino, saracoteando os seus quadris pobres de homem linfático, batia na tábua um par de calças, no ritmo cadenciado e miúdo de um cozinheiro a bater bifes. O corpo tremia-lhe todo, e ele, de vez em quando, suspendia o lenço do pescoço para enxugar a fronte, e então um gemido suspirado subia-lhe aos lábios."

Em: "O Cortiço"
Aluísio Azevedo


Adolfo Caminha, CE / Brasil. Fonte da imagem: internet

"(...) Estava satisfeita a vontade de Bom-Crioulo. Aleixo surgia-lhe agora em plena e exuberante nudez, muito alvo, as formas roliças de calipígio ressaltante na meia sombra voluptuosa do aposento, na penumbra acariciadora daquele ignorado e impudico santuário de paixões inconfessáveis ... (...)"

Em: "Bom-Crioulo"
Adolfo Caminha


Caio Fernando Abreu. Fonte da imagem: internet.

VEM NAVEGAR NA MINHA VIDA
(Caio Fernando Abreu, RS / Brasil)

Vem navegar na minha vida
Faça de conta que meu corpo é um rio,
Faça de conta que os meus olhos são a correnteza,
Faça de conta que meus braços são peixes
Faça de conta que você é um barco
E que a natureza do barco é navegar.
E então navegue, sem pensar,
Sem temer as cachoeiras da minha mente,
Sem temer as correntezas, as profundidades.
Me farei água clara e leve.
Para que você me corte lenta, segura,
Até mergulharmos juntos no mar
Que é nosso porto.



Cazuza, RJ / Brasil. Fonte da imagem: internet.


“Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de furta mordida, nós na batida no embalo da rede, matando a sede na saliva.
Cazuza


Renato Russo, RJ / Brasil. Fonte da imagem: internet.

Mas tão certo quanto o erro de ser barco a motor e insistir em usar os remos.”
Renato Russo



Antônio Baltazar Gonçalves. Fonte da imagem: facebook.

NA MINHA FACE UM RIO TRANSFIGURA
(Antônio Baltazar Gonçalves, SP / Brasil)

O que eu tinha para ganhar trago guardado, 
quando preciso não morrer escrevo poesia. 
O que perdi é agora estampa dos séculos, 
das eras engendradas o genoma da minha espécie. 
Visto a pele do tempo, 
na minha face um rio transfigura o que fui não sendo. 
Tenho todo o tempo do mundo sonhando. 
Não passo, fico. 
O novo milênio está escrito: 
ressurreto, escolho renascer.



Janiel Martins

TESÃO NO MASCULINO
(Janiel Martins, RN / Brasil)

O fogo que 
entre pernas
me abrasa,
da cor do teu
chão coberto
de luarengos 
lençóis de prata,
alivia-se
no chamamento
da luz,
e no penetrado 
braçado de estrelas,
que a ti queima
e não emprenha,
com o tesão 
que de mim jorra,
em forma de
 leite macho.
Os cheiros erectos,
os beijos seivados.
De leite macho de igual.



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Janiel Martins

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - GEORGE ORWELL NOWADAYS

THIS IS THE BEGINNING (ou re-clique no histórico START)



O Triunfo dos Porcos (ONTEM, HOJE e ... a desgraça ... AMANHÃ)

Ou os desabitados de alma ...
... os imperadores da hipocrisia, do cinismo e das desvergonhas ...


... os incompletos, os destituídos das nobres instâncias superiores
da personalidade: A ÉTICA E A ESTÉTICA ...


... funções insubstituíveis para o exercício de HUMANITAR ...

... os que CONFUNDEM, por doença do carácter e do feitio, o poder,  o abuso 
e a corruptabilidade com a higiene mental, 
honra esta que apenas os eleitos pela maturidade e completude são medalhados. 



George Orwell. 


O TRIUNFO DOS PORCOS
(George Orwell, Índia Britânica)

Sobre:

Eric Arthur Blair (George Orwell), nascido em 1903 na Índia Britânica 
e falecido em 1950 em Londres, no Reino Unido.
Foi escritor, jornalista e ensaísta.



 Sinopse:

Autor do livro O TRIUNFO DOS PORCOS, editado em 1945.
Debita, crítica e narrativamente, uma revolta dos animais de uma quinta
contra a exploração, desrespeito, opressão, abuso e desconsideração 
tida pelos homens, para com eles.
Napoleão e Snowball reclamam a chefia da revolução e
assumem os comandos de tal desígnio.
O dono da quinta é expulso e a quinta passa a ser dominada 
regulada e governada pelos animais.
Tudo corre como planeado, até que nas assembleias da quinta,
os presentes são cada vez menos, passando todo o controlo decisório
a ser tomado por um grupo de porcos.



Politicando ... com e nas elegâncias do chafurdo da pocilga ...!!!
E tantos outros GOVERNADOS bandeirantes ( ... com bandeiras ...) 
se incorporam lindamente nesta sôfrega REFEIÇÃO ...!!!



Satiricamente:

Simbolizações ...!!!

Tal como todo o intento e manifesto de práticas passam
de uma comunidade para um grupo específico,
os privilégios começam a aparecer para estes e os
postulados iniciais (ou propagandistas) da igualdade,
acabam por serem corrompidos pelo poder (porco).



Um pouco do livro:

«Durante o ano inteiro os bichos trabalharam feito escravos. 
Mas trabalhavam felizes; não mediam esforços ou sacrifícios, 
cientes de que tudo quanto fizessem reverteria em benefício
 deles próprios e dos de sua espécie, 
que estavam por vir, e não em proveito de um
bando de preguiçosos e aproveitadores seres humanos.»


THIS IS THE END. 

THE RIGHT END.


Contudo, infeliz e catastroficamente, os piores ciclos sucedem-se ...!!!

É como tentar exterminar as moscas ...!!!
Mata-se uma e aparecem todas clonadas ...!!!
Primeiro tem que se exterminar a MERDA ...!!!
Reparimento ... consciência ... honestidade ... e PÉS na TERRA.

Ondjaki. 
PRENDISAJEM
(Ondjaki, Angola)

o tomate avermelha mundos.
o cheiro da terra perdoa constipações.
folha é parede verde
pra sol chegar.
flor é uma outra narina da abelha.
alcunha de qualquer jardim
é biolabirindo.
A MOSCA EXAGERA EM
AMIZADES COM A MERDA.
o pirilampo é a lanterna do poeta.
o porco-espinho exagera em 
modos de precaução e
a mandioca tuberculiza o chão.
...
o cheiro da terra rejuvenesce a humanidade.

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(Fonte das imagens: internet)

Janiel Martins


terça-feira, 27 de setembro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - DETALHES QUE DIZEM AMOR

Antero de Quental. Fonte da imagem: internet.

AMOR VIVO
(Antero de Quental, Portugal)

Amar! mas d'um amor que tenha vida...
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
D'uma douda cabeça escandecida...

Amor que vive e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser — e não só beijos
Dados no ar — delírios e desejos —
Mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipa-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia... 

Nem murchará do sol à chama erguida...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra débeis amores... se têm vida? 


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Fonte da imagem: internet.

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Embrião, 20 X 15, acrílico sobre tela: Janiel Martins, RN / Brasil.

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Canto da Maia. Fonte da imagem: internet.

(Ernesto Canto da Maia, Portugal)

Escultura de Canto da Maia. Fonte da imagem: internet.

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Carlos Drummond de Andrade. Fonte da imagem: internet.

AMAR
(Carlos Drummond de Andrade, MG / Brasil)

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

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José Régio. Fonte da imagem: internet.


SONETO DO AMOR
(José Régio, Portugal)

Não me peças palavras, nem baladas, 
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio, 
Deixa cair as pálpebras pesadas, 
E entre os seios me apertes sem receio. 

Na tua boca sob a minha, ao meio, 
Nossas línguas se busquem, desvairadas... 
E que os meus flancos nus vibrem no enleio 
Das tuas pernas ágeis e delgadas. 

E em duas bocas uma língua..., - unidos, 
Nós trocaremos beijos e gemidos, 
Sentindo o nosso sangue misturar-se. 

Depois... - abre os teus olhos, minha amada! 
Enterra-os bem nos meus; não digas nada... 
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce! 


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Fonte da imagem: internet.

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Olavo Bilac. Fonte da imagem: internet.


DEIXA QUE O OLHAR
(Olavo Bilac, RJ / Brasil)

Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes, se mostrasse?

Basta de enganos! Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.

Olha: não posso mais! Ando tão cheio
Desse amor, que minh`alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo.

Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso.

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Janiel Martins