sábado, 14 de janeiro de 2017

CAFÉ COM LETRAS - CANTANDO HONRA SERTANEJA



Janiel Martins, RN / Brasil

SI AJUNTANDO, NO SERTÃO

Si eu desconfia que tu anda
Si achamegando com algum macho,
Eu coloco tu pra correr de casa, Maria.
Não importa com quem seja!
Qui tu não tem idade pra tá se achamegando, não.
Quem avisa amigo é. Tu sabe.
Eu só aviso uma vez!
E não quero nem sonhá com isso.
Mas não tem jeito pra minina ruim...!!!
Eu não quero filha minha errada,
Dentro de casa, não.

Joãozinho, inocente,
Ouve a mãe dando o sermão, com ódio.
Pergunta: mãe, e eu?
Isso não é conversa di minino, não!
Vá pra lá, meu minininho,
Qui mamãe tá di conversa com sua irmã.

Ainda bem qui eu não tenho cabelo grande.
Até tu, Joãozinho, tá mi perturbando?
Ocês vão me deixá é doida!
Mas a conversa não acabou ainda não!

Quando eu era pequena,
Meu pai colocava todos pró roçado.
Não havia essa peste de escola,
Qui só ensina coisa ruim.
Chega aqui perguntando o que é um pau?!
Qui escola é essa, qui só ensina coisa qui não presta?
Só besteira!

Depois de alguma pausa
Joãozinho pergunta:
Mãe o que é caráio?
Toma um caralho, peste ruim, moleque sem vergonha!
Prá ocês não aprenderem mais essas bobagens.
E nunca mais falá com essa falta de respeito...!
Dentro de casa e em lugar nenhum.

Já sabemos que escola não é coisa prá aprendê nada!
Refletiu Joãozinho.
Pensou: deve ser só prá brincá e ouvi professora!
Que toda a vida que alguém fala,
Ela manda calá a boca!
E manda escrever...!!!

Mas no intervalo, Joãozinho aprendeu uma brincadeira.
Na janta, decidiu fazer essa brincadeira, logo com a mãe.
Mãe, a Senhora dá?
O quê, meu filhinho?
A Senhora dá, mãe. Tou perguntando.
Dou sim, meu filhinho.
Mãe, aí a Senhora dá a buceta pra mim comê?
Não houve reflexão...
Foi de chinelo escolhido a dedo.
A mais dura pisa.
E daquelas prá aprendê.
Que não se deve comê buceta, mas é nunca.
E que Deus castiga e o castigo é dos grandes.
Talvez até nem tenha perdão divino.
Deus manda direto pró andá de baixo,
Juntinho do Capeta.

Joãozinho acorda assustado, com sua mãe chamando
Pra ir levá uns saco com as roupa,
Da sem vergonha de sua irma, Maria.

Sua peste, ocê vai ficá lá na casa daquele macho.
Não mandei ocê sê errada.
Quem mandou ocê sê ruim com ele?
Ocê vai ficá lá de qualquer jeito!
Só não vai voltá pra casa, de jeito nenhum.
Vai morá com aquele vagabundo sem futuro.

O sermão continua a todo o vapor...
Eu saí de casa moça,
Com a minha honra.
Meus pai nunca precisaram di fazê isso comigo.

Cadê teu filho, Chicó?
Olha, ele buliu com minha minina.
E tá aqui a sem vergonha.
E cadê o sem vergonha?

Venha cá, Carlinho, seu filho da égua.
É verdade que ocê buliu com ela?
Se tão falando...é porque foi!
Tenha calma Dona do Carmo,
Que ele vai ter que ser homem pra assumir.
Não é, meu filhinho?
É sim, papai.
Deixa ela que agente vai cuidá dela.
Não se preocupe, minha filha.
Entra pra dentro.
E a Senhora, do Carmo, também qué entrá?
Não. Tenho mêmo é mais qui fazê!

Carlinho ficou no fogo encruzilhado,
Sem entendê nadinha.
Como era filho homem,
Foi fácil seus pai cuidarem de tudo.
Arrumou um colchão, que colocou pra dormir,
Num quartinho dos fundo.
Seus irmão foram dormi na sala.

Carlinho foi dormi com Maria.
Maria, dizia: e tu vai buli comigo, não, Carlinho?
Carlinho dizia: e eu não tou bulindo com tu, não?
Dando uns beliscão.
Só assim, Carlinho? 
E tu qué mais o quê, muié?
Não tu bulindo com tu, sua troce?
Qui tu mexa comigo!

Coitados da Maria e do Carlinho.
Ainda criam em história de cegonha.
O mistério da pomba e da priquita,
Cozeu a cabeça dos pobre...!!!

Maria não tinha cabaça quebrada.
Carlinho não rasgou o cabresto.
Anjinhos por demais,
A inocência foi madrinha do casamento.

Janiel Martins









quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

MARINADA DE ARENQUE COM CALDO DE FUNCHO


Ingredientes:

- Arenque em marinada de endro.
- Funcho.
- Couve.
- Abóbora.
- Cenouras.
- Sal q.b.
- Azeite q.b.
- Maçãs.
- Castanhas.
- Azeitonas.


Modo de preparação:

Coloque as cenouras e a abóbora numa panela com água e sal, deixando cozinhar.
Quando próximo da cozedura das cenouras, mistura a couve e uma parte do funcho.
Liberte-se de trabalho e ponha a liquidificadora em marcha, triturando fortemente a mistura.


Volte a colocar na panela e adicione a água conveniente aos seus intentos, 
com um generoso fio de azeite. 
Confira o tempero de sal.


Mexa, suavemente, enquanto volta a aquecer.


Desligado o lume, verta a outra parte de funcho picado e envolva.


Acompanha, consigo e com quem entender ... com arenque marinado em endro, maçãs, castanhas assadas ou cozidas (com erva doce), azeitonas que, no caso, 
foram as incomparáveis alcaparras de Mirandela.


Nothing more to say ...!!!

Fonte das imagens: Janiel Martins


sábado, 7 de janeiro de 2017

SOPA DE MOSTARDA COM HORTELÃ


Ingredientes:

- 1 colher (de chá) de mostarda com grãos.
- 2 chu-chus.
- 2 cenouras.
- Caldo de cozedura de couve penca.
- 1 cubo de caldo de galinha.
- Hortelã q.b.
- 1 dente de alho.
- Azeite q.b.
- Sal q.b.


Modo de preparação:

Ao caldo que cozinhou couves (para outra refeição) e que foi reservado, 
adicione os chu-chus cortados, as cenouras, o dente de alho, 
o cubo de caldo de galinha, a mostarda e o azeite.


Deixe cozer e, após ficar bem cozinhado, 
verifique o tempero e adicione o sal necessário.

Deite na liquidificadora, juntamente com o pé de hortelã.


Triture até à textura de um creme suave.

Verifique, novamente, os temperos e deite para o recipiente onde servirá.


Sugestão válida: acompanhe com um notável e poderoso pão de azeite
 e azeitonas (transmontano) e com a frescura das romãs ...!!!


Sem satisfações a dar ... enjoy it ...!!!

Fonte das imagens: Janiel Martins

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

CARTOLA


Ingredientes:

- 500 gramas de queijo de manteiga (ou similar, amanteigado).
- 1 chávena (xícara )de leite.
- 4 bananas.
- 100 gramas de chocolate em pó.
- Manteiga.
- Açúcar e canela em pó a gosto.



Modo de preparação:

Corte o queijo aos pedaços.
Leve uma panela com água ao lume brando, colocando uma outra dentro, 
com o queijo e o leite, para preparação do creme do queijo, em banho Maria.


Mexa continuamente até chegar ao ponto de creme.
Reserve.



Descasque as bananas e corte-as longitudinalmente e a meio.
Leve uma frigideira ao lume médio e adicione a manteiga.
Em seguida junte as bananas, polvilhando com canela e açúcar, fritando-as de ambos os lados.


Modo de montagem ... sugere-se:

Numa travessa de barro e com auxílio de uma peneira, banhe essa com chocolate em pó e canela.
Adicione uma camada do creme de queijo, reservando a seguinte, ou seguintes. 
Em seguida, coloque as bananas fritas, cobrindo-as com o creme de queijo. 
Finalize com outra chuva de chocolate e canela em pó ... siga em frente ...




 ... ou ... bom apititi (carregue no sotaque do Nordeste do Brasil) e siga em frente...!!!

Fonte das imagens: Janiel Martins

sábado, 31 de dezembro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - NO MUNDO ANIMAL CHOVEM METEOROS


NO MUNDO ANIMAL CHOVEM METEOROS
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Serviçais queimas de fogos por seres humanos
Intentos de (in)consciências
Comemorar, explorar, roubar
Destruidor de lar e de lar animal.
O som despertador de fauna
Levantando carcaças.
Depois de ouvir
Ainda assustado de cair
Alguma faísca no ousado penteado
Pousa sobre uma gente nenhuma.
Na roupa de vaca, emprestada
Ou daquele casaco roubado da onça pintada.
Assassinatos …!!!
A amiga professora de biologia(s), da université catholique
Ou de outra qualquer academia
Arrasa com um flamejado traje viscerento
Reclamando da não sua bolsinha de pele de jacaré
Do Goiás, mas produzido em Paris,
Lembrando o salto alto de pele genuína
Que (diz) deixou em casa para andar nas planícies
Citadinamente nas planícies.
Serpentes … são de pele!
Fugas atempadas ou dente ferrado sem vão
De desígnios humanóides
Chuvadas, pedradas … sobre as Amazónias (des)paraísadas
Queimadas socias, calhoadas … sem avisos prévios do devaste
Abraçará de certo a ANACONDA vestida de mulher.

///   |||   \\\   |||   ///   |||   \\\

Mário Zambujal. Fonte: internet

"Sabemos o que não queremos, não onde cada um pretende chegar."

Em: "O Diário Oculto de Nora Rute" - Mário Zambujal (Portugal).

///   |||   \\\   |||   ///   |||   \\\

Outros fins de anos ... estes continuam desiguais e tendenciosos ...!!! Enfim...!!!

Para que ano ... Liberté, Égalité et Fraternité ...???




sábado, 24 de dezembro de 2016

SUSTENTO DA ALMA - É NATAL ... SEMPRE


É NATAL … SEMPRE
(Janiel Martins, RN/Brasil)

Não é ceia farta
Não há cheiro de assado em todas as casas
Mas sim a imaginação que os pérfidos e fascistas criam
E jogam nas suas confabuladas cozinhas ... e mentes.

É Natal? … De fascismos comemorativos
Há peruas nas mesas corruptas
Desviadas dos hospitais dos cânceres e dos desviados
Onde alguém sonha viver mais um dia.

Tudo é perdoável (é sempre Natal!)
Nada acontece …
O Cigano faleceu de parada cardíaca às 00:00 horas
Pode colocar, sei lá … às 06:12 horas do dia 25 do mês 13.

Um triste dia. A quem?
Do ser honesto
Que trabalha, realizando fetiches
Do ser primitivo.

Pergunto, de onde veio tanta fartura e para quem?
Da falta de comida na escola, lá do Brejo da Cruz
Onde a justiça não chega
Onde os erros enchem bolsos.

Mais um dia, com ou sem Natal
O ser paralisa o ser
Por falta de justiça, fraternidade e liberdade.
O SALário será mais doce? … Ilusão! Ainda! E tão desigual …!!!


O SALário será mais doce? … Ilusão! Ainda! E tão desigual …!!!

Janiel Martins



sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

CAFÉ COM LETRAS - INVERNO NO SERTÃO / CNNP, 2016

Janiel Martins, RN/Brasil
INVERNO NO SERTÃO
(Janiel Martins, RN / Brasil)

O sertanejo tem em ânsia a pegada do Inverno
O início da chuva
Sempre não é muita mas é do agrado
É lidado com o pouco ou com o muito
É grato com o que vem do céu e da terra
É grato de si em labor
É sagrado na honra o sertanejo.

A chuva faz festa grande
Passou o ano de espera
Os olhos estão arregalados
E com brilho de posse e de raro
Os passos pisam calmos no chão molhado
Mas são muitos.

Bacia
Pote
Tanque
Balde
Cisterna
Cacimbão
Estavam mendigando tem tempo
Por áuga farta
Aliviante de dor.

Áuga para banho
Era de cacimbão
De áuga salobra de Chico Matias
E para lavar as roupa
Era no cacimbão de Zé Zaquias
A duas légua de gente.

E a áuga de beber
E áuga de cozinhá
Era da cacimba de áuga doce
Do sítio Enxú a três légua.

Olhe lá quando o peste do guaxininho
Mijava na cacimba
Ficava feio de brabo
O mijo fede até de mais das conta
Mas … fazer o quê?
Dar fervura?

Vichi Maria pense num troce pra feder
O cheiro entranhava mais ainda
Oh catinga, oh catinga das peste …
E não tinha vizinho pra salvar
Todos bebiam da mesma cacimba.

Áuga de guaxininho
Oh peste ruim
Mininu  astucioso ia na casa di vizinho
Mi dê um copo di áuga
O fedor chegava antes do gole
Do primeirinho gole
Viu só, Vichi …
Mijo mêmo de guaxininho
Mais pior … plateia grande zombando
Besteira
Bobage.

Bateu o inverno
Sumiu mendigo de áuga
A música é até ao vivo
Aparecem sapo até da China
Numa cantoria bonita
E é a noite todinha, sem tréguas
Bonito que só
É farto
É vida.

Mininus são os primeiros a levantá
Vão bulir em tudo
No chão molhado, nos sapos, na áuga…
E o melhor de tudo
Sentir o cheiro da terra molhada
Som di fartura para o Sertão.

O pote vai tá cheinho de áuga doce
A muié vai lavar as roupas com áuga e muita
E o melhor de tudo bem no redor de casa
E o roçado
Quem colocar o maior
E colher mais
É o mais trabalhador
A disputa é grande
Não vale contar os filhos.




BRASIL, CNNP - Concurso Nacional Novos Poetas ...


Concurso que promove a publicação e divulgação de poemas criados por poetas menos divulgados, pelo que, por isso, lhe é devido um justo valor.

Contudo, não está alheia, enquanto editora e divulgadora cultural, a finalidades de índole monetária, o que lhe confere, em consequência, uma aderência ao primado de firma com fins lucrativos.

Certo é, porém, que a valorização de todo o acto criativo, no caso o género literário de poesia, está e deverá estar nas prioridades sócio-culturais de um povo que sempre respirou o melhor que se produz, universalmente, na esfera cultural.

Valorização do acto de poetisar, de escrever pensantes e livres conteúdos, de ser e estar junto da riqueza do ente poesia ... é um desígnio que se intenta perpetuar, ainda que, de menos-valia, lhe estejam adjacentes os frequentes (e indesejados) interesses económicos.

Em prol das motivações, da criação e do desenvolvimento, citar Augusto Cury, SP/Brasil (em: "Filhos Brilhantes, Alunos Fascinantes"), não será em vão ...

Augusto Cury, SP/Brasil
"A juventude era bombardeada diariamente com publicidade para consumir produtos e não ideias. (...) O sistema "gritava", na publicidade que passava na TV e nos demais setores dos média, que os jovens deviam consumir telemóveis, ténis, computadores, iPods, mas não dizia, nem sequer timidamente, que eles deviam expandir a sua consciência crítica e a arte de pensar, para serem livres dentro de si mesmos.
O veneno do consumismo criado pelos adultos era tão poderoso que os jovens não o contestavam. Pelo contrário, queriam bebê-lo em doses cada vez maiores. Desejando apenas o prazer imediato, os jovens sufocavam os seus projetos de vida."


Fonte das imagens: Janiel Martins e internet.